sábado, 19 de março de 2016

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho - Procissão - Lc 19,28-40 - 20.03.2016 - Bendito o que vem em nome do Senhor.

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor
Quaresma
Cor: Vermelho

Evangelho - Procissão - Lc 19,28-40

Bendito o que vem em nome do Senhor.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 19,28-40

Naquele tempo:
28Jesus caminhava à frente dos discípulos,
subindo para Jerusalém.
29Quando se aproximou de Betfagé e Betânia,
perto do monte chamado das Oliveiras,
enviou dois de seus discípulos, dizendo:
30'Ide ao povoado ali na frente.
Logo na entrada encontrareis um jumentinho amarrado,
que nunca foi montado.
Desamarrai-o e trazei-o aqui.
31Se alguém, por acaso, vos perguntar:
'Por que desamarrais o jumentinho?',
respondereis assim: 'O Senhor precisa dele'.'
32Os enviados partiram e encontraram tudo
exatamente como Jesus lhes havia dito.
33Quando desamarravam o jumentinho,
os donos perguntaram:
'Por que estais desamarrando o jumentinho?'
34Eles responderam: 'O Senhor precisa dele.'
35E levaram o jumentinho a Jesus.
Então puseram seus mantos sobre o animal
e ajudaram Jesus a montar.
36E enquanto Jesus passava,
o povo ia estendendo suas roupas no caminho.
37Quando chegou perto da descida do monte das Oliveiras,
a multidão dos discípulos,
aos gritos e cheia de alegria,
começou a louvar a Deus
por todos os milagres que tinha visto.
38Todos gritavam:
'Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor!
Paz no céu e glória nas alturas!'
39Do meio da multidão, alguns dos fariseus
disseram a Jesus:
'Mestre, repreende teus discípulos!'
40Jesus, porém, respondeu: 'Eu vos declaro:
se eles se calarem, as pedras gritarão.'
Palavra da Salvação.

Evangelho - Lc 22,14-23,56

Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de sofrer.

Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas 22,14-23,56

14Quando chegou a hora,
Jesus pôs-se à mesa com os apóstolos
15e disse: 'Desejei ardentemente comer convosco
esta ceia pascal, antes de sofrer.
16Pois eu vos digo que nunca mais a comerei,
até que ela se realize no Reino de Deus'.
17Então Jesus tomou um cálice, deu graças e disse:
'Tomai este cálice e reparti entre vós;
18pois eu vos digo que, de agora em diante,
não mais bebereis do fruto da videira,
até que venha o Reino de Deus'.
Fazei isto em memória de mim.
19A seguir, Jesus tomou um pão, deu graças,
partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo:
'Isto é o meu corpo, que é dado por vós.
Fazei isto em memória de mim'.
20Depois da ceia,
Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo:
'Este cálice é a nova aliança no meu sangue,
que é derramado por vós'.
Mas ai daquele por meio de quem o Filho do Homem é entregue.
21'Todavia, a mão de quem me vai entregar
está comigo, nesta mesa.
22Sim, o Filho do Homem vai morrer,
como está determinado.
Mas ai daquele homem por meio de quem ele é entregue.'
23Então os apóstolos começaram a perguntar uns aos outros
qual deles haveria de fazer tal coisa.
Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve.
24Houve também uma discussão entre eles
sobre qual deles deveria ser considerado o maior.
25Jesus, porém, lhes disse:
'Os reis das nações dominam sobre elas,
e os que têm poder se fazem chamar benfeitores.
26Entre vós, não deve ser assim. Pelo contrário,
o maior entre vós seja como o mais novo,
e o que manda, como quem está servindo.
27Afinal, quem é o maior:
quem está sentado à mesa, ou quem está servindo?
Não é quem está sentado à mesa?
Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve.
28Vós ficastes comigo em minhas provações.
29Por isso, assim como o meu Pai me confiou o Reino,
eu também vos confio o Reino.
30Vós havereis de comer e beber à minha mesa no meu
Reino, e sentar-vos em tronos
para julgar as doze tribos de Israel.
Tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos.
31Simão, Simão! Olha que Satanás pediu permissóo
para vos peneirar como trigo.
32Eu, porém, rezei por ti, para que tua fé não se apague.
E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos.'
33Mas Simão disse: 'Senhor, eu estou pronto
para ir contigo até mesmo à prisão e à morte!'
34Jesus, porém, respondeu:
'Pedro, eu te digo que hoje, antes que o galo cante,
três vezes tu negarás que me conheces.'
É preciso que se cumpra em mim a palavra da Escritura.
35E Jesus lhes perguntou: 'Quando vos enviei sem bolsa,
sem sacola, sem sandálias, faltou-vos alguma coisa?'
Eles responderam: 'Nada.'
36Jesus continuou: 'Agora, porém,
quem tiver bolsa, deve pegá-la;
do mesmo modo, quem tiver uma sacola;
e quem não tiver espada,
venda o manto para comprar uma.
37Porque eu vos digo:
É preciso que se cumpra em mim a palavra da Escritura:
`Ele foi contado entre os malfeitores'.
Pois o que foi dito a meu respeito tem de se realizar.'
38Mas eles disseram: 'Senhor, aqui estão duas espadas.'
Jesus respondeu: 'Basta.'
Tomado de angústia, Jesus rezava com mais insistência.
39Jesus saiu e, como de costume,
foi para o monte das Oliveiras.
Os discípulos o acompanharam.
40Chegando ao lugar, Jesus lhes disse:
'Orai para não entrardes em tentação.'
41Então afastou-se a uma certa distância
e, de joelhos, começou a rezar:
42'Pai, se queres, afasta de mim este cálice;
contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua!'
43Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava.
44Tomado de angústia, Jesus rezava com mais insistência.
Seu suor tornou-se como gotas de sangue
que caíam no chão.
45Levantando-se da oração,
Jesus foi para junto dos discípulos
e encontrou-os dormindo, de tanta tristeza.
46E perguntou-lhes: 'Por que estais dormindo?
Levantai-vos e orai para não entrardes em tentação.'
udas, com um beijo tu entregas o Filho do Homem?
47Jesus ainda falava, quando chegou uma multidão.
Na frente, vinha um dos Doze, chamado Judas,
que se aproximou de Jesus para beijá-lo.
48Jesus lhe disse:
'Judas, com um beijo tu entregas o Filho do Homem?'
49Vendo o que ia acontecer,
os que estavam com Jesus disseram:
'Senhor, vamos atacá-los com a espada?'
50E um deles feriu o empregado do Sumo Sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita.
51Jesus, porém, ordenou: 'Deixai, basta!'
E tocando a orelha do homem, o curou.
52Depois Jesus disse aos sumos sacerdotes,
aos chefes dos guardas do templo e aos ancióos,
que tinham vindo prendê-lo:
'Vós saístes com espadas e paus,
como se eu fosse um ladrão?
53Todos os dias eu estava convosco no templo,
e nunca levantastes a mão contra mim.
Mas esta é a vossa hora, a hora do poder das trevas.'
Pedro saiu para fora e chorou amargamente.
54Eles prenderam Jesus e o levaram,
conduzindo-o à casa do Sumo Sacerdote.
Pedro acompanhava de longe.
55Eles acenderam uma fogueira no meio do pátio
e sentaram-se ao redor.
Pedro sentou-se no meio deles.
56Ora, uma criada viu Pedro sentado perto do fogo;
encarou-o bem e disse:
'Este aqui também estava com ele!'
57Mas Pedro negou: 'Mulher, eu nem o conheço!'
58Pouco depois, um outro viu Pedro e disse:
'Tu também és um deles.'
Mas Pedro respondeu: 'Homem, não sou .'
59Passou mais ou menos uma hora, e um outro insistia:
'Certamente, este aqui também estava com ele,
porque é galileu!'
Mas Pedro respondeu:
60'Homem, não sei o que estás dizendo!'
Nesse momento,
enquanto Pedro ainda falava, um galo cantou.
61Então o Senhor se voltou e olhou para Pedro.
E Pedro lembrou-se da palavra
que o Senhor lhe tinha dito:
'Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás.'
62Então Pedro saiu para fora e chorou amargamente.
Profetiza quem foi que te bateu?
63Os guardas caçoavam de Jesus e espancavam-no;
64cobriam o seu rosto e lhe diziam:
'Profetiza quem foi que te bateu?'
65E o insultavam de muitos outros modos.
Levaram Jesus ao tribunal deles.
66Ao amanhecer, os anciãos do povo,
os sumos sacerdotes e os mestres da Lei
reuniram-se em conselho
e levaram Jesus ao tribunal deles.
67E diziam: 'Se és o Cristo, dize-nos!' Jesus respondeu:
'Se eu vos disser, não me acreditareis,
68e, se eu vos fizer perguntas, não me respondereis.
69Mas, de agora em diante, o Filho do Homem
estará sentado à direita do Deus Poderoso.'
70Então todos perguntaram:
'Tu és, portanto, o Filho de Deus?'
Jesus respondeu:
