domingo, 31 de agosto de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 4,31-37 - 02.09.2014 - Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!

Pai,
faze-me forte para enfrentar e vencer
as forças malignas que cruzam meu caminho,
tentando afastar-me de ti.
Como Jesus, quero abalar o poder do mal deste mundo.
Verde. 3ª-feira da 22ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Lc 4,31-37

Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 4,31-37

Naquele tempo:
31Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia,
e aí ensinava-os aos sábados.
32As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento,
porque Jesus falava com autoridade.
33Na sinagoga, havia um homem
possuído pelo espírito de um demônio impuro,
que gritou em alta voz:
34'O que queres de nós, Jesus Nazareno?
Vieste para nos destruir?
Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!'
35Jesus o ameaçou, dizendo:
'Cala-te, e sai dele!'
Então o demônio lançou o homem no chão,
saiu dele, e não lhe fez mal nenhum.
36O espanto se apossou de todos
e eles comentavam entre si:
'Que palavra é essa?
Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder,
e eles saem.'
37E a fama de Jesus se espalhava
em todos os lugares da redondeza.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Lc 4, 31-37

As pessoas ficam admiradas com Jesus, porque ele ensina como quem tem autoridade. De onde vem a autoridade de Jesus? Não é uma autoridade política, pois Jesus não ocupava nenhum cargo importante na sociedade, e não é uma autoridade religiosa institucional, já que Jesus não tinha nenhuma função importante no templo ou na sinagoga. Podemos afirmar que a sua autoridade vem de si próprio, pois ele é Deus, mas o povo não sabia disso. O povo percebe a autoridade de Jesus a partir da coerência entre a sua pregação e a sua vida, compromissada com os pobres, necessitados e oprimidos, numa constante e vitoriosa luta contra todo tipo de mal.
Fonte CNBB



O HOMEM DOMINADO POR UM DEMÔNIO Lc 4,31-37
HOMILIA

Os demônios. Nas civilizações primitivas acreditava-se que a vida humana era influenciada, para o bem e para o mal, pelos espíritos dos mortos e por outros seres imaginários que, na versão grega da Bíblia, têm em geral o nome de demônios. Estes, depois, foram aparecendo como os causadores de males aos homens. No Antigo e no Novo Testamento são chamados também “espíritos maus” ou “impuros”, aos quais são atribuídas doenças, sobretudo do foro neurológico. O forte monoteísmo do povo de Israel atenuou a influência das demonologias das civilizações com que esse povo contatou (as do Médio Oriente e do Egipto). Atribuía-se então a Javé tudo o que de bom e de mau acontecia aos homens. Depois do aprofundamento religioso promovido pelos profetas do exílio e do pós-exílio, a idéia da santidade e misericórdia de Deus favoreceu o regresso à crença de que os males humanos se devem à ação dos espíritos demoníacos, sendo provável que para isso tenha contribuído a demonologia persa com a qual os judeus estiveram em contacto nos 40 anos do exílio. No NT, o termo demônio é usado (63 vezes) no mesmo sentido do AT e do judaísmo do tempo. Os demônios seduzem o homem, apoderam-se dele (possessão), causam-lhe males. Jesus Cristo veio dar-lhes combate, libertando os homens do seu poder. Por vezes os demônios expulsos são muitos. Jesus Cristo chega a ser maldosamente acusado de expulsar os demônios em nome de *Belzebu, o chefe deles (Mt 12,22 e ss). O poder de Jesus Cristo sobre os demônios começa a aparecer como símbolo da salvação. Os Apóstolos recebem poder de continuar esta luta vitoriosa
Até o espírito imundo dava testemunho de quem era Jesus. "Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!" Jesus estava apenas começando a sua missão no dia em ele expulsou aqueles demônios. Eram vários. Porque um deles disse: O que você quer de nós?
Estamos diante de um texto que nos remete ao tempo de Jesus. Assim, como bom Judeu num dia de Sábado, entra no templo de Cafarnaum e  começa a ensinar os seus discípulos, que por falta de conhecimento científico não só neles mas também para todas pessoas do seu tempo, a ignorância sobre o funcionamento do corpo humano, fazia com que se atribuísse aos demônios algumas enfermidades. Tal fenômeno acontecia, sobretudo, com os transtornos psíquicos, as enfermidades mentais, nas quais o modo de agir do enfermo gritos, falta de controle dos movimentos, ataques, era o que mais chamava a atenção. É neste ambiente que surge o homem que Lucas nos descreve como sendo possuído por demônio e que levantando a voz grita: Ei, Jesus de Nazaré! O que você quer de nós? Você veio para nos destruir? Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!
 A palavra louco era o equivalente a dizer endemoniado. Passando a ser o mesmo que dizer impuro ou seja possuído por um espírito impuro, o diabo. O impuro é o que está carregado de forças perigosas e desconhecidas, como o puro é o que tem poderes positivos. Quem se aproxima do impuro, não pode aproximar-se de Deus. E por isso todos fugiam deste homem segundo a lei latente no livro do Levítico. À medida em que o povo foi evoluindo de uma religião mágica para uma religião de responsabilidades pessoais, essas idéias foram caindo em desuso. E Jesus aboli de uma vez por todas esta lei. E o que prova isto é que a cerimônia do exorcismo acontece dentro da sinagoga para fazer entender que também o excluído do povo tinha direito de se salvar porque é filho de Deus. Também poderia participar da mesa dos filhos, e poderia falar com Deus na oração. É membro do corpo místico de Cristo, é membro da igreja. O fato de cena acontecer no interior da sinagoga é que é nela que se reunia todo o povo aos sábados para assistir à oração e escutar o rabino ou qualquer outro que quisesse fazer o comentário dos textos da Escritura que se havia lido. Era um lugar familiar, mais popular e mais leigo, já que nela se podia falar livremente, interromper, e não era necessária a presença de nenhum ministro sagrado. O rabino era um mestre-catequista. E Jesus aproveita esta familiaridade para incluir o irmão através a expulsão do demônio: Cale a boca e saia deste homem! Diante de todos, ao que o demônio obedece e sai.
Sem querer chegar ao conceito puro-impuro dos tempos antigos, muitos enfermos do tipo subnormais, loucos, homossexuais, lésbicas, drogados, adúlteros, alcoólatras etc., estão hoje marginalizados da comunidade. Os sadios se safam deles, querem escondê-los como uma vergonha familiar, não se lhes dão oportunidades de reabilitação para que possam contribuir para a sociedade. São os verdadeiramente os novos impuros. Precisamos pedir a Jesus que afugente para longe de nós toda ação diabólica. Que Jesus mantenha satanás distante do nosso lar, que não exerça nenhuma influência na mente dos nossos filhos e de todos os jovens.  Precisamos também, com a ajuda de Deus, expulsar outros demônios da nossa vida aqueles representados, por exemplo, pelas bebedeiras exageradas geralmente dos maridos que mais que uma vez por semana "enchem a cara" e ao chegar em casa, maltratam mulher e filhos. Qual tem sido a tua posição ante o teu parente que vive esta situação? Não te esqueça que o sinal de Jesus neste Evangelho de hoje é sinal de que a casa de Deus, a comunidade cristã, está aberta também para esses homens e mulheres diminuídos. É sinal de Libertação: Deus valoriza e tem para eles um lugar e uma missão. Basta que tu lance a mão à obra e te convertas em verdadeiro discípulo e missionário de Jesus Cristo e a notícia de Jesus se espalhará por toda a parte, fazendo com que haja um só Pastor e um só rebanho no mundo inteiro.
           
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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