quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: João 1,29-34 - 03.01.2026

  Liturgia Diária


3 – SÁBADO 

TEMPO DO NATAL ANTES DA EPIFANIA


(branco – ofício do dia)

“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”


Biblia Sacra – Vulgata Clementina

Cum autem venit plenitudo temporis, misit Deus Filium suum, factum ex muliere, factum sub lege,
ut eos, qui sub lege erant, redimeret, ut adoptionem filiorum reciperemus.
(Gal 4,4–5)


Quando a plenitude do tempo se abriu como um limiar,
Deus enviou o seu Filho,
nascido do seio da mulher,
assumido sob a Lei do mundo,

para libertar os que viviam sob o peso da Lei
e conduzi-los à graça mais alta:
que recebêssemos, não por mérito,
mas por amor,
a adoção como filhos.



Ecce Agnus Dei — Evangelium secundum Ioannem 1,29–34

29 Altera die vidit Ioannes Iesum venientem ad se et ait
Ecce Agnus Dei, ecce qui tollit peccatum mundi.
No dia seguinte, João viu Jesus aproximar-se e disse
Eis o Cordeiro de Deus, aquele que remove o pecado do mundo.

30 Hic est de quo dixi
Post me venit vir, qui ante me factus est
quia prior me erat.
É dele que eu disse
Depois de mim vem um homem que passou à minha frente
porque existia antes de mim.

31 Et ego nesciebam eum
sed ut manifestetur in Israel
propterea veni ego in aqua baptizans.
Eu não o conhecia
mas para que fosse revelado a Israel
vim batizando com água.

32 Et testimonium perhibuit Ioannes dicens
Quia vidi Spiritum descendentem quasi columbam de caelo
et mansit super eum.
E João deu testemunho dizendo
Vi o Espírito descer do céu como pomba
e permanecer sobre ele.

33 Et ego nesciebam eum
sed qui misit me baptizare in aqua
ille mihi dixit
Super quem videris Spiritum descendentem et manentem
hic est qui baptizat in Spiritu Sancto.
Eu não o conhecia
mas aquele que me enviou a batizar com água me disse
Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer
esse é quem batiza no Espírito Santo.

34 Et ego vidi
et testimonium perhibui
quia hic est Filius Dei.
Eu vi
e dou testemunho
este é o Filho de Deus.

Verbum Domini

Reflexão:
O olhar que reconhece não se apoia na aparência, mas na permanência.
O testemunho nasce quando o espírito aprende a esperar sem se impor.
Há uma ordem invisível que se revela apenas a quem permanece fiel ao chamado.
Nada precisa ser forçado quando o sentido verdadeiro se manifesta por si.
A firmeza interior não exige ruído, apenas retidão.
Quem vê com clareza aprende a agir sem dispersão.
O essencial não se anuncia pelo excesso, mas pela constância.
Assim, a verdade se confirma no silêncio de quem permanece.


Versículo mais importante:

Ecce Agnus Dei, ecce qui tollit peccatum mundi.
Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que remove o pecado do mundo. (Jo 1,29)


HOMILIA

O Cordeiro que Revela o Caminho Interior

Quando o olhar se alinha ao eterno, a presença que permanece dissolve a fragmentação do ser e reconduz a existência à sua forma original.

O Evangelho apresenta João como aquele que vê antes de explicar. Seu olhar não procura provar mas reconhecer. Ao apontar o Cordeiro de Deus ele não descreve um conceito mas revela uma presença que atravessa o visível e alcança o centro do ser. O Cordeiro não se impõe pela força nem pelo discurso. Ele se oferece como princípio de reconciliação entre o que o ser humano é e aquilo que é chamado a tornar se.

Quando João afirma que o Espírito permanece sobre Ele revela uma lei profunda da vida interior. Aquilo que desce apenas como visita não transforma. O que permanece gera forma ordem e direção. A evolução interior nasce dessa permanência silenciosa que educa o coração para a fidelidade ao bem reconhecido. Não se trata de impulso mas de maturação. O Espírito que permanece forma o ser por dentro como o tempo forma a semente no escuro da terra.

O testemunho de João é expressão de uma dignidade que não depende de posição ou reconhecimento externo. Ele sabe quem não é para que o Outro se manifeste. Essa consciência reta preserva a integridade da pessoa e a protege da dispersão. Assim também a família entendida como célula mater da existência humana nasce desse mesmo princípio. Um espaço onde a presença permanece onde o cuidado é constante e onde o amor forma sem violentar.

O Cordeiro que tira o pecado do mundo não age por substituição exterior mas por transformação interior. Ele remove aquilo que desintegra a alma e devolve unidade ao ser. Esse movimento gera uma responsabilidade silenciosa. Quem reconhece passa a viver segundo o que viu. A vida então deixa de ser reação e torna se resposta consciente ao chamado que habita o mais íntimo.

João vê e testemunha. Não retém para si o que lhe foi mostrado. A maturidade espiritual conduz a esse ponto onde a verdade reconhecida pede coerência. O caminho revelado no Jordão continua em cada interior que aceita ser purificado não pela negação do mundo mas pela retificação do olhar. Assim o Filho de Deus continua a ser reconhecido onde o Espírito encontra lugar para permanecer.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Eis o Cordeiro de Deus
Eis aquele que remove o pecado do mundo
João 1,29

Reconhecimento que antecede o discurso
A palavra de João nasce de um ver interior que antecede qualquer elaboração racional. Ao dizer Eis o Cordeiro de Deus ele não constrói uma definição mas indica uma realidade que se impõe por evidência. O reconhecimento verdadeiro surge quando o espírito se torna capaz de perceber a ordem que sustenta o real. Antes de explicar é preciso acolher. Esse acolhimento é um ato profundo do ser que se abre ao que o ultrapassa sem perder sua integridade.

