sexta-feira, 11 de abril de 2014

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 26,14-27,66 - 13/04/2014 - O que me dareis se vos entregar Jesus?

Pai,
ajuda-me a descobrir,
na morte de Jesus,
um testemunho consumado
de sua liberdade,
e de fidelidade a ti e ao teu Reino.
Vermelho. Domingo de Ramos da Paixão do Senhor Quaresma

Evangelho - Mt 26,14-27,66

+ Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus 26,14-27,66

O que me dareis se vos entregar Jesus?

Naquele tempo:
14Um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes,
foi ter com os sumos sacerdotes
15e disse: 'O que me dareis se vos entregar Jesus?'
Combinaram, então, trinta moedas de prata.
16E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade
para entregar Jesus.

Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?

17No primeiro dia da festa dos Ázimos,
os discípulos aproximaram-se de Jesus
e perguntaram: 'Onde queres que façamos os preparativos
para comer a Páscoa?'
18Jesus respondeu: 'Ide à cidade,
procurai certo homem e dizei-lhe:
'O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo,
vou celebrar a Páscoa em tua casa,
junto com meus discípulos'.'
19Os discípulos fizeram como Jesus mandou
e prepararam a Páscoa.

Um de vós vai me trair.

20Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa
com os doze discípulos.
21Enquanto comiam, Jesus disse:
'Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair.'
22Eles ficaram muito tristes
e, um por um, começaram a lhe perguntar:
'Senhor, será que sou eu?'
23Jesus respondeu:
'Quem vai me trair é aquele
que comigo põe a mão no prato.
24O Filho do Homem vai morrer,
conforme diz a Escritura a respeito dele.
Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem!
Seria melhor que nunca tivesse nascido!'
25Então Judas, o traidor, perguntou:
'Mestre, serei eu?'
Jesus lhe respondeu: 'Tu o dizes.'

Isto é o meu corpo. Isto é o meu sangue.

26Enquanto comiam, Jesus tomou um pão
e, tendo pronunciado a bênção,
partiu-o, distribuiu-o aos discípulos,
e disse: 'Tomai e comei, isto é o meu corpo.'
27Em seguida, tomou um cálice,
deu graças e entregou-lhes, dizendo:
'Bebei dele todos.
28Pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança,
que é derramado em favor de muitos,
para remissão dos pecados.
29Eu vos digo: de hoje em diante
não beberei deste fruto da videira,
até ao dia em que, convosco, beberei o vinho novo
no Reino do meu Pai.'
30Depois de terem cantado salmos,
foram para o monte das Oliveiras.

Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão.

31Então Jesus disse aos discípulos:
'Esta noite,
vós ficareis decepcionados por minha causa.
Pois assim diz a Escritura: 'Ferirei o pastor
e as ovelhas do rebanho se dispersarão.'
32Mas, depois de ressuscitar,
eu irei à vossa frente para a Galiléia.'
33Disse Pedro a Jesus:
'Ainda que todos fiquem decepcionados por tua causa,
eu jamais ficarei.'
34Jesus lhe declarou:
'Em verdade eu te digo, que, esta noite,
antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.'
35Pedro respondeu:
'Ainda que eu tenha de morrer contigo,
mesmo assim não te negarei.'
E todos os discípulos disseram a mesma coisa.

Começou a ficar triste e angustiado.

36Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani,
e disse: 'Sentai-vos aqui,
enquanto eu vou até ali para rezar!'
37Jesus levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu,
e começou a ficar triste e angustiado.
38Então Jesus lhes disse:
'Minha alma está triste até á morte.
Ficai aqui e vigiai comigo!'
39Jesus foi um pouco mais adiante,
prostrou-se com o rosto por terra e rezou:
'Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice.
Contudo, não seja feito como eu quero,
mas sim como tu queres.'
40Voltando para junto dos discípulos,
Jesus encontrou-os dormindo, e disse a Pedro:
'Vós não fostes capazes de fazer
uma hora de vigília comigo?
41Vigiai e rezai, para não cairdes em tentação;
pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca.'
42Jesus se afastou pela segunda vez e rezou:
'Meu Pai, se este cálice não pode passar
sem que eu o beba, seja feita a tua vontade!'
43Ele voltou de novo e encontrou os discípulos dormindo,
porque seus olhos estavam pesados de sono.
44Deixando-os, Jesus afastou-se e rezou pela terceira
vez, repetindo as mesmas palavras.
45Então voltou para junto dos discípulos e disse:
'Agora podeis dormir e descansar.
Eis que chegou a hora
e o Filho do Homem é entregue nas mãos dos pecadores.
46Levantai-vos! Vamos!
Aquele que me vai trair, já está chegando.'

Lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam.

47Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze,
com uma grande multidão armada de espadas e paus.
Vinham a mandado dos sumos sacerdotes
e dos anciãos do povo.
48O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo:
'Jesus é aquele que eu beijar; prendei-o!'
49Judas, logo se aproximou de Jesus, dizendo:
'Salve, Mestre!' E beijou-o.
50Jesus lhe disse:
'Amigo, a que vieste?'
Então os outros avançaram
lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam.
51Nesse momento, um dos que estavam com Jesus
estendeu a mão, puxou a espada,
e feriu o servo do Sumo Sacerdote,
cortando-lhe a orelha.
52Jesus, porém, lhe disse:
'Guarda a espada na bainha!
pois todos os que usam a espada pela espada morrerão.
53Ou pensas que eu não poderia recorrer ao meu Pai
e ele me mandaria logo mais de doze legiões de anjos?
54Então, como se cumpririam as Escrituras,
que dizem que isso deve acontecer?
55E, naquela hora, Jesus disse à multidão:
'Vós viestes com espadas e paus para me prender,
como se eu fosse um assaltante.
Todos os dias, no Templo, eu me sentava para ensinar,
e vós não me prendestes.'
56Porém, tudo isto aconteceu
para se cumprir o que os profetas escreveram.
Então todos os discípulos, abandonando Jesus, fugiram.

Vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso.

57Aqueles que prenderam Jesus
levaram-no à casa do Sumo Sacerdote Caifás,
onde estavam reunidos os mestres da Lei e os anciãos.
58Pedro seguiu Jesus de longe
até o pátio interno da casa do Sumo Sacerdote.
Entrou e sentou-se com os guardas
para ver como terminaria tudo aquilo.
59Ora, os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio
procuravam um falso testemunho contra Jesus,
a fim de condená-lo à morte.
60E nada encontraram,
embora se apresentassem muitas falsas testemunhas.
Por fim, vieram duas testemunhas,
61que afirmaram: 'Este homem declarou:
'posso destruir o Templo de Deus
e construí-lo de novo em três dias'.'
62Então o Sumo Sacerdote levantou-se
e perguntou a Jesus: 'Nada tens a responder
ao que estes testemunham contra ti?'
63Jesus, porém, continuava calado.
E o Sumo Sacerdote lhe disse:
'Eu te conjuro pelo Deus vivo
que nos digas se tu és o Messias, o Filho de Deus.'
64Jesus respondeu: 'Tu o dizes.
Além disso, eu vos digo que de agora em diante
vereis o Filho do Homem
sentado à direita do Todo-poderoso,
vindo sobre as nuvens do céu.'
65Então o sumo sacerdote rasgou suas vestes
e disse: 'Blasfemou!
Que necessidade temos ainda de testemunhas?
Pois agora mesmo vós ouvistes a blasfêmia.
66Que vos parece?' Responderam: 'É réu de morte!'
67Então cuspiram no rosto de Jesus e o esbofetearam.
Outros lhe deram bordoadas,
68dizendo: 'Faze-nos uma profecia, Cristo,
quem foi que te bateu?'

Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.

69Pedro estava sentado fora, no pátio.
Uma criada chegou perto dele e disse:
'Tu também estavas com Jesus, o Galileu!'
70Mas ele negou diante de todos:
'Não sei o que tu estás dizendo'.
71E saiu para a entrada do pátio.
Então uma outra criada viu Pedro
e disse aos que estavam ali:
'Este também estava com Jesus, o Nazareno.'
72Pedro negou outra vez, jurando:
'Nem conheço esse homem!'
73Pouco depois, os que estavam ali
aproximaram-se de Pedro e disseram:
'É claro que tu também és um deles,
pois o teu modo de falar te denuncia.'
74Pedro começou a maldizer e a jurar, dizendo
que não conhecia esse homem!'
E nesse instante o galo cantou.
75Pedro se lembrou do que Jesus tinha dito:
'Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.'
E saindo dali, chorou amargamente.

Entregaram Jesus a Pilatos, o governador.

27,1De manhã cedo,
todos os sumos sacerdotes e os anciãos do povo
convocaram um conselho contra Jesus,
para condená-lo à morte.
2Eles o amarraram, levaram-no
e o entregaram a Pilatos, o governador.

Não é lícito colocá-las no tesouro porque é preço de sangue.

