Evangelho (Lucas 9,57-62)
Quarta-Feira, 3 de Outubro de 2012
BVs. André de Soveral, Ambrósio e Comps.
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 57enquanto Jesus e seus discípulos
caminhavam, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que
fores”.
58Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros
têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 59Jesus disse
a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”.
60Jesus respondeu: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai
anunciar o Reino de Deus”. 61Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor,
mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. 62Jesus, porém,
respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o
Reino de Deus”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
O exigente caminho do
discípulo que segue a Cristo
outubro 3rd, 2012
A caminhada que Jesus aqui inicia com os discípulos é mais
teológica do que geográfica. Lucas não tem a pretensão de nos descrever os
lugares por onde Jesus vai passar até chegar a Jerusalém. Seu objetivo é
apresentar um itinerário espiritual, ao longo do qual Jesus vai mostrando aos
discípulos os valores do Reino e os vai presenteando com a plenitude da
revelação de Deus. É o caminho que terá o seu fim na Paixão, Morte e
Ressurreição do Mestre. Portanto, trata-se do caminho no qual se vai irromper a
Salvação definitiva. Como discípulos, somos exortados a seguir este caminho
para nos identificarmos plenamente com Jesus.
Este caminho é penoso e exigente. Aliás, como se costuma
dizer: “A rapadura é doce, mas não é mole não!”
Lucas apresenta – através do diálogo entre Jesus e três
candidatos a discípulos – algumas das condições para percorrer, com Cristo,
esse caminho que leva a Jerusalém, isto é, que leva ao acontecer pleno da
Salvação.
O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se
totalmente das preocupações materiais. Para o discípulo, o Reino tem de ser
infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material: “As
raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde
repousar a cabeça”.
O segundo diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se
desses deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância, impedem
uma resposta imediata e radical ao Reino: “Deixa que os mortos enterrem os seus
mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”.
O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se
de tudo, para fazer do Reino a sua prioridade fundamental. Nada – nem a própria
família – deve adiar e demorar o compromisso com o Reino: “Quem põe a mão no
arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.
Não podemos ver estas exigências como normativas. Noutras
circunstâncias, Ele mandou cuidar dos pais (cf. Mt 15,3-9); e os discípulos –
nomeadamente Pedro – fizeram-se acompanhar das esposas durante as viagens
missionárias (cf. 1 Cor 9,5). O que estes ensinamentos pretendem dizer é que o
discípulo é convidado a eliminar da sua vida tudo aquilo que possa ser um
obstáculo no seu testemunho cotidiano do Reino.
À nós, discípulos de Jesus, é proposto que O sigamos no
caminho de Jerusalém. Pois é por ele que chegaremos à Salvação e à vida plena.
Trata-se de um caminho que implica a renúncia de si mesmo, dos próprios
interesses e orgulho; e um compromisso com a cruz, com a entrega da vida, com o
dom de si e com o amor até às últimas consequências.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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