O Cordeiro como princípio de recondução
A imagem do Cordeiro aponta para uma forma de agir que não violenta a estrutura da criação. Ele remove o pecado não por confronto externo mas por restauração interior. O pecado é entendido como desvio de finalidade como ruptura da unidade do ser consigo mesmo e com sua origem. O Cordeiro reconduz ao eixo. Ele devolve direção àquilo que se dispersou e reordena a existência segundo o seu sentido primeiro.

Remover não substituir
O verbo remover indica um movimento de libertação interior sem uso de imposição. Não se trata de transferir uma culpa mas de dissolver aquilo que obscurece a consciência. Quando o desvio é retirado o ser reencontra sua capacidade de aderir ao bem. Esse processo exige consentimento interior e maturidade espiritual. Nada é forçado porque a verdade atua por atração e não por coerção.

A permanência como sinal de autenticidade
No contexto do testemunho de João o que autentica o Filho é a permanência do Espírito. O que permanece forma estrutura e identidade. O que apenas passa não edifica. A vida espiritual cresce quando aprende a permanecer no que é verdadeiro mesmo quando não há sinais exteriores. Essa permanência gera estabilidade interior e prepara o ser para agir com retidão sem depender de impulsos passageiros.

Unidade restaurada e dignidade preservada
Ao remover o pecado o Cordeiro restaura a unidade interior da pessoa. Dessa unidade brota a dignidade que não depende de função ou reconhecimento externo. A pessoa unificada torna se capaz de gerar e sustentar vínculos autênticos. Assim também o núcleo familiar se estabelece como espaço de formação do ser onde a presença constante educa e orienta. A ordem interior precede qualquer ordem exterior.

Conclusão contemplativa
Eis o Cordeiro de Deus não é apenas uma proclamação histórica mas uma chave de leitura da realidade. Onde o ser aceita ser reconduzido à sua origem o desvio perde força e a vida reencontra forma. O testemunho de João continua atual porque aponta para um caminho de clareza interior onde ver precede agir e onde a verdade reconhecida transforma silenciosamente toda a existência.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

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terça-feira, 30 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: João 1,19-28- 02.01.2026

 Liturgia Diária


2 – SEXTA-FEIRA 

SANTOS BASÍLIO MAGNO E GREGÓRIO NAZIANZENO


BISPOS E DOUTORES DA IGREJA


(branco, pref. do Natal, p. ??, ou dos doutores – ofício da memória)


Ecclesiasticus (Sirácida) 44,14–15 — Vulgata Clementina

14. Corpora ipsorum in pace sepulta sunt,
et nomen eorum vivit in generationem et generationem.

15. Sapientiam ipsorum narrent populi,
et laudem eorum nuntiet ecclesia.


14. Seus corpos foram sepultados em paz,
e o seu nome vive de geração em geração.

15. Proclamem os povos a sabedoria dos santos,
e a Igreja anuncie os seus louvores.

 (Eclo 44,15.14).


Basílio e Gregório surgem da Capadócia como figuras de disciplina interior e amizade ordenada pela razão. Unidos pelo estudo, aprenderam que o bem da alma nasce da constância e da fidelidade ao logos. Um guiou comunidades com firmeza serena; o outro pensou o mistério com rigor contemplativo. Ambos viveram conforme a medida, indiferentes ao aplauso e atentos ao dever. A amizade tornou-se exercício de virtude, não refúgio emocional. Seus nomes permanecem porque viveram segundo princípios que não dependem do tempo: retidão, domínio de si, serviço ao que transcende o indivíduo e orientam a consciência à ordem universal imutável e perene.



Evangelium secundum Ioannem 1,19–28

  1. Et haec est testimonium Ioannis, quando miserunt ad eum Iudaei ab Ierusalem sacerdotes et Levitas, ut interrogarent eum: Tu quis es.
    E este é o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu.

  2. Et confessus est, et non negavit: et confessus est: Quia non sum ego Christus.
    E ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo.

  3. Et interrogaverunt eum: Quid ergo? Elias es tu? Et dixit: Non sum. Propheta es tu? Et respondit: Non.
    E perguntaram-lhe: Quem és então? És Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não.

  4. Dixerunt ergo ei: Quis es, ut responsum demus his qui miserunt nos? Quid dicis de teipso?
    Disseram-lhe então: Quem és, para que demos resposta aos que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?

  5. Ait: Ego vox clamantis in deserto: Dirigite viam Domini, sicut dixit Isaias propheta.
    Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.

  6. Et qui missi fuerant, erant ex pharisaeis.
    Os que tinham sido enviados eram dos fariseus.

  7. Et interrogaverunt eum, et dixerunt ei: Quid ergo baptizas, si tu non es Christus, neque Elias, neque propheta?
    E interrogaram-no e disseram-lhe: Por que batizas então, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?

  8. Respondit eis Ioannes, dicens: Ego baptizo in aqua: medius autem vestrum stetit, quem vos nescitis.
    João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água, mas no meio de vós está alguém que não conheceis.

  9. Ipse est, qui post me venturus est, qui ante me factus est: cuius ego non sum dignus ut solvam eius corrigiam calceamenti.
    Ele é aquele que vem depois de mim, mas que passou à minha frente, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália.

  10. Haec in Bethania facta sunt trans Iordanem, ubi erat Ioannes baptizans.
    Isto aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.

Verbum Domini

Reflexão:
A voz não se confunde com a origem do som.
Quem conhece o próprio lugar não disputa títulos.
A grandeza habita a medida justa do ser.
Há firmeza em quem não depende do reconhecimento externo.
O caminho se endireita quando o interior se ordena.
A presença silenciosa vale mais que a afirmação ruidosa.
Quem serve ao princípio não se coloca no centro.
Assim a consciência permanece íntegra diante do eterno.


