Evangelho (Lucas 9,18-22)
Sexta-Feira, 28 de Setembro de 2012
25ª Semana Comum
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Aconteceu que Jesus 18estava rezando num lugar retirado, e
os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que
eu sou?” 19Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és
Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”.
20Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. 21Mas Jesus proibiu-lhes severamente que
contassem isso a alguém.
22E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser
rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser
morto e ressuscitar no terceiro dia”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA 01
O Cristo que seguimos diz do cristão que somos
setembro 28th, 2012
Irmãos e irmãs, no tempo de Jesus e, segundo os
evangelistas, muitos tinham opiniões sobre o ser e agir de Jesus, ao ponto de
confundi-Lo com importantes personagens da história da Salvação (cf. Mt 14,1-2;
Mc 9,14-16; Lc 9,7-9). Mas quem era o verdadeiro Jesus que lhes falava e
manifestava, também por atos e até mesmo no silêncio, o amor de Deus que
redime?
Esta questão tinha e continua a ter grande importância, por
isso o próprio Senhor pergunta aos doze apóstolos, após terem orado por longo
tempo, quem era aquele Homem que os chamou, orou com eles, partilhou a vida e
as palavras, realizou grandes sinais diante da vista de todos: “E vós, quem
dizeis que eu sou?” (Lc 9,20).
Como porta-voz dos demais, Pedro respondeu com palavras
inspiradas: “O Cristo de Deus” (v. 20). Mas será que ele tinha noção do que
significaria, no mistério de Jesus, aquelas palavras? Uma leitura comparativa
dos Evangelhos sinópticos, inclusive em Mt 16, 13-20, percebe-se que, naquele
momento, em Cesaréia de Filipe, eles ainda não seriam capazes de conceberem a
relação de Jesus como o Messias e, ao mesmo tempo, o realizador da profecia do
Isaías.
Será preciso um Calvário e a releitura dos acontecimentos,
em comunidade, guiada pelo Espírito Santo (cf. Jo 14,26) para que a Igreja, num
todo, identificasse Jesus Cristo como Servo Sofredor sem fatalismo: “Era o mais
desprezado e abandonado de todos, homem do sofrimento, experimentado na dor,
indivíduo de quem a gente desvia o olhar, repelente, dele nem tomamos
conhecimento” (Isaías 53, 3). Mas o Cristo é também o Mestre dos mestres que,
em sua pedagogia divina, foi revelando a verdade, a qual, aos poucos, os doze e
a Igreja, ao longo do tempo, foi e continua a ser chamada a aceitar, para que a
interpretação do Mistério de Cristo não tenha o ruído do triunfalismo.
“É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado
pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia,
ressuscitar” (Lc 9, 22). Até parece que Jesus estava com o trecho de Isaías,
acima citado, frente aos seus olhos. Mas, muito mais do que isto, todo o Antigo
Testamento estava em seu coração como a história de toda a humanidade, a qual
continua necessitada de um único messias que corresponda e supere as esperanças
dos povos. Por isso, alerta o magistério da Igreja, instruída pelo Espírito de
Cristo: “Numerosos judeus, e até certos pagãos que compartilhavam a esperança
deles, reconheceram em Jesus os traços fundamentais do “Filho de Davi”
messiânico, prometido por Deus a Israel.
Jesus aceitou o título de Messias [Cristo em grego] ao qual
tinha direito, mas com reserva, pois este era entendido por uma parte de seus
contemporâneos segundo uma concepção demasiadamente humana, essencialmente
política” (CIC, nº 439). Por isso as palavras do primeiro Papa, também representa
o reto ensinamento da Igreja de Cristo, que pelo seu Catecismo, exprime a fé
n’Aquele que ressuscitou, mas, antes, sofreu por cada um de nós e por todos a
Sua Paixão e Morte. Assim, a Fé Pascal (Morte e ressurreição) precisa também
suscitar a nossa resposta diária ao Cristo que continua a nos questionar: “E
você que é cristão, quem é o Cristo que você segue, principalmente quando a
vida lhe propõem ou impõem um Calvário? Quando quereríamos ser tratado com se
estivéssemos ainda em Cesaréia, ignorantes em muitas coisas? Talvez, até
estejamos nesta etapa, na qual o conhecimento que temos da Palavra de Deus
ainda paire abstrato sobre a nossa existência e ações. Por isso, Cristo, como
fez com os doze continua a nos propor, nunca impor, a vida de oração comunitária
e apostólica (cf. Lc 9, 18) para que, mesmo sem entendermos muitas coisas,
possamos ainda nos unir ao mistério do Cristo Pascal.
D’Ele não vem o sofrimento nem a provação, mas a certeza de
que nada que passamos, passa ao lado do Seu coração cheio de compaixão e
verdade. Ele não é indiferente a ninguém nem às razões das nossas lutas e
lágrimas.
De Cesaréia de Filipe ao Calvário, os apóstolos precisaram
da paciência e sabedoria do Mestre e Bom Pastor. Também nós podemos ter a
certeza de que Ele não mudou a Sua pedagogia, a qual transforma o tempo num
elemento imprescindível para o nosso amadurecimento como discípulos e
missionários. Agora, ninguém pode ceder aos messianismos presentes, que
prometem um céu aqui na terra, ou seja, não se pode dispensar do seguimento e
união ao verdadeiro Jesus Cristo, cabeça da Igreja, Aquele que por amor aceitou
«sofrer muito» e ressuscitar, no terceiro dia, para nos comunicar o Espírito
Santo.
