sábado, 7 de setembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 14,25-33 - 08.09.2013 - Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!

Verde. 23º DOMINGO Tempo Comum

Evangelho - Lc 14,25-33

Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo
o que tem, não pode ser meu discípulo!

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 14,25-33

Naquele tempo:
25Grandes multidões acompanhavam Jesus.
Voltando-se, ele lhes disse:
26'Se alguém vem a mim, mas não se desapega
de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos,
seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida,
não pode ser meu discípulo.
27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim,
não pode ser meu discípulo.
28Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre,
não se senta primeiro e calcula os gastos,
para ver se tem o suficiente para terminar?
Caso contrário,
29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar.
E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo:
30'Este homem começou a construir
e não foi capaz de acabar!'
31Ou ainda:
Qual o rei que ao sair para guerrear com outro,
não se senta primeiro e examina bem
se com dez mil homens poderá enfrentar o outro
que marcha contra ele com vinte mil?
32Se ele vê que não pode,
enquanto o outro rei ainda está longe,
envia mensageiros para negociar as condições de paz.
33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós,
se não renunciar a tudo o que tem,
não pode ser meu discípulo!'
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
Atitude radical

Quais são as condições exigidas para seguir Jesus? O texto do evangelho deste domingo começa pela informação de que grandes multidões acompanhavam Jesus (cf. v. 25).
O que estas multidões buscavam? O que eles encontraram? Todos tinham a mesma intenção? Admiravam-se das palavras cheias de sabedoria, de sua autoridade, da sua compaixão, a ponto de alguns declararem se tratar da visita salvífica de Deus; outros tantos, porém, não eram capazes de ultrapassar o que os olhos contemplavam e reconhecer a verdadeira procedência de Jesus. Tudo isso, e muito mais, é suficiente para seguir Jesus Cristo?
A resposta do evangelho é negativa. É preciso, para segui-lo, uma atitude radical: “... renunciar a tudo o que tem” (v. 32) – esta é condição para ser discípulo de Cristo.
Entre os vv. 25 e 33 há uma inclusão, isto é, o tema que será desenvolvido entre estes dois versículos através das duas parábolas (vv. 28-30; 31-32). Nas parábolas, trata-se de prever, de medir forças, de saber calcular os riscos. Trata-se, noutras palavras, de sabedoria, de adequar as ambições aos meios de que se dispõe.
Para seguir Jesus é preciso fazer uma escolha. Em primeiro lugar estar disposto ao desapego. Sem desprezar a quem se ama, os familiares, é preciso não permitir que eles se constituam em obstáculo para o seguimento de Cristo. Se assim o fosse, não seria amor verdadeiro, mas possessão.
Mas o desapego tem de ser da própria vida. A defesa de interesses, privilégios e seguranças pessoais é incompatível com o seguimento de Cristo. Em segundo lugar é preciso aceitar o risco do seguimento de Cristo, a saber, a perseguição, o sofrimento. É exatamente isto que significa “carregar a cruz” (v. 27). Em terceiro lugar é preciso renunciar aos bens (v. 33). Trata-se, então, de renunciar, como exigência do seguimento de Jesus Cristo, às seguranças afetivas e materiais.
A quem se dispõe a seguir Jesus, desde o início, é exigido dele renunciar a tudo que possa ser um obstáculo para se colocar livremente a serviço do Reino de Deus. A segurança do discípulo é, antes de tudo, seu Senhor.
Como Santo Inácio de Loyola, podemos suplicar: “Dá-me o teu amor e a tua graça, e isto me basta. Nada mais quero pedir”.
Carlos Alberto Contieri, sj