'Vós mesmos estais dizendo que eu sou!'
71Eles disseram:
'Será que ainda precisamos de testemunhas?
Nós mesmos o ouvimos de sua própria boca!'
23,1Em seguida, toda a multidóo se levantou
e levou Jesus a Pilatos.
Não encontro neste homem nenhum crime.
2Começaram então a acusá-lo, dizendo:
'Achamos este homem
fazendo subversão entre o nosso povo,
proibindo pagar impostos a César
e afirmando ser ele mesmo Cristo, o Rei.'
3Pilatos o interrogou: 'Tu és o rei dos judeus?'
Jesus respondeu, declarando: 'Tu o dizes!'
4Então Pilatos disse aos sumos sacerdotes e à multidão:
'Não encontro neste homem nenhum crime.'
5Eles, porém, insistiam: 'Ele agita o povo,
ensinando por toda a Judéia,
desde a Galiléia, onde começou, até aqui.'
6Quando ouviu isto, Pilatos perguntou:
'Este homem é galileu?'
7Ao saber que Jesus estava sob a autoridade de Herodes,
Pilatos enviou-o a este,
pois também Herodes estava em Jerusalém naqueles dias.
Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com desprezo.
8Herodes ficou muito contente ao ver Jesus,
pois havia muito tempo desejava vê-lo.
Já ouvira falar a seu respeito
e esperava vê-lo fazer algum milagre.
9Ele interrogou-o com muitas perguntas.
Jesus, porém, nada lhe respondeu.
10Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei
estavam presentes e o acusavam com insistência.
11Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com desprezo,
zombou dele, vestiu-o com uma roupa vistosa
e mandou-o de volta a Pilatos.
12Naquele dia Herodes e Pilatos
ficaram amigos um do outro, pois antes eram inimigos.
Pilatos entregou Jesus à vontade deles.
13Entóo Pilatos convocou os sumos sacerdotes,
os chefes e o povo, e lhes disse:
14'Vós me trouxestes este homem
como se fosse um agitador do povo.
Pois bem! Já o interroguei diante de vós
e nóo encontrei nele
nenhum dos crimes de que o acusais;
15nem Herodes, pois o mandou de volta para nós.
Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte.
16Portanto, vou castigá-lo e o soltarei.
18Toda a multidão começou a gritar:
'Fora com ele! Solta-nos Barrabás!'
19Barrabás tinha sido preso
por causa de uma revolta na cidade e por homicídio.
20Pilatos falou outra vez à multidão,
pois queria libertar Jesus.
21Mas eles gritavam: 'Crucifica-o! Crucifica-o!'
22E Pilatos falou pela terceira vez:
'Que mal fez este homem?
Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte.
Portanto, vou castigá-lo e o soltarei.'
23Eles, porém, continuaram a gritar com toda a força,
pedindo que fosse crucificado.
E a gritaria deles aumentava sempre mais.
24Então Pilatos decidiu
que fosse feito o que eles pediam.
25Soltou o homem que eles queriam
- aquele que fora preso por revolta e homicídio -
e entregou Jesus à vontade deles.
Filhas de Jerusalém, não choreis por mim!
26Enquanto levavam Jesus,
pegaram um certo Simão, de Cirene,
que voltava do campo,
e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus.
27Seguia-o uma grande multidão do povo
e de mulheres que batiam no peito e choravam por ele.
28Jesus, porém, voltou-se e disse:
'Filhas de Jerusalém, nóo choreis por mim!
Chorai por vós mesmas e por vossos filhos!
29Porque dias virão em que se dirá:
'Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos,
os ventres que nunca deram à luz
e os seios que nunca amamentaram'.
30Entóo começarão a pedir às montanhas:
'Caí sobre nós! e às colinas: 'Escondei-nos!'
31Porque, se fazem assim com a árvore verde,
o que não farão com a árvore seca?'
32Levavam também outros dois malfeitores
para serem mortos junto com Jesus.
Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!
33Quando chegaram ao lugar chamado 'Calvário',
ali crucificaram Jesus e os malfeitores:
um à sua direita e outro à sua esquerda.
34Jesus dizia: 'Pai, perdoa-lhes!
Eles não sabem o que fazem!'
Depois fizeram um sorteio,
repartindo entre si as roupas de Jesus.
Este é o Rei dos Judeus.
35O povo permanecia lá, olhando.
E até os chefes zombavam, dizendo:
'A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo,
se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!'
36Os soldados também caçoavam dele;
aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre,
37e diziam: 'Se és o rei dos judeus,
salva-te a ti mesmo!'
38Acima dele havia um letreiro:
'Este é o Rei dos Judeus.'
Hoje estarás comigo no Paraíso.
39Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo:
'Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!'
40Mas o outro o repreendeu, dizendo:
'Nem sequer temes a Deus,
tu que sofres a mesma condenação?
41Para nós, é justo,
porque estamos recebendo o que merecemos;
mas ele não fez nada de mal.'
42E acrescentou: 'Jesus, lembra-te de mim,
quando entrares no teu reinado.'
43Jesus lhe respondeu: 'Em verdade eu te digo:
ainda hoje estarás comigo no Paraíso.'
Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.
44Já era mais ou menos meio-dia
e uma escuridão cobriu toda a terra
até às três horas da tarde,
45pois o sol parou de brilhar.
A cortina do santuário rasgou-se pelo meio,
46e Jesus deu um forte grito:
'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.'
Dizendo isso, expirou.
Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.
47O oficial do exército romano viu o que acontecera
e glorificou a Deus dizendo:
'De fato! Este homem era justo!'
48E as multidões, que tinham acorrido para assistir,
viram o que havia acontecido,
e voltaram para casa, batendo no peito.
49Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres
que o acompanhavam desde a Galiléia,
ficaram à distância, olhando essas coisas.
José colocou o corpo de Jesus num túmulo escavado na rocha.
50Havia um homem bom e justo, chamado José,
membro do Conselho,
51o qual não tinha aprovado a decisão
nem a ação dos outros membros.
Ele era de Arimatéia, uma cidade da Judéia,
e esperava a vinda do Reino de Deus.
52José foi ter com Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
53Desceu o corpo da cruz, enrolou-o num lençol
e colocou-o num túmulo escavado na rocha,
onde ninguém ainda tinha sido sepultado.
54Era o dia da preparação da Páscoa,
e o sábado já estava começando.
55As mulheres, que tinham vindo da Galiléia com Jesus,
foram com José, para ver o túmulo
e como o corpo de Jesus ali fora colocado.
56Depois voltaram para casa
e prepararam perfumes e bálsamos.
E, no sábado, elas descansaram,
conforme ordenava a Lei.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB


Reflexão -
Domingo de Ramos

Com a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, a Igreja abre a Semana Santa. No Evangelho ( Lc 23,1-49)   vemos que o cortejo organizou-se rapidamente. Jesus faz a sua entrada em Jerusalém, como Messias, montado num burrinho, conforme havia sido profetizado muitos séculos antes (Zac. 9,9). Jesus aceita a homenagem, e quando os fariseus, que também conheciam as profecias, tentaram sufocar aquelas manifestações de fé e alegria, o Senhor disse-lhes: “Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19, 40).

Nossa celebração de hoje inicia-se com o Hosana! E culmina no crucifica-o! Mas este não é um contrassenso; é, antes, o coração do mistério. O mistério que se quer proclamar é este: Jesus se entregou voluntariamente a sua Paixão; não se sentiu esmagado por forças maiores do que Ele (Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade: Jo 10,18); foi Ele que, perscrutando a vontade do Pai, compreendeu que havia chegado a hora e a acolheu com a obediência livre do filho e com infinito amor para os homens: “… sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

Hoje Jesus quer também entrar triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria humilde: quer que demos testemunho d’Ele com a simplicidade do nosso trabalho bem feito, com a nossa alegria, com a nossa serenidade, com a nossa sincera preocupação pelos outros. Quer fazer-se presente em nós através das circunstâncias do viver humano.

