Liturgia Diária
2 – SEXTA-FEIRA
SANTOS BASÍLIO MAGNO E GREGÓRIO NAZIANZENO
BISPOS E DOUTORES DA IGREJA
(branco, pref. do Natal, p. ??, ou dos doutores – ofício da memória)
Ecclesiasticus (Sirácida) 44,14–15 — Vulgata Clementina
14. Corpora ipsorum in pace sepulta sunt,
et nomen eorum vivit in generationem et generationem.15. Sapientiam ipsorum narrent populi,
et laudem eorum nuntiet ecclesia.
14. Seus corpos foram sepultados em paz,
e o seu nome vive de geração em geração.15. Proclamem os povos a sabedoria dos santos,
e a Igreja anuncie os seus louvores.
(Eclo 44,15.14).
Basílio e Gregório surgem da Capadócia como figuras de disciplina interior e amizade ordenada pela razão. Unidos pelo estudo, aprenderam que o bem da alma nasce da constância e da fidelidade ao logos. Um guiou comunidades com firmeza serena; o outro pensou o mistério com rigor contemplativo. Ambos viveram conforme a medida, indiferentes ao aplauso e atentos ao dever. A amizade tornou-se exercício de virtude, não refúgio emocional. Seus nomes permanecem porque viveram segundo princípios que não dependem do tempo: retidão, domínio de si, serviço ao que transcende o indivíduo e orientam a consciência à ordem universal imutável e perene.
Evangelium secundum Ioannem 1,19–28
Et haec est testimonium Ioannis, quando miserunt ad eum Iudaei ab Ierusalem sacerdotes et Levitas, ut interrogarent eum: Tu quis es.
E este é o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu.Et confessus est, et non negavit: et confessus est: Quia non sum ego Christus.
E ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo.Et interrogaverunt eum: Quid ergo? Elias es tu? Et dixit: Non sum. Propheta es tu? Et respondit: Non.
E perguntaram-lhe: Quem és então? És Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não.Dixerunt ergo ei: Quis es, ut responsum demus his qui miserunt nos? Quid dicis de teipso?
Disseram-lhe então: Quem és, para que demos resposta aos que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?Ait: Ego vox clamantis in deserto: Dirigite viam Domini, sicut dixit Isaias propheta.
Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.Et qui missi fuerant, erant ex pharisaeis.
Os que tinham sido enviados eram dos fariseus.Et interrogaverunt eum, et dixerunt ei: Quid ergo baptizas, si tu non es Christus, neque Elias, neque propheta?
E interrogaram-no e disseram-lhe: Por que batizas então, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?Respondit eis Ioannes, dicens: Ego baptizo in aqua: medius autem vestrum stetit, quem vos nescitis.
João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água, mas no meio de vós está alguém que não conheceis.Ipse est, qui post me venturus est, qui ante me factus est: cuius ego non sum dignus ut solvam eius corrigiam calceamenti.
Ele é aquele que vem depois de mim, mas que passou à minha frente, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália.Haec in Bethania facta sunt trans Iordanem, ubi erat Ioannes baptizans.
Isto aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
Verbum Domini
Reflexão:
A voz não se confunde com a origem do som.
Quem conhece o próprio lugar não disputa títulos.
A grandeza habita a medida justa do ser.
Há firmeza em quem não depende do reconhecimento externo.
O caminho se endireita quando o interior se ordena.
A presença silenciosa vale mais que a afirmação ruidosa.
Quem serve ao princípio não se coloca no centro.
Assim a consciência permanece íntegra diante do eterno.
Versiculo mais importante:
Ait: Ego vox clamantis in deserto: Dirigite viam Domini, sicut dixit Isaias propheta.
Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.(Jo 1,23)
HOMILIA
A Voz que Revela o Lugar do Ser
A grandeza do ser humano manifesta-se quando ele reconhece o seu lugar na ordem eterna e orienta a própria vida segundo a verdade que o transcende.
O Evangelho apresenta João como alguém que conhece o próprio lugar na ordem do real. Interrogado, ele não se apropria do que não lhe pertence. Há grandeza nessa recusa serena. Ele não é a fonte, é o sinal. Não é a luz, é a indicação do caminho. Assim se revela uma pedagogia interior na qual o ser humano amadurece ao reconhecer a verdade de si mesmo diante do Eterno.
João se define como voz. A voz existe para desaparecer depois de cumprir sua função. Ela não retém, não domina, não se impõe. Apenas desperta. Esse gesto aponta para um processo profundo de crescimento interior, no qual a consciência se alinha com aquilo que a transcende. Quando o interior se ordena, o caminho se torna reto sem violência e sem confusão.
No centro do texto está Aquele que já se encontra entre os homens e não é reconhecido. Essa presença silenciosa revela que o essencial não se impõe pelo ruído. Ele se manifesta na fidelidade ao princípio que sustenta tudo. Reconhecer essa presença exige vigilância interior, domínio de si e abertura da inteligência para o que é mais alto do que o imediato.
A dignidade da pessoa nasce dessa capacidade de permanecer fiel ao próprio chamado. João não se define por comparação nem por disputa. Sua identidade está enraizada na verdade. É esse mesmo fundamento que sustenta a família como célula mater da vida espiritual. No espaço da casa, aprende se a escuta, a transmissão do sentido e o respeito à ordem que precede cada geração.
A água do batismo simboliza o início de um processo. Ela indica passagem, purificação e disposição interior. Mas João aponta para algo maior. Existe uma transformação mais profunda que não depende de gestos exteriores, mas de um consentimento íntimo da alma àquilo que a chama pelo nome.
Essa homilia nos convida a uma vida conduzida pela medida justa. Quando o ser humano aceita não ocupar o centro, descobre uma força serena que o sustenta. Assim a existência se harmoniza com a ordem invisível e o caminho do Senhor se torna claro no interior de cada um.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Disse Eu sou a voz do que clama no deserto Endireitai o caminho do Senhor como disse o profeta Isaías Jo 1,23
A identidade como resposta ao chamado
A palavra de João não nasce do desejo de afirmação pessoal. Ela brota do reconhecimento de um chamado que o precede. Ao dizer que é voz ele afirma que sua existência encontra sentido quando se coloca a serviço de um princípio maior. A identidade verdadeira não se constrói pela posse ou pelo domínio mas pela adesão fiel à verdade que sustenta o ser.
O deserto como espaço interior
O deserto não é apenas um lugar físico. Ele representa o silêncio necessário para que a consciência se torne clara. É no esvaziamento das distrações que o ser humano escuta o que o orienta. O caminho do Senhor se endireita quando o interior se ordena e a vontade se harmoniza com o bem que não muda.
O caminho como ordem do ser
Endireitar o caminho significa alinhar a vida com a ordem que a funda. Não se trata de impor formas externas mas de permitir que a retidão brote de dentro. Essa disposição revela maturidade espiritual e respeito pela dignidade da pessoa criada para participar de uma realidade mais alta.
A voz que prepara e se retira
João ensina que a verdadeira missão não retém para si aquilo que anuncia. A voz cumpre seu papel quando conduz ao essencial e depois silencia. Assim a fé amadurece quando aprende a não confundir o sinal com a fonte e a reconhecer no silêncio a presença do eterno.
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