segunda-feira, 28 de maio de 2018

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 2,23-3,6 ou 23-28 - 03.06.2018

Liturgia Diária

DIA 3 – DOMINGO   
9º DO TEMPO COMUM

(verde – 1ª semana do saltério)

Neste dia dedicado ao louvor de Deus, somos convidados a exultar nele, nossa força. Em meio às aflições e dificuldades do dia a dia, encontramos na celebração eucarística o alento e o ânimo para manifestar em nossa vida a vida de Jesus, o qual veio para nos mostrar que ele é Senhor de todo tempo e de todo bem. Celebremos a páscoa semanal de Cristo ressuscitado, abrindo o coração à sua luz e à sua ação vivificadora e transformadora.

Evangelho: Marcos 2,23-3,6 ou 23-28

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos

– [23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?” 25Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”. 27E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do homem é senhor também do sábado”.]

3,1Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3Jesus disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio!” 4E perguntou-lhes: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Mas eles nada disseram. 5Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada. 6Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo.

– Palavra da salvação.


Reflexão - Evangelho: Marcos 2,23-3,6 ou 23-28
“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do homem é senhor também do sábado”.

Temos aqui o ensinamento de Jesus a respeito da observância  do sábado. O ensinamento foi provocado pelo questionamento dos fariseus, porque os discípulos transgrediram o descanso sabático ao arrancar espigas do campo. O Mestre apresenta o exemplo de Davi para justificar a atitude dos seus. Esse exemplo revela que provavelmente os discípulos estavam com fome. Os fariseus não questionam o roubo (o campo não era de Jesus nem dos discípulos), mas o não cumprimento da lei sabática. Para eles, o descanso no sábado é algo sagrado. Jesus procura mostrar qual a função da antiga lei na nova comunidade. Sim, a lei teve sua validade e foi criada para questionar a escravidão no Egito e proporcionar um dia de descanso. Assim como Deus descansou depois de seis dias de trabalho, o povo também tem direito ao descanso e ao lazer. O evangelho conclui mostrando o que é mais importante, a lei ou a vida? O centro de tudo é a pessoa, e a lei deve estar a serviço da vida do povo. Quando a lei não favorece a vida ou a prejudica, deve ser questionada e revista.

(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Fonte https://www.paulus.com.br


O FILHO DO HOMEM É SENHOR DO SÁBADO Mc 2,23-28
HOMILIA

Marcos inicia seu Evangelho com o anúncio de João Batista que vem “preparar o caminho” de Jesus. Agora, os discípulos de Jesus começam a “abrir caminho”. Marcos, na primeira parte de seu Evangelho, coloca a “casa” como o lugar de formação e convívio das comunidades envolvidas pelo ministério de Jesus. Na segunda parte, quando vai se encerrando o ministério ao redor da Galiléia, o destaque é o “caminho” para Jerusalém, onde se dará o confronto final com os chefes do Templo.

Ao longo do ministério na Galiléia e vizinhanças, fica caracterizado o confronto com os chefes das sinagogas locais pelas infrações às regras de pureza, pela observância sabática, pelo jejum e pelo convívio social, bem como pela promulgação do perdão dos pecados. Jesus, por sua prática, revela que a necessidade está acima da Lei.

O que Jesus e os discípulos estavam fazendo em Marcos 2,23 seria perfeitamente lícito aos olhos dos fariseus se não fosse realizado no sábado (Deuteronômio 23,25). A Tradição oral determinava minuciosamente o que podia e não podia ser feito aos sábados. Havia até uma lista de 39 verbos (trabalhos) que não podiam ser feitos naquele dia. Quatro destes verbos (colher, debulhar, limpar e preparar) eram descrições de que os discípulos estavam fazendo ao comer.

Jesus combateu a tradição judaica muitas vezes, especialmente as tradições com respeito ao sétimo dia. Há uma grande quantidade de situações onde Jesus entrou em choque com os judeus nesta questão (Mc 3,1-6; Lc 13,10-17; 14,1-6; Jo 5,1-9; 16-17; 7,22; 9,1-14). A seita dos chamados essênios, por exemplo, proibia claramente que um homem tirasse de uma cisterna ou fosso um animal que ali tivesse caído (Documento de Damasco, 11.13-14). Jesus, e até mesmo a maioria dos judeus, achava isto um absurdo (Mt 12.11; Lc 14,5, também 13,15).

