Evangelho (Mateus 12,46-50)
Segunda-Feira, 16 de Julho de 2012
Santo do dia: Nossa Senhora do Carmo
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, 46enquanto Jesus estava falando às multidões,
sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele.
47Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem
falar contigo”.
48Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha
mãe, e quem são meus irmãos?” 49E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus
disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. 50Pois todo aquele que faz a vontade do
meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Quem são os ‘irmãos’
de Jesus?
julho 16th, 2012
Vemos neste texto de hoje que Jesus é interrompido de um
sermão por alguém que diz: “A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem
falar contigo”.
O que Ele disse quando foi informado que Sua mãe e Seus
irmãos estavam ali, nesta ocasião, parece consistir em desprezo aos Seus
familiares mas, na realidade, o significado é mais profundo do que isso.
Ao declarar que todo aquele que faz a vontade de Deus é a
Sua família, Ele não estava renunciando à Sua família segundo a carne. Como
filho mais velho, Ele continuou a cuidar do bem estar da Sua mãe. Isto foi
comprovado quando, ao dar a Sua vida na cruz, Ele passou essa responsabilidade
ao discípulo a quem Ele amava.
Simplesmente Jesus define claramente que o parentesco de
ordem humana, seja a mãe, os irmãos ou irmãs que Ele tinha, não tem qualquer
significação no Reino de Deus.
O relacionamento mais chegado do Senhor Jesus é com o Seu
Pai, que está nos céus, o próprio Deus Pai. O único “parentesco” permanente que
Ele pode ter é de ordem espiritual – e é com aqueles que fazem a vontade de
Deus. A estes, Ele chama de meus irmãos.
Deixando de lado os laços sanguíneos, representado pelo
parentesco segundo a carne com Sua mãe e Seus irmãos, o Senhor Jesus passará
agora a ampliar o Seu ministério a todos aqueles que O receberem, sem distinção
entre judeus e gentios. Não se dará mais exclusividade a Israel, devido à sua
incredulidade e rejeição.
O relacionamento segundo a carne passa a ser inteiramente
superado por afinidades espirituais. A obediência a Deus é agora o fator
predominante e definitivo para estabelecer tais afinidades, sem outra distinção
qualquer.
O mesmo se aplica a todo aquele que recebe Cristo como o seu
Senhor e Salvador. Ele disse: “Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe,
sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do
que a mim, não pode ser meu discípulo”. Nosso relacionamento espiritual com
Cristo produz um vínculo maior do que nosso parentesco de sangue.
Um aspecto muito importante que deve ser esclarecido é sobre
os “irmãos” de Jesus:
Os irmãos de Jesus, como fica claro pelo próprio texto
bíblico, eram filhos de Alfeu e sua esposa, e não de José e Maria. Em diversos
lugares o Evangelho fala desses “irmãos”. Assim, Marcos e Lucas referem que
“estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: ‘eis que estão lá fora tua mãe e teus
irmãos que querem ver-te’” (Mt 12,46-47; Mc 3,31-32; Lc 8,19-20 e também em Jo
7,1-10).
Toda a pessoa que pergunte sobre os irmãos de Jesus somente
revela a sua ignorância da própria Bíblia. Até porque as línguas hebraica e
aramaica não possuem palavras que traduzam o nosso ‘primo’ ou ‘prima’, e
serve-se da palavra ‘irmão’ ou ‘irmã’.
No Antigo Testamento encontramos e sobretudo em Gn 37,16;
42,15; 43,5; 12,8-14; 39,15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23,21), e primos
segundos (Lv 10,4) – e até ‘parentes’ em geral (Jó 19,13-14; 42,11). Há muitos
exemplos nas Sagradas Escrituras. Lê-se no Gênesis que ‘Taré era pai de Abraão
e de Harão, e que Harão gerou a Lot’ (Gn 11,27) que, por conseguinte, vinha a
ser sobrinho de Abraão. Contudo, no mesmo Gênesis, mais adiante, chama a Lot
‘irmão de Abraão’ (Gn 13,3). “Disse Abraão a Lot: nós somos irmãos” (Gn 14,14).
Jacó se declara irmão de Labão, quando, na verdade, era filho de Rebeca, irmã
de Labão (Gn 29,12-15).
No Novo Testamento, fica claríssimo que os ‘irmãos’ de Jesus
não eram filhos de Nossa Senhora. Os supostos ‘irmãos’ de Jesus são indicados
por São Marcos: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e
de José, e de Judas e de Simão e não estão aqui conosco suas irmãs?” Tiago e
Judas, conforme afirma S. Lucas, eram filhos de Alfeu e Cleófas: “Chamou Tiago,
filho de Alfeu… e Judas, irmão de Tiago” (Lc 6,15-16). E ainda: “Chamou Judas,
irmão de Tiago” (Lc 6,16).
Quanto a ‘José’, S. Mateus diz que é irmão de Tiago: “Entre
os quais estava… Maria, mãe de Tiago e de José” (Mt 27,56). Em S. Mateus se lê:
“Estavam ali (no calvário), a observar de longe…., Maria Mágdala, Maria, mãe de
Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu”. Essa Maria, mãe de Tiago e
José, não é a esposa de S. José, mas de Cléofas, conforme S. João (19,25). Era
também a irmã de Nossa Senhora, como se lê em S. João (19,25): “Estavam junto à
Cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria (esposa) de Cléofas, e Maria de
Mágdala”. Simão, irmão dos três outros, ‘Tiago, José e Judas’ são
verdadeiramente irmãos entre si, filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Alfeu ou
Cléofas é o pai deles.
Da mesma forma, se Nossa Senhora tivesse outros filhos, ela
não teria ficado aos cuidados de S. João Evangelista, que não era da família,
mas com seu filho mais velho, segundo ordenava a Lei de Moisés. Eis um dilema
sem saída para os protestantes, pois os ‘irmãos’ de Jesus são filhos de Maria
de Cléofas e Alfeu.
Também decorre uma pergunta: Por que nunca os evangelhos
chamam os ‘irmãos de Jesus’ de ‘filhos de Maria’ ou de ‘José’, como fazem em
relação à Nosso Senhor? E por que, durante toda a vida da Sagrada Família,
apenas conta-se três membros: Jesus, Maria e José?
Portanto, a própria Sagrada Escritura demonstra que os
supostos ‘irmãos’ de Jesus são seus primos e não seus irmãos carnais. Sua
afirmação de que o trecho de S. Mateus tem duas passagens, uma referindo-se à
filiação carnal e a segunda à filiação espiritual fica sem sentido, visto que
não conferem com o texto bíblico. Até porque o parentesco de sangue não é
sequer mencionado pelos seus irmãos nas cartas que escreveram e que se
encontram no Novo Testamento, indicando que não davam valor a isso. Ao invés disso,
eles se dizem servos de Jesus Cristo.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova
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