Liturgia Diária
3 – QUARTA-FEIRA
SÃO FRANCISCO XAVIER
PRESBÍTERO
(branco, pref. do Advento I ou IA, ou dos pastores – ofício da memória)
“Liturgia da Palavra, Evangelho do dia e reflexões espirituais profundas para fortalecer a fé e a vida diária, usando a sabedoria da Vulgata”
Vulgata (Latim)
Psalmus 17,50 (Vulgata Clementina):
Propterea confitebor tibi in nationibus, Domine, et nomini tuo psalmum dicam.
Psalmus 21,23 (Vulgata Clementina):
Narrabo nomen tuum fratribus meis in medio ecclesiae laudabo te.
Tradução ao Português
Salmo 17,50:
Por isso vos louvarei, Senhor, entre as nações, e cantarei salmos ao vosso nome.
Salmo 21,23:
Anunciarei o vosso nome aos meus irmãos e vos louvarei no meio da assembleia.
Francisco, nascido em 1506, tornou-se símbolo da alma que não teme atravessar horizontes. Sua jornada rumo ao Oriente revela a disciplina interior de quem sabe que o espírito humano cresce quando encontra novos mundos. Índia, Japão e o sonho inacabado da China mostraram que a verdade se expande quando o indivíduo cultiva coragem, razão e desprendimento. Ele ofereceu a Palavra como quem ilumina consciências e recorda que toda vida floresce quando preserva dignidade, responsabilidade e liberdade interior. Que sua memória nos inspire a construir relações que sustentem a existência e façam cessar sombras que obscurecem a alegria dos homens.
Evangelium secundum Matthaeum 15,29-37
De Multiplicatione Panum
-
Et cum transisset inde Iesus venit secus mare Galilaeae et ascendens in montem sedebat ibi.
Jesus partiu dali, veio para junto do mar da Galileia, subiu a montanha e sentou-se ali. -
Et accesserunt ad eum turbae multae habentes secum mutos caecos claudos debiles et alios multos et proiecerunt eos ad pedes eius et curavit eos.
E numerosas multidões aproximaram-se, trazendo mudos, cegos, coxos, debilitados e muitos outros, colocando-os aos seus pés, e Ele os curou. -
Ita ut turbae mirarentur videntes mutos loquentes claudos ambulantes caecos videntes et magnificabant Deum Israel.
As multidões maravilhavam-se vendo mudos falar, coxos andar, cegos enxergar e glorificavam o Deus de Israel. -
Iesus autem convocatis discipulis suis dixit misereor turbae quia triduo iam perseverant mecum et non habent quod manducent et dimittere eos ieiunos nolo ne deficiant in via.
Jesus chamou seus discípulos e disse Tenho compaixão da multidão porque já faz três dias que permanece comigo e não tem o que comer e não quero despedi-los em jejum para que não desfaleçam no caminho. -
Et dicunt ei discipuli unde ergo nobis in deserto panes tantos ut saturemus turbam tantam.
Os discípulos responderam Como conseguir no deserto tantos pães para saciar tão grande multidão -
Et ait illis Iesus quot panes habetis at illi dixerunt septem et paucos pisciculos.
Jesus disse Quantos pães tendes Eles responderam Sete e alguns peixinhos. -
Et praecepit turbae ut discumberent super terram.
Então ordenou à multidão que se sentasse no chão. -
Et accipiens septem panes et pisces et gratias egit ac fregit et dedit discipulis suis discipuli autem turbae.
Tomou os sete pães e os peixes deu graças partiu-os e entregou-os aos discípulos que os distribuíram à multidão. -
Et comederunt omnes et saturati sunt et sustulerunt quod superfuit de fragmentis septem sportas plenas.
Todos comeram e ficaram saciados e recolheram sete cestos cheios dos pedaços que sobraram.
Verbum Domini
Reflexão:
A cena revela o poder de transformar limitações em gesto consciente
Mostra que a presença interior sustém a ação justa
Convoca à clareza para reconhecer o essencial
Indica que cada escolha molda a realidade que habitamos
Recorda que a responsabilidade fortalece a liberdade
Revela que a abundância nasce de corações deliberados
Ensina que a serenidade guia mesmo em terrenos áridos
Mostra que a vida frutifica quando o agir é lúcido e compassivo
Versículo mais importante:
Iesus autem convocatis discipulis suis dixit misereor turbae quia triduo iam perseverant mecum et non habent quod manducent et dimittere eos ieiunos nolo ne deficiant in via.
Jesus chamou seus discípulos e disse Tenho compaixão da multidão porque já faz três dias que permanece comigo e não tem o que comer e não quero despedi-los em jejum para que não desfaleçam no caminho.(Mt 15,32)
HOMILIA
A Montanha onde o Coração se Abre ao Infinito
O Evangelho narra Jesus subindo a montanha e ali se sentando como quem oferece à alma humana a possibilidade de elevar-se acima das sombras que a limitam. A montanha simboliza o espaço interior onde cada pessoa reencontra sua origem luminosa e percebe que a dignidade não nasce das circunstâncias, mas da própria estrutura espiritual que a sustém. As multidões que se aproximam representam nossas dimensões frágeis e silenciosas, que carregamos no íntimo e que pedem cura, lucidez e recomposição.