O Mestre citou o exemplo de Davi em 1Sm 21,1-6 para chamar atenção dos seus opositores ao fato que nem tudo pode ser resumido ou explicado pela tradição rabínica. Davi comeu os pães da proposição (Lv. 24,5-9) numa situação de perigo de vida e não foi punido por isto. De fato, este evento ocorreu num sábado, dia no qual os pães eram retirados do tabernáculo, substituídos por outros e disponibilizados aos sacerdotes para seu alimento. Tal fato não prova que os pães da proposição podiam ser comidos por qualquer um; pelo contrário, a exceção prova a regra. Quebrar a lei de Deus quando houver necessidade não é o que Jesus ensina aqui. O que fica provado é que o modo rígido e legalista dos fariseus de interpretar a Lei não explicava tudo (Mc. 2,25 – 26).

De fato, Davi só comeu os pães da proposição impunemente por ter Deus concedido a ele esta prerrogativa naquele momento. De uma forma similar, Jesus tem prerrogativas e autoridade superiores às da Tradição e da própria Lei judaica. Jesus está dizendo: “Se Davi teve autorização para quebrar o protocolo, muito mais o Senhor de Davi pode fazê-lo”.

Mateus ainda menciona o caso dos sacerdotes judaicos que trabalham no templo em pleno sábado (Mt 12,5-7). Se o serviço no templo exige a suspensão da lei do sábado para alguns, a obra de Jesus exige a suspensão da mesma lei, pois Jesus é maior que o templo (Mt 12,6). Se o templo era maior que o sábado e se Jesus era maior que o templo, certamente era maior que o sábado, um dos grandes preceitos da Lei.

Em tudo isto, pode-se notar também que há prioridades dentro das prescrições da Lei e que há momentos em que um princípio maior supera outras regras menores. A citação de Os 6,6 aponta nesta direção. O ritual não é maior que a fidelidade; a Palavra do Cristo era maior que o ritual do sábado.

O provérbio “O sábado foi estabelecido (feito) por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” é peculiar a Marcos, não sendo retomada por Mateus e Lucas. É difícil saber o motivo da omissão da frase nestes dois Evangelhos. O interesse pode ser simplesmente o de resumir Marcos, gerando espaço para introduzir outros materiais. Este é o costume de Mateus e Lucas. Outro motivo seria o de eliminar qualquer ambigüidade ou mau uso da frase nas comunidades receptoras das obras, embora seja muito questionável e difícil imaginar quais seriam estes maus usos do provérbio.

Mateus e Lucas, ao omitirem o provérbio que estamos estudando, colocaram toda a ênfase do episódio na frase: “O Filho do Homem é Senhor do sábado” (Mt. 12,8 e Lc. 6,5). Lucas, inclusive, por não mencionar (como faz Mateus) a questão do serviço do templo, faz com que o leitor seja claramente induzido a entender a comparação que Jesus fez de si mesmo com Davi. Observe que Jesus, como Davi, era o ungido de Deus, que agia sob orientação divina e por causa disto tinha grande autoridade.

“O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” é uma clara alusão à criação. Jesus usa o verbo na chamada voz passiva (‘foi feito’) para designar a ação de Deus. o Senhor criou o homem no sexto dia e estabeleceu o sétimo como dia de repouso.

A própria ordem da criação indica que o homem era o alvo do benefício do repouso sabático. Contudo, o modo rabínico de interpretar o Velho Pato afastava o mandamento das intenções originais de Deus. O sábado, que era para ser um dom, um presente e um dia de refrigério, acabou sendo um dia de castigo, de opressão e de tensão devido à grande carga de mandamentos associados com ele e dos inúmeros preceitos reguladores. Esqueceram a função do sábado e ficaram apenas com a sua forma externa.

Este método de recorrer às origens e à criação para resolver questões é característico de Jesus. Na questão do divórcio, narrada em Mc 10,2-12, enquanto todos buscavam alguma “interpretação” que permitisse o divórcio, Jesus buscava a intenção original do Criador na instituição do primeiro casal (Mc 12,6-9).

Jesus arremata a questão dizendo: “De sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc. 2,28). No Evangelho de Marcos esta frase aparece como conclusão do texto, mas apresenta uma verdade que é anterior à argumentação. De fato, o ensino que Jesus é o Senhor do sábado e de tudo mais permite que ele diga como que o mandamento do sábado deve ser obedecido. A razão para aceitar o ensino de Jesus é o fato d’Ele ser o Filho do Homem. Seu ensino não tem validade apenas por sua lógica ou por sua veracidade, mas sobretudo por causa de sua autoridade. O modo de Jesus interpretar a questão é importante, pois a norma é Ele mesmo. A era messiânica já havia começado, e o conhecimento de quem era o Messias traria compreensão para saber cumprir a vontade de Deus.

Somos chamados a abrir caminhos, rompendo as cercas ideológicas ou materiais armadas pelo sistema de poder, para que o pão seja farto na mesa de todos.

Fonte http://homilia.cancaonova.com/homilia/


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