sábado, 18 de julho de 2020

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 13,24-43 ou 24-30 - 19.07.2020

Liturgia Diária

19 – DOMINGO 
16º DO TEMPO COMUM

(verde, glória, creio – 4ª semana do saltério)

É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).

Evangelho: Mateus 13,24-43 ou 24-30

[A forma breve está entre colchetes.]

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu te louvo, ó Pai santo, Deus do céu, Senhor da terra: / os mistérios do teu Reino aos pequenos, Pai, revelas! (Mt 11,25) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – [Naquele tempo, 24Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. 25Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora. 26Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ 28O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ 29O dono respondeu: ‘Não! Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro!'”]

31Jesus contou-lhes outra parábola: “O Reino dos céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. 32Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos”. 33Jesus contou-lhes ainda outra parábola: “O Reino dos céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”. 34Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, 35para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo”. 36Então Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica-nos a parábola do joio!” 37Jesus respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao maligno. 39O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifeiros são os anjos. 40Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41o Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; 42e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. 43Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos ouça”. – Palavra da salvação.

Fonte https://www.paulus.com.br/


Reflexão - Evangelho: Mateus 13,24-43 ou 24-30
«Foi algum inimigo que fez isso»

P. Ramón LOYOLA Paternina LC
(Barcelona, Espanha)

Hoje Cristo. Sempre, Cristo. Dele viemos; de Ele vêm todas as boas sementes semeadas na nossa vida. Deus visita-nos —como diz o Kempis— com a consolação e a desolação, com o sabor doce e o amargo, com a flor e a espinha, com o frio e o calor, com a beleza e o sofrimento, com a alegria e a tristeza, com o valor e com o medo... Porque tudo foi redimido em Cristo (Ele também teve medo e venceu-o). Como nos diz são Paulo, «que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8,28).

Tudo isto está bem, mas... Existe um mistério de iniquidade que não procede de Deus e que nos excede e que devasta o jardim de Deus que é a Igreja. E quiséramos que Deus fosse “como” mais poderoso, que estivesse mais presente, que mandasse mais e não deixasse atuar essas forças desoladoras: «Queres que vamos retirar o joio? (Mt 13,28). Isto dizia o Papa João Paulo II no seu último livro Memória e identidade: «Sofremos com paciência a misericórdia de Deus», que espera até ao último momento para oferecer a salvação a todas as almas, especialmente às mais necessitadas da sua misericórdia («Deixai crescer um e outro até a colheita» (Mt 13,30). Como é o Senhor da vida de cada pessoa e da historia da humanidade, move os fios de nossas existências, respeitando nossa liberdade, de modo que —junto com a prova— dá-nos a graça sobre abundante para resistir, para santificar-nos, para ir até Ele, para ser oferenda permanente, para fazer crescer o Reino.

Cristo divino pedagogo, introduze-nos na sua escola de vida a través de cada encontro, cada acontecimento. Sai a nosso encontro; diz-nos —Não temais. Coragem. Eu venci o mundo. Eu estou convosco todos os dias, até o fim (cf, Jo 16,33; Mt 28,20). Diz-nos também: Não julgueis; ou melhor —como eu— esperai, confiai, rezai pelos que se equivocam, santificai-os com membros que vos interessam muito por ser do vosso próprio corpo.

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Homilia do Mons. José Maria    
A Paciência de Deus

A Palavra de Deus, em Mt 13, 24 – 43, nos apresenta três parábolas: O trigo e o joio, o grão de mostarda e o fermento na massa. Na volta da Missão, nota-se a impaciência dos Apóstolos para com aqueles que não os acolheram: “Queres que mandemos que desça o fogo do céu para destruí-los?” Jesus critica a pressa dos Apóstolos contando as três parábolas citadas.

A parábola (do trigo e do joio) nos revela duas atitudes: a impaciência dos homens: “Senhor, queres que arranquemos o joio?” – A paciência de Deus: “Deixai crescer junto até a colheita…”

O mundo é o campo em que o Senhor semeia continuamente a semente da sua graça: semente divina que, ao arraigar nas almas, produz frutos de santidade. Com que amor Jesus nos dá a sua graça! Para Ele, cada homem é único, e, para redimi-lo, não vacilou em assumir a nossa natureza humana.

A parábola não perdeu atualidade: muitos cristãos dormiram e permitiram que o inimigo semeasse a má semente na mais completa impunidade; surgiram erros sobre quase todas as verdades da fé e da moral.