Versiculo mais importante:

Ait: Ego vox clamantis in deserto: Dirigite viam Domini, sicut dixit Isaias propheta.

Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.(Jo 1,23)


HOMILIA

A Voz que Revela o Lugar do Ser

A grandeza do ser humano manifesta-se quando ele reconhece o seu lugar na ordem eterna e orienta a própria vida segundo a verdade que o transcende.

O Evangelho apresenta João como alguém que conhece o próprio lugar na ordem do real. Interrogado, ele não se apropria do que não lhe pertence. Há grandeza nessa recusa serena. Ele não é a fonte, é o sinal. Não é a luz, é a indicação do caminho. Assim se revela uma pedagogia interior na qual o ser humano amadurece ao reconhecer a verdade de si mesmo diante do Eterno.

João se define como voz. A voz existe para desaparecer depois de cumprir sua função. Ela não retém, não domina, não se impõe. Apenas desperta. Esse gesto aponta para um processo profundo de crescimento interior, no qual a consciência se alinha com aquilo que a transcende. Quando o interior se ordena, o caminho se torna reto sem violência e sem confusão.

No centro do texto está Aquele que já se encontra entre os homens e não é reconhecido. Essa presença silenciosa revela que o essencial não se impõe pelo ruído. Ele se manifesta na fidelidade ao princípio que sustenta tudo. Reconhecer essa presença exige vigilância interior, domínio de si e abertura da inteligência para o que é mais alto do que o imediato.

A dignidade da pessoa nasce dessa capacidade de permanecer fiel ao próprio chamado. João não se define por comparação nem por disputa. Sua identidade está enraizada na verdade. É esse mesmo fundamento que sustenta a família como célula mater da vida espiritual. No espaço da casa, aprende se a escuta, a transmissão do sentido e o respeito à ordem que precede cada geração.

A água do batismo simboliza o início de um processo. Ela indica passagem, purificação e disposição interior. Mas João aponta para algo maior. Existe uma transformação mais profunda que não depende de gestos exteriores, mas de um consentimento íntimo da alma àquilo que a chama pelo nome.

Essa homilia nos convida a uma vida conduzida pela medida justa. Quando o ser humano aceita não ocupar o centro, descobre uma força serena que o sustenta. Assim a existência se harmoniza com a ordem invisível e o caminho do Senhor se torna claro no interior de cada um.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Disse Eu sou a voz do que clama no deserto Endireitai o caminho do Senhor como disse o profeta Isaías Jo 1,23

A identidade como resposta ao chamado
A palavra de João não nasce do desejo de afirmação pessoal. Ela brota do reconhecimento de um chamado que o precede. Ao dizer que é voz ele afirma que sua existência encontra sentido quando se coloca a serviço de um princípio maior. A identidade verdadeira não se constrói pela posse ou pelo domínio mas pela adesão fiel à verdade que sustenta o ser.

O deserto como espaço interior
O deserto não é apenas um lugar físico. Ele representa o silêncio necessário para que a consciência se torne clara. É no esvaziamento das distrações que o ser humano escuta o que o orienta. O caminho do Senhor se endireita quando o interior se ordena e a vontade se harmoniza com o bem que não muda.

O caminho como ordem do ser
Endireitar o caminho significa alinhar a vida com a ordem que a funda. Não se trata de impor formas externas mas de permitir que a retidão brote de dentro. Essa disposição revela maturidade espiritual e respeito pela dignidade da pessoa criada para participar de uma realidade mais alta.

A voz que prepara e se retira
João ensina que a verdadeira missão não retém para si aquilo que anuncia. A voz cumpre seu papel quando conduz ao essencial e depois silencia. Assim a fé amadurece quando aprende a não confundir o sinal com a fonte e a reconhecer no silêncio a presença do eterno.

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segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: Lucas 2,16-21 - 01.01.2026

 Liturgia Diária


1º – QUINTA-FEIRA 

SANTA MARIA, MÃE DE DEUS


(branco, glória, creio, prefácio de Maria I – ofício da solenidade)


“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”


Salve, Mãe primordial, origem do Rei que sustém céu e terra no ritmo eterno do ser. Diante do ciclo que se inaugura, o espírito desperta para a disciplina interior e para a serenidade diante do tempo. Caminhamos conscientes de que cada dia é exercício de retidão, domínio de si e fidelidade ao bem. Sob o olhar de Maria, aprendemos a aceitar o que não controlamos e a agir com justiça no que nos é confiado. Que a paz nasça do governo interior da razão, da palavra medida e do serviço silencioso, irradiando-se também pelos espaços digitais, como expressão de harmonia, ordem e responsabilidade no convívio humano.



Evangelium secundum Lucam 2,16-21

16 Et venerunt festinantes et invenerunt Mariam et Ioseph et infantem positum in praesepio.
E foram apressadamente e encontraram Maria e José e o Menino deitado na manjedoura.

17 Videntes autem cognoverunt de verbo quod dictum erat illis de puero hoc.
E, vendo, reconheceram o que lhes havia sido dito a respeito deste Menino.

18 Et omnes qui audierunt mirati sunt et de his quae dicta erant a pastoribus ad ipsos.
E todos os que ouviram admiraram-se do que os pastores lhes disseram.

19 Maria autem conservabat omnia verba haec conferens in corde suo.
Maria, porém, conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração.

20 Et reversi sunt pastores glorificantes et laudantes Deum in omnibus quae audierant et viderant, sicut dictum est ad illos.
E voltaram os pastores glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, conforme lhes fora anunciado.

