sábado, 28 de setembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 16,19-31 - 29.09.2013 - Tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro os males; agora ele encontra aqui consolo e tu és atormentado.

Verde. 26º DOMINGO Tempo Comum

Evangelho - Lc 16,19-31

Tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro os males;
agora ele encontra aqui consolo e tu és atormentado.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 16,19-31

Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus:
19'Havia um homem rico,
que se vestia com roupas finas e elegantes
e fazia festas esplêndidas todos os dias.
20Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas,
estava no chão à porta do rico.
21Ele queria matar a fome
com as sobras que caíam da mesa do rico.
E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.
22Quando o pobre morreu,
os anjos levaram-no para junto de Abraão.
Morreu também o rico e foi enterrado.
23Na região dos mortos, no meio dos tormentos,
o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão,
com Lázaro ao seu lado.
24Então gritou: 'Pai Abraão, tem piedade de mim!
Manda Lázaro molhar a ponta do dedo
para me refrescar a língua,
porque sofro muito nestas chamas'.
25Mas Abraão respondeu: 'Filho, lembra-te
que tu recebeste teus bens durante a vida
e Lázaro, por sua vez, os males.
Agora, porém, ele encontra aqui consolo
e tu és atormentado.
26E, além disso, há um grande abismo entre nós:
por mais que alguém desejasse,
não poderia passar daqui para junto de vós,
e nem os daí poderiam atravessar até nós'.
27O rico insistiu: 'Pai, eu te suplico,
manda Lázaro à casa do meu pai,
28porque eu tenho cinco irmãos.
Manda preveni-los, para que não venham também eles
para este lugar de tormento'.
29Mas Abraão respondeu:
'Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!'
30O rico insistiu: 'Não, Pai Abraão,
mas se um dos mortos for até eles,
certamente vão se converter'.
31Mas Abraão lhe disse:
`Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas,
eles não acreditarão,
mesmo que alguém ressuscite dos mortos'.'
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
Quais os meios para entrar no Reino de Deus?

Os versículos 14 a 18 do capítulo 16 fazem a transição da parábola do administrador desonesto para o do rico e Lázaro.
Estes versículos nos deixam a impressão de que os fariseus amam o dinheiro (cf. v. 14) e exaltam em seus corações o que é detestável (até mesmo idolátrico) aos olhos de Deus (cf. v. 15). O que é um momento pobre para os fariseus é, na verdade, um grande momento, pois é um tempo em que todo homem se esforça por entrar no Reino de Deus (cf. v. 16), pela obediência à Lei (cf. v. 17). O que Jesus está tentando fazer ver aos fariseus é que, num tempo onde os meios para entrar no Reino de Deus estão na Lei de Deus, eles correm o risco de abraçar não a Lei, mas o que é abominável aos olhos de Deus.
É sobre esse pano de fundo que Jesus conta a parábola do rico e de Lázaro, nosso evangelho de hoje, em que se vive a vida como se a Lei não impusesse obrigações com relação ao próximo, como: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18). O desprezo pelo outro compromete o cumprimento dos mandamentos. Marcos no seu evangelho nos alerta para situação semelhante: “Abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos à tradição dos homens” (Mc 7,8). Da região dos mortos (v. 23), o rico compreende que é a obediência à Lei o meio de entrar no Reino de Deus, por isso ele pede a Abraão que envie Lázaro ao seu irmão para alertá-lo (vv. 27-28). Mas Abraão insiste que eles já têm os meios: Moisés e os Profetas (v. 29.31), isto é, toda a Escritura, que é preciso ouvir (v. 29). Se eles rejeitam este meio, rejeitarão também Lázaro, ressuscitado dos mortos (cf. v. 31).
Cabe a eles, como também a nós, buscar os meios adequados, não quaisquer meios, mas os consignados na Escritura, para entrar no Reino de Deus. A Lei e os Profetas são dados para esta vida em vista do Reino de Deus.

Carlos Alberto Contieri, sj



A PARÁBOLA DO RICO E DE LÁZARO Lc 16,19-31
HOMILIA

Esta parábola é uma seqüência de parábolas mencionadas por Jesus no Evangelho de Lucas, a do filho pródigo, o administrador infiel e automaticamente a parábola do rico e Lázaro. Existe uma suposição de que Jesus queria dizer através desta parábola que os homens bons e maus recebiam suas recompensas após a morte, porém esta alegoria contradiz dois princípios:
1º) Um dos princípios mais relevantes de interpretação, é que cada parábola tem um propósito de ensinar uma verdade fundamental.
2º) O sentido de cada parábola deve ser analisado a partir do contexto geral da Bíblia.
Na verdade Jesus nesta parábola não estava tratando do estado do homem na morte, nem do tempo quando se darão as recompensas. Ademais interpretar que esta parábola ensina que os homens recebem sua recompensa imediatamente após a morte, é contradizer claramente o que a Bíblia apresenta por um todo (Mt 16:27, 25:31-40, ICo 15:51-55, Isa 4:16, 17, Ap 22:12), dentre outros textos. Obviamente nesta parábola Jesus estava fazendo uma clara distinção entre a vida presente e a futura, pretendendo através desta relação mostrar que a salvação do judeu-fariseu, ou de qualquer homem, seria individual e não coletiva, como criam, e isso através da verdadeira consideração a imutável lei de Deus aos profetas (Lc 16:27-31).
A parábola do rico e Lázaro tem o propósito de ensinar que o destino futuro fica determinado pelo modo que o homem aproveita as oportunidades nesta vida. Em conexão com o contexto da parábola anterior do administrador infiel. “Se, pois, não vos tornardes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?” Lc 16:11. Sendo assim, compreende-se que os fariseus não administravam suas riquezas de acordo com a vontade divina, e por isso estavam arriscando seu futuro, perdendo a vida eterna.
Portanto, fica estabelecido que interpretar esta parábola de forma literal, resultaria em ir contra os próprios princípios encontrados nas escrituras. Fosse essa história uma narrativa real, enfrentaríamos, o absurdo de ter que admitir ser o ‘seio de Abraão’ o lugar onde os justos desfrutarão o gozo, e que os ímpios podem se ver e falar uns com os outros. As lições apresentadas nesta parábola são claras e convincentes, porém os justos ou injustos receberam suas recompensas somente no dia da ressurreição (Jo 14:12-15,20 e 21, Sl 6:5, 115:17, Ec 9:3-6 e Isa 38:18).
Na verdade esta parábola traça um contraste entre o rico que não confiava em Deus e o pobre que nele depositava confiança. Os Judeus criam ser a riqueza um sinal das bênçãos de Deus pelo fato de serem descendentes de Abraão, e a pobreza indício, do seu desagrado para com os ímpios. O problema não estava no fato do homem ser rico, mas sim por ser egoísta. A má administração dos bens concedidos por Deus havia afastado os fariseus e os Judeus da verdadeira riqueza, que é a vida eterna, esqueceram do segundo objetivo que se encerra na lei de Deus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” Mt 22:39.
Pai, não permitas que nada neste mundo me impeça de ver o sofrimento de meu próximo e fazer-me solidário com ele.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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