quarta-feira, 3 de abril de 2019

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 8,1-11 - 07.04.2019

Liturgia Diária

DIA 7 – DOMINGO   
5º DA QUARESMA

(roxo – 1ª semana do saltério)

A mim, ó Deus, fazei justiça, defendei a minha causa contra a gente sem piedade; do homem perverso e traidor libertai-me, porque sois, ó Deus, o meu socorro (Sl 42,1s).

Reunidos para experimentar a força renovadora da ressurreição de Cristo, somos convidados por ele a acolher o amor e a misericórdia de Deus, derramados sobre nós como rios que correm em terra seca. A vida de Jesus se manifesta nos corações que buscam ficar em comunhão com ele, superando preconceitos e condenações. Celebremos a Eucaristia dispostos a cantar os louvores do Senhor e nos lançarmos para a frente em nossa fé.

Evangelho: João 8,1-11

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.

Agora, eis o que diz o Senhor: / De coração convertei-vos a mim, / pois sou bom, compassivo e clemente (Jl 2,12s). – R.

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 1Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou de novo ao templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3Entretanto, os mestres da lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, 4disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5Moisés, na lei, mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” 6Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. 9E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho com a mulher que estava lá, no meio do povo. 10Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais”. – Palavra da salvação.

Fonte https://www.paulus.com.br


Reflexão - Evangelho: João 8,1-11
«Eu também não te condeno»

Pbro. D. Pablo ARCE Gargollo
(México, D. F., México)

Hoje vemos Jesus «escrever no chão, com o dedo» (Jo 8,6), como se estivesse ao mesmo tempo ocupado e divertido com algo mais do que escutar aos que acusam a mulher que lhe apresentam porque foi «apanhada em adultério» (Jo 8,3).

É de chamar a atenção a serenidade e inclusive o bom humor que vemos em Jesus Cristo, mesmo em momentos que, para outros, são de grande tensão. É um ensinamento prático para cada um de nós, nestes nossos dias de vertiginosa velocidade em que nos inquietam os nervos em um bom número de ocasiões.

A fuga sigilosa e divertida dos acusadores nos recorda de que quem julga é apenas Deus e que todos nós somos pecadores. Em nossa vida diária, por ocasião do trabalho, nas relações familiares ou de amizade, fazemos juízos de valor. Mas algumas vezes nossos juízos são errôneos e obscurecem a boa reputação dos demais. Trata-se de uma verdadeira injustiça que nos obriga a reparar, tarefa nem sempre fácil. Ao contemplar Jesus em meio a essa “matilha” de acusadores, entendemos muito bem o que assinalou Santo Tomás de Aquino: «A justiça e a misericórdia estão tão unidas que uma sustenta a outra. A justiça sem misericórdia é crueldade; e a misericórdia sem justiça é ruína, destruição».

Temos de nos encher de alegria ao saber, com certeza, que Deus perdoa-nos tudo, absolutamente tudo, no sacramento da confissão. Nestes dias de Quaresma, temos a oportunidade magnífica de acorrer a quem é rico em misericórdia no sacramento da reconciliação.

Além disso, um propósito concreto para o dia de hoje: ao ver os demais, direi, no interior de meu coração, as mesmas palavras de Jesus: «Eu também não te condeno» (Jo 8,11).

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... NEM EU TE CONDENO, VAI EM PAZ Jo 8,1-11
HOMILIA

No Evangelho de hoje, a pergunta dos mestres da lei tinha uma resposta clara segundo a Torá e a tradição. Porém existiam umas conclusões que podiam colocar em situação crítica aquele que respondesse legalmente à pergunta solicitada. Caso Jesus desse uma resposta afirmativa, ele seria condenado pela autoridade romana como executor de uma sentença de morte, à qual não tinha direito; e, portanto seria punido como um assassino. Caso sua resposta fosse negativa, Jesus seria condenado como quem despreza a lei pátria e seu desprestígio seria máximo entre os judeus ortodoxos, com uma reputação totalmente negativa que o aniquilava como mestre em Israel.

Por isso, como bom Mestre, Jesus nada responde e se inclina para escrever no chão como quem desenha letras sem sentido na terra. Ele se desentende de um problema que não é seu e que não tem por que responder, pois ele não tinha testemunhado o adultério e não era juiz no caso, que como caso de morte seria o sinédrio quem o julgaria. Eram as testemunhas que deviam atuar através da denúncia ao juiz e atirando as primeiras pedras, para que o povo respondesse e assim evitar o mal que do contrário, contaminaria todo o povo (Dt 22, 22). È costume entre os árabes fazer traços com o dedo quando o que estão escutando não é de seu interesse. É possível que Jesus atuasse em consonância com esta última suposição. Por isso os acusadores insistem.