Naquele cortejo triunfal, quando Jesus vê a cidade de Jerusalém, chora! Jesus vê como Jerusalém se afunda no pecado, na ignorância e na cegueira. O Senhor vê como virão outros dias que já não serão como estes, um dia de alegria e de salvação, mas de desgraça e ruína. Poucos anos depois a cidade será arrasada. Jesus chora a impenitência de Jerusalém. Como são eloquentes estas lágrimas de Cristo.

O Concílio Vaticano II, G.S,nº 22, diz: De certo modo, o próprio Filho de Deus se uniu a cada homem pela sua Encarnação. Trabalhou com mãos humanas, pensou com mente humana, amou com coração de homem. Nascido de Maria Virgem, fez-se verdadeiramente um de nós, igual a nós em tudo menos no pecado. Cordeiro inocente, mereceu-nos a vida derramando livremente o seu sangue, e n’Ele o próprio Deus nos reconciliou consigo e entre nós mesmos e nos arrancou da escravidão do demônio e do pecado, e assim cada um de nós pode dizer com o Apóstolo: “Ele me amou e se entregou por mim (Gal. 2,20)”.

A história de cada homem é a história da contínua solicitude de Deus para com ele. Cada homem é objeto da predileção do Senhor. Jesus tentou tudo com Jerusalém, e a cidade não quis abrir as portas à misericórdia. É o profundo mistério da liberdade humana, que tem a triste possibilidade de rejeitar a graça divina.

Como é que estamos correspondendo às inúmeras instâncias do Espírito Santo para que sejamos santos no meio das nossas tarefas, no nosso ambiente? Quantas vezes em cada dia dizemos sim a Deus e não ao egoísmo à preguiça, a tudo o que significa falta de amor, mesmo em pormenores insignificantes?

A entrada triunfal de Jesus foi bastante efêmera para muitos. Os ramos verdes murcharam rapidamente. O hosana entusiástico transformou-se, cinco dias mais tarde, num grito furioso: Crucifica-o! Por que foi tão brusca a mudança, por que tanta inconsistência?

São Bernardo comenta: “Como eram diferentes umas vozes e outras! Fora, fora, crucifica-o e bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas! Como são diferentes as vozes que agora o aclamam  Rei de Israel e dentro de poucos dias dirão: Não temos outro rei além de César! Como são diferentes os ramos verdes e a Cruz, as flores e os espinhos! Àquele a quem antes estendiam as próprias vestes, dali a pouco o despojam das suas e lançam a sorte sobres elas.”

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém pede-nos coerência e perseverança,aprofundamento da nossa fidelidade, para que os nossos propósitos não sejam luz que brilha momentaneamente e logo se apaga. Muito dentro do nosso coração, há profundos contrastes: somos capazes do melhor e do pior. Se queremos ter em nós a vida divina, triunfar com Cristo, temos de ser constantes e matar pela penitência o que nos afasta de Deus e nos impede de acompanhar o Senhor até a Cruz.

A Igreja nos lembra que a entrada triunfal vai perpassar todos os passos da Paixão de Cristo. Terminada a procissão mergulha-se no mistério da Paixão de Jesus Cristo: Em Is 50 4-7 descreve o Servo sofredor, na esperança da vitória final. Vemos nele a própria pessoa de Jesus Cristo. Em Fl 2,6-11 temos a chave principal de todo o mistério deste Domingo de Ramos: Jesus humilhou-se e por isso Deus o exaltou! No texto de  Mc 15,1-39, somos chamados a contemplar a PAIXÃO e a MORTE de Jesus. Que durante a Semana Santa possamos tirar muitos frutos da meditação da Paixão de Cristo. Que em primeiro lugar tenhamos aversão ao pecado; possamos avivar o nosso amor e afastar a tibieza!

Cabe a nós escolher com que atitude queremos entrar na história da Paixão de Cristo: com a atitude de Cirineu, que se coloca ao lado de Jesus, ombro a ombro, para carregar com Ele o peso da cruz; com a atitude das mulheres que choram, do centurião que bate no peito e de Maria que fica silenciosa ao pé da cruz; ou se queremos entrar com a atitude de Judas, de Pedro, de Pilatos e daqueles que “olham de longe” para ver como irá terminar aquele episódio.

Toda nossa vida é, em certo sentido, uma “semana santa” se a vivemos com coragem e fé, na espera do “oitavo dia” que é o grande Domingo do repouso e da glória eterna.

Neste tempo, Jesus nos repete o convite que dirigiu a seus discípulos no Horto das Oliveiras: “Ficai aqui e vigiai comigo” (Mc 14, 34; Mt 26,38).
Mons. José Maria Pereira


JESUS ENTRA EM JERUSALÉM Lc 19,28-40
HOMILIA

Durante 40 dias e 40 noites nos preparamos para este momento, ou seja, para entrarmos com Jesus em Jerusalém. Devemos segui-lo com ramos nas mãos. Hoje, com esta solene liturgia, damos inicio a Semana Santa, centro do grande acontecimento de nossa fé: o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, o Cristo que, a preço de sangue, nos resgata para o Pai: morrendo, vence a morte e, com sua ressurreição, nos dá a vida. Como cristãos temos a liberdade de participar deste mistério... Venha! Entremos triunfantes com Jesus em Jerusalém.
Reunimo-nos para ir ao encontro de Cristo que vem. Acolhemos colocando, não ramos ou mantos, mas nos prostramos para receber o Verbo de Deus que se aproxima. Não há diferença espiritual no fato ocorrido e em nossa celebração. Levantamos nossos ramos espirituais. A liturgia de Ramos tem o momento festivo e a narrativa da Paixão. Pela Paixão chegamos à glória.
Nos reunimo-nos para ir ao encontro de Cristo que vem. Não se trata de uma celebração em que recordamos um acontecimento. Fazemos memória, isto é, vivemos o mesmo mistério na celebração. Acolhemos Cristo. S. Gregório de Creta, pelos anos 700, prega que devemos ir ao encontro de Cristo no monte das Oliveiras... imitemos os que foram a seu encontro não para estendermos os ramos de oliveira a sua frente... mas para nos prostrar-nos a seus pés, com humildade e retidão de espírito a fim de receber o Verbo de Deus que se aproxima, e acolher aquele Deus”. Nas celebrações da Semana Santa não há diferença entre o que ocorreu no momento histórico e o que vivemos na fé. Por isso, digamos levantando os ramos espirituais: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Em todas as missas nós repetimos estas palavras para significar que Ele sempre vem ao nosso encontro e nós O acolhemos com alegria.
A liturgia do dia tem dois momentos: o alegre e festivo da procissão e o doloroso da narrativa da Paixão. Pela Paixão chegamos à glória. Jesus entra em Jerusalém como o rei prometido e o povo O identifica. Jesus entra em confronto com os fariseus que dizem: Mestre, repreende teus discípulos!. Ao que responde: Se eles se calarem as pedras gritarão. A solenidade de Ramos interessa para o mundo de hoje. Tenhamos segurança que toda essa pressão contra Cristo, significa sua importância, do contrário, não teria tantos inimigos. Por isso: “Bendito o que vem”!
A Semana Santa é uma escola para conhecer Jesus. Jesus é o exemplo de humildade e obediência. Jesus era aberto ao Pai. O sentido da humildade é o entendimento da Paixão. Ele se abaixou ao extremo humilhando-se até à morte de Cruz. Sua humildade se manifesta no serviço. Ele passa pelo abandono total. Sua morte é um serviço que leva à glorificação.
A entrada de Jesus em Jerusalém ilumina a Paixão que não é o fim, mas o meio de chegar à glorificação. No mundo há oposição a Jesus. Não podemos perder de vista que Cristo venceu e tudo será submetido a seu domínio. Mesmo entre os opositores há semente do Evangelho que Ele plantou. Por isso dobramos os joelhos. No abandono lamentamos, mas creiamos na glória que se aproxima.
Espírito de justiça, que a contemplação da morte de Jesus me torne sensível às injustiças que, ainda hoje, se cometem contra tantos inocentes.
Fonte PADRE BANTU MENDONÇA KATCHIPWI SAYLA

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