domingo, 16 de novembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: Lucas 18:35-43 - 17.11.2025

 Liturgia Diária


17 – SEGUNDA-FEIRA 

SANTA ISABEL DA HUNGRIA


ESPOSA E RELIGIOSA


(branco, pref. comum, ou dos santos – ofício da memória)


Vinde, benditos do meu Pai, diz o Senhor. Estava doente e me visitastes. Em verdade vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes (Mt 25,34.36.40).


Isabel, surgida entre reinos e dores, descobriu que a verdadeira força não repousa na posse, mas na firmeza interior. Sua jornada, marcada por luto e renúncia, revelou que a dignidade humana floresce quando a consciência permanece soberana diante das circunstâncias. Ao escolher a simplicidade, ela encontrou a clareza que liberta do apego e ordena o espírito. Sua vida recorda que a grandeza nasce do domínio de si, do serviço que não humilha e da responsabilidade que reconhece no outro um igual. Assim, cada gesto de cuidado torna-se afirmação silenciosa de que a liberdade interior é o fundamento de toda ação justa.



Evangelium secundum Lucam 18,35-43 (Vulgata)

35 Factum est autem, cum appropinquaret Hiericho, caecus quidam sedebat secus viam, mendicans.
Quando ele se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, mendigando. 
36 Et cum audiret turbam prætereuntem, interrogabat quid hoc esset.
E, ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que aquilo significava.
37 Dixerunt autem ei quod Iesus Nazarenus transiret.
Eles lhe disseram que Jesus, o Nazareno, estava passando.
38 Et clamavit, dicens: Iesu, fili David, miserere mei.
Então ele clamou, dizendo: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim.” 
39 Et qui præibant, increpabant eum ut taceret; ipse vero multo magis clamabat: Fili David, miserere mei.
Os que iam à frente o repreendiam para que se calasse; mas ele gritava cada vez mais: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”
40 Stans autem Iesus, iussit illum adduci ad se; et cum adpropinquasset, interrogavit illum, dicens: Quid tibi vis faciam?
Então Jesus parou e mandou que o trouxessem até ele; quando ele aproximou-se, perguntou-lhe: “O que queres que eu faça por ti?” 
41 At ille dixit: Domine, ut videam.
Ele respondeu: “Senhor, que eu veja.” 
42 Et dixit ei Iesus: Respice; fides tua te salvum fecit.
Jesus lhe disse: “Olha; a tua fé te salvou.” 
43 Et confestim vidit, et sequebatur illum magnificans Deum; et omnis plebs, ut vidit, dedit laudem Deo.
E imediatamente ele voltou a ver, seguia-o glorificando a Deus; e todo o povo, ao ver isso, dava louvores a Deus

Verbum Domini

Reflexão:
A cena revela a capacidade de cada pessoa de reivindicar sua dignidade, mesmo em meio à fragilidade. O cego não aceita o silêncio imposto pela multidão, ele insiste em rogar por misericórdia. Essa determinação mostra que a verdadeira liberdade reside numa vontade interior firme, capaz de sustentar um pedido justo. Quando Jesus lhe pergunta o que deseja, ele expressa sua necessidade mais profunda: ver. A fé dele, longe de ser passiva, é uma força ativa que transforma seu destino. E, ao ser curado, ele escolhe seguir Jesus, não por pressão, mas por convicção. O testemunho de sua nova visão torna-se serviço gratuíto ao outro, pois sua gratidão ecoa em louvor coletivo.


Versículo mais importante:

A passagem apresenta muitos pontos fortes, mas o versículo considerado central por grande parte da tradição é Lucas 18,42, pois nele Jesus revela o núcleo do episódio: a fé que restaura, liberta e devolve a visão.

Lucas 18,42 (Vulgata)
42 Et dixit ei Iesus: Respice; fides tua te salvum fecit.
E Jesus lhe disse: “Vê; a tua fé te salvou.”(Lc 18:42)

Este versículo sintetiza o sentido espiritual do encontro: a transformação interior que antecede a mudança exterior.


HOMILIA

A Visão que Desperta o Ser

No encontro entre Jesus e o cego às portas de Jericó, revela-se mais do que uma cura física: manifesta-se o chamado silencioso à expansão da consciência humana. A cegueira daquele homem não era apenas ausência de luz nos olhos, mas símbolo de toda condição em que a pessoa se vê limitada, impedida de perceber o sentido maior de sua existência. O Evangelho mostra que a verdadeira visão nasce quando o interior decide despertar.

O cego, impedido por vozes externas, recusa-se a ceder ao silêncio que a multidão tenta impor. Ele clama mais alto, porque compreende, ainda que de modo intuitivo, que o direito de buscar a própria plenitude não pode ser negociado. Aqui se revela a dignidade da pessoa: ninguém possui autoridade para sufocar o apelo legítimo de quem deseja elevar-se. A liberdade que vibra nesse grito não é rebeldia, mas movimento natural da alma que reconhece sua origem e seu destino.

