Liturgia Diária
23 – DOMINGO
3º DA PÁSCOA
(branco, glória, creio – 3ª semana do saltério)
Aclamai a Deus, toda a terra, cantai a glória de seu nome, rendei-lhe glória e louvor, aleluia! (Sl 65,1s)
O Senhor ressuscitado caminha conosco e nos convida a formar comunhão com ele ao redor da sua Palavra e da partilha do Pão da vida. Celebremos exultantes a Páscoa de Cristo, que se realiza nos corações e comunidades que depositam em Deus sua fé e esperança, promovem a partilha e criam laços de fraternidade e solidariedade.
Evangelho: Lucas 24,13-35
Aleluia, aleluia, aleluia.
Senhor Jesus, revelai-nos o sentido da Escritura; / fazei o nosso coração arder quando falardes (Lc 24,32). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – 13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os discípulos, porém, estavam como que cegos e não o reconheceram. 17Então Jesus perguntou: “O que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?” 19Ele perguntou: “O que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. 20Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”. 25Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles. 30Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. 31Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze reunidos com os outros. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. – Palavra da salvação.
Fonte https://www.paulus.com.br/
Reflexão - Evangelho: Lucas 24,13-35
«Naquele mesmo dia, o primeiro da semana»
Rev. D. Jaume GONZÁLEZ i Padrós
(Barcelona, Espanha)
Hoje comentamos a proclamação do Evangelho com a expressão: «Naquele mesmo dia, o domingo» (Lc 24,13). Sim, ainda Domingo. A Páscoa —já o dissemos— é como um grande domingo de cinquenta dias. Oh, se conhecêssemos a importância que tem este dia na vida dos cristãos! «Existem motivos para dizer, como sugere a homilia de um autor do século IV (o pseudo Eusébio de Alexandria), que o “dia do Senhor” é o “senhor dos dias” (…). Esta é, efetivamente, para os cristãos a “festa primordial”» (São João Paulo II). O domingo, para nós, é como o seio materno, berço, celebração, casa e também alento missionário. Oh, se entrevíssemos a luz da poesia que leva! Então afirmaríamos como aqueles mártires dos primeiros séculos: «Não podemos viver sem o domingo».
Mas quando o dia do Senhor perde relevância na nossa existência, também se eclipsa o “Senhor do dia”, e ficamos tão pragmáticos e “sérios” que apenas damos crédito aos nossos projetos e previsões, planos e estratégias; então, inclusive essa liberdade com que Deus atua, é para nós motivo de escândalo e de afastamento. Ignorando o assombro, fechamo-nos à manifestação mais luminosa da glória de Deus, e tudo se converte num entardecer de decepção, prelúdio de uma noite interminável, onde a vida parece condenada a uma permanente insônia.
Apesar disso, o Evangelho proclamado no meio das assembleias dominicais é sempre anúncio angélico de uma claridade dirigida a entendimentos e corações lentos para crer (cf. Lc 24,25), e por isso é suave, não explosiva, pois —de outro modo— mais que iluminar-nos, nos cegaria. É a Vida do Ressuscitado que o Espírito nos comunica com a Palavra e o Pão partido, respeitando o nosso caminhar feito com passos curtos e nem sempre bem dirigidos.
Cada domingo recordemos que Jesus «entrou para ficar com eles» (Lc 24,29), conosco. Cristão, hoje já o reconheces-te?
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Durante estes dias, o Senhor juntou-se, como mais um, aos dois discípulos que iam a caminho e repreendeu-os pela sua resistência em acreditar. Seus corações, por Ele iluminados, receberam a chama da fé e passaram de mornos a ardentes, na medida em que o Senhor lhes abria o sentido das Escrituras» (São Leão Magno)
«O encontro com Deus na oração, na leitura da Bíblia e na vida fraterna vos ajudará para conhecer melhor o Senhor e a vós próprios, descobrindo assim o projeto de amor que Ele tem para vossas vidas» (Francisco)
«Os evangelhos são o coração de todas as Escrituras, ‘enquanto são o principal testemunho da vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador’ (Concílio Vaticano II)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 125)
Fonte https://evangeli.net/
EMAÚS DOS NOSSOS DIAS Lc 24,13-35
HOMILIA
Naquela hora de desespero, alguém se aproxima e começa a caminhar com eles. Uma simples pergunta do novo companheiro os faz parar: De que estais falando? Não é possível que exista uma única pessoa neste país que desconheça os fatos cruéis da semana passada! Poderia ser a primeira reação. Mas logo aproveitam para partilhar a dor, a saudade, a frustração. Corriam notícias sobre o túmulo vazio e a aparição de anjos. Mesmo assim continuam inconsoláveis e reclamam: Ninguém viu Jesus!
Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Que voz é esta? Os dois a conhecem. Soa-lhes tão familiar! Embora os olhos permaneçam vedados e a razão obscurecida, o coração se abre, se dilata, começa a arder no peito. Ninguém jamais falou como esse homem! responderam até os guardas, tempos atrás encarregados de prender Jesus. Nem estes homens rudes conseguiram resistir às suas palavras! As multidões ficaram extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade. Toda experiência do convívio com o Mestre nos anos que passaram emerge do fundo da alma, vem, de repente, à tona enquanto o companheiro de viagem explica as passagens da Escritura, evocando Moisés e os Profetas. Sua fala pelo caminho alivia a dor, derrete a saudade, afoga o desânimo. Não querem deixá-lo ir adiante quando chegam ao destino. “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando! É como se dissem: A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! A solidão machuca. Ficar novamente só, fará reaparecer a tristeza e a dor. “Fica conosco!“ é o pedido insistente, dirigido a quem ainda não reconhecem. No fundo do coração, porém, já experimentam a alegria que tantas vezes sentiam quando o Mestre lhes falava.
“Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!“ “Tu tens palavras de vida eterna!“ O companheiro do caminho para Emaús não abandonou os discípulos! “Entrou para ficar com eles. Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a eles“ (Lc 24,29-30). E na fração do pão acontece o milagre da Páscoa: os dois reconhecem o Mestre. Vêem as mãos perfuradas e aquele inigualável semblante do Filho de Deus. Mas, ao mesmo tempo, Ele “tornou-se invisível“ (Lc 24,31) .
Ficou o pão partido e uma taça de vinho partilhada. Ficaram as palavras que fizeram arder os corações. Ficou a inebriante alegria em que Ele transformou o desespero dos discípulos. Agora não é mais necessário ver Jesus com os olhos do corpo. Com a experiência que tiveram em Emaús, os discípulos encarregar-se-ão de anunciá-lo e testemunhá-lo pelo mundo afora.
Nos momentos difíceis grite como os dois Apóstolos: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entra para ficar com eles. À mesa, Jesus toma o pão, abençoa e lhes dá. “Seus olhos se abriram, e eles o reconheceram”. Jesus desaparece da vista deles, mas fica no seu coração. “Não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos explicava as Escrituras?” A experiência é tão extraordinária, que os discípulos precisam levar à notícia, naquela mesma noite, a Jerusalém.
No momento em que Jesus parte o pão, os discípulos de Emaús se tornam missionários, mensageiros da Boa Nova. “Na mesma hora eles se levantaram e voltaram para Jerusalém… e contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão. Ao distanciarem-se da comunidade, caminharam para Emaús à luz do dia, mas havia escuridão por dentro. Depois que o Mestre se revelou, atravessam a escuridão da noite, sem medo de tropeçar, porque o coração pulsa de alegria, cheia de luz. Há um novo olhar, uma nova motivação, uma nova e luz no horizonte.
A missão nasce sempre de um encontro com Jesus vivo, com o Cristo pascal. Os Evangelhos não terminam na Sexta-feira Santa, com o Cristo morto e sepultado. O grande e retumbante final da sinfonia é a esplêndida aurora da Páscoa, aquele deslumbrante primeiro dia da semana: o Cristo ressuscitado, vivo, vencedor da morte, o triunfo do bem sobre o mal, a vitória da graça sobre o pecado, a alegria do amor e da paz contra as tramas diabólicas do ódio e da guerra. “Realmente o Senhor ressuscitou! Proclamam os “Onze, reunidos com os outros“ em Jerusalém.
Celebramos a real presença deste Deus conosco na Eucaristia, memória do mistério pascal, mistério da cruz e ressurreição, mistério da redenção e reconciliação, que inicia a Nova Aliança. Em cada Eucaristia olhamos para Deus, celebramos o Deus conosco, sua encarnação, paixão morte e ressurreição. “É Deus Pai quem nos atrai por meio da entrega eucarística de seu Filho, dom de amor com o qual saiu ao encontro de seus filhos, para que, renovados pela força do Espírito, possamos chamá-lo de Pai” . Da ação de graças, da doação gratuita do Cordeiro de Deus, emerge a energia missionária da Eucaristia. A Eucaristia é a ponte para o ministério apostólico. Eucaristia é Nova Aliança que pressupõe reconciliação, unidade na diversidade, solidariedade até as últimas conseqüências.
Ao partir o pão, eles o reconhecem e retornam ao Caminho. Nossa fé é o encontro pascal com o Senhor Jesus. É a certeza de que ele está vivo. Nossa fé é uma fé pascal e pessoal. Não se trata apenas de crer em alguma coisa. A profissão fundamental é: “Eu creio em Ti, Senhor! E por isso me comprometo e me torno evangelizador.
Evangelizar, ser missionário, é irradiar “o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida porque a Vida manifestou-se. Sejam quais forem nossas fraquezas, misérias, limitações, o que contagia todas as culturas, o que convence todos os povos e raças, é o testemunho da alegria e da graça de termos encontrado o Senhor Ressuscitado. Tudo isso é graças à força do pão partido de Emaús, é o vigor do fruto da videira no cálice da Nova Aliança, é o corpo entregue e o sangue derramado de Jesus, morto e ressuscitado.
Fonte https://homilia.cancaonova.com/
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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