terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 8,22-26 - 15.02.2022

Liturgia Diária


15 – QUARTA-FEIRA 

6ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)



Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3s).


Salvo do dilúvio, o ser humano oferece ao Senhor um sacrifício de louvor. Tenhamos olhos para ver as benéficas e constantes intervenções de Deus no mundo e em nossa história pessoal.


Evangelho: Marcos 8,22-26


Aleluia, aleluia, aleluia.


Que o Pai do Senhor Jesus Cristo / vos dê do saber o Espírito, / para que conheçais a esperança, / reservada para vós como herança! (Ef 1,17s) – R.


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 22Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. 23Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, colocou as mãos sobre ele e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?” 24O homem levantou os olhos e disse: “Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam”. 25Então Jesus colocou de novo as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado e enxergava todas as coisas com nitidez. 26Jesus mandou o homem ir para casa e lhe disse: “Não entres no povoado!” – Palavra da salvação.

Fonte https://www.paulus.com.br/


Reflexão - Evangelho: Marcos 8,22-26

«Ficou curado e era capaz de ver tudo claramente»


Rev. D. Joaquim MESEGUER García

(Rubí, Barcelona, Espanha)

Hoje através deste milagre, Jesus fala-nos do processo da fé. A cura do cego em duas etapas mostra que nem sempre é a fé uma iluminação instantânea, senão que frequentemente requere um itinerário que nos aproxima à luz para ver claro. Também é evidente que o primeiro passo da fé —começar a ver a realidade à luz de Deus— já é motivo de alegria, como diz Santo Agostinho: «uma vez curados os olhos, que podemos ter de mais valor, irmãos? Alegram-se os que vêm esta luz que foi feita, a que vêm desde o céu ou a que procede de uma candeia. E que desgraçados se sentem os que não a podem ver!».


Ao chegar a Betsaida trazem um cego a Jesus para que lhe imponha as mãos. É significativo que Jesus o leve para fora; não nos está indicando isto que para escutar a palavra de Deus, para descobrir a fé e ver a realidade em Cristo, devemos sair de nós mesmos, de sítios e tempos ruidosos que nos asfixiam e nos deslumbram para receber a autentica iluminação?


Uma vez fora da aldeia, Jesus «cuspiu nos olhos dele, impôs-lhe as mãos e perguntou: Estás vendo alguma coisa?» (Lc 8,23). Este gesto lembra o Batismo: Jesus já não nos unta com saliva, senão que banha todo o nosso ser com a água da salvação e ao largo da vida, nos interroga sobre o que vemos à luz da fé. «Impôs de novo as mãos sobre os seus olhos, e ele começou a enxergar perfeitamente» (Lc 8,25); este segundo momento faz lembrar o sacramento da Confirmação, no qual recebemos a plenitude do Espírito Santo para chegarmos à perfeição da fé e poder ver claro. Receber o Batismo, mas esquecer a Confirmação nos leva a ver, sim, mas só a meias.


Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Deus propõe os mistérios da fé à nossa alma no meio de escuridãos e das trevas. Porém, o ato de fé consiste em subjugar o nosso espírito, que recebeu a agradável luz da verdade» (São Francisco de Sales)


«Deixemo-nos curar por Jesus, que pode e quer dar-nos a luz de Deus. Confessemos a nossa cegueira, a nossa miopia e, acima de tudo, o que a Bíblia chama de 'grande pecado': o orgulho” (Bento XVI)


«É pela imposição das mãos que Jesus cura os doentes e abençoa as crianças. O mesmo farão os Apóstolos, em seu nome. Ainda mais: é pela imposição das mãos dos Apóstolos que o Espírito Santo é dado (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 699)

Fonte https://evangeli.net/


A LÍNGUA E A SALIVA QUE CURA Mc 8,22-26

HOMILIA


Na umidade interior da boca, a saliva é uma espécie de sêmen da palavra. Ela tem como a água, grande importância: une e dissolve os alimentos, pode curar ou corromper, suavizar ou insultar violentamente, como quando se transforma em cuspe. O órgão da saliva é a língua, como na relação entre a lágrima e os olhos. A língua, como um pequeno leme, governa nossa embarcação. A língua é fértil, seu semem é a saliva e seu fruto maduro e criativo é o Verbo, a palavra. Para despertar a palavra, para libertar o Verbo, Jesus empregará sua saliva sob a boca e os ouvidos do surdo-mudo. Para impedir a palavra e aniquilar o Verbo, cuspiram sobre o rosto de Jesus.


Língua e saliva. Como órgão do paladar e do gosto, a língua é símbolo do discernimento. Ela separa o bom do ruim; ela distingue, ela aparta e isola como um chicote, uma faca ou uma espada. Como órgão da palavra, a língua é criadora do Verbo e identifica-se com ele.


