Liturgia Diária
DIA 15 – SEXTA-FEIRA
10ª SEMANA COMUM
(verde – ofício do dia)
Muitas vezes encontramos a Deus nos lugares e da forma que menos esperamos. Fazer experiência dele requer refrear o egoísmo e cumprir profundamente as exigências de fidelidade no amor.
Evangelho: Mateus 5,27-32
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 27“Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. 28Eu, porém, vos digo, todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la já cometeu adultério com ela no seu coração. 29Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros do que todo o teu corpo ir para o inferno. 31Foi dito também: ‘Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio’. 32Eu, porém, vos digo, todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério”.
– Palavra da salvação.
Fonte https://www.paulus.com.br/
Reflexão - Evangelho: Mateus 5,27-32
«Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério»
+ Pare Josep LIÑÁN i Pla SchP
(Sabadell, Barcelona, Espanha)
Hoje Jesus continua aprofundando na exigência do Sermão da Montanha. Não muda a Lei, senão que lhe dá plenitude; por isso a sua observância é mais que um simples cumprimento de umas condições mínimas para tener em regra os papeis. Deus dá-nos a Lei do amor para chegar ao cume, mas nós procuramos sempre o modo de convertê-la na lei do mínimo esforço. Deus pede-nos muito…! Sim, mas também nos deu o máximo que pode dar, já que se deu a si mesmo.
Hoje, Jesus Cristo aponta alto ao manifestar a sua autoridade sobre o sexto e o nono mandamento, os preceitos que fazem referência à sexualidade e à pureza de pensamento. A sexualidade é uma linguagem humana para significar o amor e a aliança, pelo tanto, não pode ser banalizada, como tampouco podemos converter os outros em objetos de prazer. E nem tão só com o pensamento! Daqui esta afirmação tão severa de Jesus: « Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração» (Mt 5,28). É preciso, pois, cortar o mal de raiz e evitar pensamentos e ocasiões que nos levariam a obrar o que Deus aborrece; isto é o que querem indicar tais palavras, que podem parecer-nos radicais e exageradas, mas que os ouvintes de Jesus entendiam na sua expressividade: tira, corta, expulsa...
Finamente, a dignidade do matrimonio deve ser sempre protegida, pois faz parte do projeto de Deus para o homem e a mulher, para que no amor e na mutua doação se convertam numa só carne e ao mesmo tempo é signo e participação na Aliança de Cristo com a Igreja. O cristão não pode viver a relação homem-mulher nem a vida conjugal segundo o espírito mundano: «Não deveis crer que por haver escolhido o estado matrimonial vos é permitido continuar com uma vida mundana e abandonar-vos à ociosidade e à preguiça; ao contrario, por isso mesmo obriga-vos a trabalhar com maior esforço e a velar com mais cuidado pela vossa salvação» (São Basílio).
© evangeli.net Associació Cultural M&M Euroeditors |
HOMEM E MULHER IGUAIS EM DIGNIDADE Mt 5,27-32
HOMILIA
A exigência do Mestre recupera o respeito pela mulher, enquanto ser humano. O discípulo do Reino é exortado a olhar para a mulher do próximo com pureza de coração, sem se deixar envolver pelo desejo de possuí-la. Caso isto aconteça, infringirá o mandamento de Deus, a partir do momento em que consentir pensamentos libidinosos. Enquanto seus contemporâneos preocupavam-se com o ato exterior de adultério, Jesus preocupava-se com o ato interior, onde tem início o desrespeito ao mandamento divino.
Na visão de Jesus, a maneira como se encarava o 6º mandamento do Decálogo era insuficiente. E mais transpirava uma atitude machista, que considerava a mulher um objeto, uma coisa ou um móvel de casa. Daí que se considerava o adultério como uma espécie de injustiça cometida contra uma propriedade alheia, um atentado ao bem mais precioso de um homem: sua mulher.
Nesta mesma perspectiva, o casamento era uma transação de compra e venda, pela qual um homem adquiria uma mulher como esposa, a qual passava a fazer parte de seus bens. O respeito pela mulher do próximo, portanto, colocava-se no contexto de respeito ao conjunto de seus bens. Como já o referi à pouco, o mandamento assim interpretado fundava-se na coisificação da mulher, cuja dignidade não era reconhecida. Colocada no rol dos bens do marido, ela se via privada da igualdade com o homem, o que não correspondente ao desejo do Criador. Por isso, Jesus viu-se forçado a opor-se a isso, pois isso era contrário ao projeto de seu Pai.
Para os israelitas, a lei de Moisés é todo o Pentateuco, uma lei que, em alguns pontos – ou melhor: em quase todos os pontos – estava sujeita a diversas interpretações, segundo as tendências ideológicas dos diversos grupos políticos e religiosos. O judaísmo recente, nos dias apostólicos, distante do período da religião profética, tornara o Código da Aliança uma “lei religiosa”, inaugurando o legalismo que chega aos nossos dias. Alguns eram extremamente rigorosos em sua interpretação, enquanto que outros eram mais liberais, outros mais moderados. Um caso muito em voga na época de Jesus e, certamente também na época das primeiras comunidades cristãs, era a questão do divórcio.
