Verde. 2ª-feira da 23ª Semana Tempo Comum
Evangelho - Lc 6,6-11
Observavam, para verem se Jesus curaria em dia de sábado.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
6,6-11
Aconteceu num dia de sábado que,
6Jesus entrou na sinagoga,
e começou a ensinar.
Aí havia um homem cuja mão direita era seca.
7Os mestres da Lei e os fariseus o observavam,
para verem se Jesus iria curá-lo em dia de sábado,
e assim encontrarem motivo para acusá-lo.
8Jesus, porém, conhecendo seus pensamentos,
disse ao homem da mão seca:
'Levanta-te, e fica aqui no meio.'
Ele se levantou, e ficou de pé.
9Disse-lhes Jesus: 'Eu vos pergunto:
O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal,
salvar uma vida ou deixar que se perca?'
10Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor,
e disse ao homem: 'Estende a tua mão.'
O homem assim o fez e sua mão ficou curada.
11Eles ficaram com muita raiva,
e começaram a discutir entre si
sobre o que poderiam fazer contra Jesus.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Lc 6, 6-11
Duas perguntas podem ser feitas a partir do Evangelho de
hoje: a primeira é sobre o motivo da existência da lei, e a segunda é sobre a
nossa atitude em relação ao modo de agir das outras pessoas. No primeiro caso,
a lei pode existir tanto para garantir direitos como para ser instrumento de opressão
e de dominação. Os fariseus e os mestres da Lei fizerem da Lei de Deus não um
meio para garantir o bem, mas um meio de estabelecerem relações de poder e
dominação. No segundo caso, quando uma pessoa faz algo que nos surpreende, nós
podemos condená-la e excluí-la porque não segue os padrões da normalidade ou
podemos buscar os seus motivos, e talvez aprendamos novas formas de amar.
JESUS E A HIPOCRISIA
Lc 6,6-11
HOMILIA
A hipocrisia é a atitude do sistema religioso representado
pelos escribas e fariseus, os quais se fecham em seu prestígio e poder,
julgando-se justos e desprezando o povo humilde.
Jesus critica severamente os escribas e fariseus porque eles
desprezavam os preceitos mais importantes da lei, que era: a justiça, a
misericórdia, a fidelidade. A hipocrisia dos fariseus e escribas com relação à
religiosidade era algo que eles não conseguiam disfarçar, não obstante a sua
falsa aparência de santos. Eles se fecham para não perder prestígio e poder,
julgando-se justos e perfeitos desprezavam o povo humilde e excluído da
sociedade. Jesus que enxerga além das aparências daqueles falsos santos
denuncia toda a sua falsidade. Por outro lado, Jesus, no estilo profético,
contradisse a religião da Lei que oprime e humilha o povo com suas inumeráveis
observâncias, favorecendo aqueles que subjugavam o povo em nome de Deus. E
estes mandatários ou representantes da elite religiosa procuram manter as
aparências, porém falta o essencial, que é a acolhida da pessoa de Jesus, e o seu
plano de salvação com seu amor misericordioso, libertador e vivificante.
Jesus é duro em suas advertências chegando a chamar os
fariseus de cegos e de hipócritas que limpam o exterior dos seus corpos
enquanto por dentro continuava sujo de pecados.
Jesus penetra no coração dos homens e com muita sabedoria e
propriedade Ele denuncia o que há de escondido por debaixo das aparências.
Assim como Ele falava para os mestres da lei e para os fariseus, chamando-os de
"hipócritas", Ele também poderá estar dirigindo-se a qualquer um de
nós que nos enaltecemos em vista das nossas "boas ações". Nós também
como os antigos, podemos estar pagando o dízimo de todos os nossos proventos e
até promovendo o bem comum, no entanto, ao mesmo tempo, podemos estar agindo
como guias cegos, se as nossas atitudes não estiverem edificando a ninguém. Se
estivermos fazendo o bem apenas para aparecer e chamar a atenção estão nos
faltando os ensinamentos mais importantes, que são a justiça, a misericórdia e
a fidelidade. Isto acontece quando nós aproveitamos os momentos em que todos
tomam conhecimento das nossas boas obras em campanhas que têm como objetivo
somente a nossa promoção pessoal. Os que se preocupam com isso são os fariseus
e hipócritas. Que a semente e o veneno dos fariseus hipócritas bem como dos
escribas não caiam em nossos corações a ponto de uma vez germinando sufoque,
envenene e mate a boa nova que recebemos de Jesus. Procuremos, pois, viver o
que nós ensinamos, pregamos e aparentamos ser perante a comunidade cristã! Pois
não nos esqueçamos que Deus que vê tudo vai um dia nos julgar.
A partir daqui é fundamental que tanto o nosso exterior
quanto o interior apareçam sem manchas e não como os doutores da Lei, cujo
exterior aparecia sem manchas, todavia o seu interior estava cheio de maldade.
Jesus nos adverte enquanto é tempo num outro texto: "limpa primeiro o copo
por dentro, para que também por fora fique limpo". Podemos enganar a
todos, mas não enganamos a Deus que sonda o nosso coração e conhece o que há de
mais camuflado dentro de nós. A justiça, a misericórdia e a fidelidade,
portanto, se constituem em atos concretos de amor. Somos chamados a fazer o
bem, mas tudo com sentido e, por amor!
Meu irmão, minha irmã: Será que Jesus no evangelho de hoje
está dizendo alguma coisa para nós? Será que nós também julgamos os outros por
fazer isso ou aquilo no dia do domingo sem nos perguntarmos o porque o fazem?
Ou será que nós procuramos manter uma aparência de santos, de quem observa
todos os mandamentos de Jesus, e tudo mais, porém, na realidade, não passamos
de pecadores maiores que aqueles que ao ver as nossas aparências de justos se
sentem pequeninos em relação a nós?
Resumindo diríamos que o núcleo desta narrativa é a
contestação da observância religiosa do repouso sabático, imposta pela Lei de
Israel. Esta contestação se insere no conjunto de outros quatro gestos de Jesus
que atentam contra a ordem legal. Ele liberta o povo da lei da impureza, da
culpabilidade do pecado, da exclusão do convívio social e das observâncias do
jejum. Entrando em uma sinagoga, Jesus se depara com o homem com a mão
atrofiada, recuado, sentado no chão, marginalizado e excluído. Sabe que os
chefes religiosos, escribas e fariseus o observam e querem condená-lo. Não se
intimida e, ostensivamente, toma a iniciativa provocadora. Diz àquele homem
marginalizado que se levante e o chama para o lugar central. Jesus opta pelo
caminho do bem e da vida, e liberta o homem de seu defeito excludente. Os
chefes religiosos optam pelo caminho da morte ao planejar como eliminar Jesus e
por isso ficaram muito furiosos.
Pai abre minha mente para compreender tua santa vontade a
fim de conformar minha vida com ela. E livra-me de qualquer tipo de preconceito
e sobre tudo de hipocrisia.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
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