A língua é considerada como uma chama, cuja forma e mobilidade é como o fogo que destrói e purifica. Como instrumento da palavra, a língua edifica e arrasa. Comparada ao fiel de uma balança, a língua julga. Comparada a um pequeno leme, dirige o navio inteiro. A língua é como o fogo, o único animal que ninguém consegue dominar Tg 3,2-12. Na maioria das vezes o termo significa a própria palavra. Quando a palavra língua é empregada sem qualificativo, em geral designa a má língua. Como tens utilizada a tua língua?


Na Bíblia, a saliva evoca a vida, a cura e a salvação. Tocados pela saliva, os cegos vêem, surdos ouvem e mudos falam. Ao promover, com os dentes e a língua, uma intimização da pessoa com o alimento – por todos os critérios de reconhecimento derivados do paladar – a saliva fala do nosso desejo de alimentação espiritual, de alimentar-se do divino, de comer Deus. Na cavidade bucal, a saliva está associada às núpcias celestes, ao banquete celeste.


A saliva de Jesus é muito mais do que simplesmente um líquido transparente e insípido, segregado pelas glândulas salivares na base da língua que serve para fluidificar os alimentos, facilitar sua ingestão e digestão. A saliva de Jesus cura e liberta.


Associada aos alimentos, a saliva serve para uni-los e dissolvê-los, pode curar ou corromper, suavizar ou ofender. Ofender e insultar violentamente como quando cospe-se em alguém. Cuspir no rosto é um gesto grave em conseqüências, na tradição judaica. Quem cospe em alguém, não foi capaz de reter sua ira, seu ódio e transforma sua saliva luminosa em cuspe, em “não-luz”. Na Bíblia, cuspir no rosto de alguém é uma suprema vergonha, punida de lepra (Nm 12,14).


Falar de saliva é até certo ponto evocar a salivação que nos lembram sal e salvação. Elas falam do desejo de alimentação espiritual, de um saber que é sabor e sabedoria, de comer Deus, de alimentar-se do divino e saboreá-lo. A sabedoria leva a falar com sabor, com um sabor indestrutível como o do sal.


A saliva lembra a essência da purificação e da iluminação, o caminho terapêutico da intimidade com Deus, o banquete de núpcias, o encontro do Esposo com a esposa.


O tema da cegueira é bastante central na missão de Jesus. Não há dúvida que, entre as curas de Jesus, as mais relevantes devolveram a visão aos cegos. Na tradição judaica, abrir os olhos era a cura messiânica por excelência, o sinal para a identificação do verdadeiro messias, segundo a tradição profética. Ao apresentar-se na sinagoga de Nazaré, Jesus declara-se ungido – precisamente – para abrir os olhos aos cegos. Cristo vem abrir os olhos de todos para enxergarem o Invisível.


Como criaturas somos todos cegos de nascença. A matéria dela mesma não vê nada, não sabe nada. Nossa matéria só vê e sabe, se for tocada pela saliva e palavra de Jesus Cristo, pela fertilidade da água viva. Somos vitimados pelas mais diversas cegueiras. Não vemos sequer a maior das certezas, a realidade da morte fruto do pecado. E vivemos muitas vezes como se fossemos imortais. O mistério da vontade divina é o seu desejo de salvação para todos (Ef 1,9). Jesus vai em direção ao cego, sem distinção. E assim como na gênese do homem, Deus uniu sopro e saliva com o barro do terroso (Gn 2,7), assim Ele pega no barro e unta os olhos do cego. Os padres da Igreja já viam nesse barro feito por Jesus, um sinal da sua encarnação. Jesus usa e sacraliza a natureza, o pó da terra e a terapêutica saliva, para curar. E faz da cura física um sinal da cura espiritual.


Somos cegos e devemos aceitar nossa condição humana: não vemos a luz. Aceitar também, sem contestação, que o sopro e a palavra de Jesus que está por detrás da saliva habitem nosso pó, sinais da presença de Cristo, de nossa divinização e da fonte da nossa salvação. Jesus ao cuspir e passar a saliva nos olhos do homem, ao pôs a mão sobre ele e perguntar se ele via alguma coisa, nos convida a mergulharmos em nossa condição humana e suas racionalidades com uma nova consciência. Só n’Ele, por Ele e com Ele nós conseguimos enxergar o caminho que nos leva ao Pai.


Agora lavados com e pela salva de Jesus temos os nossos olhos abertos! Vemos, sabemos e conhecemos o que nos pode matar. E para tal já não podemos voltar para o povoado! Povoador quer dizer: voltar para a vida do pecado que gera a nossa morte e a dos nossos!

Fonte https://homilia.cancaonova.com/

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Mensagens de Fé

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