OS SEGUIDORES DE JESUS Lc 14,25-33
HOMILIA

O tema de hoje está precedido por uma introdução em que vemos grandes multidões que acompanhavam Jesus. À vista disso, ele terá que determinar quais são as verdadeiras características dos que querem realmente se tornar seus discípulos. Temos, pois, duas exigências essenciais para formar parte do seu discipulado, junto com duas parábolas ou exemplos, finalizando com uma conclusão que determina toda a matéria, unificando coerentemente a lógica dos argumentos precedentes.
Jesus está no lugar do próprio Deus, que pede o máximo como criador do homem. Sua figura como Salvador e Redentor, coloca Jesus no plano divino do absoluto e transcendente. Cristiano e discípulo de Cristo são sinônimos de uma radicalização da vida que oferece uma nova visão do mundo e dos problemas humanos sob a luz da redenção de Cristo. A ele pertencemos como novas criaturas, resgatadas com um preço de sangue único e incompatível.
Com a referência às grandes multidões que acompanhavam Jesus, Lucas muda de tema. Ele passa das narrativas anteriores em torno do tema do banquete para as narrativas em torno do tema do seguimento de Jesus. Com algumas sentenças, são apresentadas as condições para este seguimento.
A primeira condição é a liberdade plena em relação às tradições vinculadas aos laços de parentesco e à própria realização pessoal na escala de status deste mundo. No ambiente do Primeiro Testamento, essa desvinculação em relação à família significa uma ruptura com a tradição hereditária e consangüínea, segregativa e elitista, de “povo eleito”.
A opção do discípulo deve ser radical por Jesus com sua proposta do Reino, onde é priorizada a vida, plena para todos, sem discriminações ou privilégios. A segunda condição, o “carregar sua cruz”, tomou forma nas primeiras comunidades, que viam na cruz de Jesus o modelo do dom total. O carregar a cruz foi o auge da repressão sofrida por ele, e imposta pelos poderosos da teocracia sediada em Jerusalém. Assim, o discípulo deve estar disposto a enfrentar a repressão ao exercer o serviço da palavra e sua ação libertadora, sem medo da morte.
A seguir vêm duas curtas parábolas que mostram a necessidade de tomar-se consciência das conseqüências ao decidir-se pelo seguimento de Jesus, para não vacilar, depois, diante das dificuldades que advirão. O discípulo é chamado a uma renúncia total. Os que aceitam as condições são os que, pela Sabedoria, conhecem o projeto de Deus.
Antes de iniciar uma guerra, que pode ser um desastre total, é preciso pensar seriamente se com o exército disponível podemos vencer um inimigo superior. Caso contrário, é melhor optar por uma paz, embora seja menos honrosa. São comparações que podem ser entendidas do ponto de vista puramente natural pelo homem psychikós que diria Paulo, levado unicamente de sua razão e sentimentos.
O discipulado de Cristo é um chamado a todos. Mas unicamente serão verdadeiros discípulos os que estejam dispostos a uma renúncia total a começar por si mesmos, que é notada externamente pela pobreza de uma opção aparentemente irracional. Discípulo de um Mestre que teve uma cruz como fim e uma vida em que o sofrimento era parte essencial, especialmente o sofrimento da incompreensão e da perseguição.
A cruz não é unicamente um símbolo de quem sofreu por nós, mas uma opção necessária que deve dirigir nossas vidas de discípulos de Cristo. Não existe um cristianismo light em que a humilhação, o escárnio e o sofrimento possam ser referidos unicamente ao Senhor. Os discípulos devem como ele pediu aos filhos do Zebedeu, optar por beber o cálice amargo de sua paixão.
Seguir Jesus é continuar o projeto do Pai, experimentando um clima novo em relação com as pessoas, as coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e responsabilidade a condição humana sem superficialismos, conveniências ou egoísmos. Decidir-se por uma humanidade que Jesus adotou como modelo, em que a renúncia a si mesmo é a base da entrega a Deus e ao próximo.
Ambas as parábolas explicam as dificuldades e inconvenientes que levarão muitos a abandonar o caminho empreendido. Por isso, devemos enfrentar o nosso discipulado com a intenção de total e absoluta renúncia a tudo o que possuímos.
Pai, reforça minha disposição de ser discípulo de teu Reino, afastando tudo quanto possa abalar a solidez de minha adesão a ti e a teu Filho Jesus.

Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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