quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 3,20-21 - 24.01.2015 - Os parentes de Jesus diziam que estava fora de si.

Senhor, orientai meu coração, para que eu esteja sempre atento e disponível ao serviço dos meus irmãos.
Sábado da 2ª Semana Tempo Comum
S. Francisco de Sales BDr, memória
Cor: Branco

Evangelho - Mc 3,20-21

Os parentes de Jesus diziam que estava fora de si.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,20-21

Naquele tempo:
20Jesus voltou para casa com os discípulos.
E de novo se reuniu tanta gente
que eles nem sequer podiam comer.
21Quando souberam disso,
os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo,
porque diziam que estava fora de si.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB



Reflexão - Mc 3, 20-21

A família humana pode fazer com que toda prática de uma pessoa seja vista apenas com olhos humanos, e o resultado disso é a interpretação incorreta dos fatos que devem ser analisados à luz da fé. Os parentes de Jesus não foram capazes de ver o dedo de Deus agindo, e, por isso, achavam que Jesus estava fora de si. Mas o povo foi capaz de ver o que realmente estava acontecendo, pois os corações de todos estavam abertos ao momento presente e à ação do próprio Deus, procurando ver a vida e os ensinamentos de Jesus à luz da fé. Por isso, o povo se reunia em número cada vez maior em torno de Jesus, de modo que ele e seus discípulos nem sequer podiam comer.
Fonte CNBB



Jesus não se omite em ajudar quem o procura Mc 3,20-21
HOMILIA

Marcos, no início de seu evangelho, apresentou a tensão entre “sinagoga”, da qual Jesus se afasta, e “casa”, que passa a ser o local de reunião das novas comunidades em torno de Jesus.

Vemos nos textos de Mc 3,31-35 que Jesus se encontra dentro da casa, seus parentes do lado de fora e a multidão está ao seu redor ouvindo-o. Estão reunidos os discípulos e discípulas em torno de Jesus, como também as multidões, que são pessoas do povo, capazes de deixar tudo e seguí-lo: são os aleijados, coxos, pobres, doentes que estão “como ovelhas sem pastor (Mc 6,34)”.

Participar da casa é participar do banquete da vida, da aproximação com o outro como espaço de diálogo e compreensão. Para poder entrar na casa é preciso romper com o sistema de opressão que há em nossa sociedade, na medida em que faço do outro instrumento da minha vontade e o coloco em disputa com os demais. A casa é o lugar apropriado para desenhar a proposta que Jesus deseja anunciar e promover o sistema de relação social.

“…Um profeta só é desprezado em sua pátria, em sua parentela e em sua casa” (Mc 6,4) . As pessoas capazes de compreender a missão de Jesus são aquelas que fazem a experiência d’Ele. Os mais próximos se afastam diante da missão de Jesus, enquanto os mais distantes se aproximam d’Ele e de sua missão. Aproximar da missão é encontrar-se dentro da casa e reconhecer em Jesus a presença do Reino de Deus. É preciso compreender os gestos e não ter o coração endurecido. Os que estão fora da casa são os adversários que querem interromper a missão, concordando com uma ideologia que domina as pessoas e que controla o sistema opressor.

No relato de Marcos 3,20-21 encontramos que o “estar na casa” é o principal foco e eixo de partida, enquanto que nos versículos 31-35, o grande eixo é a pergunta: “ quem é minha mãe e meus irmãos?” Jesus se sente próximo e familiar a todos que se deixam envolver por seu projeto. O grau de parentesco é como que um título para que se possa fazer parte da nova comunidade, que requer acima de tudo fidelidade. Enquanto anteriormente a preocupação da família era a incompreensão da missão de Jesus, que tinha a família como eixo estrutural, agora Jesus nos diz: “…eis a minha mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”(Mc 3,34-35), procurando derrubar a ordem social e provocar ruptura com sua família de sangue. “Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando do lado de fora…”(Mc 3,31) enquanto que a multidão se encontra sentada em torno do lado de Jesus “(Mc 3,32).

Jesus se recusa a aceitar quem não aceita sua missão !!!

Perante uma atitude de vida incoerente, na qual o projeto de Deus não é assumido e a discriminação se torna mais forte, Jesus faz um questionamento: “quem é minha mãe e meus irmãos?” ( Mc 3,33). Se eles não conseguem aceitar a missão de Jesus, Este também não o reconhece como parente. É preciso ser obediente a Deus, porque no centro está o ser humano e suas necessidades. Estar sentado à sua volta é estar atento aos seus ensinamentos “Enquanto caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. Marta estava ocupada com muitos afazeres. Aproximou-se e falou: «Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!» O Senhor, porém, respondeu: «Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.»”(Lc 10,38-42). É a unidade em Jesus que se deve fazer evidente numa opção de vida, numa instauração de uma família, como também na vida; viver a vida com adesão ao projeto de Deus e na construção de um mundo novo, no qual a esperança nos mova para frente para podermos chegar “…a uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel”.

O evangelista Marcos nos deixa claro aqui que o importante é entrar na casa e conversar, dialogar e participar da vida com o(a) outro(a). Assim, a comunidade do discipulado será a nova família que queremos formar.

Portanto, as palavras de Jesus questionando quem é sua mãe e quem são seus irmãos têm o sentido de revelar que o dom de Deus, nele presente, não se restringe a laços consanguíneos privilegiados. Jesus substitui estes laços estabelecidos na tradição pelos laços do amor verdadeiro e sem fronteiras, que vão muito além dos limites de família ou raça. A verdadeira família é aquela constituída por pessoas que, fazendo a vontade de Deus, tornam-se discípulas de Jesus. A família consanguíneo, pelo amadurecimento do amor, abre-se e solidariza-se com os mais excluídos e empobrecidos.
Fonte Canção Nova

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