terça-feira, 14 de julho de 2020

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 11,25-27 = 15.07.2020

Liturgia Diária

15 – QUARTA-FEIRA 
SÃO BOAVENTURA

BISPO E DOUTOR DA IGREJA

(branco, pref. comum ou dos pastores – ofício da memória)

O justo medita a sabedoria e sua palavra ensina a justiça, pois traz no coração a lei de seu Deus (Sl 36,30s).

Giovanni di Fidanza, mais tarde chamado Boaventura, nasceu em 1218 na Itália. Dotado de brilhante inteligência, ingressou na Ordem dos Frades Menores, os Franciscanos, tornando-se conhecedor dos grandes filósofos e estudioso de Santo Agostinho, sem deixar de ser profundo admirador e fiel seguidor de São Francisco de Assis. Foi professor universitário em Paris, ministro geral da sua ordem, bispo e cardeal. Participou do segundo Concílio de Lião, cidade francesa na qual veio a falecer em 1274. Tomemos desse santo o gosto pelo conhecimento de Deus, certos de que a verdadeira ciência é a que conduz ao amor.

Evangelho: Mateus 11,25-27

Aleluia, aleluia, aleluia.

Graças te dou, ó Pai, / Senhor do céu e da terra, / pois revelaste os mistérios do teu Reino aos pequeninos, / escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25) – R.

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – 25Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. – Palavra da salvação.

Fonte https://www.paulus.com.br/


Reflexão - Evangelho: Mateus 11,25-27
«Escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos»

P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP
(San Domenico di Fiesole, Florencia, Italia)

Hoje, o Evangelho nos oferece a oportunidade de aprofundar, na estrutura da mesma divina sabedoria. Há entre nós quem não deseje conhecer os mistérios revelados desta vida? Mas há enigmas que nem a melhor equipe de procuradores do mundo jamais chegará nem sequer a decifrar. No entanto, há Um ante o qual «De fato, nada há de escondido que não venha a ser descoberto; e nada acontece em segredo que não venha a se tornar público» (Mc 4,22). É aquele a quem se dá assim mesmo o nome de Filho do Homem, pois diz de si mesmo: «Todas as coisas me foram dadas por meu Pai» (Mt 11,27). Sua natureza humana por meio da união hipostática tem sido assumida pela Pessoa do Verbo de Deus: é, numa palavra, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, diante da qual não há trevas e pela qual a noite é mais luminosa que o pleno dia.

Um provérbio árabe diz assim: «Se numa noite preta uma formiga preta sobe por uma parede preta, Deus a estará vendo». Para Deus não há segredos nem mistérios. Há mistérios para nós, mas não para Deus, ante o qual o passado, o presente e futuro estarão abertos e esquadrinhados até a última vírgula.

Diz, satisfeito, o Senhor: «Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos» (Mt 11,25). Sim, porque ninguém pode pretender conhecer estes ou segredos parecidos escondidos nem os tirando da escuridão com o estudo mais intenso, nem como devido por parte da sabedoria. Dos segredos profundos da vida saberá sempre mais a velhinha sem experiência escolar do que o pretensioso cientista que tem gastado anos em prestigiosas universidades. Tem ciência que se ganha com fé, simplicidade e pobreza interiores. Tem dito muito bem Clemente Alexandrino: «A noite é propícia para os mistérios; é quando a alma atenta e humilde olha para si mesma refletindo sobre a sua condição; é quando encontra a Deus».

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PAI DÁ-ME A GRAÇA DE SER PEQUENO! Mt 11,25-27
HOMILIA

Após o “discurso da missão” e o envio dos discípulos ao mundo para continuarem a obra libertadora de Jesus, Mateus coloca no seu esquema de Evangelho uma seção sobre as reações e as atitudes que as várias pessoas e grupos tomam frente a Jesus e à sua proposta de “Reino”.

Nos versículos anteriores ao texto que nos é hoje proposto, Jesus havia dirigido uma veemente crítica aos habitantes de algumas cidades situadas à volta do lago de Tiberíades, porque foram testemunhas da sua proposta de salvação e mantiveram-se indiferentes. Estavam demasiado cheios de si próprios, instalados nas suas certezas, calcificados nos seus preconceitos e não aceitavam questionar-se, a fim de abrir o coração à novidade de Deus.

Agora, Jesus manifesta-se convicto de que essa proposta rejeitada pelos habitantes das cidades do lago, encontrará acolhimento entre os pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam pela libertação que Deus tem para lhes oferecer.

