quinta-feira, 13 de novembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: Lucas 17:26-37 - 14.11.2025

 Liturgia Diária


14 – SEXTA-FEIRA 

32ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Chegue à vossa presença, Senhor, a minha oração; inclinai vosso ouvido à minha prece (Sl 87,3).


A natureza revela a sabedoria do Criador em cada detalhe que sustenta a vida. O equilíbrio dos elementos, a harmonia entre as formas e o contínuo ciclo de renascimento convidam o ser humano à responsabilidade diante do dom recebido. Reconhecer essa ordem é também reconhecer a liberdade de participar dela com consciência e gratidão. A fé torna-se viva quando floresce na ação que preserva, edifica e compartilha o bem. Assim, o homem colabora com o propósito divino e manifesta a plenitude da existência.

“Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe.”
(Salmo 24,1)



Lectio Sancti Evangelii secundum Lucam (17,26-37)

  1. Et sicut factum est in diebus Noë, ita erit et in diebus Filii hominis.
    E como aconteceu nos dias de Noé, assim também será nos dias do Filho do Homem.

  2. Edébant et bibébant, uxores ducebant et dabantur ad nuptias usque in diem qua intravit Noë in arcam, et venit diluvium et perdidit omnes.
    Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; veio o dilúvio e destruiu a todos.

  3. Similiter sicut factum est in diebus Loth: edébant et bibébant, emebant et vendébant, plantábant et ædificábant.
    Do mesmo modo aconteceu nos dias de Ló: comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e edificavam.

  4. Qua die autem exiit Loth a Sódomis, pluit ignem et sulphur de caelo et omnes perdidit.
    Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu e destruiu a todos.

  5. Secundum haec erit, qua die Filius hominis revelabitur.
    Assim será no dia em que o Filho do Homem for revelado.

  6. In illa hora qui fuerit in tecto, et vasa eius in domo, ne descendat tollere illa; et qui in agro, similiter non redeat retro.
    Naquela hora, quem estiver no telhado e tiver seus bens em casa, não desça para pegá-los; e quem estiver no campo, não volte atrás.

  7. Recordámini uxoris Loth.
    Lembrai-vos da mulher de Ló.

  8. Quicumque quaesierit animam suam salvam facere, perdet illam; et quicumque perdiderit illam, vivificabit eam.
    Quem procurar salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem a perder, conservá-la-á.

  9. Dico vobis: illa nocte erunt duo in lecto uno; unus assumetur, et alter relinquetur.
    Digo-vos: naquela noite estarão dois numa só cama; um será levado, e o outro será deixado.

  10. Duae erunt molentes in unum: una assumetur, et altera relinquetur.
    Duas mulheres estarão moendo juntas: uma será levada, e a outra deixada.

  11. Duo erunt in agro: unus assumetur, et alter relinquetur.
    Dois estarão no campo: um será levado, e o outro deixado.

  12. Respondentes dicunt ei: Ubi, Domine? Qui dixit eis: Ubicumque fuerit corpus, illuc congregabuntur et aquilae.
    Eles lhe perguntaram: Onde, Senhor? Ele respondeu: Onde estiver o corpo, aí se reunirão as águias.

Verbum Domini

Reflexão:
A vida humana se move entre o instante e o eterno. Quando o espírito se prende às aparências, perde o sentido do que permanece. O chamado divino não é anúncio de temor, mas convite à lucidez. Viver desperto é reconhecer o valor das escolhas e a brevidade das posses. O que se entrega ao bem, liberta-se da ansiedade do ter e encontra a serenidade do ser. A justiça, nascida do discernimento interior, refaz a ordem e sustenta a liberdade que floresce no dever. Assim, cada ação torna-se participação silenciosa na sabedoria que governa o mundo.


Versículo mais importante:

Evangelium secundum Lucam 17,33

33. Quicumque quaesierit animam suam salvam facere, perdet illam; et quicumque perdiderit illam, vivificabit eam.
Quem procurar salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem a perder, conservá-la-á.(Lc 17:33)

Este versículo é o núcleo espiritual do trecho, pois revela o paradoxo da verdadeira vida: somente quem se desprende de si encontra o sentido mais alto da existência. A entrega consciente transforma a perda em plenitude, a renúncia em liberdade, e o instante humano em eternidade divina.


