Verde. 4ª-feira da 10ª Semana Tempo Comum
Evangelho - Mt 5,17-19
Aquele que praticar e ensinar os mandamentos,
este será considerado grande.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus 5,17-19
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
17Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas.
Não vim para abolir,
mas para dar-lhes pleno cumprimento.
18Em verdade, eu vos digo:
antes que o céu e a terra deixem de existir,
nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei,
sem que tudo se cumpra.
l9Portanto, quem desobedecer
a um só destes mandamentos, por menor que seja,
e ensinar os outros a fazerem o mesmo,
será considerado o menor no Reino dos Céus.
Porém, quem os praticar e ensinar
será considerado grande no Reino dos Céus.
Palavra da Salvação.
Reflexão - Mt 5,
17-19
O verdadeiro cumprimento da Lei não significa apenas a
obediência a ela. Significa descobrir os valores que são inerentes a ela, as
motivações que estão por trás dela e as conseqüências da sua observância para a
felicidade pessoal, para a construção de um mundo melhor para todos e
principalmente para que possamos descobrir o bem maior para as nossas vidas,
que é o projeto de Deus para a humanidade, e assumir como próprio de cada um de
nós este projeto que nos é proposto pelo próprio Deus. Jesus nos mostra que
Deus não quer de nós a infantilidade da obediência cega, mas a maturidade da
co-responsabilidade no projeto do Reino.
HOMILIA
Hoje escutamos do Senhor: «Não penseis que vim abolir a Lei
e os Profetas; (…), não vim para abolir, mas para cumprir». No Evangelho de
hoje, Jesus ensina que o Antigo Testamento é parte da Revelação divina: Deus no
início deu-se a conhecer aos homens através dos profetas. O Povo escolhido
reunia-se nos sábados na sinagoga para escutar a Palavra de Deus. Assim como um
bom israelita conhecia as Escritura e as punha em prática, aos cristãos convém
a meditação freqüente diária, se fosse possível, das Escrituras.
Em Jesus temos a plenitude da Revelação. Ele é o Verbo, a
Palavra de Deus, que se fez homem (cf. Jo 1,14), que vem a nós para dar-nos a
conhecer quem é Deus e quanto nos ama. Deus espera do homem uma resposta de amor,
manifestada no cumprimento dos seus ensinos: «Se me amais, observareis os meus
mandamentos» (Jo 14,15).
No texto do Evangelho de hoje encontramos uma boa explicação
na Primeira Carta de São João: «Pois amar a Deus consiste nisto: que observemos
os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados» (1Jo 5,3). Observar
os mandamentos de Deus garante que lhe amamos com obras e de verdade. O amor
não é só um sentimento, senão que também pede obras, obras de amor, viver o
duplo preceito da caridade.
Jesus nos ensina a malicia do escândalo: «Quem desobedecer a
um só destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar os outros, será
considerado o menor no Reino dos Céus» (Mt 5,19). ‘Eu conheço a Deus’, mas não
observa os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele» (1Jo2,4).
Também ensina a importância do bom exemplo: «Quem os
praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus» (Mt 5,19). O bom
exemplo é o primeiro elemento do apostolado cristão. O próprio Cristo cumpria a
lei, não para anulá-la, nem para destruí-la, mas para viver em obediência.
Jesus instruiu Seus seguidores a observar os mandamentos.
Certa vez um jovem, príncipe e rico, aproximou-se de Jesus e
perguntou-lhe: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E respondeu-lhe:
Se queres entrar na vida guarda os mandamentos”. São Mateus 19, 16 e 17
Jesus advertiu seus seguidores contra o perigo de
menosprezar a obediência a Seus mandamentos. Disse ele: “Nem todo o que me diz
Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai que está nos céus”. São Mateus 7, 21. Não basta, para entrar no Reino do
Céu, a confissão verbal. É necessário que se cumpra, que se faça a vontade de
Deus revelada. E Jesus deixou isso bem claro.
A verdadeira obediência é fruto do amor. Paulo escrevendo
aos Romanos 13:10, assim afirmou: “de sorte que o cumprimento da lei é o amor”.
Jesus relacionou de forma muito clara a ligação do amor e da obediência. Em
suas orientações finais aos discípulos, pouco antes de Sua morte, Ele disse:
“Se me amais guardareis os meus mandamentos”. São João 14:15 “Se guardardes os
meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu tenho guardado os
mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço”. São João 15:10 . Com estas
colocações, Jesus não deixa dúvida alguma com respeito a esse assunto. A
obediência genuina, tem como fonte geradora o amor. O amor verdadeiro se
manifesta através de atos de amor, através da obediência.
São João o apóstolo do amor, em I João 5:2 e 3 escreveu:
“Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e
praticamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus, que guardemos os
seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são pesados”.
Jesus foi vitorioso na Sua luta contra o pecado, porque
estava ligado ao Pai, de Quem buscava poder para vencer como humano. Da mesma
forma, a vitória de Cristo nos é oferecida! Para que ela seja a nossa vitória,
necessitamos estar tão ligados a Jesus, como o ramo está ligado ao tronco.
Ligados dessa maneira a Cristo, produziremos, pelo Seu
poder, o fruto da obediência. Somente se permanecermos em Cristo nos será
possível prestar obediência de coração, fruto do amor.
Voltando ao Sermão da Montanha no capítulo 5 de São Mateus,
encontramos Jesus apresentando uma dimensão profundamente espiritual dos
mandamentos, da lei de Deus. O povo de Israel, estivera tão apegado à forma e a
letra da lei, que perdera completamente o discernimento espiritual que
sustentava e sustenta cada ordenança.
Uma religião legal é insuficiente para pôr a alma em
harmonia com Deus. Puramente o fundamento destituído de contrição, ternura ou
amor, é apenas uma pedra de tropeço. Os que agiram assim nos dias de Jesus eram
como o sal que se tornara insípido. Sua influência não tinha poder algum para
preservar o mundo da corrupção.
O povo de Israel perdera completamente a percepção da
natureza espritual da lei. Sua obediência não passava de uma mera observância
de formas e cerimônias em vez de ser uma entrega do coração à soberania do
amor.
As palavras de Cristo proferidas no sermão da Montanha,
conquanto fossem serenas, eram ditas com sinceridade e poder tais que moviam o
coração do povo. De pronto se admiravam e percebiam que “ensinava como tendo
autoridade”.
O Salvador com Seu divino amor e Sua ternura, exaltava a
majestade e beleza da verdade. Com branda, mas profunda influência, os homens
eram atraídos para ouvir e aceitar Seus ensinos.
De igual maneira hoje, se olharmos para a lei como um fim em
si mesma, nos tornaremos formais, praticantes de uma religião cerimonial
destituída de alegria. Mas quando olhamos para a lei e vemos nela, algo que
aponta nossa necessidade de Jesus, e encontramos nEle, o Salvador que nos
perdoa, e nos capacita a viver de acordo com Sua vontade, nos tornamos cristãos
felizes na mais completa acepção da palavra.
É esta dimensão espiritual que Cristo resgatou em Seus
ensinamentos e que nós necessitamos para revitalizar nossa vida religiosa.
Pai, livra-me do perigo de reduzir minha obediência aos teus
mandamentos à execução mecânica de gestos exteriores. Revela-me, cada vez mais
profundamente, a tua vontade, como Jesus. Que ele seja hoje e sempre o meu
exemplo de obediência à vossa Palavra viva nos na Lei e nos profetas de hoje!
Amén!
Homilia | Padre Bantu
Mendonça K. Sayla
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