3Então Judas, o traidor,
ao ver que Jesus fora condenado, ficou arrependido
e foi devolver as trinta moedas de prata
aos sumos sacerdotes e aos anciãos,
4dizendo:
'Pequei, entregando à morte um homem inocente.'
Eles responderam: 'O que temos nós com isso?
O problema é teu.'
5Judas jogou as moedas no santuário,
saiu e foi se enforcar.
6Recolhendo as moedas, os sumos sacerdotes disseram:
'É contra a Lei colocá-las no tesouro do Templo,
porque é preço de sangue.'
7Então discutiram em conselho
e compraram com elas o Campo do Oleiro,
para aí fazer o cemitério dos estrangeiros.
8É por isso que aquele campo até hoje
é chamado de 'Campo de Sangue'.
9Assim se cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias:
'Eles pegaram as trinta moedas de prata
- preço do Precioso,
preço com que os filhos de Israel o avaliaram -
10e as deram em troca do Campo do Oleiro,
conforme o Senhor me ordenou!'

Tu és o rei dos judeus?

11Jesus foi posto diante do governador,
e este o interrogou:
'Tu és o rei dos judeus?'
Jesus declarou: 'É como dizes',
12e nada respondeu, quando foi acusado
pelos sumos sacerdotes e anciãos.
13Então Pilatos perguntou:
'Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?'
14Mas Jesus não respondeu uma só palavra,
e o governador ficou muito impressionado.
15Na festa da Páscoa,
o governador costumava soltar o prisioneiro
que a multidão quisesse.
16Naquela ocasião, tinham um prisioneiro famoso,
chamado Barrabás.
17Então Pilatos perguntou à multidão reunida:
'Quem vós quereis que eu solte:
Barrabás, ou Jesus, a quem chamam de Cristo?'
18Pilatos bem sabia
que eles haviam entregado Jesus por inveja.
19Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal,
sua mulher mandou dizer a ele:
'Não te envolvas com esse justo! porque esta noite,
em sonho, sofri muito por causa dele.'
20Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos
convenceram as multidões para que pedissem Barrabás
e que fizessem Jesus morrer.
21O governador tornou a perguntar:
'Qual dos dois quereis que eu solte?'
Eles gritaram: 'Barrabás.'
22Pilatos perguntou: 'Que farei com Jesus,
que chamam de Cristo?'
Todos gritaram: 'Seja crucificado!'
23Pilatos falou: 'Mas, que mal ele fez?'
Eles, porém, gritaram com mais força:
'Seja crucificado!'
24Pilatos viu que nada conseguia
e que poderia haver uma revolta.
Então mandou trazer água,
lavou as mãos diante da multidão, e disse:
'Eu não sou responsável pelo sangue deste homem.
Este é um problema vosso!'
25O povo todo respondeu:
'Que o sangue dele caia sobre nós
e sobre os nossos filhos'.
26Então Pilatos soltou Barrabás,
mandou flagelar Jesus,
e entregou-o para ser crucificado.

Salve, rei dos judeus!

27Em seguida, os soldados de Pilatos
levaram Jesus ao palácio do governador,
e reuniram toda a tropa em volta dele.
28Tiraram sua roupa e o vestiram com um manto vermelho;
29depois teceram uma coroa de espinhos,
puseram a coroa em sua cabeça,
e uma vara em sua mão direita.
Então se ajoelharam diante de Jesus e zombaram,
dizendo:'Salve, rei dos judeus!'
30Cuspiram nele
e, pegando uma vara, bateram na sua cabeça.
31Depois de zombar dele,
tiraram-lhe o manto vermelho
e, de novo, o vestiram com suas próprias roupas.
Daí o levaram para crucificar.

Com ele também crucificaram dois ladrões.

32Quando saíam, encontraram um homem chamado Simão,
da cidade de Cirene,
e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus.
33E chegaram a um lugar chamado Gólgota,
que quer dizer 'lugar da caveira'.
34Ali deram vinho misturado com fel para Jesus beber.
Ele provou, mas não quis beber.
35Depois de o crucificarem,
fizeram um sorteio, repartindo entre si as suas vestes.
36E ficaram ali sentados, montando guarda.
37Acima da cabeça de Jesus
puseram o motivo da sua condenação:
'Este é Jesus, o Rei dos Judeus.'
38Com ele também crucificaram dois ladrões,
um à direita e outro à esquerda de Jesus.

Se és o Filho de Deus, desce da cruz!

