Evangelho (Lucas 10,1-9)
Sábado, 26 de Janeiro de 2013
São Timóteo – São Tito
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de
Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1o Senhor
escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua
frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2E dizia-lhes: “A
messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe
que mande trabalhadores para a colheita. 3Eis que vos envio como cordeiros para
o meio de lobos. 4Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não
cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5Em qualquer casa em que entrardes, dizei
primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz
repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7Permanecei naquela mesma
casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário.
Não passeis de casa em casa. 8Quando entrardes numa cidade e fordes bem
recebidos, comei do que vos servirem, 9curai os doentes que nela houver e dizei
ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’ ”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
A minha missão e a tua missão
Em Lucas 9,1-6 encontramos o
envio dos doze apóstolos. Mas, estes, apesar de formarem o núcleo da jovem
Igreja, não foram mandados como precursores de Jesus, já que não tinham ainda
identificado como Messias aquele que os enviara como se pode ver em no versículo
20 do mesmo capítulo. Agora, Lucas narra que Jesus envia um novo grupo: o dos
setenta e dois discípulos; estes, sim, são enviados “na frente” de Jesus. Sua
missão específica é: Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: O
Reino de Deus chegou até vocês. Portanto, são enviados como precursores, como
preparadores da chegada do reino de Deus que eles anunciam na pessoa de Jesus.
Lucas nos apresenta 72
discípulos enviados. Este número é simbólico e indica a universalidade da
missão. Todo o povo de Deus está chamado a se lançar na missão de anunciar a
Boa do Reino. Esta missão, não é uma tarefa somente do papa, de bispos,
sacerdotes e diáconos. Mas sim, uma obra de todos os batizados. Portanto, a
missão é universal desde a sua origem e compreende todos.
As instruções para os dois
grupos de missionários são praticamente as mesmas. O texto especifica que Jesus
envia “dois a dois”, pois o anúncio do Evangelho não é uma tarefa pessoal, mas
de uma comunidade. O fato de serem enviados pelos menos dois também quer
mostrar a credibilidade do testemunho, além do fato do encorajamento que um
pode dar ao outro no caso de desânimo diante das dificuldades.
Em seguida, Jesus, depois de
ter falado em semente e em arado, fala agora de colheita. Esta é imensa, mas os
trabalhadores disponíveis são poucos. E a situação é a mesma, ontem e hoje. É
um trabalho gigantesco, e nunca haverá trabalhadores suficientes; só o Pai pode
chamá-los e enviá-los, por isso, é necessário rezar a Ele, pedindo que chame
mais pessoas. É justamente por causa da extensão da missão que Jesus chama mais
este grupo de ajudantes, e, mesmo assim, são poucos diante da imensidão da
missão que ele tem pela frente e da qual nos torna participantes.
Jesus faz o envio: “Eis que
vos envio como cordeiros para o meio de lobos”. É a imagem clássica da fraqueza
diante da violência. A missão é uma obra difícil e perigosa. Aqueles que ele
enviou devem cumprir fielmente o seu trabalho, mas não devem exigir demasiado
de si mesmos nem entrar em pânico diante da grandeza da missão. Devem, sim, ter
consciência que não será uma tarefa fácil e que nem sempre serão recebidos de
braços abertos. Devem fazer sua parte com competência e perseverança, pois, em
último caso, a responsabilidade é de Deus, e Ele não vai deixar cair em ruínas
a sua messe, mandando trabalhadores necessários para isto.
A mensagem a ser levada é o
dom da paz, no sentido mais completo, para as pessoas e às famílias, e,
sobretudo, a mensagem de que é “o Reino de Deus está próximo de vós”. O reino
de Deus é antes de tudo uma pessoa: Jesus. Quem o acolhe encontra a vida, a
alegria, a missão de anunciá-lo. O gesto de bater, sacudir a poeira dos pés,
era um gesto simbólico dos israelitas que, ao ingressar de novo no próprio
país, depois de terem estado em terra pagã, não queriam ter nada em comum com o
modo de vida dos pagãos. Libertar-se da poeira que se grudou aos pés enquanto
estavam em território pagão significava ruptura total com aquele sistema de
vida. Fazendo isso, os discípulos transferem toda responsabilidade pela
rejeição da Palavra àqueles que os acolheram mal e rejeitaram o anúncio do
evangelho. E a paz oferecida não se perde, mas volta a quem oferece.
O estilo da missão de Jesus e
dos discípulos é o oposto daquele dos poderosos que o mundo de hoje idolatra.
Não se baseia sobre a vontade de dominar, a arrogância ou a ambição, mas sobre
a proposta humilde. Os enviados não devem levar nada de material, mas devem
contar com a providência divina e com a hospitalidade fortemente praticada
naquela época; eles devem ser respeitosos, atentos aos mais fracos; devem curar
os doentes; devem fazê-lo gratuitamente sem buscar outras recompensas. O
Evangelho de Jesus é uma mensagem de vida verdadeira para quem confia somente
em Deus. A fé e a missão começam no coração e devem terminar nos lábios e nas
ações. Não podemos deixar que o receio atrapalhe a nossa missão cristã de
anunciar o Reino de Deus que está presente entre nós.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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