Evangelho (Lucas 5,33-39)
Sexta-Feira, 7 de Setembro de 2012
22ª Semana Comum
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 33os fariseus e os mestres da Lei disseram a
Jesus: “Os discípulos de João, e também os discípulos dos fariseus, jejuam com
frequência e fazem orações. Mas os teus discípulos comem e bebem”. 34Jesus,
porém, lhes disse: “Os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o
noivo está com eles? 35Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles.
Então, naqueles dias, eles jejuarão”.
36Jesus contou-lhes ainda uma parábola: “Ninguém tira
retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha; senão vai rasgar a
roupa nova, e o retalho novo não combinará com a roupa velha. 37Ninguém põe
vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo arrebenta os odres
velhos e se derrama; e os odres se perdem. 38Vinho novo deve ser posto em odres
novos. 39E ninguém, depois de beber vinho velho, deseja vinho novo; porque diz:
o velho é melhor”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
O dia da verdade chegará!
setembro 7th, 2012
Irmãos e irmãs, quem de nós está livre de comparações? Às
vezes, nós próprios nos tornamos os mais comparativos. Enquanto a maturidade
fraterna, em meio aos conflitos relacionais, pedem humildade e desprendimento,
São Paulo, neste sentido, testemunha: «Quanto a mim, pouco me importa ser
julgado por vós ou por alguma instância humana. Nem eu me julgo a mim mesmo. É
verdade que minha consciência não me acusa de nada. Mas isto não quer dizer que
eu deva ser considerado justo. Quem me julga é o Senhor» (1Cor 4, 3-5).
Claro que São Paulo foi aprendendo e amadurecendo a partir
de uma liberdade que escolhe a centralidade no Cristo e a docilidade ao
Espírito Santo para, então, corresponder à vontade do Pai do Céu. Penso que o
grande segredo dos santos, na resolução interior e contributo exterior nos
desafios que tendem à desunião, encontra-se neste relacionamento trinitário com
o Deus Uno e três vezes Santo.
Deus é comunhão e quem d’Ele se aproxima torna-se mais e
mais ponte de comunhão. Por isso, em meio a tantas pressões e julgamentos
infundados sobre eles (juízos temerários), conseguiram dar uma resposta
diferente, ou seja, não disseram a eles mesmos: “Se a tal pessoa me julga,
então eu também tenho o direito de julgá-la!” Neste caso e em todos os outros,
Jesus Cristo será sempre a nossa Universidade.
No Evangelho (Lc 5, 33-39), os discípulos de Jesus e,
indiretamente, Ele próprio, são comparados com os seguidores de São João
Batista. A reação de Jesus foi espetacular, pois não teceu um juízo negativo
sobre quem comparava nem sobre o precursor João (amigo do Esposo). Ele
aproveita para se autorrevelar como “o Noivo de uma Igreja desposada por Deus”
e também revela o grande convite que este Deus amoroso faz à um festim que
começa já no tempo. Um esboço e antecipação do que será plenamente no
cumprimento escatológico do Reino.
Retornando a temática dos juízos temerários, as palavras de
São Paulo e a sabedoria do Espírito a jorrar de Jesus Cristo nos questiona num
nível não somente reativo, mas também em relação àquilo que de fato possui um
real valor para mim e cada um de nós, o nível da sensibilidade aos valores.
Neste sentido é que podemos e devemos nos deixar interpelar pelo Espírito da
Verdade quando a nossa pessoa, mais do que os nossos atos, forem atingidos por
comentários injustos, comparações desmedidas, calúnias e julgamentos.
Creio que, nestes momentos dolorosos, o Espírito Santo
pergunta às nossas consciências: “Por que perder tempo, energia espiritual e
psíquica com aquilo que é próprio do Reino da mentira? Então, por que dar valor
e atenção àquilo que não merece valor nem atenção?” De fato, irmãos e irmãs, o
que realmente merece a nossa atenção e valor corresponde ao Reino da Verdade.
Nele, encontramos o Noivo-Esposo, que nos serve o Vinho Novo e, pelo Espírito
Santo, nos ajuda a viver a Nova e Eterna Aliança, como novo Povo de Deus (cf.
Lc 5, 35-39).
Claro que isto não pode excluir a denúncia como importante
dimensão profética nem nos dispensar do exercício da correção fraterna, mas
nada disso será frutuoso, se o nosso coração não estiver aberto à dinâmica do
Reino da Verdade que é, simultaneamente, Reino da Misericórdia. O Deus
Misericordioso está pronto para perdoar quem nos ofendeu. Por que eu – pecador
– deveria estar fechado ao perdão?
Ele sabe e conhece, por dentro, a história e as misérias de
quem julga e é julgado. Também por isso está disposto a converter e curar os
corações de quem fere e de quem é ferido. Se alguém se sente lesado em sua boa
fama, ou até roubado, não convém deixar que roubem a esperança de quem aguarda
em paz, sem rancor e ressentimento, o dia em que a Verdade varrerá este mundo:
«Portanto não queirais julgar antes do tempo. Aguardai que o Senhor venha. Ele
trará à luz o que estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações.
Então, cada um receberá de Deus o devido louvor» (1Cor 4, 5).
Padre Fernando Santamaria – Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova
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