Liturgia Diária
25 – SEGUNDA-FEIRA
SÃO TIAGO MAIOR
APÓSTOLO
(vermelho, glória, pref. dos apóstolos, – ofício da festa)
Andando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que consertavam suas redes. E ele os chamou (Mt 4,18.21).
Filho de Zebedeu e irmão de João, Tiago fez parte do grupo diretamente escolhido por Jesus. Participou de importantes episódios da missão pública do Mestre. Primeiro mártir entre os apóstolos, foi decapitado a mando de Herodes Agripa, por volta do ano 44. Que seu zelo apostólico e sua admirável coragem nos animem a tornar o Senhor Jesus mais conhecido e amado.
Evangelho: Mateus 20,20-28
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos designei para que vades e deis frutos, / e o vosso fruto permaneça, assim disse o Senhor (Jo 15,16). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 20a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21Jesus perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser o primeiro seja vosso servo. 28Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”. – Palavra da salvação.
Fonte https://www.paulus.com.br/
Reflexão - Evangelho: Mateus 20,20-28
«Podes beber do cálice que eu vou beber?»
Mons. Octavio RUIZ Arenas Secretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização
(Città del Vaticano, Vaticano)
Hoje, o episódio que nos narra este fragmento do Evangelho nos põe diante a uma situação que ocorre com muita frequência nas diferentes comunidades cristãs. João e Santiago foram muito generosos ao abandonar sua casa e suas redes para seguir Jesús. Escutaram que o Senhor anuncia um Reino e que oferece a vida eterna, mas não chegam a entender ainda a nova dimensão que apresenta o Senhor e, por isso, sua mãe pedir a algo bom, mas que estão nas simples aspirações humanas: «Manda que estes dois filhos meus que se sentem, um a tua direita e outro a tua esquerda, em teu Reino» (Mt 20,21).
Igualmente, nós escutamos e seguimos o Senhor, como fizeram os primeiros discípulos de Jesus, mas não sempre chegamos entender totalmente sua mensagem e nos deixamos levar por interesses pessoais ou ambições dentro da igreja. Esquecemos que ao aceitar ao Senhor, temos que entregarmos confiança e de maneira plena a Ele, que não podemos pensar em obter a gloria sem ter aceitado a cruz.
A resposta que lhes dá Jesus pões exatamente a entonação neste aspecto: para participar de seu Reino, o que importa é aceitar beber de seu próprio «cálice» (cf. Mt 20,22), ou seja, estar dispostos a entregar nossa vida por amor a Deus e dedicarmos ao serviço de nossos irmãos, com a mesma atitude de misericórdia que teve Jesus. O Papa Francisco, em sua primeira homilia, ressaltava que para seguir a Jesus devemos caminhar com a cruz, pois «quando caminhamos sem a cruz, quando confessamos um Cristo sem cruz, não somos discípulos do Senhor».
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«É como se Jesus lhes dissesse: Vocês me falam de honra e coroas, mas eu lhes falo de lutas e fatigas. Este não é tempo de prêmios» (São João Crisóstomo)
«A tentação do cristianismo sem cruz, uma Igreja a médio caminho, que não quer chegar a onde o Padre quer, é a tentação do triunfalismo. Queremos o trinfo de hoje, sem ir à cruz, um trinfo mundano, um triunfo razoável» (Francisco)
«Nisto consiste a redenção de Cristo: Ele “veio dar a sua vida em resgate pela multidão” (Mt 20, 28) quer dizer; veio “amar os seus até ao fim” (Jo 13,1), para que fossem “libertos da má conduta herdada dos seus pais” (Pe 1,18)» (Catecismo da Igreja Católica, n° 622)
Outros comentários
«Não sabeis o que estais pedindo (...) sentar-se à minha direita e à minha esquerda (...) é para aqueles a quem meu Pai o preparou»
+ Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret
(Vic, Barcelona, Espanha)
Hoje, no fragmento do Evangelho de São Mateus encontramos vários ensinamentos. Vou destacar apenas um, aquele que se refere ao absoluto domínio de Deus sobre a História: tanto a de todos os homens em seu conjunto (a humanidade), como a de todos e cada um dos grupos humanos (no caso, por exemplo, o grupo familiar dos Zebedeus), como também a de cada indivíduo. Por isto Jesus disse-lhes claramente: «Não sabeis o que estais pedindo» (Mt 20,22).
Se sentarão à direita de Jesus Cristo aqueles a quem seu Pai tenha destinado: «Mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem meu Pai o preparou» (Mt 20,23). Assim, tal como se escuta. Como escreve Cervantes na célebre obra Dom Quixote: «Não se move a folha na árvore, sem a vontade do Senhor». E isto é assim porque Deus é Deus. Dito de outro jeito: se não fosse assim, Deus não seria Deus.
Na presença disso, que indiscutivelmente se sobrepõe a todo condicionamento humano, aos homens só resta, em princípio, à aceitação e a adoração (porque Deus se nos revelou como o Absoluto);a confiança e o amor enquanto caminhamos (porque Deus se revelou a nós, também, como Pai); e no final... no final, o maior e o mais definitivo: sentar-nos junto à Jesus (à sua direita ou à sua esquerda, isso é uma questão secundária, sem dúvida).
O enigma da eleição e da predestinação divinas só se resolve, da nossa parte, com a confiança. Mais vale um miligrama de confiança depositado no coração de Deus, que todo o peso do universo pressionando sobre nosso pobre prato da balança. Na verdade, «Santiago viveu pouco tempo, pois já demonstrava uma grande fé: desprezou todas as coisas humanas e ascendeu a um patamar tão inefável, que morreu imediatamente» (São João Crisóstomo).
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