Para entendermos a resposta de Jesus, devemos buscar precedentes na tradição e na Lei. Já disse que são as testemunhas que deveriam ser as primeiras pessoas a atirar as pedras que deviam ser dirigidas ao coração da vítima para acabar de imediato com sua vida. Quem estiver sem pecado entre vós atire a primeira pedra. Pela resposta de Jesus e venho que naquele tempo os homens adúlteros eram tantos que se deixou de aplicar a lei. E então, suas atitudes estavam em confronto com a posição do Mestre: O sem pecado entre vós seja o primeiro a lhe atirar a pedra. Ninguém esperava esta resposta que respeita a lei e não é um mandato, mas um aviso e uma lição.

Meu irmão minha irmã, nós que gostamos de julgar e condenar os outros por pouco que façam de errado. Não podemos e nem temos o direito de julgar e condenar se somos culpados do mesmo delito. Veja que os mestres da lei atacaram a Jesus com a lei. Mas Ele os contra-ataca com a consciência, que é a lei suprema para todo homem em particular. O que aconteceu ontem se repete em nossos dias. Que aconteceu dentro da consciência dos acusadores? Por que começaram a desfilar, a começar pelos mais velhos? Eles ficaram com a consciência pesada de tantos pecados e por isso fora saindo um por um. Os mais velhos foram os primeiros. Efetivamente os jovens são como discos novos em que o pecado inicia seu caminho de vício e raia com a ação repetitiva a consciência do indivíduo. Os mais velhos não são mais pecadores, mas os que acumulam maior número de pecados. Os mais velhos entenderam por experiência que agora eram eles, as testemunhas, as que passavam de declarantes a juizes e o processo e a condenação estava transferido de Jesus a eles mesmos. Jesus não poderia ser incriminado nem pela relaxação da lei de Moisés, nem pela execução de uma pessoa que a lei romana não permitia na época.

A morte da adúltera não era o motivo principal da denúncia, pois o que pretendiam era a implicação de Jesus na morte da mesma. Faltando este último, o teatro urdido desmoronava como um castelo de cartas.

Falando do perdão S Agostinho, diz que no fim duas pessoas estavam presentes na cena: a miséria e a misericórdia. Se ninguém a condenava, Jesus tampouco a condena. A lei divina foi transformada por esta sentença: sempre que o arrependimento seja sincero e o acompanhe o propósito de não pecar mais, o perdão será absoluto O passado é apagado e o futuro só depende do presente e das disposições do momento. A memória servirá para enaltecer a bondade de Deus que perdoa, sem exigir compensações e reditos pelo passado.

É assim que Deus faz conosco quando erramos e Jesus nos ensina a fazer quando os nossos nos ofendem. Portanto, a sabedoria de Jesus dá um xeque-mate a quem pensava tê-lo apanhado. E é precisamente por meio de uma consciência que aparentemente não funcionava que os mais velhos reconhecem seu erro e retiram sua denúncia. Como está a tua consciência quando censuras o teu marido, esposa, filho, filha, pais, vizinho, colega, funcionário ou qualquer um com quem te encontras pelo caminho pelos mesmos delitos que nós usualmente cometemos e talvez até mais graves do que os que consegues enxergar dos outros? Lembro-te que muitas falhas erros que os outros cometem teriam solução na tua casa se nós os assumíssemos como nossos e nos empenhássemos a resolve-los. Até porque neles somente os contemplamos para criticá-los e não para ajuda na solução. Verdade ou mentira?

Levante os olhos e veja que o perdão divino é mais amplo do que nós geralmente acreditamos. Só exige que tenhamos a vontade de não optar mais pelo mal. Pare de olhar para o pecado do outro e de formular um juízo de condenação, pois os teus são maior do que os do outro. A única diferença é que os teus são invisível e dificilmente os vês com os teus olhos ao passo que os dos outros consegues ver. Mas se te colocas no lugar do outro e te propões a ajudar para que o outro se levante e caminhe. Terás ganhado o seu irmão e tu terás a tua recompensa nos céus.

Fonte https://homilia.cancaonova.com


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