39As pessoas que passavam por ali o insultavam,
balançando a cabeça e dizendo:
40'Tu que ias destruir o Templo
e construí-lo de novo em três dias,
salva-te a ti mesmo!
Se és o Filho de Deus, desce da cruz!'
41Do mesmo modo, os sumos sacerdotes,
junto com os mestres da Lei e os anciãos,
também zombaram de Jesus:
42'A outros salvou... a si mesmo não pode salvar!
É Rei de Israel... Desça agora da cruz!
e acreditaremos nele.
43Confiou em Deus; que o livre agora,
se é que Deus o ama!
Já que ele disse: Eu sou o Filho de Deus.'
44Do mesmo modo, também os dois ladrões
que foram crucificados com Jesus, o insultavam.

Eli, Eli, lamá sabactâni?

45Desde o meio-dia até às três horas da tarde,
houve escuridão sobre toda a terra.
46Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito:
'Eli, Eli, lamá sabactâni?',
que quer dizer: 'Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste?'
47Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o, disseram:
'Ele está chamando Elias!'
48E logo um deles, correndo, pegou uma esponja,
ensopou-a em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara,
e lhe deu para beber.
49Outros, porém, disseram:
'Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!'
50Então Jesus deu outra vez um forte grito
e entregou o espírito.

Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.

51E eis que a cortina do santuário
rasgou-se de alto a baixo, em duas partes,
a terra tremeu e as pedras se partiram.
52Os túmulos se abriram
e muito corpos dos santos falecidos ressuscitaram!
53Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus,
apareceram na Cidade Santa
e foram vistos por muitas pessoas.
54O oficial e os soldados
que estavam com ele guardando Jesus,
ao notarem o terremoto e tudo que havia acontecido,
ficaram com muito medo e disseram:
'Ele era mesmo Filho de Deus!'
55Grande número de mulheres estava alí, olhando de longe.
Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia,
prestando-lhe serviços.
56Entre elas estavam Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago e de José,
e a mãe dos filhos de Zebedeu.

José colocou o corpo de Jesus em um túmulo novo.

57Ao entardecer,
veio um homem rico de Arimatéia, chamado José,
que também se tornara discípulo de Jesus.
58Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
Então Pilatos mandou que lhe entregassem o corpo.
59José, tomando o corpo,
envolveu-o num lençol limpo,
60e o colocou em um túmulo novo,
que havia mandado escavar na rocha.
Em seguida, rolou uma grande pedra
para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se.
61Maria Madalena e a outra Maria
estavam ali sentadas, diante do sepulcro.

Tendes uma guarda. Ide, guardai o sepulcro como melhor vos parecer.

62No dia seguinte,
como era o dia depois da preparação para o sábado,
os sumos sacerdotes e os fariseus foram ter com
Pilatos,
63e disseram: 'Senhor, nós nos lembramos
de que quando este impostor ainda estava vivo, disse:
'Depois de três dias eu ressuscitarei!'
64Portanto, manda guardar o sepulcro até ao terceiro dia,
para não acontecer que os discípulos venham roubar o
corpo e digam ao povo: 'Ele ressuscitou dos mortos!'
pois essa última impostura seria pior do que a
primeira.'
65Pilatos respondeu: 'Tendes uma guarda.
Ide e guardai o sepulcro como melhor vos parecer.'
66Então eles foram reforçar a segurança do sepulcro:
lacraram a pedra e montaram guarda.
Palavra da Salvação
Fonte CNBB



REFLEXÃO
Jesus é o servo obediente de Deus.

Com o domingo de Ramos e da paixão do Senhor tem início a Semana Santa. Com a primeira e a segunda leituras, a ideia inicial a se ter presente é que Jesus é o servo obediente de Deus; obediência que o Senhor aprendeu pelo sofrimento. Toda a vida de Jesus é movida pela escuta de Deus, escuta que o sustentou ao longo de toda a sua vida; escuta que fez com que ele não esmorecesse diante da traição, do sofrimento e da morte. A segunda consideração nos vem do relato da paixão: Jesus é traído por um dos seus, que partilhou com ele a vida e a fé. Mas não somente um o traiu; todos os seus discípulos também o fizeram, pois negar e abandonar é também trair. Não tiveram a coragem de permanecer com o Senhor que eles diziam amar. Noutro evangelho, Pedro, porta-voz do grupo dos discípulos, dirá que a palavras de Jesus continham a vida eterna, lhes fazia experimentar a força da vida de Deus (cf. Jo 6,67-68). Mas naquele momento de dor não conseguiram permanecer fiéis àquele que era a Palavra encarnada do Pai. É do interior do próprio grupo dos discípulos que se dá a traição. Que dor pode ser maior que a traição e o abandono? A espada mais cortante do que a que feriu a orelha do servo do centurião é a traição, pois essa atinge a confiança, o coração. Uma terceira consideração é que Jesus é o inocente condenado injustamente à morte. A inveja é o motivo da condenação e morte de Jesus. A inveja não é racional; como toda paixão que afeta o coração do ser humano, ela é irracional. Dominado pela inveja, o ser humano age perversamente buscando eliminar quem quer que seja. Pilatos, diz o evangelho, sabia da inocência de Jesus e do motivo sórdido pelo qual ele foi entregue, mas por razões políticas a sua decisão partilhou da injustiça dos que acusavam e entregaram Jesus à morte. Na paixão, Jesus permanece praticamente calado. O silêncio do Senhor denuncia a maldade daqueles que o condenam à morte. O silêncio de Jesus revela também a sua compreensão de que no desfecho dramático da sua existência terrena se realiza o desígnio de Deus. O silêncio é sinal de sua entrega nas mãos do Pai. Jesus sofre, se angustia, mas nem uma coisa nem outra o faz desistir de realizar a vontade de Deus. Ao contrário, do alto da cruz, ele faz a sua entrega definitiva: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito”.

