Liturgia Diária
27 – QUINTA-FEIRA
8ª SEMANA COMUM*
(verde – ofício do dia)
O Senhor se tornou o meu apoio, libertou-me da angústia e me salvou porque me ama (Sl 17,19s).
O autor sagrado exalta o Senhor por suas obras maravilhosas e pela sabedoria com que as governa. Demos glória a Deus por podermos contemplar tudo o que ele realiza em nós e no mundo.
Evangelho: Marcos 10,46-52
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou a luz do mundo; / aquele que me segue / não caminha entre as trevas, / mas terá a luz da vida (Jo 8,12). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 46Jesus saiu de Jericó junto com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. 47Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” 48Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” 49Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” 50O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. 51Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” 52Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho. – Palavra da salvação.
Fonte https://www.paulus.com.br/
Reflexão - Evangelho: Marcos 10,46-52
«Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim»
P. Ramón LOYOLA Paternina LC
(Barcelona, Espanha)
Hoje, Cristo sai ao nosso encontro. Todos somos Bartimeu: esse não vidente que Jesus passou bem próximo, e que saltou gritando até que Jesus lhe prestasse atenção. Talvez tenhamos um nome um pouco mais bonito... Mas, a nossa debilidade humana (moral) é semelhante à cegueira que sofria nosso protagonista. Nós, também não chegamos a ver que Cristo vive em nossos irmãos e, assim, tratamos como os tratamos. Quem sabe não chegamos a ver nas injustiças sociais, nas estruturas de pecado, uma chamada humilhante aos nossos olhos para um compromisso social. Talvez não vislumbramos que «Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos» (Jo 15,13). Vemos meio confuso o que é nítido: que as miragens do mundo conduzem à frustração, e que o paradoxo do Evangelho traz a dificuldade, produzem fruto, realização e vida. Somos verdadeiramente débeis visuais, não por eufemismo e sim em realidade: nossa vontade debilitada pelo pecado ofusca a verdade em nossa inteligência e escolhemos o que não nos convém.
Solução: gritar, isto é, orar humildemente «Filho de Davi, tem compaixão de mim» (Mc 10,48). E gritar mais quanto mais te repreendam, te desanimem ou te desanimes: «Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais alto... »(Mc 10,48). Gritar que é também pedir: «Rabûni, meu Mestre, que eu veja» (Mc 10,51). Solução: dar, como ele, um impulso na fé, crer mais além de nossas certezas, confiar em quem nos amou, nos criou, e veio redimir-nos e ficou conosco, na Eucaristia.
O Papa João Paulo II nos dizia com sua vida: suas longas horas de meditação —tantas que seu Secretário dizia que ele orava “demais”— nos dizem claramente que «aquele que ora muda a historia».
Fonte https://evangeli.net/
VAI, A TUA FÉ TE SALVOU Mc 10,46-52
HOMILIA
Jericó acordara cedinho trazendo ainda no rosto dos seus habitantes a alegria contagiante da passagem de Jesus. Os comentários sucediam-se; não faltavam opiniões, as mais diversas; pessoas emocionadas; gente simples que tomara ares de vida nova… Tudo resplandecia. A cidade respirava um ar diferente apesar do parecer contrário de muitos a respeito do ocorrido no dia anterior: o jantar de Jesus e seus discípulos na casa de Zaqueu. É que eles ainda não se tinham dado conta destas palavras: “Eu vos digo que do mesmo modo, haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento” (Lc 15,7). Parece-me ouvir nitidamente a voz de Jesus repetindo aos insatisfeitos o que dissera alguns dias antes aos seus discípulos: “O que vos parece? Se um homem possui cem ovelhas e uma delas se extravia, não deixa ele as noventa e nove nos montes e vai à procura da que se perdeu? Se consegue encontrá-la, em verdade vos digo, terá maior alegria com ela do que com as noventa e nove que não se extraviaram” (Mt 18,12-13). Eles por certo ainda não haviam entendido “a lógica” de Jesus, e muito tempo ainda decorreria para que entendessem que “a sua lógica não tem lógica”, visto que o Reino não chegara para “os sábios e entendidos”. Ao sair de Jericó com os seus discípulos e grande multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, o cego Bartimeu, filho de Timeu.
Os pobres eram, em primeiro lugar, os mendigos. Estes eram os doentes e aleijados que tinham recorrido à mendicância, haja vista a impossibilidade de serem empregados e não possuírem parentes que pudessem ou quisessem sustentá-los. Era o contraste que se deparava diante de todos. Ainda há pouco as cores da alegria; no instante presente a máscara da tristeza, da miséria e da opressão. Bartimeu, além de mendigo, era cego. Excluído e humilhado pela sociedade, perdera a vergonha de estender as mãos para angariar míseras moedas para o seu sustento. Aprendera na dor a ser humilde; aprendera na obediência a Deus a viver sem murmurar; aprendera a aceitar a sua condição de dependência e opressão.
