Liturgia Diária
13 – QUARTA-FEIRA
SEMANA SANTA
(roxo, prefácio da paixão II, – ofício próprio)
Ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e na mansão dos mortos, pois o Senhor se fez obediente até a morte, e morte de cruz. E por isso Jesus Cristo é Senhor, na glória de Deus Pai (Fl 2,10.8.11).
Às vésperas do Tríduo Pascal, somos confrontados com a traição de Judas. Esta Eucaristia nos dê forças para cultivar sempre um relacionamento sincero e transparente com o Senhor.
Evangelho: Mateus 26,14-25
Salve, Cristo, luz da vida, / companheiro na partilha!
Salve, nosso rei, somente vós / tendes compaixão dos nossos erros. – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 14um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse: “O que me dareis se vos entregar Jesus?” Combinaram, então, trinta moedas de prata. 16E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus. 17No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?” 18Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O mestre manda dizer: O meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos'”. 19Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. 20Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. 21Enquanto comiam, Jesus disse: “Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair”. 22Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: “Senhor, será que sou eu?” 23Jesus respondeu: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. 24O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!” 25Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”. – Palavra da salvação.
Fonte https://www.paulus.com.br/
Reflexão - Evangelho: Mateus 26,14-25
«Acaso sou eu?»
Rev. P. Higinio Rafael ROSOLEN IVE
(Cobourg, Ontario, canad)
Hoje, o Evangelho nos apresenta três cenas: a traição de Judas, os preparativos para celebrar a Páscoa e a Ceia com os Doze.
A palavra “entregar” (“paradidōmi” em grego) é repetida seis vezes e serve de elo entre esses três momentos: (I) quando Judas entrega Jesus; (II) Páscoa, que é uma figura do sacrifício da cruz, onde Jesus dá a vida; e (III) a Última Ceia, na qual se manifesta a entrega de Jesus, que se cumprirá na Cruz.
Queremos parar aqui na Ceia Pascal, onde Jesus Cristo manifesta que seu corpo será dado e seu sangue derramado. As suas palavras: «Garanto-vos que um de vós me entregará» (Mt 26,20), convida cada um dos Doze, sobretudo Judas, a um exame de consciência. Estas palavras estendem-se a todos nós, também chamados por Jesus. São um convite a refletir sobre nossas ações, sejam elas boas ou más; nossa dignidade; nos perguntamos o que estamos fazendo neste momento com nossas vidas; para onde vamos e como respondemos ao chamado de Jesus. Devemos responder uns aos outros com sinceridade, humildade e franqueza.
Vamos lembrar que podemos esconder nossos pecados de outras pessoas, mas não podemos escondê-los de Deus, que os vê em segredo. Jesus, verdadeiro Deus e homem, tudo vê e sabe. Ele sabe o que está em nossos corações e do que somos capazes. Nada está escondido de seus olhos. Evitemos enganar a nós mesmos e só depois de sermos sinceros conosco é que devemos olhar para Cristo e perguntar-lhe: " Acaso sou eu?" (Mt 26,22). Tenhamos presente o que diz o Papa Francisco: «Jesus, amando-nos, convida-nos a permitir-nos a reconciliação com Deus e a regressar a Ele para nos redescobrir».
Olhemos para Jesus, ouçamos suas palavras e peçamos a graça de doarmos, unindo-nos ao seu sacrifício na Cruz.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Bendito sejas, meu Senhor Jesus Cristo, que anunciaste antecipadamente a tua morte e, na última ceia, consagraste o pão material, transformando-o no teu corpo glorioso, e pelo teu amor o deste aos apóstolos como memorial da tua digna paixão e lavaste os seus pés com tuas preciosas mãos sagradas, mostrando assim humildemente tua maior humildade» (Santa Brígida)
«Nos próximos dias comemoraremos o confronto supremo entre a Luz e as Trevas. Também nós devemos situar-nos neste contexto, conscientes da nossa 'noite', das nossas faltas e responsabilidades, se queremos reviver o mistério pascal com proveito espiritual.» (Bento XVI)
«Jesus escolheu a altura da Páscoa para cumprir o que tinha anunciado em Cafarnaum: dar aos seus discípulos o seu corpo e o seu sangue» (Catecismo da Igreja Católica, n.º 1.339)
Outros comentários
«Em verdade vos digo, um de vós me vai entregar»
P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP
(San Domenico di Fiesole, Florencia, Italia)
Hoje, o Evangelho nos propõe —pelo menos— três considerações. A primeira é que, quando o amor ao Senhor se esfria, então a vontade cede a outros reclamos, onde a voluptuosidade parece oferecer-nos os pratos mais saborosos mas, na realidade, condimentados por degradantes e inquietantes venenos. Dada a nossa nativa fragilidade, não devemos permitir que o fogo do fervor diminua, que, se não sensível, pelo menos mental, nos une a Aquele que nos tem amado ao ponto de oferecer sua vida por nós.
A segunda consideração refere-se à misteriosa escolha do lugar donde Jesus quer consumir sua ceia Pascal. «Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a ceia Pascal em tua casa, junto com meus discípulos’» (Mt 26,18). O dono da casa, talvez, não fosse um dos amigos declarados do Senhor; mas devia ter o ouvido atento para escutar o chamado “interior”. O Senhor lhe teria falado intimamente —como freqüentemente nos fala—, a través de mil incentivos para que lhe abrisse a porta. Sua fantasia e sua onipotência, suportes do amor infinito com o qual nos ama, não conhecem fronteiras e se expressam de modo sempre apto a cada situação pessoal. Quando escutemos o chamado devemos “render-nos”, deixando à parte as sutilezas e aceitando com alegria esse “mensageiro libertador”. É como se alguém estivesse se apresentado à porta do cárcere e nos convida a segui-lo, como fez o Anjo com Pedro dizendo-lhe: « Levanta-te depressa! As correntes caíram-lhe das mãos» (Ats 12,7).
O terceiro motivo de meditação nos oferece o traidor que tenta esconder seu crime ante a presença examinadora do Onisciente. O próprio Adão já tinha tentado, depois, seu filho fratricida Caim, embora, inutilmente. Antes de ser nosso perfeito Juiz, Deus se apresenta como pai e mãe, que não se rende ante a idéia de perder a um filho. A Jesus lhe dói o coração não tanto por ter sido traído, mas por ver a um filho distanciar-se irremediavelmente Dele.
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