sábado, 15 de fevereiro de 2020

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 5,17-37 ou 20-22.27-28.33-34.37 - 16.02.2020

Liturgia Diária

DIA 16 – DOMINGO 
6º DO TEMPO COMUM

(verde, glória, creio – 2ª semana do saltério)

Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3s).

Somos convidados pelo Senhor a seguir o caminho dos seus mandamentos, pois ao nosso alcance estão o bem e o mal, a felicidade e a infelicidade. Guiados pela sabedoria divina, queremos celebrar o mistério pascal de Jesus, aprendendo dele a viver a justiça do reino de Deus e a colaborar para seu pleno cumprimento entre nós.

Evangelho: Mateus 5,17-37 ou 20-22.27-28.33-34.37

[A forma breve está entre colchetes.]

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu te louvo, ó Pai santo, Deus do céu, Senhor da terra: / os mistérios do teu reino aos pequenos, Pai, revelas (Mt 11,25). – R.

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – [Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:] 17“Não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18Em verdade eu vos digo, antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado o menor no reino dos céus. Porém quem os praticar e ensinar será considerado grande no reino dos céus.
20Porque [eu vos digo, se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus. 21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22Eu, porém, vos digo, todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo;] quem disser ao seu irmão ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de tolo será condenado ao fogo do inferno.  23Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar e aí te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta aí diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo, daí não sairás, enquanto não pagares o último centavo.
[27Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. 28Eu, porém, vos digo, todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la já cometeu adultério com ela no seu coração.]
29Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros do que todo o teu corpo ir para o inferno. 31Foi dito também: ‘Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio’. 32Eu, porém, vos digo, todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério.
[33Vós ouvistes também o que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas ‘cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’. 34Eu, porém, vos digo, não jureis de modo algum:] nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35nem pela terra, porque é o suporte onde apoia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei. 36Não jures tampouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. [37Seja o vosso ‘sim’ sim, e o vosso ‘não’ não. Tudo o que for além disso vem do maligno.] – Palavra da salvação.

Fonte https://www.paulus.com.br/


Reflexão - Evangelho: Mateus 5,17-37 ou 20-22.27-28.33-34.37
«Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas»

Pe. Givanildo dos SANTOS Ferreira
(Brasilia, Brasil)

Hoje, Jesus nos diz: «Vim para cumprir a Lei» (Mt 5, 17). O que é a Lei? O que são os Profetas? Por Lei e Profetas, entendem-se dois conjuntos distintos de livros do Antigo Testamento. A Lei refere-se aos escritos atribuídos a Moisés; os Profetas, como o próprio nome o indica, são os escritos dos profetas e os livros sapienciais.

No Evangelho de hoje, Jesus refere-se àquilo que consideramos o resumo do código moral do Antigo Testamento: os mandamentos da lei de Deus. Segundo o pensamento de Jesus, a Lei não consiste em princípios meramente externos. Não. A Lei não é uma imposição vinda de fora. Muito pelo contrário. Na verdade, a Lei de Deus corresponde ao ideal de perfeição que está radicado no coração de cada homem. Esta é a razão pela qual o cumpridor dos mandamentos não somente torna-se realizado em suas aspirações humanas, mas também atinge a perfeição do cristianismo, ou, nas palavras de Jesus, atinge a perfeição do reino de Deus: «Quem os praticar e ensinar, será considerado grande no reino dos céus» (Mt 5, 19).

«Eu, porém, digo-vos» (Mt 5,22). O cumprimento da Lei não se resume à letra, visto que “a letra mata, mas o espírito vivifica” (2Cor 3,6). É neste sentido que Jesus empenha sua autoridade para interpretar a Lei segundo seu espírito mais autêntico. Na interpretação de Jesus, a Lei é ampliada até as suas últimas consequências: o respeito pela vida está ligado à erradicação do ódio, da vingança e da ofensa; a castidade do corpo passa pela pureza das intenções; a perfeição do matrimônio passa pela fidelidade e pela indissolubilidade; a verdade da palavra dada passa pelo respeito aos pactos. Ao cumprir a Lei, Jesus, «revela o homem ao próprio homem e manifesta-lhe sua vocação mais profunda» (Concílio Vaticano II).