Aprendera de maneira dinâmica e não de maneira estática, a acolher a sua condição limitada. Dentro dele latejava a ânsia de lutar por dias melhores. Sentia em sua alma alguma coisa que falava não sei o quê… Ele não compreendia, mas sentia profundamente que aquela coisa… É como se pressentisse algo. Era chegado o tempo de descruzar os braços.
Seu tato era extraordinário. Poderíamos afirmar, sem receio, que ele enxergava pelas mãos, pelos dedos. Por outro lado, a sua capacidade auditiva era extremamente acurada. Não tendo capacidade para detectar a luz, desenvolvera a capacidade de detectar as formas e os sons. Aqueles sons que se aproximavam do lugar em que estava mendigando, um alarido não muito constante em Jericó, tornara-se o sinal indicativo de que um personagem importante estava deixando a cidade. À medida que a multidão se aproximava, mais ele apurava os ouvidos. Quando percebeu que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” Ele naturalmente não viu; mas através do vozerio identificou que era Jesus. E começou a gritar, clamando por misericórdia Àquele que é “a luz do mundo e o caminho, a verdade e a vida” (Jo 8,12; 14,6).
E muitos o repreendiam para que se calasse. Ele porém, gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem compaixão de mim!” A insistência e a persistência de quem luta por aquilo que quer e deseja, e anseia, e busca, e pede, e clama… Encontra ressonância aos ouvidos do Senhor.
Detendo-se, Jesus disse: “Chamai-o!” Jesus pára e manda chamá-lo. Diante da miséria humana Jesus nunca segue adiante. É o Bom Pastor que cuida da ovelha doente; e o Bom Samaritano que trata das feridas da ovelha machucada. Chamaram o cego, dizendo: “Coragem! Ele te chama. Levanta-te!” Deixando a sua capa, levantou-se e foi até Jesus.
A doença que o oprimia, escravizava e humilhava, a partir de agora deixara de ter sentido. Aquela capa que fora símbolo de exclusão social foi atirada longe. O que importava era levantar-se o mais depressa possível e chegar até Jesus.
Naquele instante os olhos da LUZ encontraram os olhos sem luz. E no Coração de Jesus afloram as palavras proferidas na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar o ano da Graça do Senhor”. Diante dele Bartimeu, pobre, mendigo, cego, cativo, preso, oprimido… Então Jesus lhe disse: “Que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu possa ver novamente!”
Jesus respeita a nossa liberdade. Por isso a razão da sua pergunta. Ele queria que Bartimeu verbalizasse, apesar de saber e vê-lo cego. Quando ele expressou o seu desejo de cura, Jesus lhe disse: “Vai, a tua fé te salvou!” No mesmo instante ele recuperou a vista e seguia-o pelo caminho. São palavras que curam o corpo, a alma e o coração.
O cego não é aquele que não vê, mas aquele que não quer ver. Quantos passam a vida sentados à beira do caminho, braços cruzados, olhos perdidos no vazio e na escuridão, acomodados, desencorajados, desesperançados, descrentes de Deus, descrentes do mundo, descrentes das pessoas… Mortos vivos ou vivos mortos? Em qual das duas categorias você se ajusta? Jesus está passando agora na rua do seu coração. Não deixe esta graça passar sem realizar o que Deus quer. Peça, busque, clame, grite, como Bartimeu: Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim! Clama com as palavras que o Espírito Santo te inspirar: Jesus, eu só enxergo as coisas do mundo. O meu coração e os meus olhos encharcados de concupiscências, de pecados, de vícios, de egoísmo, de orgulho, de vaidade, de adultério, de rancor.. Eu sou cego para o amor, para o perdão, para a misericórdia, para a disponibilidade, para o serviço aos irmãos, para a partilha; eu sou cego para a humildade, para o desprendimento, para a renúncia, para o despojamento de mim mesmo. Tem compaixão de mim!
E os teus olhos se abrirão; tua alma exultará; teu espírito haverá de cantar as misericórdias que o Senhor realizou na tua vida.
Mas não basta apenas isto. É necessário exercitar a fé. É seguindo Jesus pelo caminho, como fez Bartimeu, que se cumpriram as palavras de Jesus em sua vida: “Vai, a tua fé te salvou”.
Fonte https://homilia.cancaonova.com/
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