quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

LITURGIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 5,27-32 - 29.02.2020

Liturgia Diária

DIA 29 – SÁBADO 
DEPOIS DAS CINZAS

(roxo – ofício do dia)

Atendei-nos, Senhor, na vossa grande misericórdia; olhai-nos, ó Deus, com toda a vossa bondade (Sl 68,17).

Em sua infinita misericórdia, Deus enviou seu Filho ao mundo para salvar os pecadores, curar os doentes e ser luz em nossas trevas. Hoje ele também nos chama a ser luz para os irmãos e irmãs.

Evangelho: Lucas 5,27-32

Glória a vós, Senhor Jesus, / primogênito dentre os mortos!

Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, / mas que ele volte, se converta e tenha vida (Ez 33,11). – R.

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 27Jesus viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado na coletoria. Jesus lhe disse: “Segue-me”. 28Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu. 29Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí grande número de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30Os fariseus e seus mestres da lei murmuravam e diziam aos discípulos de Jesus: “Por que vós comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os pecadores?” 31Jesus respondeu: “Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. 32Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão”. – Palavra da salvação.

Fonte https://www.paulus.com.br/


Reflexão - Evangelho: Lucas 5,27-32
«Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores»

Rev. D. Joan Carles MONTSERRAT i Pulido
(Cerdanyola del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje vemos como avança a Quaresma e a intensidade da conversão a que o Senhor nos chama. A figura do apóstolo e evangelista Mateus é muito representativa daqueles que podemos chegar a pensar que por causa do nosso historial, ou pelos pecados pessoais ou por situações complicadas, é difícil que o Senhor repare em nós para colaborarmos com Ele.

Pois bem, Jesus Cristo, para nos tirar de toda a dúvida põe-nos como primeiro evangelista um cobrador de impostos Levi, a quem diz sem rodeios: «Segue-me» (Lc 5,27). Fez, com ele exatamente o contrario daquilo que a mentalidade “prudente” poderia esperar. Hoje procuramos ser “politicamente corretos”, Levi —pelo contrário— vinha de um mundo que tinha repulsa pelos seus compatriotas, pois consideravam-no, apenas por ele ser publicano, colaboracionista dos romanos e possivelmente fraudulento com as “comissões”, o que afogava os pobres ao cobrar-lhes os impostos, em fim, um pecador público.

Aos que se consideravam perfeitos não se lhes passava pela cabeça que Jesus não apenas os chamaria a segui-lo, nem muito menos apenas a sentarem-se à mesma mesa.

Mas com esta atitude, ao escolhe-lo, Nosso Senhor Jesus Cristo diz-nos que é mais deste tipo de gente de quem gosta de se servir para estender o seu Reino; escolheu os malvados, os pecadores, e os que não se consideram justos: «Para confundir os fortes, escolheu os que são débeis aos olhos do mundo» (1Cor 1,27). São estes os que necessitam de médico, e sobretudo, são eles os que compreenderão que os outros o necessitam.

Devemos pois evitar pensar que Deus quer expedientes limpos e imaculados para O servir. Este expediente apenas o preparou para a Nossa Mãe. Mas para nós, sujeitos da salvação de Deus e protagonistas da Quaresma, Deus quer um coração contrito e humilhado. Precisamente, «Deus escolheu-te débil para te dar o seu próprio poder» (Sto. Agostinho). Estse é o tipo de gente que, como diz o salmista, Deus não menospreza.

© evangeli.net Associació Cultural M&M Euroeditors


JESUS E LEVI Lc 5,27-32
HOMILIA

A proximidade de Jesus com os cobradores de impostos e os pecadores era mal vista pelos fariseus e mestres da Lei. Por malevolência, faziam juízos apressados a respeito dele, de forma a levá-lo a perder a credibilidade, tanto diante dos discípulos quanto diante das multidões que o procuravam. Entretanto, conviver com os pecadores e excluídos fazia parte da pedagogia de Jesus, a fim de levá-los a converter-se ao Reino. Chama precisamente o evitado por todos para fazê-lo também merecedor do Reino. A solidariedade com os pecadores não se estendia aos pecados que cometiam. Mas sim à pessoa deles. Pois, era preciso também alertá-los para que banissem de suas vidas tudo quanto os afastava de Deus.

Jesus acreditava, com todas as forças de seu coração, na possibilidade de conversão do coração humano. Por isso, empregava todos os meios disponíveis para atrair os pecadores para Deus, mesmo correndo o risco de ser vítima da maledicência de seus adversários. Menosprezando as críticas alheias, importava mostrar aos pecadores a possibilidade de uma vida fundada na misericórdia e na justiça. O caminho escolhido por Jesus foi o da solidariedade, que revela como cada um de nós é tratado por Deus.

Os cobradores de impostos eram marginalizados porque colaboravam com o poder opressor romano, e porque tiraram o seu lucro cobrando a mais, através de extorsão. Jesus, quando entra na casa de Mateus para uma refeição, misturando-se com outros publicanos e pecadores, infringe prescrições fundamentais farisaicas e entra em comunhão com essas pessoas marginalizadas. O termo “pecadores” era um termo técnico da época para membros de profissões desprezadas e consideradas suscetíveis de impureza ritual. Uma lista indica pessoas que trabalhavam com asnos ou camelos, marinheiros, pastores, comerciantes, médicos (por causa do sangue), açougueiros, curtidores e cobradores de impostos como membros dessa categoria de “pecadores”. Jesus se defende usando um provérbio de bom senso, também conhecido nos escritos de outros autores como Plutarco. Como o médico tem que se expor ao contágio para curar doentes, o médico espiritual se expõe à impurezas legais para salvar os marginalizados.

A misericórdia de Deus não somente acolhe, mas vai em busca dos perdidos, e os reintegra na comunidade de fé, como também mostra especialmente Lucas.

O texto pode nos levar a questionar a nossa prática de misericórdia. Pois nós também criamos categorias de “puros” e “impuros”, muitas vezes em nome de Deus. Sempre existe a tendência de formar comunidades elitizadas, que se gabam de ser praticantes, observadoras da lei, e quem sabe, desprezam, sem que digam ou notem isso, os que não correspondem aos seus critérios. Como são tratadas as pessoas com problemas de divórcio, de vícios, ou com uma outra orientação sexual, em nossas comunidades? As nossas comunidades se assemelham a Jesus, que ia atrás das pessoas taxadas de impuras no seu tempo, ou se assemelham aos fariseus, que se fechavam nos seus rituais e rotulavam e marginalizavam os outros – comunicando um Deus mais preocupado com a pureza ritual do que com a misericórdia? Jesus não condena o sacrifício e os ritos, mas denuncia a situação quando o apego a eles leva ao abandono do mandamento fundamental de misericórdia. Para todos nós ressoa fortemente o desafio lançado por Jesus “aprendam, pois, o que significa: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Seja Jesus o nosso modelo de compaixão, para não cairmos numa prática religiosa que rotula e marginaliza, em nome de Deus, exatamente os que mais precisam sentir o seu rosto misericordioso e compassivo.

Fonte https://homilia.cancaonova.com/


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Um comentário:

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