Vermelho. 4ª-feira da 19ª Semana Tempo Comum
São Maximiliano Maria Kolbe PresbMt., memória
Evangelho - Mt 18,15-20
Se ele te ouvir, tu ganharás o teu irmão.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
18,15-20
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos:
15Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo,
mas em particular, à sós contigo!
Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão.
16Se ele não te ouvir,
toma contigo mais uma ou duas pessoas,
para que toda a questão seja decidida
sob a palavra de duas ou três testemunhas.
17Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja.
Se nem mesmo à Igreja ele ouvir,
seja tratado como se fosse um pagão
ou um pecador público.
18Em verdade vos digo,
tudo o que ligardes na terra será ligado no céu,
e tudo o que desligardes na terra
será desligado no céu.
19De novo, eu vos digo:
se dois de vós estiverem de acordo na terra
sobre qualquer coisa que quiserem pedir,
isto vos será concedido por meu Pai que está nos céus.
20Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome
eu estou ali, no meio deles.'
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 18,
15-20
A vida em comunidade é essencial para que possamos sentir a
presença de Jesus no meio de nós e usufruir dessa presença, porém ela não é
fácil, principalmente por causa das dificuldades de relacionamento. A
comunidade, para ser realmente cristã, deve ser pautada na misericórdia, no
perdão e na acolhida dos que erram, buscando não a punição, mas sim o
reerguimento e a superação dos que erram, possibilitando-lhes a conversão e a
vida nova em Cristo. É por isso que Jesus nos mostra, no Evangelho de hoje, as
exigências da correção fraterna juntamente com a sua promessa de presença no
meio de nós.
O IRMÃO QUE PECA Mt
18,15-20
HOMILIA
Hoje, abordamos uma questão concreta que acontece em todas
as comunidades cristãs: o que devemos fazer quando alguém peca contra nós,
provocando tristeza no nosso coração?
Sabias que o fato de sermos irmãos, não nos isenta da
possibilidade de enfrentarmos divergências nos relacionamentos da família da
fé, pois a irmandade não elimina a nossa individualidade: temos diferenças de
criação, formação, visão, doutrina, teologia, liturgia, estratégia e outras
que, sem desejarmos, colocam-nos na situação de ofendidos por algum de nossos
irmãos. Todo pecado é uma doença que precisa ser tratada de maneira ágil e
positiva.. Cada situação relacional em que um irmão de forma definida peca
contra nós é na verdade uma convocação feita por Deus para que, em amor,
responsabilizemo-nos pelo tratamento do irmão. Este é um dos maiores desafios
da comunhão do Reino de Deus: o ofendido é o terapeuta separado por Deus para a
cura do ofensor!
Uma vez estabelecido claramente qual foi o pecado o primeiro
passo a ser dado é o da confrontação pessoal: Jesus ensina que é necessário
“argüir” = “provar, argumentar, repreender, fundamentar, esclarecer,
demonstrar” num contexto de discrição, zelando para que não haja uma exposição
pública do ofensor. Se o resultado não for satisfatório o passo seguinte é o da
confrontação representativa informal na tentativa de perseguir a verdade “para
que toda palavra se estabeleça”, ainda num contexto de transparência e privacidade,
devemos buscar o auxilio de testemunhas, ou seja, terapeutas auxiliares que nos
ajudarão no esforço de cura do irmão ofensor.
Persistindo a resistência em admitir culpa a situação exige
uma confrontação comunitária formal, ou seja, o ofendido deve informar
oficialmente e amorosamente a liderança maior da Igreja para que esta, de
maneira ágil e sábia, assuma a responsabilidade terapêutica de tratamento do
irmão em pecado.
Jesus lembra que a possibilidade do ofensor “recusar”
(“obstinar, endurecer o coração, manter a consciência insensível”) uma mudança
é real. Neste caso, a Igreja como comunidade terapêutica autorizada por Deus
deve considerar o ofensor como “gentio e publicano”, ou seja, deve aplicar nele
uma disciplina firme e forte (Hb 12:4-13) sem qualquer sentimento de culpa, na
expectativa de que pela dor da disciplina haja o retorno à santidade perdida.
Não existe comunidade sem diversidade, nem diversidade sem
divergência. Quando esta for detectada, os passos pessoais e comunitários
precisam ser responsavelmente tomados na certeza de que é possível construir
uma convergência em Deus que proporciona: unidade para ligar – como discípulos
da comunidade de Jesus somos autorizados a ligar a “terra ao céu”, tudo fazendo
para que a vontade do céu (Deus) prevaleça sobre a vontade da terra (homem);
unidade para acordar – a autoridade deve estar associada a uma espiritualidade
que nos impulsiona a estabelecer parcerias de oração (“acordos”) sobre
dificuldades relacionais específicas para as quais creremos sinceramente que o
Pai será capaz de sanar; unidade para experimentar a presença de Jesus –
construído e vivenciado este acordo terapêutico pela oração Jesus assegura a
Sua presença em nosso meio.
A experiência cristã evidencia que, muitas vezes, não temos
nenhum controle sobre o que fazem conosco, mas temos o controle sobre como
reagiremos ao que nos foi feito. Percorrer o caminho que vai da tristeza da
ofensa para a experiência da plenitude da presença restauradora de Jesus, este
é o grande desafio da comunhão da Igreja que precisamos buscar diligentemente!
Pai, que a presença de teu Filho ressuscitado na comunidade
cristã seja um incentivo para que nós busquemos pautar nossa ação pela tua
santa vontade.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
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