Vermelho. 5ª-feira da 26ª Semana Tempo Comum
Bvs. André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro Presbs. e
Comps. Mts., memória
Evangelho - Lc 10,1-12
A vossa paz repousará sobre ele.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
10,1-12
Naquele tempo:
1O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos
e os enviou dois a dois, na sua frente,
a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir.
2E dizia-lhes: 'A messe é grande,
mas os trabalhadores são poucos.
Por isso, pedi ao dono da messe
que mande trabalhadores para a colheita.
3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos.
4Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias,
e não cumprimenteis ninguém pelo caminho!
5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro:
'A paz esteja nesta casa!'
6Se ali morar um amigo da paz,
a vossa paz repousará sobre ele;
se não, ela voltará para vós.
7Permanecei naquela mesma casa,
comei e bebei do que tiverem,
porque o trabalhador merece o seu salário.
Não passeis de casa em casa.
8Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos,
comei do que vos servirem,
9curai os doentes que nela houver
e dizei ao povo: 'O Reino de Deus está próximo de vós.'
10Mas, quando entrardes numa cidade
e não fordes bem recebidos,
saindo pelas ruas, dizei:
11Até a poeira de vossa cidade, que se apegou aos nossos
pés,
sacudimos contra vós.
No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo!
12Eu vos digo que, naquele dia,
Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 10,
1-12
Jesus escolheu outros setenta e dois discípulos, que não
eram os Apóstolos e os enviou à sua frente aos lugares onde ele deveria ir, nos
mostrando, assim, que a obra evangelizadora da Igreja não é uma atividade
exclusiva dos que pertencem à sua hierarquia, mas é compromisso de todos os que
lhe pertencem, que são Igreja, porque todos são, pela graça do batismo,
operários da messe do Senhor. E os leigos e leigas, de um modo especial, estão
sujeitos às ameaças do mundo por isso são enviados como cordeiros no meio de
lobos, uma vez que irão testemunhar, no meio do mundo, os valores que não são
do mundo, despertando para si o ódio do mundo, que rejeita o Reino de Deus que
é anunciado.
A MISSÃO DOS SETENTA
E DOIS Lc 10,1-12
HOMILIA
Lucas narra que Jesus envia um novo grupo: o dos setenta e
dois discípulos. Eles são enviados “na frente” de Jesus, como precursores, como
preparadores da chegada do reino de Deus que eles anunciam com a pessoa de
Jesus.
O número 72 é simbólico e indica a universalidade da missão:
o número 72 é múltiplo de 12 para representar a totalidade do povo de Deus. A
missão, portanto, não é uma tarefa somente de alguns, do grupo dos doze, mas
uma obra também dos leigos, ou seja, de todos os cristãos. Assim, a missão é
universal desde a sua origem e compreende todos. O texto especifica que Jesus
envia “dois a dois”, pois o anúncio do Evangelho não é uma tarefa pessoal, mas
de uma comunidade. O fato de serem enviados pelos menos dois também quer
mostrar a credibilidade do testemunho, além do fato do encorajamento que um
pode dar ao outro no caso de desânimo diante das dificuldades.
Jesus, depois de ter falado em semente e em arado, fala
agora de colheita. Esta é imensa, mas os trabalhadores disponíveis são poucos.
Ontem como hoje vivemos a mesma situação. É um trabalho gigantesco, e nunca
haverá trabalhadores suficientes; só o Pai pode chamá-los e enviá-los. Assim, é
necessário rezar a Ele, pedindo que chame mais pessoas. É justamente por causa
da extensão da missão que Jesus chama mais este grupo de ajudantes, e, mesmo
assim, são poucos diante da imensidão da missão que ele tem pela frente e da
qual nos torna participantes.
Jesus faz o envio: “Eis que vos envio como cordeiros para o
meio de lobos”. É a imagem clássica da fraqueza diante da violência. A missão é
uma obra difícil e perigosa. Aqueles que ele enviou devem cumprir fielmente o
seu trabalho, mas não devem exigir demasiado de si mesmos nem entrar em pânico
diante da grandeza da missão. Devem, sim, ter consciência que não será uma
tarefa fácil e que nem sempre serão recebidos de braços abertos. Devem fazer
sua parte com competência e perseverança, pois, em último caso, a
responsabilidade é de Deus, e Ele não vai deixar cair em ruínas a sua messe,
mandando trabalhadores necessários para isto.
A mensagem a ser levada é o dom da paz, no sentido mais
completo, para as pessoas e às famílias, e, sobretudo, a mensagem de que é “o
Reino de Deus está próximo de vós”. O reino de Deus é antes de tudo uma pessoa:
Jesus. Quem o acolhe encontra a vida, a alegria, a missão de anunciá-lo. O
gesto de bater, sacudir a poeira dos pés, era um gesto simbólico dos israelitas
que, ao ingressar de novo no próprio país, depois de terem estado em terra
pagã, não queriam ter nada em comum com o modo de vida dos pagãos. Libertar-se
da poeira que se grudou aos pés enquanto estavam em território pagão
significava ruptura total com aquele sistema de vida. Fazendo isso, os
discípulos transferem toda responsabilidade pela rejeição da Palavra àqueles
que os acolheram mal e rejeitaram o anúncio do evangelho. E a paz oferecida não
se perde, mas volta a quem oferece.
O estilo da missão de Jesus e dos discípulos é o oposto
daquele dos poderosos que o mundo de hoje idolatra. Não se baseia sobre a
vontade de dominar, a arrogância ou a ambição, mas sobre a proposta humilde,
respeitosa, atenta aos mais fracos, oferecida na gratuidade, sem buscar outras
recompensas. O Evangelho de Jesus é uma mensagem de vida verdadeira para quem
confia somente em Deus, que é Pai e também Mãe: “como uma mãe que acaricia o
filho, assim eu vos consolarei” e em Cristo crucificado e ressuscitado.
Os 72 tinham uma tarefa nova e difícil. Mas, estes voltam
para Jesus muito contentes porque ficaram impressionados pelos prodígios que
puderam ver. Jesus freia um pouco esta alegria e diz: “antes, ficai alegres
porque vossos nomes estão escritos no céu”.
Como, podemos, nós, discípulos de Jesus, seguir nossa missão
em meio aos lobos do tempo atual? A missão é mais forte do que o medo. Às
vezes, somos tomados por pensamentos negativos, tipo “o que vão pensar?” ou “o
que vão dizer?”. É humano sentir medo, mas a missão deve superar os nossos
temores. Nenhum profissional tem medo de falar de sua profissão. Então, por que
deveríamos, nós cristãos, ter medo de falar de Cristo, da sua pessoa, da sua
verdade, da sua vida, do seu amor, do seu mistério? A fé e a missão começam no
coração e devem terminar nos lábios e nas ações. Não podemos deixar que o
receio atrapalhe a nossa missão cristã.
Pai, que a perspectiva de dificuldades a serem encontradas
no apostolado não me faça recuar da missão de preparar o mundo para acolher teu
Filho Jesus.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
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