Ao curar cegos, mudos, coxos e debilitados, Cristo revela que toda transformação autêntica começa na disposição de enxergar o real com clareza, falar o que edifica, caminhar com firmeza e restaurar o que está inclinado para baixo. Ele não impõe transformação, mas a desperta. Nisso se manifesta a liberdade interior, esse núcleo que não pode ser arrastado pelas circunstâncias externas nem condicionado por forças passageiras. A cura é o florescimento da responsabilidade consciente que reconhece a própria vocação ao bem.
Quando Jesus diz sentir compaixão da multidão, não o faz como quem reage às necessidades apenas sensíveis, mas como quem contempla a jornada humana na sua extensão mais profunda. Aqueles que O seguem há três dias simbolizam a alma que persevera no caminho da verdade, sustentada pela esperança e pelo desejo de plenitude. O alimento que falta é a consciência que precisa ser nutrida para não desfalecer. O gesto de Cristo, ao multiplicar pães e peixes, ensina que a abundância brota quando o pouco é confiado ao alto e partilhado com retidão.
Os discípulos, ao apresentarem sete pães, mostram que a obra divina se realiza quando a pessoa oferece com serenidade o que possui. O número sete, sinal de plenitude, lembra que não é a quantidade que sustenta, mas a entrega ordenada e a confiança na ação que transcende a lógica imediata. Assim, a partilha se torna exercício de liberdade madura, pois quem partilha reconhece que o bem não se fecha em si mesmo, mas se expande em direção ao outro sem perder consistência interior.
O milagre manifesta que a vida encontra sua força quando se orienta pela clareza do espírito. A multidão saciada e os cestos que sobram revelam que a existência se enriquece quando a pessoa escolhe servir, agir com propósito e manter o coração alinhado ao que é eterno. Cristo, sentado no alto da montanha, continua a chamar cada pessoa e cada família a essa ascensão interior que une responsabilidade e esperança, firmeza e compaixão, liberdade e compromisso.
Assim, contemplar este Evangelho é permitir que a luz que brota da montanha se torne impulso para o crescimento real da alma. É perceber que a dignidade humana se desdobra quando a pessoa assume sua vocação de caminhar com lucidez e de alimentar a vida daqueles que Deus lhe confia. É reconhecer que o milagre permanece vivo sempre que escolhemos o caminho da consciência desperta, da presença interior e do amor que sustém.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
A Voz que Reconhece a Necessidade Humana
Jesus chamou seus discípulos e disse Tenho compaixão da multidão porque já faz três dias que permanece comigo e não tem o que comer e não quero despedi-los em jejum para que não desfaleçam no caminho (Mt 15,32)
A Compaixão como Olhar que Discerne
A compaixão expressa por Cristo não depende de impulsos emocionais. Ela nasce de um olhar que contempla a condição humana em profundidade e reconhece que a fragilidade, quando sustentada por uma presença firme, se transforma em força. Ele não observa a multidão como massa, mas como pessoas em caminho, cada uma com sua dignidade inviolável. Sua compaixão é um ato de inteligência espiritual que percebe a necessidade antes que ela produza queda.
A Perseverança dos Três Dias
A multidão permanece com Cristo por três dias, tempo que indica maturidade, passagem e preparação. Não é uma permanência superficial, mas a busca sincera de sentido. Aqueles que O seguem sem alimento exterior representam o ser humano que, movido pela verdade, atravessa desertos internos para encontrar a fonte que sustenta a existência. Esta perseverança indica que a disposição de caminhar é essencial para qualquer transformação autêntica.
O Alimento que Sustém a Jornada
A falta de alimento não simboliza apenas uma necessidade física, mas a ausência de sustento interior que pode enfraquecer a vontade, a clareza e a firmeza necessárias para avançar. Cristo se recusa a enviá-los embora sem algo que os fortaleça, revelando que a vida espiritual exige cuidado integral. Quem caminha precisa de força para permanecer fiel ao próprio propósito.
A Preocupação de Cristo com a Estrada Adiante
A frase não quero que desfalecem no caminho mostra que Cristo contempla o futuro de cada pessoa. Ele não age apenas sobre o momento presente, mas orienta seu gesto para que a caminhada continue com estabilidade e segurança. Assim, Ele ensina que a verdadeira responsabilidade é prever as consequências, fortalecer o próximo e promover condições para que ninguém seja vencido pela própria limitação.
A Conexão entre Liberdade e Sustento Interior
A partir deste versículo, compreende-se que a liberdade humana não é abandono ou improviso, mas um movimento que exige firmeza interior. Cristo alimenta a multidão para que ela prossiga sem perder consciência, clareza e direção. O sustento oferecido é convite à autonomia, à força de permanecer em pé e à maturidade de avançar com lucidez.
A Revelação do Valor da Pessoa e da Família
Ao cuidar da multidão, Cristo reconhece o valor de cada vida e, implicitamente, das relações que cada pessoa carrega consigo. Sua atenção evita a queda, a exaustão e a desintegração daqueles que O seguem. A família humana é chamada a aprender deste gesto a cuidar-se mutuamente, a oferecer apoio sem substituir a responsabilidade pessoal e a caminhar unida em direção ao bem.
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