Ele não está obrigado a poupar ninguém do mistério do
sofrimento humano neste mundo passageiro. Por isso também, Ele continua conosco
como consolo e modelo Supremo na árdua missão que conferiu à Sua Igreja (cada
um a seu modo), a partir do Papa e aos sucessores dos apóstolos: «Ensinai-lhes
a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias,
até o fim dos tempos» (Mt 28, 20).
Padre Fernando Santamaria
Comunidade Canção Nova
HOMILIA O2
Pedro reconhece o Messias
Lucas nos apresenta hoje a preocupação de Jesus sobre o
conceito que as pessoas tem e fazem da Sua pessoa e então faz aos discípulos a
inquietante pergunta: “Quem dizem as pessoas sobre quem é o Filho do Homem?” E
o interessante disso tudo é que os discípulos escutavam os mesmos comentários
que chegaram aos ouvidos de Herodes: que Jesus era ou João Batista, ou Elias,
ou algum dos profetas antigos, que ressuscitou. Mas o que Jesus realmente
queria saber era o que os seus discípulos pensavam a respeito dele. E nesse
momento é Pedro quem toma a iniciativa da resposta e erguendo a voz diz: Tu és
o Cristo de Deus!
A palavra Cristo vem do grego, é uma tradução literal de
Messias, e significa ungido. Esta resposta de Pedro tem todo um significado, e
é sobre isso que vamos refletir hoje.
Os livros proféticos do Antigo Testamento falam da vinda do
Messias, o Salvador. E atribui a Ele o poder de curar os doentes, expulsar
demônios, e trazer a paz ao povo. João Batista sabia disso. E é por isso que
quando ele mandou seus discípulos perguntarem a Jesus se Ele era o Messias,
Jesus pediu que os discípulos de João o acompanhassem durante aquela tarde
enquanto Ele realizou a cura de cegos e aleijados. Depois disso, Jesus disse
aos discípulos de João que voltassem para dizer o que tinham visto. Jesus não
queria dizer, neste momento, que Ele era o Messias, pois muitas coisas ainda
precisavam acontecer antes do seu martírio. João Batista, como conhecedor das
Escrituras, sabia desses sinais. Se Jesus já afirmasse desde esse momento que
era a Promessa de Deus, o alvoroço e a polêmica seriam ainda maiores do que
este que já estava acontecendo. E isso poderia encurtar a sua trajetória no
meio de nós.
Mas então as pessoas da época não sabiam que Ele era o
Ungido de Deus? O Filho de Deus? Que não deveriam esperar que viesse outro?
Pois é, não sabiam. Somente os discípulos sabiam disso. E foram severamente
proibidos de comentar isso com alguém até que Ele passasse pelo martírio, morte
e ressurreição.
Ainda hoje os judeus esperam a primeira vinda do Messias.
Para eles, Jesus foi apenas mais um profeta, que teve a sua importância, mas
que não libertou o povo, como eles esperavam. O entendimento deles não permite
que vejam a libertação que Jesus veio trazer… A libertação da escravidão do
pecado. Essa libertação vai muito além da libertação que eles esperavam, que
era a libertação da servidão aos romanos da época, e depois a tantos outros
povos ao longo da história. A libertação que Jesus veio trazer é de dentro para
fora. Você pode estar acorrentado numa prisão, e ser livre. Você pode estar
doente em um leito de hospital, rejeitado pelos seus pais e estar em um
orfanato ou um asilo, pode ter perdido a saúde, a dignidade, o dinheiro, a
liberdade de ir e vir… e ainda ser livre. Parece contraditório, mas é a
Verdade. E a Verdade vos libertará. Nem a morte causa medo a quem tem essa
liberdade. E essa é a maior prova de fé: não temer a morte.
Para Pedro, Jesus é Filho do Homem. É o Deus que se faz
humano, convivendo no dia-a-dia comum entre as multidões e comunicando-lhes seu
amor divino e eterno, que permanece para sempre, além da morte. E para ti quem
é Jesus? A pergunta: E vós quem dizeis que Eu sou?, exige um comprometimento
pessoal. Pedro corajosamente mostrou sua crescente lealdade, ao afirmar que
Jesus era o Cristo de Deus. Nesta confissão Pedro quis dizer que Jesus era o
único Deus, Filho ungido para seus propósitos. Quais propósitos? A maioria não
tinha idéia, portanto Jesus não queria que seus discípulos divulgassem o que
Pedro havia dito. Ao invés de um Rei ungido para sofrer e morrer por pecadores,
a maioria dos judeus estavam à procura de um rei que trouxesse libertação
política. Jesus então deixou claro o preço que teria que pagar para seguir a
confissão de Pedro num mundo que não apenas estava confuso a seu respeito, como
também era contra seu ministério. Concordar com a confissão de Pedro significa
causar conflito entre os crentes e o mundo e os levaria a negar a si mesmos, ao
carregarem a cruz do discipulado.
O discipulado de Cristo lá e aqui tem seu preço, seu custo.
Dar a sua vida por amor aos seus irmãos. Esta é a mensagem para o dia de hoje.
Peça e ore ao Senhor para que te ajude a abrir mão, se preciso for, da
segurança, conforto e diversões deste mundo para O seguir. Que Ele te ensine a
negar a ti mesmo, carregar a cruz e seguí-lo. Pois, sua promessa é: quem perder
a vida por minha causa, este a salvará.
Por isso, peça a Deus esta graça. Pai, só tu podes
revelar-me a identidade de teu Filho Jesus. Que eu a conheça de forma
verdadeira para poder conformar com ela a minha vida.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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