Liturgia Diária
15 – QUARTA-FEIRA
3ª SEMANA DO ADVENTO
(roxo, prefácio do Advento I, – ofício do dia)
O Senhor vai chegar, não tardará: há de iluminar o que as trevas ocultam e se manifestará a todos os povos (Hab 2,3; 1Cor 4,5).
A salvação de Deus se estende a todos os povos da terra, aos quais ele convoca: “Voltai-vos para mim e sereis salvos; eu sou Deus e não há outro”. Busquemos, pois, o Senhor, que age em nosso meio.
Evangelho: Lucas 7,19-23
Aleluia, aleluia, aleluia.
Tu que trazes boa-nova a Sião, / levanta tua voz e anuncia: / eis que vem o Senhor Deus com poderio! (Is 40,9s) -R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, João convocou dois de seus discípulos 19e mandou-os perguntar ao Senhor: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” 20Eles foram ter com Jesus e disseram: “João Batista nos mandou a ti para perguntar: ‘És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?'” 21Nessa mesma hora, Jesus curou de doenças, enfermidades e espíritos malignos a muitas pessoas e fez muitos cegos recuperarem a vista. 22Então, Jesus lhes respondeu: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa-nova é anunciada aos pobres. 23E feliz é aquele que não se escandaliza por causa de mim!” – Palavra da salvação.
Fonte https://www.paulus.com.br/
Reflexão - Evangelho: Lucas 7,19-23
«Cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são purificados»
Rev. D. Bernat GIMENO i Capín
(Barcelona, Espanha)
Hoje, quando vemos que, na nossa vida, não sabemos que esperar, quando por vezes perdemos a confiança, porque não nos atrevemos a olhar para além das nossas imperfeições, quando estamos alegres por ser fiéis a Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, inquietos ou abatidos porque não saboreamos os frutos da nossa missão apostólica, então o Senhor quer que, como João Batista, nos perguntemos: «Devemos esperar outro?» (Lc 7,20).
É claro que o Senhor é “rápido” e quer aproveitar estas incertezas —sem dúvida, perfeitamente normais— para que façamos um exame de toda a nossa vida, vejamos as nossas imperfeições, os nossos esforços, as nossas enfermidades… e, assim, nos confirmemos na nossa fé e multipliquemos “infinitamente” a nossa esperança.
O Senhor não tem limites na hora de cumprir a sua missão: «Cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são purificados…» (Lc 7,22). Onde ponho a minha esperança? Onde está a minha alegria? Porque a esperança está intimamente relacionada com a alegria interior. O cristão, como é natural, tem de viver como uma pessoa normal, na rua, mas sempre com os olhos postos em Cristo, que nunca falha. Um cristão não pode viver a sua vida à margem da de Cristo e do Seu Evangelho. Centremos o nosso olhar Nele, que tudo pode, absolutamente tudo, e não coloquemos limites à nossa esperança. “Nele encontrarás muito mais do que podes desejar ou pedir» (S. João da Cruz).
A liturgia não é um “jogo sagrado”, e a Igreja dá-nos este tempo de Advento porque quer que cada crente reanime em Cristo a virtude da esperança na sua vida. Perdemo-la freqüentemente porque confiamos demais nas nossas forças e não queremos reconhecer que estamos “doentes”, necessitados dos cuidados da mão do Senhor. Mas é assim que tem de ser, e como Ele nos conhece e sabe que todos somos feitos da mesma “pasta”, oferece-nos a sua mão salvadora.
—Obrigado, Senhor, por me tirares do barro e encheres o meu coração de esperança.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Que o nosso pensamento se disponha para a vinda de Cristo com uma preparação nunca inferior aquela que faríamos se Ele ainda tivesse que vir ao mundo» (São Carlos Borromeo)
«`Ele deve crescer, eu devo diminuir´. Esta é a etapa mais difícil de João, porque o Senhor tinha um estilo que ele nem tinha imaginado. Porque o Messias tinha um estilo muito próximo...» (Francisco)
«Ao celebrar em cada ano a Liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta expectativa do Messias. Comungando na longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo da sua segunda vinda (218). Pela celebração do nascimento e martírio do Precursor, a Igreja une-se ao seu desejo: «Ele deve crescer e eu diminuir» (Jo 3,30)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 524)
Fonte https://evangeli.net/
ÉS TU OU DEVEMOS ESPERAR OUTRO? Lc 7,19-23
HOMILIA
João Batista é um crente em Deus, que vive para Ele, sempre aberto, disponível às suas iniciativas. Por isso, sabe reconhecê-lo no misterioso homem da Galileia, que vem fazer-se batizar por Ele, no Jordão, Jesus de Nazaré.