21 Et postquam consummati sunt dies octo ut circumcideretur puer, vocatum est nomen eius Iesus, quod vocatum est ab angelo priusquam in utero conciperetur.
E, completados os oito dias para ser circuncidado o Menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no seio.

Verbum Domini

Reflexão:
O encontro com o essencial exige prontidão interior.
Quem vê com atenção reconhece o sentido oculto dos acontecimentos.
O coração silencioso guarda o que a razão ainda amadurece.
Há um tempo para agir e outro para contemplar.
O nome recebido orienta o destino assumido.
O louvor nasce da consonância entre o vivido e o compreendido.
A ordem interior pacifica o curso dos dias.
Assim o ser humano caminha firme no tempo que lhe é dado.


Versículo mais importante:

Maria autem conservabat omnia verba haec conferens in corde suo.
Maria, porém, conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração.(Lc 2,19)


HOMILIA

O Silêncio que Forma o Homem Interior

O Evangelho nos conduz à pressa dos pastores e, ao mesmo tempo, ao recolhimento de Maria. Dois movimentos se encontram diante do mistério. Há o impulso de quem corre para ver e há a profundidade de quem permanece para compreender. Assim se inicia o caminho da maturação interior. O encontro com o essencial não acontece apenas no deslocamento dos passos, mas na capacidade de acolher o que foi visto e permitir que isso transforme o centro do ser.

O Menino repousa na manjedoura, lugar simples, despojado de excessos. Nesse sinal, revela-se uma ordem superior que não se impõe pela força, mas pela presença. O governo verdadeiro nasce da harmonia interior, do domínio de si, da adesão consciente ao bem. O poder que sustém o céu e a terra manifesta-se na fragilidade, ensinando que a grandeza autêntica não necessita de ruído para existir.

Maria guarda todas as palavras no coração. Ela não reage de imediato, não dispersa o sentido do acontecimento. Seu silêncio é ativo, formador, semelhante a um solo que acolhe a semente e a nutre até o tempo certo. Nesse gesto, revela-se o caminho da evolução interior, no qual o ser humano aprende a ordenar afetos, pensamentos e ações segundo uma medida mais alta. O coração torna-se o espaço onde o eterno toca o tempo.

Os pastores retornam transformados. Louvam porque reconheceram uma coerência entre o que lhes foi anunciado e o que contemplaram. A razão encontra repouso quando o vivido confirma a verdade recebida. Surge então a paz que não depende das circunstâncias, mas da consonância entre consciência e realidade. Essa paz se irradia naturalmente, sem imposição, como fruto de uma vida alinhada ao sentido.

A circuncisão e o nome dado ao Menino indicam pertencimento e vocação. Todo ser humano recebe um chamado inscrito no próprio existir. Assumi-lo é um ato de responsabilidade interior. A dignidade da pessoa nasce dessa fidelidade ao que se é chamado a ser. A família, como célula mater, torna-se o primeiro espaço onde essa identidade é acolhida, protegida e educada, permitindo que o indivíduo cresça em ordem, discernimento e retidão.

Assim, o Evangelho nos ensina que a verdadeira construção da vida acontece no interior. Quem aprende a guardar, meditar e agir segundo a razão iluminada caminha com firmeza, honra a própria dignidade e contribui para uma ordem mais elevada, começando sempre pelo governo do próprio coração.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Maria e o Centro Interior do Ser
Maria, porém, conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração. Lc 2,19

O coração como lugar do conhecimento

O coração, na tradição bíblica, não é apenas sede de afetos, mas o núcleo onde inteligência e vontade se encontram. Ao conservar as palavras, Maria não acumula informações, mas permite que o sentido se organize dentro dela. O conhecimento verdadeiro nasce quando a realidade é acolhida com inteireza e não fragmentada pela pressa.

O silêncio como forma de maturação

O recolhimento de Maria revela que o silêncio não é ausência, mas espaço de formação. Aquilo que é recebido exteriormente precisa de tempo para tornar-se princípio interior. Nesse processo, o ser humano aprende a distinguir entre o essencial e o passageiro, ordenando sua vida segundo uma medida mais alta.

A integração entre acontecimento e sentido

Meditar no coração significa unir o fato vivido ao seu significado profundo. Maria não separa o evento da compreensão, permitindo que ambos cresçam juntos. Assim, o agir futuro nasce de uma interioridade bem formada, evitando impulsos desordenados e escolhas vazias.

A dignidade que nasce da interioridade

Ao guardar e ponderar, Maria manifesta a dignidade própria de quem governa a si mesmo. A pessoa torna-se íntegra quando suas ações brotam de um centro estável. Essa postura funda também a vida familiar, onde o cuidado, a escuta e a fidelidade ao sentido moldam o crescimento humano de forma harmoniosa.

O caminho da conformação ao bem

O versículo revela que a verdadeira transformação não ocorre por ruptura externa, mas por assimilação interior. Ao permitir que a verdade habite o coração, o ser humano conforma sua existência ao bem, caminhando com firmeza, serenidade e responsabilidade diante do mistério que lhe é confiado.

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LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: João 1,1-18 - 31.12.2025

 Liturgia Diária


31 – QUARTA-FEIRA 

OITAVA DO NATAL


(branco, glória – ofício do dia)


“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”


Isaías 9,5 (Vulgata Clementina)

Parvulus enim natus est nobis,
et filius datus est nobis;
et factus est principatus super humerum eius;
et vocabitur nomen eius:
Admirabilis Consiliarius, Deus fortis,
Pater futuri saeculi, Princeps pacis.


Porque um menino nasceu para nós,
e um filho nos foi dado;
o governo repousa sobre seus ombros;
e o seu nome será chamado:
Conselheiro admirável, Deus forte,
Pai do século futuro, Príncipe da paz.