O exemplo de Jesus convida-nos àquela perfeição da vida cristã que realiza com ações o que se prega com palavras.

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O Cristão: Exigências da Lei
HOMILIA

O Senhor diz no Evangelho (Mt 5, 17-37) que Ele não veio destruir a antiga Lei, mas dar-lhe a sua plenitude; restaura, aperfeiçoa, e eleva a uma ordem superior os preceitos do Antigo Testamento. Somos convidados a refletir sobre qual deve ser a atitude do cristão diante da Lei de Deus e as implicações que a mesma tem nas nossas opções de vida. O que Jesus deseja é a perfeição da Lei, realmente uma observância do coração: não simplesmente matar fisicamente, mas evitar matar psicológica e moralmente o irmão por desprezo, depreciação e inveja. Não basta não cometer adultério; é preciso também não alimentar, no coração, a cobiça por mulher casada ou homem casado, e ser fiel ao compromisso assumido no casamento ( Mt 5, 27 ). No matrimônio não se pode pensar só em si mesmo; é uma vocação, uma entrega de vida, total doação um ao outro; é uma vocação em que os dois deverão enfrentar os desafios, sofrimentos e crises juntos. Observar a Lei não significa reduzi-la a cultos de observâncias, mas exige uma contínua conversão interior que inspire o amor, a justiça, a misericórdia e as relações fraternas numa simplicidade de criança.

Só em Deus poderemos conseguir a luz e a força, para alcançarmos o procedimento ideal que nos conduzirá à verdadeira liberdade e à plena felicidade.

Jesus não veio abolir a lei, mas levá-la à perfeição. Depois de ter anunciado os grandes princípios da nova lei, nas bem-aventuranças, Jesus as desenvolve, aprofundando o espírito dos mandamentos dados ao povo de Deus por Moisés. Trata-se de cumprir não apenas materialmente os mandamentos, mas de dar-lhes o verdadeiro espírito de justiça e de amor. Daí as palavras de Jesus: “Ouvistes o que foi dito aos antigos; Eu, porém, vos digo” (Mt 5, 17-37). Isso em relação à vida, à felicidade ao amor conjugal e à verdade. Não basta, por exemplo, não matar; é preciso também evitar palavras de desamor, de ressentimento ou de desprezo para com o próximo. Não basta privar-se dos atos materiais contra a lei; é preciso eliminar também os maus pensamentos e os maus desejos, porque quem os consente, já pecou no “seu coração” (Mt 5, 28): já assassinou o seu irmão ou cometeu adultério.

Quanto ao adultério, Jesus insiste na interioridade e fidelidade matrimonial, apelando ao amor verdadeiro e leal. As pessoas que se deixam levar pelos instintos podem provocar graves problemas a si próprias, às suas famílias e aos outros, pelo que é preciso ter coragem para saber cortar pela raiz determinadas situações que possam vir a causar posteriores contratempos.

É preciso superar a lei antiga, aperfeiçoá-la, isto é, tendo uma delicada atenção à pureza interior… Com efeito, com a sua vinda o Messias devia trazer também a Revelação definitiva da Lei, e é precisamente isto que Jesus declara: “Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para os abolir, mas sim para os levar à perfeição”. E, dirigindo-se aos seus discípulos, acrescenta: “Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” ( Mt 5, 17.20 ). Em que consiste esta “plenitude” da Lei de Cristo, esta justiça “superior” que Ele exige?

Jesus explica-o mediante uma série de antíteses entre os Mandamentos antigos e o seu modo de os repropor. Cada vez começa: “Ouvistes o que foi dito aos antigos…”, e então afirma: “Mas Eu vos digo…”. Por exemplo: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal; mas Eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes” ( Mt 5, 21-22 ). E assim por seis vezes. Este modo de falar causava grande impressão no povo, que permanecia assustado, porque aquele “Eu vos digo” equivalia a reivindicar para si a mesma autoridade de Deus, fonte da Lei. A novidade de Jesus consiste, essencialmente, no fato de que Ele mesmo “completa” os Mandamentos com o Amor de Deus, com a força do Espírito Santo que habita n’Ele. E nós, através da fé em Cristo, podemos abrir-nos à obra do Espírito Santo, que nos torna capazes de viver o amor divino. Por isso, cada preceito se torna verdadeiro, como exigência de amor, e todos convergem num único Mandamento: ama a Deus com todo o coração, e ao teu próximo como a ti mesmo. “ O amor é o cumprimento perfeito da Lei”, escreve São Paulo ( Rm 13, 10 ).

