Evangelho (Lucas 7,36-50)
Quinta-Feira, 20 de Setembro de 2012
Ss. André Kim T., Paulo Chong e Comps. Mts.
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 36um fariseu convidou Jesus para uma refeição
em sua casa. Jesus entrou na casa do fariseu e pôs-se à mesa.
37Certa mulher, conhecida na cidade como pecadora, soube que
Jesus estava à mesa, na casa do fariseu. Ela trouxe um frasco de alabastro com
perfume, 38e, ficando por detrás, chorava aos pés de Jesus; com as lágrimas
começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos e
os ungia com o perfume.
39Vendo isso, o fariseu que o havia convidado ficou
pensando: “Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está
tocando nele, pois é uma pecadora”.
40Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para
te dizer”. Simão respondeu: “Fala, mestre”! 41“Certo credor tinha dois
devedores; um lhe devia quinhentas moedas de prata, o outro cinquenta. 42Como
não tivessem com que pagar, o homem perdoou os dois. Qual deles o amará mais?”
43Simão respondeu: “Acho que é aquele ao qual perdoou mais”. Jesus lhe disse:
“Tu julgaste corretamente”.
44Então Jesus virou-se para a mulher e disse a Simão: “Estás
vendo esta mulher? Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para
lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os
cabelos. 45Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não
parou de beijar meus pés. 46Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém,
ungiu meus pés com perfume. 47Por esta razão, eu te declaro: os muitos pecados
que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se
perdoa pouco mostra pouco amor”. 48E Jesus disse à mulher: “Teus pecados estão
perdoados”. 49Então, os convidados começaram a pensar: “Quem é este que até
perdoa pecados?” 50Mas Jesus disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Cuidado para não criticar e censurar um coração arrependido
setembro 20th, 2012
Um fariseu convidou Jesus para jantar. Jesus foi até a casa
dele e sentou-se para comer. Naquela cidade morava uma mulher de má fama. Ela
soube que Jesus estava jantando na casa do fariseu. Então pegou um frasco feito
de alabastro, cheio de perfume, e ficou aos pés de Jesus, por trás. Ela chorava
e as suas lágrimas molhavam os pés dele. Então ela os enxugou.
A segurança parecia retornar ao coração de Simão, o fariseu,
ao assistir a tão escandalosa cena. Com os seus próprios cabelos, aquela mulher
beijava os pés de Jesus e derramava o perfume neles. Quando o fariseu viu isso,
pensou assim: “Se este homem fosse, de fato, um profeta, saberia quem é esta
mulher que está tocando nele e a vida de pecado que ela leva”.
Seu juízo é apressado e infundado. Assim como não teve fé e
amor para enlevar-se com o Mestre, faltou-lhe também o discernimento para, na
ex-pecadora, ver e interpretar os sinais de um arrependimento perfeito, pois
são notórios os efeitos do vício ou da virtude estampados na face (cf. Eclo 13,
31).
O orgulho de ser um rigoroso e sábio legista levou-o a uma
conclusão aparentemente lógica, mas em realidade temerária, contra o Médico e
contra a enferma. Além do mais, manifestou sua falsidade, pois, se concebeu no
seu interior a convicção de estar diante de um homem comum e aguardou sua saída
para provavelmente comentar com satisfação o aparente horror daquele escândalo,
por que chamá-lo de Mestre? A esse respeito, comenta com muita propriedade São
Gregório Magno: “O Médico se encontrava entre dois enfermos; um tinha a febre
dos sentidos, e o outro havia perdido o sentido da razão: aquela mulher chorava
o que havia feito, mas o fariseu, orgulhoso pela sua falsa justiça, exagerava a
força de sua saúde”.
Além não ter consciência ou virtude para perceber na
pecadora a enorme graça de que havia sido objeto, faltou ao fariseu humildade,
fé e amor para ver em Jesus o Filho de Deus. Entretanto, a prova de quanto
Jesus é profeta foi dada a Simão logo a seguir, no estilo tão apreciado
naqueles tempos: através da parábola dos dois devedores.
É notório o caráter universal das palavras do Salvador
contidas nesse trecho, mas não podemos negligenciar a realidade concreta a
desdobrar-se diante de seus olhos de Juiz Supremo.
Ali estavam dois réus. Ambos haviam ofendido a Deus em graus
diferentes e necessitavam, portanto, do perdão. A pecadora estava tomada por um
arrependimento perfeito e foram-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque
muito amou. Quanto ao fariseu, o Senhor lhe externa sua disposição em
perdoá-lo, mas seriam necessários – da parte dele – fé e maior amor.
Indispensável era ao fariseu reconhecer seu débito para com Deus e pedir-Lhe
perdão, mas ele assim não procedeu por ser orgulhoso.
É fácil compreender a sentença final do Divino Juiz: a
pecadora é oficial e publicamente perdoada; quanto ao fariseu, na melhor das
hipóteses — se chegasse a arrepender-se e vencer seu orgulho — caberia, talvez,
o decreto de Nosso Senhor: “os publicanos e as meretrizes vos precedem no Reino
de Deus”.
Esta sentença pode ser minha e sua quando criticamos e
censuramos os outros. Sobretudo, aqueles que a sociedade marginaliza e
considera como “pecadores públicos”. E Jesus, voltando-se para o excluído diz:
“A tua fé te salvou. Vai em paz”.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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