quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 10,17-22 - 26.12.2013 - Não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai.

Branco. Santo Estevão, o primeiro mártir, Festa

Evangelho - Mt 10,17-22

Não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 10,17-22

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos:
17"Cuidado com os homens,
porque eles vos entregarão aos tribunais
e vos açoitarão nas suas sinagogas.
18Vós sereis levados
diante de governadores e reis, por minha causa,
para dar testemunho diante deles e das nações.
19Quando vos entregarem,
não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer.
Então naquele momento
vos será indicado o que deveis dizer.
20Com efeito, não sereis vós que havereis de falar,
mas sim o Espírito do vosso Pai
é que falará através de vós.
21O irmão entregará à morte o próprio irmão;
o pai entregará o filho;
os filhos se levantarão contra seus pais,
e os matarão.
22Vós sereis odiados por todos,
por causa do meu nome.
Mas quem perseverar até o fim,
esse será salvo".
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO
O preço do testemunho

Nosso texto é parte do discurso missionário de Jesus (Mt 10). Os discípulos devem ter presente, olhando para o seu próprio Senhor, a possibilidade de ser ameaçados, hostilizados e perseguidos. O mais doloroso é que a perseguição, a hostilidade, não vêm somente de fora, mas também de dentro da comunidade, da própria família (cf. v. 21).
Na perseguição é preciso prudência e simplicidade (v. 16); é preciso discernir para não se deixar enredar por quem quer que seja. É por causa de Jesus que os discípulos são perseguidos (v. 18a). Esse sofrimento é o preço do testemunho: “... dareis testemunho diante deles e diante dos pagãos” (v. 18b). Em tudo isso é preciso confiança, pois o “Espírito do vosso Pai falará em vós” (v. 20). O Espírito Santo, dom gratuito do Pai, é que inspira os discípulos. Essa confiança é que deve sustentar a vida dos discípulos enviados em missão. As traições, o ódio, a rejeição por causa de Jesus e do seu evangelho não têm por que nos assustar. Todos nós somos às vezes cordeiro e lobo, até que se realize a identificação do discípulo com o Mestre.
A missão é universal porque os doze discípulos escolhidos por Jesus não acabarão “de percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho do Homem” (v. 23). A tarefa de conduzir as pessoas ao único e verdadeiro pastor (cf. Ex 34,23-34) será permanente, enquanto houver ódio entre os irmãos (cf. v. 21), enquanto houver perseguições em nome de Jesus (cf. v. 22).

Carlos Alberto Contieri, sj



HOMILIA
QUEM PERMANECER FIRME SERÁ SALVO Mt 10,17-22

Os Evangelhos mostram a Igreja como um barco, no qual Jesus está presente, embora em alguns momentos pareça estar dormindo (Mt 8,23-27). O mar que este barco atravessa é a História, às vezes calmo, outras vezes turbulento e ameaçador. Há quase dois mil anos o barco saiu de seu porto. Não sabemos quando chegará ao seu destino, mas temos certeza de que Jesus nunca o abandonará.

Em Pentecostes, "a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a pregação" (Ad Gentes, n. 4).

Pentecostes do ano 30. Todos reunidos: os apóstolos, Maria, parentes de Jesus, algumas mulheres. Um ruído de ventania desce do céu. Línguas como de fogo surgiram e se dividiram entre os presentes. Todos ficaram repletos do Espírito de Deus e começaram a falar em outras línguas.

Esta assembléia inicial, esta igreja, é o princípio. Depois do prodígio das línguas, Pedro dirigiu-se à multidão reunida na praça e fez uma memorável pregação. Muitos se converteram, especialmente judeus vindos da Diáspora. Estes levaram a Boa-Nova aos seus locais de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de comunidades cristãs em Damasco, Antioquia, Alexandria e mesmo em Roma. Alguns helenistas, no entanto, permaneceram em Jerusalém. Para cuidar de suas necessidades materiais, os apóstolos escolheram sete diáconos. E dentre estes está Estevão de cujo martírio celebramos hoje.

Temos nesta narrativa de Mateus um trecho do discurso atribuído a Jesus ao enviar os doze apóstolos em missão. O texto é escrito em estilo literário-apocalíptico. No evangelho de Marcos, mais primitivo, ele faz parte do discurso escatológico de Jesus ao prenunciar a destruição do Templo de Jerusalém, nas vésperas de sua Paixão (Mc 13,9-13). De fato, muitos dos primeiros cristãos sofreram perseguições tanto da parte dos judeus como do império romano. A alusão à terrível tragédia no seio da família, no texto acima, no seu estilo escatológico-apocalíptico, é uma referência à tradição profética da injustiça universal no fim dos tempos (Mq 7,6). Após a perseguição e morte de Jesus, o diácono Estêvão foi o primeiro dos discípulos a ser martirizado. Embora com uma função subalterna como diácono, ele ousou fazer uma pregação de denúncia do Templo e das tradições do judaísmo, e foi apedrejado.

O seu grupo foi perseguido e disperso, enquanto os chefes da igreja de Jerusalém foram poupados.

Estevão era o diácono que mais se destacava. Por sua pregação incisiva, é detido pelas autoridades judaicas, julgado e apedrejado como blasfemador. Torna-se o primeiro mártir da História da Igreja. Enquanto é assassinado, perdoa os seus perseguidores e entrega, confiante, a sua vida nas mãos de Jesus.

O manto de Estevão foi deixado aos pés de um jovem admirador do ideal farisaico chamado Saulo.

Que ele interceda por nós afim de que não tenhamos medo de ninguém e de nada contando que anunciamos o Evangelho a propósito ou a despropósito.


Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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