Pai,
inculca no meu coração
a certeza de que só tu és Senhor,
e que entre os seres humanos
deve reinar igualdade e solidariedade,
sem opressão.
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Branco. 5ª-feira da 4ª Semana da Páscoa
Evangelho - Jo 13,16-20
Quem recebe aquele que eu enviar, me recebe a mim
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João
13,16-20
Depois de lavar os pés dos discípulos,
Jesus lhes disse:
16Em verdade, em verdade vos digo:
o servo não está acima do seu senhor
e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou.
17Se sabeis isto, e o puserdes em prática,
sereis felizes.
18Eu não falo de vós todos.
Eu conheço aqueles que escolhi,
mas é preciso que se realize o que está na Escritura:
'Aquele que come o meu pão
levantou contra mim o calcanhar.'
19Desde agora vos digo isto,
antes de acontecer,
a fim de que, quando acontecer,
creais que eu sou.
20Em verdade, em verdade vos digo,
quem recebe aquele que eu enviar,
me recebe a mim;
e quem me recebe,
recebe aquele que me enviou.'
Palavra da Salvação.~
Fonte CNBB
REFLEXÃO
Depois de lavar os
pés dos discípulos...
Hoje, como naqueles filmes que começam lembrando um fato
passado, a liturgia faz memória de um gesto que pertence à Quinta-feira Santa:
Jesus lava os pés dos discípulos (cf. Jo 13,12). Assim, esse gesto —lido desde
a perspectiva da Páscoa— recobra uma vigência perene. Observemos, somente, três
ideias.
Em primeiro lugar, a centralidade da pessoa. Na nossa
sociedade parece que fazer é o termômetro do valor de uma pessoa. Dentro dessa
dinâmica é fácil que as pessoas sejam tratadas como instrumentos; facilmente
utilizamo-nos uns aos outros. Hoje, o Evangelho nos urge a transformar essa
dinâmica em uma dinâmica de serviço: o outro nunca é um puro instrumento.
Tentaria-se de viver uma espiritualidade de comunhão, onde o outro —em
expressão de João Paulo II— chega a ser “alguém que me pertence” e um “ dom
para mim”, a quem temos de “dar espaço”. A nossa língua o tem apanhado
felizmente com a expressão: “estar pelos demais” Estamos pelos demais?
Escutamos-lhes quando nos falam?
Na sociedade da imagem e da comunicação, isto não é uma
mensagem a transmitir, senão uma tarefa a cumprir, a viver cada dia: «sereis
felizes se o puserdes em prática» (Jo 13,17). Talvez por isso, o Mestre não se
limita a uma explicação: imprime o gesto de serviço na memória daqueles
discípulos, passando logo à memória da Igreja; uma memória chamada
constantemente a ser uma vez mais gesto: na vida de tantas famílias, de tantas
pessoas.
Finalmente, um sinal de alerta: «Aquele que come do meu pão
levantou contra mim o calcanhar» (Jo 13,18). Na Eucaristia, Jesus ressuscitado
se faz o nosso servidor, nos lava os pés. Mas não é suficiente com a presença
física. Temos que aprender na Eucaristia e tirar as forças para fazer realidade
que «tendo recebido o dom do amor, morramos ao pecado e vivamos para Deus» (São
Fulgêncio de Ruspe).
Fonte Comentário: Rev. D.
David COMPTE i Verdaguer (Manlleu, Barcelona, Espanha)
HOMILIA
O GESTO DA HUMILDADE
DE JESUS Jo 13,16-20
Este texto faz parte do da última ceia, no qual Jesus lava
os pés dos discípulos, um gesto exemplar de humilde serviço.
Os discípulos na pessoa de Pedro, relutavam em aceitar que o
Mestre Jesus lhes lavasse os pés. Este gesto foi interpretado como uma quebra
de hierarquia e esvaziamento da autoridade. É que eles pensavam a sociedade
organizada em camadas sociais, sobrepostas segundo a importância de cada uma, num
sistema de precedências e privilégios.
Jesus recusou-se a pactuar com esta mentalidade,
oferecendo-lhes pistas para compreenderem a realidade de maneira diferente. Ele
parte do princípio que “o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado
maior do que aquele que o enviou”. Isto vale tanto para o Mestre quanto para os
discípulos.
Diante da resistência em acreditar nas suas palavras Ele
reagem e diz: “Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes, sob condição de
as praticardes.” Mais uma vez Jesus insiste na prática dos seus ensinamentos.
Faz-nos um puxão de orelha. É preciso não somente crer, mais sim crer e
praticar. Senão podemos nos tornar um novo Judas que acabou praticando ao
contrário, ou seja, traindo o próprio Filho de Deus. “Aquele que come o pão
comigo levantou contra mim o seu calcanhar.”
Somos nós que comemos o pão com Cristo, que comemos o pão
que é o Cristo vivo, que proclamamos sua palavra a outros, e depois levantamos
contra Ele o nosso calcanhar? Não! Isso não pode acontecer, prezados irmãos!
Vamos rezar mais, se preciso jejuar, para que não cedamos às seduções do
maligno que não cessa de tentar nos arrastar para longe Deus. Nós somos os mais
visados por ele porque somos da linha de frente, somos missionários, somos
escolhidos.
Por isso nos constituiu em sal da terra. Isto exige de nós
muito cuidado para não perdermos o nosso sabor. Para não perdermos a nossa
essência que é o de acolher, viver todos os seus ensinamentos. Por outro lado,
Ele nos escolheu e envia para anunciar a sua palavra. Pois nos assegura:
“Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu
enviei recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.”
Entretanto, trata-se de saber que senhor é aquele que enviou
Jesus, segundo a afirmação do Mestre. Sem dúvida, ele está falando do Pai, que
fez de Jesus servo e enviado, e que acolhe também os discípulos do Filho como
servos e os envia em missão. Se for possível falar em hierarquia, convém saber
que só existe uma: a que sobrepõe Deus ao ser humano, o Criador à sua criatura.
Além desta, qualquer tentativa de classificar as pessoas em mais ou em menos
importantes será sem cabimento. Quem se imagina superior aos demais está
usurpando o lugar de Deus. Só ele é o Senhor; todos nós somos irmãos e irmãs.
Nesta ordem de idéias, o gesto de humildade de Jesus é
perfeitamente compreensível. Ele agiu como servo, por ser servo. E, como ele,
todos devemos agir, pois também somos servos. Portanto, o gesto de Jesus só é
incompreensível para quem não pensa como Deus.
Fonte Canção Nova
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