Evangelho (Mateus 17,10-13)
Sábado, 15 de Dezembro de 2012
2ª Semana do Advento
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Ao descerem do monte, 10os discípulos perguntaram a Jesus:
“Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” 11Jesus
respondeu: “Elias vem e colocará tudo em ordem. 12Ora, eu vos digo: Elias já
veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que
quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. 13Então os
discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA 01
O cristão é testemunha de uma glória que passa pelo
sofrimento
Elias já veio ou não?
Os discípulos, fracos e sedentos da verdade, querem ser bem
informados de toda a doutrina obscura que diz respeito ao Mestre. Afinal, Elias
já veio ou não? Apesar de tudo o que tinham visto, eles queriam tirar dúvidas e
ter esclarecimento. A justificativa é simples: o diálogo entre os discípulos e
Jesus se dá ao descerem da montanha, após a transfiguração de Jesus. Na
transfiguração, Pedro, João e Tiago viram três homens: Moisés e Elias que
falavam com Jesus sobre o Reino. Diante disso, ficam confusos quando se deparam
com as passagens da Lei.
Agora, os discípulos querem ser esclarecidos sobre a vinda
de Elias como precursor do Messias, conforme a doutrina que receberam dos
escribas. Esta doutrina tradicional fundamenta-se no apêndice final do livro de
Malaquias (cf. Ml 3,23-24), segundo a qual Elias “fará voltar o coração dos
pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais…”. Seria o
estabelecimento da paz escatológica. Os escribas associavam Elias com o messias
davídico glorioso que esperavam. Ante esta preocupação dos discípulos, Jesus
retifica esta falsa expectativa.
E ao preparar seus seguidores para a missão que os espera,
Jesus quer convencê-los de que Ele é, deveras, o Messias que esperavam. Os
profetas falaram d’Ele e suas obras o atestam com extrema clareza: “Não
acreditais nas minhas palavras, acreditai apenas nas minhas obras, pois são
elas que dão testemunho de mim”.
Elias já veio na pessoa de João Batista, mas as elites
religiosas do Templo, em parceria com Herodes, o ignoraram e o assassinaram.
Este também será o futuro do Filho do Homem, como se autodenomina Jesus.
Identificando-se com João em seus maus-tratos e sofrimentos, Jesus distingue-se
do messias poderoso e glorioso. Essa previsão do sofrimento decorre do fato de
que o poder opressor não admite nada que ameace sua estabilidade e reage com
violência, empenhando-se na destruição daqueles que, colocando-se a serviço da
vida, dedicam-se à libertação dos pobres e oprimidos. Por isso, não nos devemos
escandalizar quando tais coisas acontecerem conosco.
O cristão é testemunha de Cristo, é aquele que O torna vivo
no mundo de hoje, aquele que julga as coisas mundanas e os acontecimentos da
vida, como Cristo os julga. Se o Filho do Homem se insere na linha dos profetas
sofredores, o discípulo, por sua vez, põe-se em seguimento a Ele. Não é maior
que o seu Mestre e deve ser, portanto, a testemunha de uma glória que passa
pelo sofrimento e transpõe a soleira da morte. Como poderia ser de outra forma,
desde o momento em que se aceita tomar parte em uma Eucaristia?
Quem comemora a Paixão e a Ressurreição do Senhor? Jesus,
convencendo os seus discípulos de que Elias já veio e os grandes não O
reconheceram como o Messias esperado para salvar o mundo dos pecados, quer
preparar-nos para a Missão. Esta deverá acarretar consigo sofrimentos,
perseguições e até o próprio martírio. É urgente que, corajosos e firmes na fé,
O tornemos conhecido e O levemos a todos os nossos irmãos e irmãos que ainda
não O reconheceram como seu Salvador.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
HOMILIA 02
Jesus fala de João
Batista
Neste texto de hoje Jesus esclarece a dúvida dos discípulos
e lhes revela profundamente que a profecia do profeta Malaquias tinha
anunciado: Eis que vos enviarei Elias, antes que chegue o dia de Iahweh, grande
e terrível. Ele fará voltar o coração dos pais para os filhos, e o coração dos
filhos para os pais, para que eu não venha ferir a terra com anátema (Ml 3,
23).
Era uma maneira simbólica de expressar que antes do Messias
chegar, Ele seria precedido por um último profeta (João Batista) que prepararia
sua chegada.
Por causa dessa passagem da Bíblia, os judeus aguardavam a
volta de Elias.
Os judeus achavam que Elias não tinha morrido, mas que fora
arrebatado ao céu (cf 2Rs 2, 11), e por isso voltaria à terra para revelar e
ungir o Messias.
Nos tempos de Cristo, que eram politicamente agitados, porque
Israel estava sob o império de Roma, o profeta Elias era esperado em Israel com
especial insistência.
Pois bem, Jesus respondeu que João Batista fez as vezes de
Elias por reproduzir as atitudes fortes de Elias. … ele converterá muitos dos
filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante de Deus com o espírito e
poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à
sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto ( Lc 1, 17).
Porque os profetas e a lei tiveram a palavra até João. E, se quereis
compreender, é ele o Elias que devia voltar. Quem tem ouvidos, ouça. ( Mt 11,
14-15).
O próprio João Batista negou claramente ser ele Elias,
quando os enviados dos judeus o interrogaram: Pois, então, quem és?,
perguntaram-lhe eles. És tu Elias? Disse ele: Não o sou. És tu o profeta? Ele
respondeu: Não. ( Jo 1, 21).
João Batista veio por fim à economia da Antiga Aliança,
tornando-se o sucessor do último dos profetas, Malaquias, cuja última predição
ele cumpriu.
À luz dessas explicações é que devemos entender o texto de
Mt 11, 14-15: Porque os profetas e a lei tiveram a palavra até João. E, se
quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar. Quem tem ouvidos, ouça.
Até porque naquele tempo João Batista já tinha sido morto
por Herodes. Portanto, deveria aparecer a Jesus na transfiguração do Tabor,
João Batista e não Elias se valesse a reencarnação, pois esta ensina que quando
o espírito se materializa sempre se apresenta na forma da última encarnação.
Donde se vê que João Batista não era a reencarnação de Elias. Mas simplesmente
o percussor d’Aquele que devia vir ao mundo, Jesus Cristo nosso Senhor.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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