Hoje estamos diante de duas “sentenças” que, provavelmente, foram pronunciados em ambientes diversos deste que Mateus nos apresenta.

A primeira sentença é uma oração de louvor que Jesus dirige ao Pai, porque Ele escondeu estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos. Os “sábios e inteligentes” são certamente esses “fariseus” e “doutores da Lei”, que absolutizavam a Lei, que se consideravam justos e dignos de salvação porque cumpriam escrupulosamente a Lei, que não estavam dispostos a deixar pôr em causa esse sistema religioso em que se tinham instalado e que – na sua perspectiva – lhes garantia automaticamente a salvação. Os “pequeninos” são os discípulos, os primeiros a responder positivamente à oferta do “Reino”; e são também esses pobres e marginalizados, ou seja, os doentes, os publicanos, as mulheres de má vida, o “povo da terra” que Jesus encontrava todos os dias pelos caminhos da Galiléia, considerados malditos pela Lei, mas que acolhiam, com alegria e entusiasmo, a proposta libertadora de Jesus.

A segunda sentença relaciona-se com a anterior e explica o que é que foi escondido aos “sábios e inteligentes” e revelado aos “pequeninos”. Trata-se, duma “experiência profunda e íntima” de Deus. Os “sábios e inteligentes” estavam convencidos de que o conhecimento da Lei lhes dava o conhecimento de Deus. A Lei era uma espécie de “linha direta” para Deus, através da qual eles ficavam a conhecer Deus, a sua vontade, os seus projetos para o mundo a para os homens; por isso, apresentavam-se como detentores da verdade, representantes legítimos de Deus, capazes de interpretar a vontade e os planos divinos.

Jesus deixa claro que quem quiser fazer uma experiência profunda e íntima de Deus tem de aceitar Jesus e segui-lO. Ele é “o Filho” e só Ele tem uma experiência profunda de intimidade e de comunhão com o Pai. Quem rejeitar Jesus não poderá “conhecer” Deus: quando muito, encontrará imagens distorcidas de Deus e aplicá-las-á depois para julgar o mundo e os homens. Mas quem aceitar Jesus e O seguir, aprenderá a viver em comunhão com Deus, na obediência total aos seus projetos e na aceitação incondicional dos seus planos.

Na verdade, os critérios de Deus são bem estranhos, vistos de cá de baixo, com as lentes do mundo. Nós, homens, admiramos e incensamos os sábios, os inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos, os bonitos e queremos que sejam eles a dirigir o mundo, a fazer as leis que nos governam, a ditar a moda ou as idéias, a definir o que é correto ou não é correto. Mas Deus diz que as coisas essenciais são muito mais depressa percebidas pelo “pequeninos”: são eles que estão sempre disponíveis para acolher Deus e os seus valores e para arriscar nos desafios do “Reino”. Quantas vezes os pobres, os pequenos, os humildes são ridicularizados, tratados como incapazes, pelos nossos “iluminados” fazedores de opinião, que tudo sabem e que procuram impor ao mundo e aos outros as suas visões pessoais e os seus pseudo-valores. A Palavra de Deus ensina: a sabedoria e a inteligência não garantem a posse da verdade; o que garante a posse da verdade é ter um coração aberto a Deus e às suas propostas.

Como é que chegamos a Deus? Como percebemos o seu “rosto”? Como fazemos uma experiência íntima e profunda de Deus? É através da Filosofia? É através de um discurso racional coerente? É passando todo o tempo disponível na igreja a mudar as toalhas dos altares? O Evangelho responde: “conhecemos” Deus através de Jesus. Jesus é “o Filho” que “conhece” o Pai; só quem segue Jesus e procura viver como Ele pode chegar à comunhão com o Pai. Há católicos que, por serem Padres como eu, por terem feito catequese, por irem à missa ao domingo e por fazerem parte do conselho pastoral da paróquia, acham que conhecem Deus. Atenção: só “conhece” Deus quem é simples e humilde e está disposto a seguir Jesus no caminho da entrega a Deus e da doação da vida aos homens. É no seguimento de Jesus – e só aí – que nos tornamos “filhos” de Deus.

Pai, que a arrogância dos sábios e doutos jamais contamine meu coração. E, fazendo-me pequenino, que eu esteja em condições de acolher a Tua revelação na pessoa do Teu Filho Jesus Cristo.

Fonte https://homilia.cancaonova.com/





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