sábado, 9 de agosto de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 14,22-33 - 10.09.2014 - Manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.

Pai,
que eu saiba transformar minhas quedas e fracassos
em ocasião para crescer na fé em Jesus,
e para reforçar a disposição de deixar-me guiar
pela palavra dele.
Verde. 19º DOMINGO Tempo Comum

Evangelho - Mt 14,22-33

Manda-me ir ao teu encontro,
caminhando sobre a água.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 14,22-33

Depois da multiplicação dos pães,
22Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca
e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar,
enquanto ele despediria as multidões.
23Depois de despedi-las,
Jesus subiu ao monte, para orar a sós.
A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho.
24A barca, porém, já longe da terra,
era agitada pelas ondas,
pois o vento era contrário.
25Pelas três horas da manhã,
Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar.
26Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar,
ficaram apavorados, e disseram:
'É um fantasma'.
E gritaram de medo.
27Jesus, porém, logo lhes disse:
'Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!'
28Então Pedro lhe disse:
'Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro,
caminhando sobre a água.'
29E Jesus respondeu: 'Vem!'
Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água,
em direção a Jesus.
30Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo
e começando a afundar, gritou: 'Senhor, salva-me!'
31Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse:
'Homem fraco na fé, por que duvidaste?'
32Assim que subiram no barco, o vento se acalmou.
33Os que estavam no barco,
prostraram-se diante dele, dizendo:
'Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!'
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão
19° Domingo do Tempo Comum

Todos nós já vivemos momentos de tensões, de adversidades, de solidão. A liturgia deste domingo quer nos situar a Presença e a ação do Senhor, ao nosso lado, quando experienciamos essas situações adversas.
Dentro de uma situação de perseguição por ter se mantido fiel a Deus e por ter lutado pela preservação do autêntico culto, o Profeta Elias sofre bastante e tem de fugir. Deus não o livra de situações dolorosas, mas se manifesta de modo firme e com linguagem diferente da dos opressores. Deus se torna presente a Elias através de uma brisa leve. Isso nos fala a primeira leitura, extraída do 1º Livro dos Reis.
Esta página do Evangelho, cap. 14 de Mateus, nos apresenta Jesus fazendo com que seus discípulos experimentem situação adversa. O Senhor proporciona aos Apóstolos a experiência de confiarem n’Ele, de sentirem-se seguros, em meio a situações adversas, apenas em Sua Palavra.
Eis a cena: após a multiplicação dos pães e dos peixes, após ter curado as pessoas, Jesus impele, leva os discípulos a embarcarem e a aguardá-lo na outra margem. Os Apóstolos estão alegres e confiantes. O Mestre fez belo discurso, curou os doentes, deu comida para todos e agora vai rezar. Eles sentem-se obrigados a deixar aquele que é o porto seguro e a atravessarem sozinhos o mar, viver uma situação de risco e até de desamparo. Contudo, o Mestre avisou que se encontrariam no outro lado. Portanto, não foi uma despedida, mas um até logo, apesar de terem a missão de atravessar a zona tenebrosa do mar, já dentro de um horário em que a luz diminuía e se dirigindo para uma região pagã.
Jesus permanece em oração, certamente pedindo ao Pai para fortalecer aqueles que Ele lhes dera.
No meio da noite, no meio do escuro, da incerteza, da dúvida, a barca onde estão os discípulos é agitada pelo vento. É a turbulência! No trabalho, na família, nos relacionamentos, na vida pública, as turbulências se fazem presentes e colocam à prova nossas certezas, nossas seguranças, sejam físicas, psíquicas ou espirituais. Os discípulos, já amedrontados, gritam de pavor quando avistam no mar um vulto. O medo é tamanho que são incapazes de refletir que Jesus já demonstrara amá-los e exercer seu poder para preservá-los. Gritam de medo!
Jesus, o Príncipe da Paz, faz jus ao seu nome e anuncia: “Tende confiança, sou eu, não tenhais medo!” Apesar do que vê, apesar das experiências passadas, Pedro ainda pergunta pedindo prova: “Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro sobre as águas.” Jesus diz sim e Pedro começa a caminhar, mas quando o vento sopra, surge a insegurança e Pedro começa a afundar. Ele acredita mais na força do perigo da água do que na Palavra de Jesus. Confia mais na insegurança, no poder da fragilidade, do que no amor de Jesus.
A dúvida o fez afundar e o mesmo acontece conosco! Quem não arrisca, afunda sempre!
Aí ele grita pedindo socorro. Jesus estende a mão e o repreende: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”
Jesus sobe à barca e o vento cessa. Quando temos consciência de que Jesus está conosco, de que ele é o Emanuel, todo e qualquer perigo desaparece de nossa mente. A certeza da presença, do companheirismo de Jesus é determinante para atraversarmos qualquer turbulência.
Certos disso, os Apóstolos deram glória a Deus ao se prostrarem e professarem a fé: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus”!
Vivamos na fé. O Senhor é nosso companheiro por toda a vida. Em qualquer situação que estejamos vivendo, Jesus está ao nosso lado e pede ao Pai por nós, para que sejamos fiéis a Ele, para que saibamos que nada de mal nos poderá suceder porque Deus está conosco!
Vivamos nossa vida, cumpramos nossa missão, atravessemos com garbo as dificuldades, certos de que jamais estamos sozinhos. Poderemos fazer tudo isso não baseados em nós mesmos, mas no poder de Deus. “Quando sou fraco, então é que sou forte!
Fonte Pe. César Augusto dos Santos SJ