 (Is 9,5).


Ao término de mais um ciclo, a consciência reconhece a ordem que sustenta o tempo e acolhe, sem resistência, tudo o que foi vivido. Cada acontecimento, favorável ou adverso, revela-se exercício de formação interior, conduzindo a alma à maturidade do juízo. A gratidão nasce do entendimento de que nada ocorre fora do Logos que governa o real. Assim, volta-se o olhar ao Princípio, não para pedir fuga do destino, mas para perseverar na retidão do caminho. Que a Luz do Filho acompanhe o novo tempo como razão que orienta, fortalece o ânimo e mantém o espírito firme diante das mudanças inevitáveis da existência.



Evangelium secundum Ioannem 1,1–18

In principio erat Verbum

  1. In principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum.
    No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus.

  2. Hoc erat in principio apud Deum.
    Ele estava no princípio junto de Deus.

  3. Omnia per ipsum facta sunt, et sine ipso factum est nihil, quod factum est.
    Tudo foi feito por meio dele, e sem ele nada foi feito do que existe.

  4. In ipso vita erat, et vita erat lux hominum.
    Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

  5. Et lux in tenebris lucet, et tenebrae eam non comprehenderunt.
    A luz brilha nas trevas, e as trevas não a venceram.

  6. Fuit homo missus a Deo, cui nomen erat Ioannes.
    Surgiu um homem enviado por Deus, cujo nome era João.

  7. Hic venit in testimonium ut testimonium perhiberet de lumine, ut omnes crederent per illum.
    Ele veio como testemunha para dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele.

  8. Non erat ille lux, sed ut testimonium perhiberet de lumine.
    Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.

  9. Erat lux vera, quae illuminat omnem hominem venientem in hunc mundum.
    Era a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo.

  10. In mundo erat, et mundus per ipsum factus est, et mundus eum non cognovit.
    Ele estava no mundo, o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o reconheceu.

  11. In propria venit, et sui eum non receperunt.
    Veio para o que era seu, mas os seus não o acolheram.

  12. Quotquot autem receperunt eum, dedit eis potestatem filios Dei fieri, his qui credunt in nomine eius.
    Mas a todos os que o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, aos que creem em seu nome.

  13. Qui non ex sanguinibus, neque ex voluntate carnis, neque ex voluntate viri, sed ex Deo nati sunt.
    Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

  14. Et Verbum caro factum est, et habitavit in nobis, et vidimus gloriam eius, gloriam quasi Unigeniti a Patre, plenum gratiae et veritatis.
    E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

  15. Ioannes testimonium perhibet de ipso, et clamat dicens Hoc erat quem dixi Qui post me venturus est ante me factus est, quia prior me erat.
    João dá testemunho dele e proclama dizendo Este era aquele de quem eu disse O que vem depois de mim passou à minha frente porque existia antes de mim.

  16. Et de plenitudine eius nos omnes accepimus, et gratiam pro gratia.
    E todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça.

  17. Quia lex per Moysen data est, gratia et veritas per Iesum Christum facta est.
    Pois a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.

  18. Deum nemo vidit umquam Unigenitus Filius, qui est in sinu Patris, ipse enarravit.
    Ninguém jamais viu a Deus o Filho Unigênito, que está no seio do Pai, foi quem o revelou.

Verbum Domini

Reflexão:
O Verbo revela que a origem de tudo não é o acaso, mas a razão que sustenta o ser.
A luz que atravessa as trevas ensina constância diante da instabilidade do mundo.
A vida verdadeira não depende do exterior, mas da adesão interior à verdade.
Reconhecer o Verbo é ordenar o próprio agir segundo o que permanece.
A plenitude recebida não isenta do esforço, mas o orienta.
Assim, o homem aprende a governar a si mesmo antes de querer governar o mundo.


Versículo mais importante:

Et Verbum caro factum est, et habitavit in nobis; et vidimus gloriam eius, gloriam quasi Unigeniti a Patre, plenum gratiae et veritatis.

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. (Jo 1,14)


HOMILIA

O Verbo que Habita e Ordena o Ser

A luz que procede do Princípio não força caminhos, mas revela à alma a medida justa para viver com retidão e firmeza interior.

No princípio não há ruído nem conflito, mas sentido. Antes de qualquer forma visível, existe a Palavra que sustenta todas as coisas e lhes confere medida. Este início não pertence apenas ao passado, mas permanece ativo no íntimo de cada existência. O Verbo não é ideia distante, é presença que estrutura o pensamento, orienta o agir e chama o ser humano à maturidade interior.

Tudo veio à existência por meio desse Princípio. Nada é fruto do acaso absoluto. Cada vida carrega uma finalidade inscrita, um chamado silencioso à coerência entre o que se é e o que se faz. Quando o Evangelho afirma que nele estava a vida, revela que a vitalidade verdadeira não depende das circunstâncias externas, mas da adesão interior à razão que governa o real.

A luz que brilha nas trevas não elimina a obscuridade de imediato, mas a atravessa. Assim também ocorre no caminho interior. A claridade cresce à medida que a consciência se disciplina, aprende a distinguir o essencial do supérfluo e aceita que nem tudo pode ser dominado, mas compreendido. As trevas não vencem a luz porque não possuem consistência própria, apenas ausência de ordenação.

O Verbo entra no mundo sem violência. Habita entre os homens, assume a fragilidade da carne e revela que a grandeza não está na imposição, mas na fidelidade ao sentido. Ao fazer-se carne, ele confirma a dignidade da pessoa humana como portadora de valor intrínseco, não concedido por forças externas, mas enraizado no próprio ser.

Nesse mistério, a família surge como espaço primeiro de acolhimento e formação. É ali que a Palavra encontra morada concreta, onde a vida é recebida, cuidada e educada para reconhecer a verdade. A casa torna-se lugar de transmissão silenciosa do sentido, onde se aprende a responsabilidade, o respeito e a retidão do caráter.

Aos que acolhem o Verbo é concedida a capacidade de viver segundo uma filiação que não depende de impulsos passageiros, mas de uma origem mais alta. Essa filiação não se impõe, é reconhecida. Ela exige discernimento, domínio interior e fidelidade ao que permanece mesmo quando o mundo muda.

O Evangelho conclui afirmando que o Filho revela o Pai. Conhecer essa revelação não é acumular conceitos, mas permitir que a própria vida seja gradualmente ordenada por ela. Assim, o ser humano aprende a governar a si mesmo, a agir com firmeza e serenidade, e a caminhar com dignidade no tempo que lhe é dado.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. Jo 1,14

Este versículo exprime o centro do mistério cristão ao afirmar que o princípio eterno do ser assume a condição humana sem perder sua plenitude. Não se trata de uma aparição simbólica, mas de uma presença real que une o invisível ao visível e confere sentido definitivo à existência humana.

O Verbo como fundamento do ser
O Verbo não é apenas palavra pronunciada, mas razão viva que sustenta tudo o que existe. Ao afirmar que ele se fez carne, o Evangelho declara que o fundamento da realidade entra no tempo e no espaço. Assim, o mundo não é fechado em si mesmo, nem entregue ao acaso. Ele permanece ligado a uma origem que lhe concede ordem, inteligibilidade e finalidade.

A carne como lugar de revelação
Ao habitar entre nós, o Verbo confirma a dignidade da condição humana. A corporeidade não é obstáculo ao sentido, mas seu lugar de manifestação. Cada gesto, cada relação e cada responsabilidade assumida podem tornar-se expressão do que é verdadeiro. A vida cotidiana deixa de ser trivial e passa a ser espaço de revelação e amadurecimento interior.

A glória percebida pelo olhar interior
A glória mencionada no Evangelho não se impõe por força ou espetáculo. Ela é reconhecida por quem desenvolve um olhar purificado e atento. Ver a glória do Unigênito significa perceber, na simplicidade da vida assumida, a presença do que é pleno e permanente. Essa percepção exige disciplina interior e fidelidade ao que é justo.

Graça e verdade como plenitude do caminho humano
Cheio de graça e de verdade indica que nele não há divisão entre o que se é e o que se manifesta. A graça não anula o esforço humano, mas o orienta. A verdade não oprime, mas esclarece. Nesse encontro, o ser humano aprende a viver com retidão, a ordenar seus afetos e a conduzir sua existência segundo uma medida que não se dissolve com o tempo.

Assim, Jo 1,14 revela que a encarnação não é apenas um evento do passado, mas um chamado permanente para que a vida humana seja habitada pelo sentido, pela fidelidade e pela responsabilidade diante do que permanece.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

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domingo, 28 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: Lucas 2,36-40 - 30.12.2025

 Liturgia Diária


30 – TERÇA-FEIRA 

OITAVA DO NATAL


(branco, glória – ofício próprio)


“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”


Cum enim quietum silentium contineret omnia et nox in suo cursu medium iter haberet,
Omnipotens sermo tuus de caelo a regalibus sedibus durus debellator in mediam exterminii terram prosilivit.

Porque quando um silêncio tranquilo envolvia todas as coisas, e a noite em seu curso já tinha o meio do caminho,
vossa palavra onipotente, do céu, desde os sedes reais, como um guerreiro rigoroso, saltou para o meio da terra do extermínio.(Sb 18, 14-15


No silêncio do tempo, surge a presença que transcende toda condição, mostrando que a essência divina não se retira diante das leis humanas. Cristo, mesmo sendo a expressão do absoluto, escolhe imergir na experiência terrena, revelando o valor da disciplina e da razão vivida. Ana, guardiã da intuição, reconhece nele o princípio que ordena o cosmos e sustenta a alma. Em sua entrega consciente, aprendemos que a grandeza não se impõe, mas se manifesta na harmonia entre ser e dever, amor e dever, ação e contemplação, iluminando o caminho da existência plena.



Evangelium secundum Lucam 2,36‑40

36 Et erat Anna prophetissa, filia Phanuel, de tribu Aser : hæc processerat in diebus multis, et vixerat cum viro suo annis septem a virginitate sua.
E era Ana profetisa, filha de Fanuel, da tribo de Aser ; esta já caminhara muitos dias e vivera com seu marido sete anos desde a sua virgindade.

37 Et hæc vidua usque ad annos octoginta quatuor : quæ non discedebat de templo, jejuniis et obsecrationibus serviens nocte ac die.
E ela era viúva até cerca de oitenta e quatro anos ; que não se afastava do templo, servindo com jejuns e súplicas, noite e dia.

38 Et hæc, ipsa hora superveniens, confitebatur Domino : et loquebatur de illo omnibus, qui exspectabant redemptionem Israël.
E ela, chegando nessa mesma hora, dava graças ao Senhor e falava dele a todos os que esperavam a redenção de Israel.

39 Et ut perfecerunt omnia secundum legem Domini, reversi sunt in Galilaeam in civitatem suam Nazareth.
E assim que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para sua cidade, Nazaré.

40 Puer autem crescebat, et confortabatur plenus sapientia : et gratia Dei erat in illo.
Mas o menino crescia e fortalecia‑se, cheio de sabedoria ; e a graça de Deus estava sobre ele.

