Evangelho (João 12,24-26)
Sexta-Feira, 10 de Agosto de 2012
São Lourenço
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 24“Em verdade,
em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele
continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto.
25Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca
conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém me
quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me
serve, meu Pai o honrará”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
A graça da renúncia
amorosa
agosto 10th, 2012
Meus caros irmãos e irmãs, uma das temáticas do Evangelho
segundo São João é a hora de Cristo, a hora da glória. Já estando em Jerusalém
e sendo procurado por gregos, o Senhor exclama, talvez sem a compreensão
imediata do apóstolo Filipe e André: “Em verdade, em verdade, vos digo: se o
grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito
fruto” (Jo 12, 24).
Jesus Cristo chegou ali, mais do que para participar, mais
uma vez, da Páscoa dos judeus, mas para celebrar e estabelecer a Sua hora, a
Sua Páscoa gloriosa, inaugurando, potencialmente, a nossa páscoa. Pela Sua
entrega total à vontade do Pai, que beneficiou a humanidade toda com a
salvação! Pela Sua Páscoa, gregos e judeus, ou seja, todos os povos poderão ser
redimidos e participarem da Páscoa Eterna.
Uma maneira ordinária e eficaz para sermos atingidos por
este dom salvífico foi registrado pelo Evangelista no versículo seguinte: “Quem
se apega à sua vida, pede-a; mas quem não faz conta de sua vida neste mundo, há
de guardá-la para a vida eterna” (Jo 12, 25). De fato, Aquele que abraçou a
todos pela Sua Encarnação, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição, pede que seja
abraçado também radicalmente. Para isto é preciso estar desapegado de tudo e de
todos, que não significa descomprometido com o Reino, a Igreja e a humanidade.
O doutor e místico da Igreja, São João da Cruz, ensinava que
o verdadeiro amor consiste “na prática da renúncia perfeita e o sofrer pelo
Amado”. Este testemunho de pobreza radical, sem dúvida, é dom do Alto, como a própria
vivência de uma fé madura e em constante purificação. E a quem Deus nega as
suas graças? Se desejamos, então…humildemente peçamos!
Jesus não foi para Jerusalém somente para honrar o Pai das
Misericórdias, mas, na força do Espírito Santo, viveu uma comunhão obediencial
plena, a fim de também conquistar para nós, por Seus méritos, o direito de
sermos, um dia, honrados pelo Pai, independente dos reconhecimentos humanos. no
entanto, poderíamos dizer: “Eu não quero qualquer tipo de honrarias?”, mas este
tipo de honra não massageia o nosso ego nem alimenta nosso orgulho, ao
contrário, corresponde à vontade de Deus a nosso respeito: “Se alguém me serve,
meu Pai o honrará” (Jo 12, 26). Esta honra é expressa do amor de um Pai que
quer recompensar os filhos amados, salvos pelo Filho Amado!
Por isso todo e qualquer sofrimento que passarmos para viver
aqui como verdadeiros filhos, servos e amigos de Cristo Pascal, será revertido
em glória um dia. Para tal será preciso permanecer até o fim na busca orante e
repleta do exercício da renúncia amorosa, da maneira ensinada também por São
João da Cruz, acima citado. Portanto, existirá um caminho mais estreito e
seguro do que este: “Se alguém quer me servir, siga-me; e onde eu estiver,
estará também aquele que me serve” (Jo 12, 26).
Por fim, diante da nossa pequenez e grande tendência a nos
apegarmos a tudo o que é visível e palpável, como também prazeroso, no risco de
perdermos o essencial salvífico e pascal, prossigamos o caminho como discípulos
e missionários, recordando uns aos outros as palavras que nos recoloca
humildemente em condições de luta e recompensa: “Basta-te a minha graça, pois é
na fraqueza que a força se realiza plenamente” (2Cor 12, 9).
Padre Fernando Santamaría
Fonte: Canção Nova
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