O VACILO E A ORAÇÃO DE PEDRO Mt 14,22-33
HOMILIA

É de noite é os discípulos entram no barco e se dirigem para o outro lado do mar em direção a Cafarnaum. Um fenômeno extranho, mas natural no alto mar. O barco estava sacudido pelas ondas, pois o vento era contrário. Os discípulos fatigados, atormentados em remar o vento soprando forte, agitava o mar.
De repente, Jesus se apresenta andando sobre as águas. Na escuridão da noite, a sua figura pareceu um fantasma que pretendia ultrapassar o barco. Daí os gritos de espanto e medo dos apóstolos. Na realidade, com esta ação, Jesus demonstrou ter poderes divinos, pois lemos em Jó 9, 8: Javé caminha sobre as águas dos mares. Parece que a visão dos doze no Domingo após a ressurreição é diferente, pois nesse Domingo era um espírito o que vêem e não um fantasma.
A diferença entre espírito e fantasma é que aquele é visto a plena luz do dia e não pode ser produto de uma imaginação e desprovista de realidade por ser noturna e difícil de distinguir do conjunto de figuras do contorno difuso. Daí o medo e o grito de terror dos discípulos, caso que não se dá com a aparição de Jesus que produz espanto e temor, perturbação e dúvidas. Tudo indica que viram sobre as águas uma espécie de Deus. Daí que estavam possuídos de terror, daquele temor que os judeus tinham de ver a Deus e morrer. Terror que se apodera dos três discípulos no Tabor e pelos mesmos motivos. Jesus se identifica: Sou eu; e acalma seus temores. Eu sou são palavras pronunciadas por Javé em Ex 3, 14 ou Dt 32, 39 como identificação de sua presença e poder únicos.
É interessante observar que Pedro foi o único que, com permissão de Jesus, quis também andar sobre as águas como estando por cima do mal. Porque o mar era símbolo do mal, especialmente suas profundezas onde reinava o poder das trevas e de onde saíram os impérios contrários ao verdadeiro reino de Deus (Dn 7, 1-8).
Jesus, através da deficiência na fé de Pedro, quis mostrar que sempre por detrás das situações de perigo e domínio do mar, representante das forças do mal, não estava Pedro sozinho, mas era Jesus que o sustentava. Por isso os Padres afirmam que onde está Pedro está a Igreja e onde está a Igreja está Jesus. E logicamente na época em que foi feita a afirmação dos Padres da Igreja, este Pedro não era Simão, filho de Jonas, mas o bispo de Roma.
Jesus entra na barca e o vento se acalma. Era uma perturbação de ondas e vento sem chuva, pouco parecido com a descrita em Mt 8, 23. Mas, tendo entrado Jesus na barca nada temem os discípulos, porque tinha chegado à paz, a tranqüilidade, o sossego! E, então, aproximando-se de Jesus lhe emprestam homenagem dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus. O que significa tu tens algo do poder divino em teu ser. Meu irmão, minha irmã, Jesus é a tua paz, não tenhas medo nem receio de o proclamar. Ele veio para te livrar do medo e da angústia.
O trecho de hoje está escrito precisamente para nos demonstrar que a transcendência e independência de Jesus, manifestada com suas palavras e seu proceder diante das leis e costumes tradicionais e perante as leis físicas da natureza, revelam seu domínio absoluto sobre as crenças e seu senhorio total como de criador e não de criatura sobre os acontecimentos, de modo que a nossa resposta de hoje não pode ser outra que a dos que estavam no barco: Verdadeiramente tu és Filho de Deus. Quer dizer, Jesus tu és a minha vida, a mina força, o meu refúgio, o meu libertador, o meu tudo.
Aparentemente os discípulos estavam sós. Mas, na realidade, Jesus estava ali seguindo-os e muito próximo. Para eles, Jesus, como a visão do espectro, como alguém saído das profundezas do mar, era um espírito maligno que os atormentava e produzia o vento furioso que impedia seu avanço. Somente as palavras como amigo do Mestre, logram acalmar os nervos e aportam a tranquilidade e sossego necessários. Para mim e para ti Ele o amigo mais do que o mestre, o forte no momento da fragilidade; Ele, e unicamente Ele, traz a solução do problema que te aflige a tanto tempo.
Pedro uma vez mais, se mostra impetuoso e mais confiante do que seus companheiros. Não só reconhece o Mestre, mas quer participar desse poder de estar acima do mal, representado pelas águas turbulentas do mar. Ele sabe que o poder de Jesus não é unicamente pessoal, mas atinge igualmente seus mais íntimos amigos e reconhece na prática o que ele dirá mais tarde: em ti unicamente eu confio, pois cremos e reconhecemos que tu és o santo do Deus (Jo 6, 69), que melhor podemos traduzir por o Ungido de Deus.
Porém sempre existe a dúvida e a indecisão após tomar uma atitude valente e corajosa. O vento, o mar agitado, abala a fé e a confiança de Pedro. E unicamente a resposta de Jesus, ante a súplica angustiosa de auxílio de Pedro, restabelece a situação e salva o discípulo. O salva-me, Senhor, a oração de Pedro deve ser o teu e o meu grito que deverá salvar muitas vidas do fracasso total. No Salva-me, Senhor encontramos a força que nos falta e a fé que procuramos em Jesus o nosso Salvador.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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