É necessário que vigiemos dia e noite, e não nos deixemos surpreender; que vigiemos para podermos ser fiéis a todas as exigências da vocação cristã, para não deixarmos prosperar o erro, que leva rapidamente à esterilidade e ao afastamento de Deus. É necessário que vigiemos sobretudo o nosso coração, sem falsas desculpas de idade ou de experiência, pois “ o coração é um traidor, e tem que estar fechado a sete chaves” (Caminho, 188).

Diz Jesus: “o joio são os filhos do Maligno, e o inimigo, que o semeou, é o demônio” (Mt 13, 39). O inimigo de Deus e das almas sempre lançou mão de todos os meios humanos possíveis. Vemos, por exemplo, que ora se desfiguram umas notícias, ora se silenciam outras; ora se propagam idéias demolidoras sobre o casamento, por meio dos seriados de televisão de grande alcance, ora se ridiculariza o valor da castidade e do celibato; defende-se o aborto ou a eutanásia, ou semeia-se a desconfiança em relação aos sacramentos e se dá uma visão pagã da vida, como se Cristo não tivesse vindo redimir-nos e lembrar-nos que o Céu nos espera. E tudo isto com uma constância e um empenho incríveis. O inimigo não descansa!

A parábola constitui, pois, um convite universal à vigilância, a não deixar passar em vão a hora da graça e a estar preparados para a ceifa, porque tal como o joio é apanhado e queimado no fogo, assim será no fim do mundo”. Então, “todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal, serão lançados na fornalha de fogo, enquanto os justos brilharão como o  sol no Reino de Seu Pai” (Mt 13, 40-43).

A abundância do joio só pode ser enfrentada com maior abundância de boa doutrina: vencer o mal com o bem (Rm 12, 21), com o exemplo da vida e a coerência da conduta. O Senhor nos chama para que procuremos a santidade no meio do mundo, no cumprimento dos deveres cotidianos.

O joio e o trigo estão presentes em toda parte: Mesmo em nossas comunidades cristãs vemos presente tanto joio de desunião, de inveja, de fofocas…

Fiquemos atentos pois, dentro de cada um de nós, há trigo e joio! Peçamos ao Senhor para que sejamos trigo de amor, dedicação e colaboração. Que seja afastado de nós o joio do ódio, da discórdia, da calúnia, da vontade de ser grande, das disputas, do  ciúme, da falta de oração. De onde vem esse joio? O Senhor nos alerta que veio do inimigo. O inimigo é o pai da mentira, da separação, da discórdia. São em momentos assim que precisamos “voltar ao primeiro amor”, recordar o nosso primeiro chamado, aquele chamado simples e confiante em Deus.

Existe  o bem e o mal dentro de cada um, de cada coração dividido. Separar então o joio é um movimento cirúrgico, pois se trata de tirar de cada coração humano aquilo que é mentira, que é orgulho, para que fique só a Cristo. Deus tem sido paciente conosco, sejamos também com o próximo, até que todo joio seja extirpado nas nossas vidas.

Que elementos de “joio” encontro em mim? Tenho sido um instrumento paciente para ajudar na separação do joio e do trigo?

É preciso saber valorizar a semente de trigo presente no coração de cada pessoa; cultivá-la com paciência e profundo respeito. Respeitar o processo de amadurecimento de cada pessoa, usando de paciência.

Procuremos ser a semente de mostarda, pequena, insignificante, mas que cresce até aninhar os pássaros em seus ramos. Devemos ser o fermento, que leveda toda a massa da farinha, o mundo em que vivemos…

O fermento é também figura do cristão! Vivendo no meio do mundo, sem se desnaturalizar, o cristão conquista com o seu exemplo e com a sua palavra as almas para o Senhor. Ensinava São Josemaria Escrivá: “A nossa vocação de filhos de Deus, no meio do mundo, exige-nos que não procuremos apenas a nossa santidade pessoal, mas que vamos pelos caminhos da terra, para convertê-los em atalhos que, através dos obstáculos, levem as almas ao Senhor; que participemos, como cidadãos normais e correntes, em todas as atividades temporais, para sermos levedura que há de fermentar toda a massa” (Cristo que passa, nº 120).

Somos convidados a imitar a misericórdia do Pai celeste, aceitando pacientemente as dificuldades provenientes da convivência com os inimigos do bem e tratá-los com bondade fraterna na esperança de que, vencidos pelo amor, mudem de comportamento. Deve-se recorrer também à oração, para que o Senhor defenda os seus filhos de serem contagiados. “Que o Espírito Santo venha em auxílio de nossa fraqueza, pois não sabemos o que pedir… É que o Espírito intercede pelos cristãos de acordo com a vontade de Deus” (Rm 8, 26-27). Há que deixar em Suas mãos a causa do bem!

Mons. José Maria Pereira




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