HOMILIA

A Vigilância do Espírito e a Purificação da Alma

O Evangelho segundo Lucas (17,26-37) nos conduz à memória dos dias de Noé e de Ló, tempos em que o homem vivia distraído entre o prazer e o costume, sem perceber que a eternidade se aproximava. Não há, neste texto, um anúncio de catástrofe, mas uma revelação do movimento essencial da vida: tudo o que é preso ao transitório se desfaz, e tudo o que se abre ao eterno se renova. A imagem do dilúvio e do fogo não representa apenas destruição exterior, mas a purificação interior que visita o coração humano quando o divino se manifesta.

A vida espiritual é, portanto, uma contínua preparação para o instante em que o Filho do Homem se revela — não apenas no fim dos tempos, mas no silêncio de cada consciência que desperta. Aquele que se agarra ao que possui, perde; aquele que se oferece ao sentido mais alto da existência, encontra. A lei que governa o cosmos e a alma é a mesma: o ser se realiza na medida em que renuncia ao apego e se entrega à ordem universal que tudo sustenta.

Recordar a mulher de Ló é recordar o perigo de olhar para trás, de fixar o olhar no que perece. O passado, quando se torna prisão, impede a liberdade do espírito e a dignidade da caminhada. Deus não chama o homem para o medo, mas para a lucidez. Ser livre é estar interiormente pronto a perder o supérfluo para conservar o essencial. A dignidade nasce quando o ser humano escolhe o bem não por temor, mas por amor à verdade que o habita.

A família, por sua vez, é o primeiro espelho dessa ordem divina. Quando nela reina o respeito, a serenidade e o senso do dever, ela se torna um templo onde o amor se educa e o espírito amadurece. A harmonia doméstica não depende da abundância de posses, mas da presença do eterno no cotidiano: a palavra justa, o gesto generoso, a paciência silenciosa que reflete o cuidado de Deus.

O Filho do Homem se manifesta no instante em que a consciência se eleva acima da dispersão e reconhece, em cada circunstância, o convite ao aperfeiçoamento. A vigilância que o Evangelho exige não é medo do castigo, mas atenção amorosa àquilo que é real. Quando o ser humano compreende que nada do que é passageiro o define, encontra a paz que nenhuma força externa pode tirar. Assim, o dia do Senhor deixa de ser ameaça e torna-se promessa: a revelação do que somos, purificados pela fidelidade, sustentados pela esperança, redimidos pela verdade que habita em nós desde o princípio.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

“Quem procurar salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem a perder, conservá-la-á.” (Lc 17,33)

O Paradoxo Divino da Vida

Neste versículo, Cristo revela uma lei interior que atravessa todas as dimensões do ser. O desejo de preservar-se a qualquer custo é, em essência, o esquecimento da origem espiritual da vida. Quando o homem busca a segurança absoluta no efêmero, ele perde o contato com o que o sustenta. Mas quando aceita o despojamento, reencontra o princípio imutável que o faz existir. O perder-se aqui não é destruição, mas retorno à fonte, o momento em que o ego se cala e o espírito reconhece o que é eterno.

O Despojamento como Caminho de Liberdade

A verdadeira liberdade não consiste em possuir, mas em saber renunciar. A alma livre é aquela que já não depende do que muda, porque aprendeu a repousar naquilo que não pode ser tirado. “Perder a vida” significa libertar-se da ilusão de que o eu isolado é o centro do universo. Nesse abandono, o ser humano deixa de lutar contra a ordem divina e passa a cooperar com ela. É nesse consentimento interior que nasce a paz, não a que o mundo oferece, mas a que se enraíza na consciência desperta.

A Conservação pela Entrega

“Conservar a vida” é, no sentido mais alto, preservar o princípio espiritual que dá sentido ao existir. Essa conservação não vem do esforço de defesa, mas da entrega confiante. Quando o homem deixa de buscar a própria exaltação e se volta ao serviço do bem, ele participa da força criadora que mantém o cosmos em equilíbrio. Assim, a vida que parecia perdida se revela mais viva, mais plena, mais verdadeira. O que é entregue ao amor não se extingue, mas se transforma.

O Chamado à Transfiguração Interior

Este ensinamento de Cristo é uma convocação à transfiguração. Toda vez que a alma renuncia à posse, ao orgulho e à vaidade, ela se abre à luz que a forma e a renova. A perda, quando aceita com consciência, torna-se um portal para o ser autêntico. O homem que vive segundo essa lei não teme o tempo nem a morte, pois compreende que o essencial não morre. O mistério da existência revela-se, então, como uma escola de desapego, onde o aprender a perder é o primeiro passo para conservar o que é verdadeiramente eterno.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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