Evangelho (João 3,13-17)
Sexta-Feira, 14 de Setembro de 2012
Exaltação da Santa Cruz
— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós!
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 13“Ninguém subiu ao
céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14Do mesmo modo como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem
seja levantado, 15para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna.
16Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho
unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna.
17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para
que o mundo seja salvo por ele”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Exaltar a cruz
enquanto há tempo
setembro 14th, 2012
A Palavra de Deus nos convida, irmãos e irmãs, a uma
profundidade que vem do Espírito Santo, o qual pode fazer calar a verdade em
nossas almas, gerando atitudes concretas que apontam para o mistério dos
mistérios, fonte de toda a graça: a Santíssima Trindade!
Em busca de beber da fonte, e talvez ainda marcado pelo medo
de se expor, Nicodemos vai ter com Jesus no cair da tarde (cf. Jo 3). Sendo a
Luz do mundo, o Senhor não o condena, mas o acolhe em sua procura e miséria
para nos revelar o Senhorio no amor que salva! Senhorio que abrange o passado,
presente, futuro e toda eternidade!
Jesus é Senhor para aproximar e nos levar ao Céu! Mesmo que,
depois de mais dois milênios, Ele tenha de ouvir, até de cristãos: “Mas ninguém
veio de lá!” “Ninguém voltou de lá para contar!”. A primeira interrogação pode
expressar uma triste distração quanto à Palavra de Deus, enquanto a afirmação
segunda pode patentear uma ignorância que precisa ser superada, pois Aquele que
só tem palavras de vida eterna veio do Alto, para “lá” (mais a frente será
explicada as aspas) retornou e, ao mesmo tempo, continua no meio de nós de
diferentes maneiras. Fundou a Sua Igreja como sacramento universal do amor e da
verdade que não abandona os amados: “Ninguém subiu ao céu, senão aquele que
desceu do céu: o Filho do Homem” (Jo 3, 13).
Cristo é ponte de comunhão salvífica, Ele continua na
história a se comunicar o Seu plano de amor pelo poder do Espírito Santo! Plano
de salvação da Santíssima Trindade para toda realidade criada, tendo o ser
humano como o centro e meio de plenificação de todas as coisas no amor: “De
fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o Seu Filho único, para que todo o que
n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna» (cf. Jo 3,16).
Sabe-se que, no Evangelho de São João, diferente dos
Evangelho Sinóticos, utiliza-se pouco a palavra Reino; no lugar desta,
encontra-se os conceitos vida ou vida eterna. Par dizer que a comunhão com
Jesus pela fé, esperança e amor significa participação real no Reino e certeza
de uma vida plena e eterna a partir do tempo: “Esta é a vida eterna: que
conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que
enviaste” (Jo 17, 3). Sim! O Evangelho a ninguém engana! É possível
experimentarmos a vida eterna (escatologia presente) já agora, mediante um
relacionamento sincero com Ele: a vida eterna que apareceu no nosso meio! Uma
graça que não merecemos, mas, por misericórdia, foi conquistada pela entrega
total d’Ele por cada um de nós. Um amor oblativo e radical: “Como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a
fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna” (Jo 3, 14-15).
O Filho de Deus, não se importou em humilhar-se cada vez
mais (cf. Fl 2, 6-11), até o ponto de poder ser comparável àquela antiga
serpente de bronze feita por Moisés (cf. Nm 21, 6-11). Tudo isto por força do
humilde amor! Ou conceito chave, que encontramos também nas Escrituras, quando
se refere ao mistério de Cristo.
Só Jesus poderia revelar a necessidade do Amor Eterno, em se
expressar de tantas formas, que chegou a ligar, intimamente, o momento de Sua
crucifixão e morte à glorificação-exaltação. Por isso, ensina o Catecismo da
Igreja Católica, sem erro: “A Morte de Jesus não foi fruto do acaso, nem
coincidência infeliz de circunstâncias várias. Faz parte do mistério do desígnio
de Deus…” (CIC nº 599). Projeto de amor que não exclui ninguém e tampouco anula
a liberdade humana para que ele se concretize totalmente na vida de cada um.
É verdade que Jesus já fez o “necessário” para a salvação de
todos, mas o Seu incansável amor continua a agir mediante a Sua Igreja, ou
ainda, por meio de membros do Seu Corpo Místico que, por influxo do Espírito
Santo, caminha neste mundo como povo de Deus, rumo à pátria definitiva.
Explicando as aspas, e não só, uma morada Eterna revelada
por Quem de “lá” veio, ainda que este “lá”, não seja um lugar
geográfico-material no tempo e no espaço, enquanto realidade pós-morte, pois
Céu é o jeito glorioso de Deus (cf. CIC nº 2794)! No entanto, o aqui e o agora
da decisão de exaltar a cruz e todos demais mistérios de Cristo, com a nossas
palavras e vida, não pode, de forma alguma, esperar o juízo particular ou
final. O tempo da conversão é agora: “É agora o momento favorável, é agora o
dia da salvação” (2Cor 6,2). Exaltado seja a cruz do Senhor! A Ele toda a honra
e toda a glória, por todos os séculos dos séculos! Amém!
Padre Fernando Santamaria
Comunidade Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário