terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 7,24-30 - 12.02.2015 - Os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair.

Jesus, divino Mestre,
eu louvo e agradeço o vosso Coração
porque entregastes vossa vida por mim.
5ª-feira da 5ª Semana Tempo Comum
Cor: Verde

Evangelho - Mc 7,24-30

Os cachorrinhos, debaixo da mesa,
comem as migalhas que as crianças deixam cair.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 7,24-30

Naquele tempo:
24Jesus saiu dali
e foi para a região de Tiro e Sidônia.
Entrou numa casa
e nóo queria que ninguém soubesse onde ele estava.
Mas não conseguiu ficar escondido.
25Uma mulher, que tinha uma filha com um espírito impuro,
ouviu falar de Jesus.
Foi até ele e caiu a seus pés.
26A mulher era pagã, nascida na Fenícia da Síria.
Ela suplicou a Jesus
que expulsasse de sua filha o demônio.
27Jesus disse:
'Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados,
porque não está certo tirar o pão dos filhos
e jogá-lo aos cachorrinhos.'
28A mulher respondeu: 'É verdade, Senhor;
mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa,
comem as migalhas que as crianças deixam cair.'
29Entóo Jesus disse:
'Por causa do que acabas de dizer,
podes voltar para casa.
O demônio já saiu de tua filha.'
30Ela voltou para casa
e encontrou sua filha deitada na cama,
pois o demônio já havia saído dela.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Mc 7, 24-30

Existem pessoas que acreditam que somente quem pertence à sua religião ou mesmo apenas ao seu movimento religioso ou espiritualidade será salvo. Essas pessoas esquecem que Jesus veio ao mundo para que o mundo fosse salvo por ele, e não somente os daquela religião ou daquela forma de espiritualidade. Essas pessoas acabam por fazer do próprio Deus propriedade delas e querem que Deus aja segundo os seus critérios. A ação divina depende da vontade divina, que quer o bem e a salvação para todas as pessoas, de todos os povos, de todos os credos, línguas, etc., pois verdadeiramente Deus não faz distinção de pessoas.
Fonte CNBB



A FÉ DE UMA MULHER PAGÃ Mc 7,24-30
HOMILIA

Jesus e os Seus discípulos estavam sob uma considerável pressão, pois a hostilidade dos Judeus intensificava-se. Assim, o Mestre e os Seus seguidores retiraram-se para as fronteiras de Tiro e Sidom e não querendo que alguém o soubesse, entrou numa casa onde esperava encontrar alguma privacidade, mas, significativamente. Ele não pode ser oculto, porque a Sua mensagem era demasiado maravilhosa e os Seus feitos demasiado poderosos para serem escondidos. Trata-se do Sumo Bem personalizado em Jesus e por isso não se pode esconder seja a quem for. Sua fama precedia-O onde quer que Ele fosse. Dentro desta visão, uma mulher com o coração despedaçado O procura, e O descobre. Ela era de origem cananéia, isto é, tinha raízes pagãs. A mulher estava extremamente afligida devido ao fato da sua filha ainda pequena estar possuída por um demônio que lamentavelmente a atormentava.

Deus permitiu isso para que Jesus pudesse demonstrar o Seu poder sobre as forças de Satanás.

Tendo em vista o pedido que queria fazer, esta mãe ansiosa seguiu Cristo e os que O acompanhavam, tendo–Lhe rogado que tivesse compaixão dela e curasse a sua filha. Muitos pensam que o Senhor a tratou de uma forma descuidada, quase rudemente, no entanto, esse ponto de vista não tem qualquer fundamento.

Uma análise mais cuidada revela que Cristo conhecia a qualidade da alma desta mulher e Ele a desafiou a amadurecer. De um modo maravilhoso, o Mestre Professor colocou vários obstáculos no caminho da mulher, cada um dos quais ela superou com uma fé radiante. Finalmente, Jesus exclamou: “Ó mulher, grande é a tua fé,” e Ele curou a sua filha sem sequer ter colocado os olhos sobre a criança. Que qualidades caracterizavam a fé desta mulher, a ponto de receber tão grande elogio por parte do Salvador?

Esta mulher, embora com antecedentes pagãos, tinha obviamente conhecimentos em relação ao Filho de Deus. Isso é evidenciado pelo fato de ela tratar Jesus como “Senhor, filho de David.”

Onde teria ela aprendido acerca do Filho do Deus? Teria ela ouvido alguém falar sobre Ele? Teria ela viajado para a Galileia, estando presente entre as multidões que O seguiam? Essas perguntas devem permanecer sem resposta; o fato é que ela acreditou.

Jesus ensinou em uma ocasião: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á.”. As formas verbais denotam ação contínua, persistência. Esta senhora encantadora entendeu bem esse princípio, tanto que a sua fé era da mais tenaz.

Conforme sugerido anteriormente, com a intenção de aumentar e testar a sua fé, o Senhor colocou pequenas barreiras no caminho desta mulher, mas ela as superou todas. Isso é uma evidência clara que Cristo tinha uma percepção divina que penetrava através da essência da alma desta mulher. Ela era uma pessoa forte, mas este encontro com o Filho de Deus a tornaria ainda mais forte.

Os discípulos sugeriram que Cristo concedesse apressadamente o pedido da mulher para que ela os deixasse em paz. Com certeza que essa foi à intenção do pedido feito pelos discípulos e isso está claramente implícito na natureza da resposta dada pelo Senhor. Jesus respondeu que Ele havia sido enviado apenas às ovelhas perdidas da casa de Israel e, isso excluía esta mulher gentia. Mas ela não desistiu!

Cristo disse-lhe: “Deixa que primeiro se fartem os filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos.” Muitos se queixam de que nesta ocasião o Senhor usou linguagem insultuosa, mas o termo Grego utilizado para a palavra “cães” é diminutivo, significando um pequeno cachorrinho de estimação. A expressão não é áspera como poderia parecer.

Então, esta mulher perseverante “agarrou-se” ao significado da palavra “primeiro”; sendo certo que ela reconheceu a prioridade dos Judeus no plano do Deus, claramente ela detectou a inferência de que os Gentios no futuro também receberiam a benevolência do Salvador, tendo pensado para si própria: “por que não agora?!”

Desse modo, com um argumento brilhante, ela contrapôs: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.” Ela ficaria satisfeita com apenas uma migalha da mesa do seu Mestre. Que grande mulher! Ela agarrou-se firmemente como uma carraça, não sendo de admirar que o Salvador tivesse elogiado a sua grande fé!

Embora a mulher sirofenícia tivesse rogado ao Senhor dizendo “tem compaixão de mim”, de fato o pedido foi para a sua filha. A sua paixão estava tão dirigida para a sua filhinha que ela colocou de lado quaisquer necessidades pessoais e implorou pelo bem estar da sua criança afligida. A história de um espírito tão disposto ao sacrifício é deveras refrescante nestes dias, quando o abuso infantil é um drama tão comum.

Esta mulher entendeu bem o conceito de que uma fé sem obras está morta. Embora não lhe tivessem pedido para executar nenhum ato específico de obediência, quando Cristo visitou a sua região, ela buscou-O, seguiu-O, adorou-O, apelou para Ele e argumentou com Ele. Se ela tivesse atuado segundo a premissa que “contanto que acredite que isso seja assim, assim será”, a sua filha afligida teria permanecido na mesma situação deplorável.

É uma verdade incontornável que segundo o Novo Testamento, nenhuma pessoa foi alguma vez abençoada por causa da sua fé pessoal, sem que essa fé se tivesse exprimido em ações.

Observemos o caso registrado em Marcos 2. Um homem, doente com paralisia, foi transportado por quatro dos seus amigos a uma casa onde o Senhor ensinava. Marcos relata: “E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados”.

Quão triste teria sido se esta estimável mulher tivesse raciocinado de seguinte modo: “sou gentia, uma mera mulher sem nenhuma reputação; quem sou eu para receber qualquer bênção deste afamado Nazareno?” Tivesse sido esse o caso, ela não teria pedido e, por conseguinte, não teria recebido!

Esta mulher anônima deve inspirar a minha e a tua fé. A sua fé resoluta e destemida fez com que Jesus através dela disse também a mim e a ti GRANDE É A TUA FÉ!
Fonte Canção Nova

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