“Se vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus…” (Mt 5, 20). Não se trata da virtude da justiça que leva a “dar a cada um aquilo que lhe pertence”. Aqui podia traduzir-se por santidade; a dos escribas é meramente externa e ritualista. Entre eles, o cumprimento exato, minucioso, mas externo, dos preceitos tinha-se convertido numa garantia de salvação do homem diante de Deus: “se eu cumpri isto, sou justo, sou santo e Deus tem que me salvar”. Com este modo de conceber a justificação, já não é Deus fundamentalmente quem salva, mas vem a ser o homem quem se salva pelas suas obras externas. A justificação ou santificação é uma graça de Deus, com a qual o homem só pode colaborar secundariamente pela sua fidelidade a essa graça.

“Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno” ( Mt 5, 28-29). A Lei de Moisés proibia o desejar uma mulher casada ( Ex 20, 17 ); Jesus reprova todo o olhar pecaminoso dirigido a qualquer mulher. O desejo de que aqui se fala pressupõe o consentimento com a advertência na maldade desses atos impuros. Por olho direito e mão direita entendemos tudo aquilo que nos é mais caro, a que temos de estar dispostos a renunciar, para não ofender a Deus.

Quanto à verdade, diz Jesus: “Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não” (Mt 5, 37). O cristão é chamado a ser transparente, simples. O contrário seria cheio de dobras, complicado. Não é só não jurar em falso, mas viver de tal modo a verdade, que não se precise jurar de modo algum. Fazer tudo em nome do Senhor, no Senhor. O demônio é o “pai da mentira” ( Jo 8, 44 ). Portanto, na Igreja de Cristo não podem tolerar-se umas relações humanas baseadas no engano, na hipocrisia. Deus é a verdade, e os filhos do Reino têm, pois, que fundamentar as suas relações na verdade.

Jesus quer inculcar a sinceridade sempre: “sim, sim; não, não!” Se partirmos do princípio da sinceridade, há confiança mútua nas relações humanas e jurar torna-se coisa supérflua; jurar a torto e a direito é um sintoma de falta de sinceridade entre as pessoas.

A necessidade de juramento é sinal de que a mentira e a desconfiança pervertem as relações humanas. Deus Pai apenas exige um relacionamento em que as pessoas sejam verdadeiras e responsáveis.

E nós, como observamos os Mandamentos? Com o espírito do Antigo Testamento? ( fazer isto ou aquilo porque é lei, porque é “obrigado”?)

Porque vou à Missa? Porque é um preceito?

“Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5, 20).

“Quem me ama, guarda os meus mandamentos”, disse Jesus.

Seja a nossa observância uma expressão sincera e profunda do nosso amor para com Deus. Peçamos a Deus a Graça de vivermos os seus mandamentos. “Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás” (Eclo 15, 16). “A vida e a morte, o bem e o mal, estão diante do homem; o que ele escolher, isso será dado” (Eclo 15, 16-18). É como quem diz: o que seguir a lei divina, terá como recompensa a vida e o que não a seguir, espera-o a morte. Tanto a vida como a morte eterna são a consequência da sua opção. O homem é livre e, por isso, responsável das suas ações…

Peçamos a Jesus Cristo a graça de sermos instrumentos de vida, não de morte. Sempre instrumentos de união, e não de separação. Sempre garantia da verdade, e não da incerteza ou mentira.

Invoquemos a Virgem Maria! Graças à sua união com Jesus, a sua justiça foi perfeita: é por isso que a invocamos como “Espelho da Justiça”. Confiemo-nos a Ela, para que guie também os nossos passos na fidelidade à Lei de Cristo.

Mons. José Maria Pereira


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