Afinal para Jesus a Lei não é absoluta como todos pensavam. Só a dureza de coração a justifica assim. Jesus passando ultrapassa o próprio Moisés e apela para o desígnio divino original: homem e mulher possuem igual dignidade. Diante de Deus, homem e mulher têm direitos e deveres iguais.
Na realidade, Jesus continua sustentando a igual dignidade da mulher, uma vez que o costume reivindicava dignidade somente para o varão. Os discípulos, machistas por formação cultural, atônitos, perplexos, sorvem a lição evangélica para a vida do homem e da mulher no Reino de Deus. A mulher vai-se libertando numa luta específica de anos e de séculos para superar a herança infernal de humilhação e desvalorização a qual foi submetida.
A triste herança da nossa cultura biblicista, influenciada pela moral judaico-cristã-muçulmana, é um fardo que vai exigir séculos para ser superada. A visão que tornou a mulher objeto de uso do macho, para seu deleite e aproveitamento, está enraizada em nossa sociedade e só será varrida do mapa com luta explícita, positiva, afirmativa, das mulheres e dos homens que se disponham a levar esta luta conjuntamente. Dignidade do homem, dignidade da mulher, uma só questão onde a reciprocidade é convocada por Jesus.
No campo da democracia com o exercício dos direitos humanos, tão recente, está a chave do igualitarismo pregado por Jesus. A sociedade contemporânea, apesar de ser sensível à igualdade de direitos da mulher, não consegue superar completamente as atitudes de machismo tão antigas como o próprio homem e a própria mulher. O Machismo em muitos casos é favorecido pela mesma mulher que não conhece, ou não quer conhecer seus direitos. Não os quer exercitar em liberdade. Às vezes tem-se a impressão de que a relação de propriedade privada, base fundamental do capitalismo, chegou também à relação matrimonial. Como cristãos e cristãs não podemos beber deste veneno e nem deixar que os nossos irmãos e irmãs continuem dele bebendo. Temos de fazer algo. Apeguemo-nos à mensagem de Jesus. Há uma longa jornada pela frente. Eu e você temos uma árdua tarefa. Mas tenho certeza de que no final tudo darás certo e a justiça trunfará.
Fonte https://homilia.cancaonova.com/
DIA 15 – SEXTA-FEIRA
10ª SEMANA COMUM
(verde – ofício do dia)
Muitas vezes encontramos a Deus nos lugares e da forma que menos esperamos. Fazer experiência dele requer refrear o egoísmo e cumprir profundamente as exigências de fidelidade no amor.
Evangelho: Mateus 5,27-32
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 27“Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. 28Eu, porém, vos digo, todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la já cometeu adultério com ela no seu coração. 29Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros do que todo o teu corpo ir para o inferno. 31Foi dito também: ‘Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio’. 32Eu, porém, vos digo, todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério”.
– Palavra da salvação.
Fonte https://www.paulus.com.br/
Reflexão - Evangelho: Mateus 5,27-32
«Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério»
+ Pare Josep LIÑÁN i Pla SchP
(Sabadell, Barcelona, Espanha)
Hoje Jesus continua aprofundando na exigência do Sermão da Montanha. Não muda a Lei, senão que lhe dá plenitude; por isso a sua observância é mais que um simples cumprimento de umas condições mínimas para tener em regra os papeis. Deus dá-nos a Lei do amor para chegar ao cume, mas nós procuramos sempre o modo de convertê-la na lei do mínimo esforço. Deus pede-nos muito…! Sim, mas também nos deu o máximo que pode dar, já que se deu a si mesmo.
Hoje, Jesus Cristo aponta alto ao manifestar a sua autoridade sobre o sexto e o nono mandamento, os preceitos que fazem referência à sexualidade e à pureza de pensamento. A sexualidade é uma linguagem humana para significar o amor e a aliança, pelo tanto, não pode ser banalizada, como tampouco podemos converter os outros em objetos de prazer. E nem tão só com o pensamento! Daqui esta afirmação tão severa de Jesus: « Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração» (Mt 5,28). É preciso, pois, cortar o mal de raiz e evitar pensamentos e ocasiões que nos levariam a obrar o que Deus aborrece; isto é o que querem indicar tais palavras, que podem parecer-nos radicais e exageradas, mas que os ouvintes de Jesus entendiam na sua expressividade: tira, corta, expulsa...