Verbum Domini

Reflexão
A figura de Ana resplandece como coração desperto no templo antigo, sustentada por longa vigilância e dedicação interior. Ela contempla o mistério que atravessa carne e espírito e reconhece a presença que afirma sentido profundo ao existir. Sua fala ecoa naqueles que aguardam a ordem que renova corações e sentidos. O crescimento do menino simboliza a força que brota quando a atenção se volta ao vigor da consciência e da razão em ação. Que este olhar atento inspire firmeza no caminho, e que cada passo seja acolhido com coragem e serena determinação.


Versículo mais importante:

Puer autem crescebat, et confortabatur plenus sapientia : et gratia Dei erat in illo.
Mas o menino crescia e fortalecia-se, cheio de sabedoria ; e a graça de Deus estava sobre ele.(Lc 2,40)


HOMILIA

Crescimento na Graça e na Sabedoria

O crescimento verdadeiro nasce da atenção consciente, da disciplina interior e da abertura à presença que transforma a vida.

No Evangelho segundo Lucas, contemplamos a figura de Ana, profetisa de profunda vigilância e dedicação, que permanece firme no templo, servindo com jejuns e súplicas. Ela é o testemunho da atenção consciente à presença que transforma a existência, da conexão entre o humano e o divino. Sua visão anuncia a redenção e nos convida a reconhecer a força que atravessa toda a criação.

O menino Jesus cresce, pleno de sabedoria e com a graça divina sobre si, sinalizando que cada ser humano é chamado a expandir-se em conhecimento, disciplina e harmonia interior. A família, a célula mater da vida, reflete o primeiro espaço de cuidado e aprendizado, onde se inicia a jornada do discernimento, da responsabilidade e da integridade.

A evolução interior não é rápida nem superficial, mas exige atenção aos detalhes da alma, à prática constante do bem e à reverência pelo que é sagrado em cada experiência. A presença de Deus, como no templo antigo, guia silenciosamente a transformação do ser, fortalecendo a consciência e afirmando a dignidade inata de cada vida. Que este Evangelho nos inspire a caminhar com coragem, equilíbrio e serenidade, cultivando a sabedoria e a graça em cada instante de nossa existência.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Apresentação do Versículo

Lc 2,40 Mas o menino crescia e fortalecia-se, cheio de sabedoria ; e a graça de Deus estava sobre ele.

Este versículo revela o desenvolvimento integral da vida humana sob a ação divina. Ele não fala apenas do crescimento físico, mas sobretudo do amadurecimento da consciência, do discernimento e da harmonia interior. A sabedoria manifesta-se como compreensão profunda da ordem que sustenta todas as coisas, e a graça indica a presença ativa do princípio divino que orienta o ser para a plenitude.

O Crescimento Interior

O crescimento do menino representa a jornada de cada ser em direção à perfeição de sua natureza. Ele é gradual, contínuo e exige a integração de experiência, reflexão e prática. Crescer é reconhecer o que é essencial e nutrir o que eleva a alma, cultivando a força do caráter, a clareza da mente e a serenidade do espírito.

A Sabedoria e a Disciplina

A sabedoria que preenche o menino evidencia a ligação entre consciência e ação correta. Ela nasce do contato constante com o real, do reconhecimento das leis que regem o cosmos e do cultivo da atenção aos valores permanentes. A disciplina não é mero rigor, mas prática de cuidado consigo mesmo e com o que é verdadeiro e eterno.

A Graça e a Presença Divina

A graça que repousa sobre ele revela que o ser não evolui sozinho. Há um princípio orientador que acompanha, fortalece e eleva, permitindo que a consciência se amplie e se harmonize com a ordem profunda da existência. Este impulso é silencioso, contínuo e transforma a vida de forma discreta, mas irrevogável.

A Jornada Humana

Lc 2,40 nos lembra que cada vida é um caminho de crescimento pleno. A atenção, a disciplina e a abertura à presença que transforma constituem os pilares dessa jornada. O ser humano é chamado a reconhecer sua dignidade e a viver com integridade, cultivando sabedoria, força e harmonia em cada etapa do percurso existencial.

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sábado, 27 de dezembro de 2025

LITURGIA DA PALAVRA - Evangelho: Lucas 2,22-35 - 29.12.2025

Liturgia Diária


29 – SEGUNDA-FEIRA 

OITAVA DO NATAL


(branco, glória – ofício próprio)

“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam”


Sic enim dilexit Deus mundum,
ut Filium suum unigenitum daret,
ut omnis qui credit in eum
non pereat,
sed habeat vitam aeternam.

Ioannes 3,16


Porque Deus amou o mundo até o extremo do Seu próprio Ser
e, nesse amor, entregou o Seu Filho único,
para que todo aquele que Nele consente pela fé
não se dissolva no nada,
mas participe da Vida que não conhece fim.


Celebrar esta liturgia é um exercício de alinhamento interior com a ordem invisível do ser. A luz do Senhor não impõe caminhos: revela proporções, limites e sentido. Viver o amor como mandamento primeiro é escolher a retidão como eixo da existência, governando paixões e intenções pela razão desperta. À maneira do sábio estóico, o espírito aprende a consentir com o que é eterno e a agir conforme o bem reconhecido. As obras, assim, não buscam aprovação, mas coerência. Quando a vida se torna forma, Cristo é conhecido não por palavras, mas pela clareza silenciosa de uma existência harmonizada com o logos.



Evangelium secundum Lucam 2,22–35

  1. Et postquam impleti sunt dies purificationis eius secundum legem Moysi, tulerunt illum in Ierusalem, ut sisterent eum Domino.
    E quando se completaram os dias da purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor.

  2. Sicut scriptum est in lege Domini quia omne masculinum adaperiens vulvam sanctum Domino vocabitur.
    Como está escrito na Lei do Senhor que todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor.