Jesus, ao deter-se, interrompe o fluxo da multidão e volta-se ao indivíduo. Isso mostra que o Reino jamais opera por massa anônima: Deus olha cada ser humano como único e insubstituível. A pergunta divina, “O que queres que eu te faça?”, é convite à responsabilidade interior. O Mestre não impõe; Ele desperta. Para que a graça seja recebida, é necessário que o desejo seja assumido com clareza e verdade. O cego responde: “Senhor, que eu veja.” Nesse pedido, condensa-se toda a vocação humana: ver para compreender, ver para discernir, ver para caminhar em direção ao bem.

A resposta de Jesus, “A tua fé te salvou”, destaca que a transformação começa dentro. A fé não é mero assentimento intelectual, mas força que reorganiza o ser, alinhando o interior à realidade divina. Quando o homem decide ver, a luz encontra caminho. Assim, a cura não é ato isolado, mas manifestação de uma liberdade que se abre à graça e de uma alma que deseja retornar ao seu movimento mais elevado.

Após recuperar a visão, ele segue Jesus. Aqui a narrativa atinge seu cume: a visão verdadeira conduz ao seguimento, e o seguimento devolve a pessoa ao sentido da vida. A família espiritual se alarga, pois aquele que vê torna-se sinal de luz para outros. E a glória dada a Deus manifesta que o dom recebido não é para o isolamento, mas para o fortalecimento da comunidade que caminha.

Assim, este Evangelho recorda que cada ser humano carrega um chamado interior à elevação; que ninguém pode impedir o desejo de crescer; que a liberdade autêntica nasce da fidelidade à verdade que clama no íntimo; que a dignidade pessoal e familiar floresce quando se escolhe seguir o Bem. A visão devolvida a Jericó é, hoje, convite à visão que precisamos recuperar dentro de nós: ver para viver, ver para servir, ver para amar.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Palavra que Restaura a Visão Interior
“E Jesus lhe disse: ‘Vê; a tua fé te salvou.’” (Lc 18,42)

1. A Visão como Realidade Espiritual

Quando Jesus ordena ao cego que veja, não se trata apenas de devolver-lhe a percepção sensível. A visão, na Escritura, é símbolo do despertar interior. Ver significa reconhecer o sentido mais profundo da existência, perceber a ordem invisível que sustenta cada passo da vida humana. A cura manifesta a restauração de uma percepção que havia sido obscurecida, não apenas nos olhos, mas na compreensão de si e do mundo.

2. A Fé como Força que Estrutura o Ser

A declaração de Jesus — “tua fé te salvou” — revela que a transformação não nasce de imposição externa, mas de um movimento interno que orienta a pessoa para a verdade. A fé é disposição que organiza o interior, tornando-o capaz de receber aquilo que Deus oferece. Ela não é emoção passageira, mas decisão firme que integra pensamento, vontade e ação. Por isso salva: porque orienta todo o ser para o sentido que o sustém.

3. A Liberdade como Resposta

O cego, embora impedido pela multidão, escolhe clamar. Sua liberdade não está condicionada ao ambiente, mas à sua capacidade de permanecer fiel ao que deseja profundamente. Ao expressar com clareza — “Senhor, que eu veja” — ele assume responsabilidade por sua própria transformação. A cura não se impõe; é acolhida. Assim, a liberdade humana participa da obra divina ao consentir o bem que se aproxima.

4. A Dignidade que se Revela

Ao deter-se diante do cego, Jesus afirma o valor único e irrepetível de cada pessoa. A dignidade humana não depende do status social, mas da capacidade de reconhecer e responder à verdade que a chama. O olhar de Cristo revela que nenhum limite exterior pode reduzir o valor interior do ser humano. A visão devolvida é símbolo dessa dignidade restaurada: o homem volta a levantar o rosto e caminhar entre os outros com consciência renovada.

5. O Caminho que Se Abre Após a Cura

Ver não é o fim, mas o início. Após recuperar a visão, o homem segue Jesus, indicando que a luz recebida deve conduzir a uma vida ordenada, justa e responsável. A visão nova não serve ao isolamento, mas à construção do bem no interior da comunidade humana. A salvação manifesta-se não apenas no milagre, mas no novo modo de caminhar.

6. A Palavra que Também Nos Interpela

O versículo permanece atual porque fala ao núcleo da condição humana: todos carregamos regiões pouco iluminadas que clamam por clareza. A fé, entendida como adesão ao bem que nos ultrapassa, reorganiza o interior e torna possível uma vida elevada. Assim como o cego, somos convidados a expressar nosso pedido com sinceridade e a acolher a luz que nos é dada.

A palavra de Jesus continua ecoando: “Vê; a tua fé te salvou.” É convite à lucidez, firmeza e profundidade, para que cada pessoa desperte para aquilo que está chamada a ser.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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