Evangelho (Mateus 9,27-31)
Sexta-Feira, 7 de Dezembro de 2012
Santo Ambrósio
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 27partindo Jesus, dois cegos o seguiram,
gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi!” 28Quando Jesus entrou em casa,
os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou-lhes: “Vós acreditais que
eu posso fazer isso?”
Eles responderam: “Sim, Senhor”. 29Então Jesus tocou nos
olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. 30E os olhos deles se
abriram. Jesus os advertiu severamente: “Tomai cuidado para que ninguém fique
sabendo”. 31Mas eles saíram, e espalharam sua fama por toda aquela região.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Homilia
Jesus cura dois cegos
O local geográfico do episódio não é citado. Alguns
estudiosos das sagradas escrituras o situam em Cafarnaum, em vista de estar, em
Mateus, logo a seguir à ressurreição da filha de Jairo, e se dividem quanto à
“casa” a que se refere o narrador, que diz apenas “entrando em casa”. Todavia,
supõe-se, que seja na casa de Pedro, ou então na de Mateus. Ou ainda que Jesus
alugara um apartamento para si, independente, para ter a liberdade de movimento
indispensável a um ministério como o seu. E essa dedução é feita porque em Mat.
8:14 é dito “foi à casa de Pedro”, e em Mat. 13:1 “saiu de casa” ou “voltou a
casa” (Mat. 13:36 e 17:25). Logo é a “sua casa”. Não cremos haja Jesus
abandonado a casa de Pedro, nem para trocá-la por uma mais rica (a de Mateus),
nem para uma casa própria, onde teria o problema de quem lhe cuidasse das
coisas, o que não faltava, com todo o amor, na casa de Pedro, com as esposas
dele e de André, suas filhas e a própria sogra de Pedro, que fora curada por
Jesus.
Pela cronologia geralmente aceita, a cura foi efetuada na
Transjordânia, em sua estada depois da Festa da Dedicação.
Jesus passou os seus três anos de vida pública pregando o
Reino do Pai e operando milagres em benefício daquele povo que sofria muito,
por pertencer a uma classe desprivilegiada, muito pobre e excluída, por isso,
do convívio e costumes dos escribas e fariseus, descendentes do povo que Moisés
(enviado por Deus), tirou da escravidão que viviam no Egito por 400 anos, para
levá-los à terra prometida e que acabaram, depois de tantas alianças propostas
por Deus, vivendo como pagãos. Por isso Jesus veio, como extremo recurso, para
salvar aquele povo de “cabeça dura” e, nas suas andanças, Jesus não foi aceito
no meio daquela gente que até hoje espera pelo Messias, pelo Salvador que já
veio. Eles achavam que o salvador deveria ser um grande, forte e poderoso
homem, que chegaria montado num belo cavalo e que seria para eles o salvador
que Javé havia prometido aos seus antepassados, os quais viviam dentro de
esquemas cheios de leis, mais de 5000. Leis impostas aos pobres que não faziam
parte do convívio com os ricos, senhores e doutores das leis, que os
exploravam, massacravam, desprezavam e nem eram dignos de terem algum contato
com eles.
Um dia, Jesus passava pelas ruas e em determinado local
passa por dois cegos, à beira do caminho, que gritam chamando-lhe a atenção. Os
cegos acompanham Jesus “que vai saindo de lá”, e vão “gritando”, como são
sempre apresentados os cegos nos Evangelhos. O título “Filho de David”
designava o Messias (cfs. Salmo 17:23, etc) e já fora empregado pela Cananéia.
Não é plausível que eles soubessem que se tratava do Messias. Mais viável que,
desejando um favor, atribuíssem interessadamente, um título que honrava a
pessoa: bem David. É mais da psicologia humana, não só daquele tempo, como de
hoje: elogiar aquele de quem esperamos um favor.
Jesus primeiro pergunta se eles acreditam que Ele tenha a
força de fazer isso. A resposta é singela: “Sim, Senhor”, “meu senhor”. Em
resposta, Jesus lhes diz: “faça-se a vós segundo a vossa crença”, e lhes toca
os olhos, recuperando eles imediatamente a visão. Depois adverte-os, que
ninguém saiba. Mas bastava olharem para eles, para verificar que haviam
recuperado a visão, e eles tornam Jesus conhecido em toda a região.
Jesus chega até eles e lhes pergunta:- “Que quereis que vos
faça?” – “Que enxerguemos, Senhor! Tende piedade de nós!” Jesus coloca os dedos
em seus olhos e diz: “Então, que vejam!” E ficaram ambos curados. Saíram gritando
e glorificando a Deus pela graça recebida, por toda aquela região. Daí, Jesus,
com as Suas pregações e o Seu amor, começa a mudar a vida de muita gente que
passa a segui-lo como discípulos; passando da apatia que os dominava, para a
certeza em suas esperanças revividas por aquele homem que lhes falava ao
coração e lhes trazia a alegria do Senhor. Abriu-lhes os olhos para a realidade
das promessas feitas por Deus aos seus antepassados; que começava a ser
cumprida ali, em cada encontro. Abriu os olhos a todos que a Ele se achegaram:
os olhos do coração, os olhos da decência, os olhos da bondade, os olhos da
partilha, os olhos do perdão, da mesma forma que fez aos olhos dos cegos. O
povo que O ouvia foi crescendo, crescendo, que mesmo Ele sendo crucificado
todos assumiram o seu lugar na Sua vida. E, passado todo aquele tempo da missão
de Jesus, todos enxergaram limpidamente, com exceção dos que foram responsáveis
por sua morte e, que até hoje esperam o Messias, que já veio, chama-se Jesus e
vive no meio de nós, pelo seu Espírito Santo que Ele nos deixou como advogado e
defensor. Por isso, todos os dias e a cada Natal, nós, cristãos, fazemos
memória e trazemos Jesus à terra, para lhe demonstrarmos que O amamos, na
comemoração do Seu nascimento, apesar de sermos fracos, pequenos, mas lutadores
e perseverantes para chegarmos até o fim, para recebermos, através da Sua
extrema Misericórdia, o lugar no céu, que Ele prometeu a todos que vivessem os
Seus ensinamentos.
Pai, cura-me da cegueira que me impede de reconhecer a
presença de tua salvação na minha vida, realizada pela ação misericordiosa de
teu Filho Jesus.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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