  3. Et ut darent hostiam secundum quod dictum est in lege Domini, par turturum aut duos pullos columbarum.
    E para oferecerem o sacrifício prescrito na Lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos.

  4. Et ecce homo erat in Ierusalem cui nomen Simeon, et homo iste iustus et timoratus, exspectans consolationem Israel, et Spiritus Sanctus erat in eo.
    Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão, justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava com ele.

  5. Et responsum acceperat a Spiritu Sancto non visurum se mortem nisi prius videret Christum Domini.
    E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte antes de ver o Cristo do Senhor.

  6. Et venit in Spiritu in templum. Et cum inducerent puerum Iesum parentes eius, ut facerent secundum consuetudinem legis pro eo.
    Movido pelo Espírito, foi ao templo. E quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei prescrevia.

  7. Et ipse accepit eum in ulnas suas et benedixit Deum et dixit.
    Ele tomou o menino nos braços, bendisse a Deus e disse.

  8. Nunc dimittis servum tuum Domine secundum verbum tuum in pace.
    Agora, Senhor, deixais vosso servo partir em paz segundo a vossa palavra.

  9. Quia viderunt oculi mei salutare tuum.
    Porque meus olhos viram a vossa salvação.

  10. Quod parasti ante faciem omnium populorum.
    Que preparastes diante de todos os povos.

  11. Lumen ad revelationem gentium et gloriam plebis tuae Israel.
    Luz para iluminar as nações e glória do vosso povo Israel.

  12. Et erat pater eius et mater mirantes super his quae dicebantur de illo.
    O pai e a mãe estavam admirados com o que se dizia dele.

  13. Et benedixit illis Simeon et dixit ad Mariam matrem eius Ecce positus est hic in ruinam et in resurrectionem multorum in Israel et in signum cui contradicetur.
    Simeão os abençoou e disse a Maria, sua mãe Este menino foi colocado para queda e reerguimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição.

  14. Et tuam ipsius animam pertransibit gladius ut revelentur ex multis cordibus cogitationes.
    E uma espada transpassará a tua própria alma para que se revelem os pensamentos de muitos corações.

Verbum Domini

Reflexão:

O encontro no templo revela a convergência entre tempo humano e ordem eterna.
A espera paciente amadurece o olhar capaz de reconhecer o essencial.
Nada é forçado quando a verdade se manifesta no instante justo.
A luz não elimina a tensão do existir, mas confere direção ao caminho.
Aceitar o que se revela exige domínio interior e serenidade diante do destino.
A contradição não destrói o sentido, antes o depura.
O espírito que consente com a verdade permanece livre mesmo na dor.
Assim, a vida se cumpre quando é acolhida como forma e propósito.


Versículo mais importante:

Lumen ad revelationem gentium et gloriam plebis tuae Israel.
Luz para iluminar as nações e glória do vosso povo Israel. (Lc 2,32)


HOMILIA

A Oferta que Eleva o Ser

A vida alcança sua plenitude quando, sustentada pela família e guiada pela luz interior, aprende a oferecer-se ao eterno com consciência, dignidade e serenidade.

O Evangelho de Lucas 2,22 35 conduz o espírito ao limiar onde o tempo humano toca o eterno. O gesto de levar o Menino ao templo revela que a vida não se possui plenamente quando é retida, mas quando é oferecida. A família torna se aqui o primeiro espaço de ordenação interior, célula mater onde a existência aprende a harmonizar liberdade e obediência, cuidado e transcendência. Maria e José não afirmam a si mesmos, consentem com um desígnio que os ultrapassa e por isso os eleva.

Simeão representa a maturidade da alma que atravessou a espera sem endurecer o coração. Ele não busca dominar o sentido da história, apenas reconhecê lo quando se manifesta. Sua paz nasce do acordo interior com a verdade contemplada. A luz que ele proclama não dissolve os limites do mundo, mas revela sua forma profunda. Ver é aceitar. Aceitar é ordenar o próprio ser.

A profecia da espada indica que toda evolução interior passa pela tensão. A dignidade da pessoa não consiste em escapar do sofrimento, mas em atravessá lo sem perder a integridade da consciência. Assim a vida se cumpre quando cada etapa é acolhida como parte de uma sabedoria maior, e a existência humana se torna lugar de manifestação silenciosa do eterno.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Luz que revela o sentido do existir
Luz para iluminar as nações e glória do vosso povo Israel Lc 2,32

Este versículo exprime a manifestação do Verbo como princípio de inteligibilidade da realidade. A luz aqui não é mero símbolo moral, mas presença que torna o ser compreensível a si mesmo. Iluminar significa permitir que cada criatura reconheça sua origem, sua ordem e seu fim. A revelação não força adesão, mas desperta a consciência para aquilo que sempre esteve oculto no interior do real.

Universalidade sem dissolução da identidade
Luz para iluminar as nações e glória do vosso povo Israel Lc 2,32

A abertura às nações não anula a eleição de Israel. Ao contrário, confirma que a fidelidade gera expansão. O particular não é negado quando o universal se manifesta. A história concreta torna se o lugar onde o eterno se deixa perceber. Assim, a verdade não se dilui para alcançar todos, mas permanece íntegra enquanto se oferece à contemplação de cada povo e de cada pessoa.

Glória como plenitude interior
Luz para iluminar as nações e glória do vosso povo Israel Lc 2,32

A glória não é exaltação externa, mas realização interior daquilo que foi prometido. Ela nasce quando o ser humano reconhece a ordem que o sustenta e consente em viver segundo essa luz. A dignidade não vem do reconhecimento do mundo, mas da conformidade silenciosa com a verdade revelada. Nesse consentimento, a existência alcança estabilidade, clareza e sentido duradouro.

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