Evangelho (Marcos 3,31-35)
Terça-Feira, 29 de Janeiro de 2013
3ª Semana Comum
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 31chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles
ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao
redor dele. Então lhe disseram: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua
procura”.
33Ele respondeu: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”
34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Aqui estão minha
mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e
minha mãe”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
A Mãe e Irmãos de
Jesus
Pessoas não católicas vivem dizendo que Nossa Senhora teve
outros filhos além de Jesus Cristo, pois a Bíblia refere-se aos “irmãos de
Jesus”. O monge beneditino Dom Estêvão Bettencourt, com todo o seu conhecimento
de exegese das Sagradas Escrituras, esclarece: São sete os textos do Novo
Testamento que mencionam irmãos de Jesus: Mc 6,3; Mc 3,31-35; Jo 2,12; Jo
7,2-10; At 1,14;Gl 1,19; 1Cor 9,5. Chamavam-se, conforme Mc 6,3: Simão, Tiago,
José e Judas. O aramaico, que os judeus falavam no tempo de Jesus e que os
evangelistas supõem, era uma língua pobre em vocábulos. A palavra aramaica e
hebraica “irmão” podia significar não somente os filhos dos mesmos genitores,
mas também os primos, ou até parentes mais distantes. No Antigo Testamento, 20
passagens atestam esse significado amplo de “irmão”, como por exemplo: Gn 13,8
(“Abraão disse a seu sobrinho Lot, filho do seu irmão: ‘Somos irmãos’…”), Gn
29, 12-15; Gn 31, 23; 2Rs 10,13; Jz 9,3; 1Sm 20,29. E ainda pode-se conferir em
1Cor 23,21-23; 1Cor 15,5; 2Cor36,10; Mt 27,56 (“Estavam ali [no Calvário], a
observar de longe…, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe
dos filhos de Zebedeu”). Essa Maria, mãe de Tiago e de José, não é a esposa de
São José, mas de Cléofas, conforme Jo 19,25. Era também a irmã de Maria, mãe de
Jesus, como se lê em Jo 19,25: “Estavam junto à cruz de Jesus, a sua mãe, a
irmã de sua mãe, Maria (esposa) de Cleofas, e Maria de Magdala. Pois bem, os
nomes de Cléofas e Alfeu designam em grego a mesma pessoa, pois são formas
gregas do nome aramaico Claphai. Ora, o mais antigo historiador da Igreja,
Hegesipo, conta-nos que Cléofas ou Alfeu era irmão de São José. Daí se
depreende que Cléofas e Maria de Cléofas tiveram como filhos Tiago, José, Judas
e Simão, os quais, portanto, eram primos de Jesus. E o fato de aparecerem
acompanhando Maria, embora não fossem seus filhos mas sobrinhos, explica-se
porque no judaísmo a mulher não costumava apresentar-se desacompanhada de
alguém do sexo masculino. Ora, julga-se que são José tenha falecido antes do
início da vida pública de Jesus, e quando este saiu de casa, Maria passou a
contar com a companhia dos sobrinhos. Ainda: o termo “primogênito” não quer
dizer que Maria tenha tido outros filhos depois do primeiro, Jesus. Primogênito
pode dizer simplesmente “o bem amado”, pois o primogênito é certamente aquele
filho, no qual, durante certo tempo, se concentra todo amor dos pais. Além
disso, os hebreus o julgavam alvo de especial amor da parte de Deus, pois devia
ser consagrado a Ele desde os seus primeiros dias.
Mas a final quem são os irmãos de Jesus? Ser irmão de Jesus
passa por uma unidade com a Sua Pessoa. Passa por uma evidente numa opção de
vida, numa instauração de uma família, como também na vida; viver a vida com
adesão ao projeto de Deus e na construção de um mundo novo que rompa com as
barreiras carnais e nos abre a laços espirituais.
Portanto, as palavras de Jesus questionando quem é sua mãe e
quem são seus irmãos têm o sentido de revelar que o dom de Deus, nele presente,
não se restringe a laços consangüíneos privilegiados. Jesus substitui estes
laços estabelecidos na tradição pelos laços do amor verdadeiro e sem
fronteiras, que vão muito além dos limites de família ou raça. A verdadeira
família é aquela constituída por pessoas que, fazendo a vontade de Deus,
tornam-se discípulas de Jesus. A família consangüínea, pelo amadurecimento do
amor, abre-se e solidariza-se com os mais excluídos e empobrecidos.
Disso tudo, nós concluímos que Maria Santíssima só teve
mesmo o seu Divino Filho, Jesus Cristo. E que podemos e devemos chamá-la com o
nome de Sempre Virgem Maria. Está é a razão da nossa fé a qual nos orgulhamos
de professar para podermos vivê-la e transmiti-la com firmeza aos outros de
geração em geração.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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