Fonte Carlos Alberto Contieri, sj – Paulinas



A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS 26,14-27,66
HOMILIA

Aqui começa a semana maior da nossa fé cristã. Nesta Semana Santa não só lembraremos um fato histórico do passado, mas celebraremos a presença viva de Cristo Jesus que padeceu, morreu e ressuscitou; e leva em frente toda a nossa comunidade cristã, pela presença do seu Divino Espírito Santo, até os dias de hoje.

Jesus entra triunfalmente em Jerusalém e o povo todo o acolhe: "Bendito aquele que vem como Rei em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!" E o Evangelho também fala solenemente da Paixão do Senhor.

A narração no Evangelho segundo São Mateus se estrutura através da sucessão de pequenos núcleos, carregados de significação e de importância para a vida cristã. Há uma introdução, composta pela “Unção em Betânia e a traição na Última Ceia” (Mt 26,1-19). Há também o núcleo central da “Paixão”, composto pela “Agonia no Getsemani” (Mt 26,30-56), pelo “Processo religioso e civil” (Mt 26,57-27,31) e pela “Crucificação e morte” (Mt 27,32-66).

Jesus é apresentado, desse modo, com toda sua humanidade, compartilhando a angústia e a dor dos homens frente à injustiça e à traição, sem, por isso, perder a serenidade de quem confia e espera em Deus - Ele é o “Servo Sofredor” que carrega o peso de toda humanidade, como havia anunciado o Profeta Isaías. Mateus apresenta Jesus, como o perfeito orante.

A ceia que precedeu essa dramática experiência indica que, apesar de tudo o que possa acontecer, Jesus permanecerá sempre presente entre os seus (Mt 26,29).

Por outro lado, o processo permite que Jesus enfrente ambas as autoridades: a civil e a religiosa, e proclame a sua máxima autoridade messiânica “Verão o Filho do Homem, sentado à direita de Deus poderoso, vir sobre as nuvens do céu” (Mt 26,64).

A Paixão de Jesus se toma assim, um desafio, um alerta para a vida de seus seguidores. Trata-se de um convite a optar pelos crucificados, pelos excluídos, pelos marginalizados da história, sempre lembrando que a justiça de Deus se inicia ali onde os homens sofrem a injustiça dos opressores.

O exemplo de Jesus é um terno apelo para que confiemos em Deus, apesar de tudo e contra tudo. Jesus nos ensina, com seus gestos de perdão e de reconciliação, que as adversidades não devem nos afastar de uma oração ardente, constante e confiante.

A cruz de Jesus é um convite para superarmos nossas opções egoístas e oferecer, doar ao irmão o melhor de nós mesmos, e, se for necessário, também nossa vida.

A sabedoria do homem é afirmação em si mesmo, servindo-se do outro, e o seu poder é possuir, dominar e exaltar-se. A sabedoria de Deus expressa em Jesus crucificado, é afirmação do outro mediante o extremo dom de si mesmo; seu poder é despojar-se de tudo, inclusive do próprio eu, abaixando-se até à morte de cruz.

Por isso a cruz de Jesus nos salva nos dá equilíbrio, nos faz viver bem em comunidade respeitando as diferenças de cada um. Jesus está em nossas cruzes, a Páscoa só será bem vivida se tivermos certeza que a cruz é sinal de libertação.

Boa caminhada para Cristo nossa Páscoa definitiva


Fonte Homilia Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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