Finamente, a dignidade do matrimonio deve ser sempre protegida, pois faz parte do projeto de Deus para o homem e a mulher, para que no amor e na mutua doação se convertam numa só carne e ao mesmo tempo é signo e participação na Aliança de Cristo com a Igreja. O cristão não pode viver a relação homem-mulher nem a vida conjugal segundo o espírito mundano: «Não deveis crer que por haver escolhido o estado matrimonial vos é permitido continuar com uma vida mundana e abandonar-vos à ociosidade e à preguiça; ao contrario, por isso mesmo obriga-vos a trabalhar com maior esforço e a velar com mais cuidado pela vossa salvação» (São Basílio).
© evangeli.net Associació Cultural M&M Euroeditors |
HOMEM E MULHER IGUAIS EM DIGNIDADE Mt 5,27-32
HOMILIA
A exigência do Mestre recupera o respeito pela mulher, enquanto ser humano. O discípulo do Reino é exortado a olhar para a mulher do próximo com pureza de coração, sem se deixar envolver pelo desejo de possuí-la. Caso isto aconteça, infringirá o mandamento de Deus, a partir do momento em que consentir pensamentos libidinosos. Enquanto seus contemporâneos preocupavam-se com o ato exterior de adultério, Jesus preocupava-se com o ato interior, onde tem início o desrespeito ao mandamento divino.
Na visão de Jesus, a maneira como se encarava o 6º mandamento do Decálogo era insuficiente. E mais transpirava uma atitude machista, que considerava a mulher um objeto, uma coisa ou um móvel de casa. Daí que se considerava o adultério como uma espécie de injustiça cometida contra uma propriedade alheia, um atentado ao bem mais precioso de um homem: sua mulher.
Nesta mesma perspectiva, o casamento era uma transação de compra e venda, pela qual um homem adquiria uma mulher como esposa, a qual passava a fazer parte de seus bens. O respeito pela mulher do próximo, portanto, colocava-se no contexto de respeito ao conjunto de seus bens. Como já o referi à pouco, o mandamento assim interpretado fundava-se na coisificação da mulher, cuja dignidade não era reconhecida. Colocada no rol dos bens do marido, ela se via privada da igualdade com o homem, o que não correspondente ao desejo do Criador. Por isso, Jesus viu-se forçado a opor-se a isso, pois isso era contrário ao projeto de seu Pai.
Para os israelitas, a lei de Moisés é todo o Pentateuco, uma lei que, em alguns pontos – ou melhor: em quase todos os pontos – estava sujeita a diversas interpretações, segundo as tendências ideológicas dos diversos grupos políticos e religiosos. O judaísmo recente, nos dias apostólicos, distante do período da religião profética, tornara o Código da Aliança uma “lei religiosa”, inaugurando o legalismo que chega aos nossos dias. Alguns eram extremamente rigorosos em sua interpretação, enquanto que outros eram mais liberais, outros mais moderados. Um caso muito em voga na época de Jesus e, certamente também na época das primeiras comunidades cristãs, era a questão do divórcio.
Afinal para Jesus a Lei não é absoluta como todos pensavam. Só a dureza de coração a justifica assim. Jesus passando ultrapassa o próprio Moisés e apela para o desígnio divino original: homem e mulher possuem igual dignidade. Diante de Deus, homem e mulher têm direitos e deveres iguais.
Na realidade, Jesus continua sustentando a igual dignidade da mulher, uma vez que o costume reivindicava dignidade somente para o varão. Os discípulos, machistas por formação cultural, atônitos, perplexos, sorvem a lição evangélica para a vida do homem e da mulher no Reino de Deus. A mulher vai-se libertando numa luta específica de anos e de séculos para superar a herança infernal de humilhação e desvalorização a qual foi submetida.
A triste herança da nossa cultura biblicista, influenciada pela moral judaico-cristã-muçulmana, é um fardo que vai exigir séculos para ser superada. A visão que tornou a mulher objeto de uso do macho, para seu deleite e aproveitamento, está enraizada em nossa sociedade e só será varrida do mapa com luta explícita, positiva, afirmativa, das mulheres e dos homens que se disponham a levar esta luta conjuntamente. Dignidade do homem, dignidade da mulher, uma só questão onde a reciprocidade é convocada por Jesus.
No campo da democracia com o exercício dos direitos humanos, tão recente, está a chave do igualitarismo pregado por Jesus. A sociedade contemporânea, apesar de ser sensível à igualdade de direitos da mulher, não consegue superar completamente as atitudes de machismo tão antigas como o próprio homem e a própria mulher. O Machismo em muitos casos é favorecido pela mesma mulher que não conhece, ou não quer conhecer seus direitos. Não os quer exercitar em liberdade. Às vezes tem-se a impressão de que a relação de propriedade privada, base fundamental do capitalismo, chegou também à relação matrimonial. Como cristãos e cristãs não podemos beber deste veneno e nem deixar que os nossos irmãos e irmãs continuem dele bebendo. Temos de fazer algo. Apeguemo-nos à mensagem de Jesus. Há uma longa jornada pela frente. Eu e você temos uma árdua tarefa. Mas tenho certeza de que no final tudo darás certo e a justiça trunfará.
Fonte https://homilia.cancaonova.com/
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