Mas, na escuridão da prisão de Herodes, é invadido pelo medo, pela tristeza, pela dúvida: ter-me-ei enganado ao ver em Jesus o Cordeiro de Deus? Mas a sua fé é grande. Em vez de pô-la em discussão, manda embaixadores a Jesus, pedindo luz para compreender. Torna-se, pois, ainda mais pobre, fazendo-se simples interrogação: «ÉsTu o que está para vir, ou devemos esperar outro?»
Jesus responde aos embaixadores apontando as obras que anda a fazer. Não apenas os milagres que dão testemunho dele, mas o que eles significam. São sinais de que começou uma nova humanidade, que sabe acolher a palavra de Deus, ver as maravilhas que Ele faz e caminhar pelos seus caminhos: «a Boa-Nova é anunciada aos pobres».
O estilo paradoxal da ação de Deus em Jesus não escandalizará um pobre prisioneiro, como é João. Pelo contrário, torná-lo-á muito «feliz». Embora tenha anunciado a vinda de Jesus, o próprio João Batista teve dificuldade de reconhecê-lo. Com a chegada do Messias, o mundo não se acabou, como proclamava João. Ele não se apresentou como um juiz severo, como fora anunciado, antes, caracterizou-se por sua mansidão e humildade de coração. Sua pregação não visava incutir medo e levar à conversão a qualquer custo, mas tentava avivar a chama do amor no coração dos pobres e sofredores. Além do mais, João estava no cárcere, e Jesus não o havia libertado, como se esperava do Messias, libertador dos prisioneiros. Eis porque sentiu a necessidade de mandar seus discípulos para interrogarem a Jesus sobre sua identidade.
A resposta de Jesus colocou João e seus discípulos diante de um exercício de discernimento. Eles foram confrontados com os gestos prodigiosos de Jesus e tinham o testemunho da cura de cegos, coxos, leprosos, surdos e de mortos que tinham ressuscitado. Enfim, os pobres estavam sendo evangelizados. Interpretando estas ações de Jesus, a partir de textos dos antigos profetas, não era possível pôr em dúvida sua condição de Messias. Todo o seu agir inspirava-se nas profecias messiânicas e seus gestos comprovavam sua identidade. Diante dos milagres de Jesus, era necessário, porém, ter a coragem de reconhecer sua condição de Filho de Deus.
«Destilai, ó céus, lá das alturas o orvalho, e que as nuvens façam chover a justiça». Isaías oferece-nos, hoje, uma aclamação que traduz perfeitamente o estado de alma de quem vive o Advento. Por isso é que a Igreja a repete tantas vezes na sua oração durante este tempo litúrgico. O profeta manifesta o desejo de uma intervenção divina, porque está convencido de que a justiça e a salvação só podem vir de Deus. Ao contrário de tantos outros textos, em que a intervenção de Deus é comparada a uma tremenda batalha contra os maus, aqui é comparada a um calmo e benéfico orvalho, ao mistério de uma chuva fecunda.
São imagens adequadas ao mistério da Encarnação, que não se realizou de modo estridente, mas com infinita discrição, na «sombra» do Espírito Santo. À intervenção divina deve corresponder a nossa discreta disponibilidade: «Abra-se a terra!» E a terra abriu-se, quando a Virgem de Nazaré deu o seu “sim”: «Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38).
O Evangelho de hoje apresenta-nos João rendido a Cristo, dando testemunho dele com a sua vida. João é também “terra aberta” ao Verbo de Deus feito homem, um verdadeiro disponível, um verdadeiro “pobre de Deus”, que Jesus proclama bem-aventurado. O Batista é a imagem do crente que caminha na paciência e que está sempre disponível a reformular as suas expectativas perante o imprevisível estilo da vinda de Deus. Assim vai aprofundando a sua esperança até ao supremo testemunho do sangue.
João Batista ensina-nos que, mesmo a fé mais forte e sincera, pode coexistir com a dúvida e que a maneira de vencer essa dúvida é a oração. Renunciando a pôr em causa a promessa de Deus e revendo os nossos modos limitados de ver a promessa divina e de esperar a sua realização, encontramos a paz.
Fonte https://homilia.cancaonova.com/
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