domingo, 5 de abril de 2020

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 13,21-33.36-38 - 07.04.2020

Liturgia Diária

DIA 7 – TERÇA-FEIRA 
SEMANA SANTA

(roxo, prefácio da paixão II, pág. ?? – ofício próprio)

Não me deixeis, Senhor, à mercê de meus adversários, pois contra mim se levantaram testemunhas falsas, mas volta-se contra eles a sua iniquidade (Sl 26,12).

Desde o ventre materno, somos amados por Deus e escolhidos por ele para uma missão, que se prolonga por toda a vida. Celebremos com o propósito de sermos sempre fiéis ao amor do Pai, nossa rocha protetora e nosso refúgio, sem trair a confiança dele em nós nem negar nossa condição de discípulas e discípulos missionários de Jesus no mundo de hoje.

Evangelho: João 13,21-33.36-38

Honra, glória, poder e louvor / a Jesus, nosso Deus e Senhor!

Salve, ó rei, obediente ao Pai; / vós fostes levado para ser crucificado / como um manso cordeiro é conduzido à matança. – R.

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, estando à mesa com seus discípulos, 21Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando. 23Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. 24Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, quem é?” 26Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27Depois do pedaço de pão, satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que tens a fazer, executa-o depressa”. 28Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe queria dizer: “Compra o que precisamos para a festa” ou que desse alguma coisa aos pobres. 30Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite. 31Depois que Judas saiu, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’”. 36Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas me seguirás mais tarde”. 37Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei a minha vida por ti!” 38Respondeu Jesus: “Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo, o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes”. – Palavra da salvação.

Fonte https://www.paulus.com.br/


Reflexão - Evangelho: João 13,21-33.36-38
«Era noite»

Abbé Jean GOTTIGNY
(Bruxelles, Blgica)

Hoje, Terça-feira Santa, a liturgia põe o acento sobre o drama que está a ponto de desencadear-se e que concluirá com a crucifixão da Sexta-feira Santa. «Então, depois de receber o bocado, Judas saiu imediatamente. Era noite» (Jo 13,30). Sempre é de noite quando nos distanciamos do que é «Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro» (Símbolo de Niceas-Constantinopla).

O pecador é o que dá as costas ao Senhor para gravitar ao redor das coisas criadas, sem referi-las a seu Criador. Santo Agostinho descreve o pecado como «um amor a si mesmo até o desprezo de Deus». Uma traição. Uma prevaricação fruto da «arrogância com a que queremos emancipar-nos de Deus e não ser nada mais que nós mesmos; a arrogância pela que cremos não ter necessidade do amor eterno, e sim que desejamos dominar nossa vida por nós mesmos» (Bento XVI). Podemos entender que Jesus, aquela noite, tenha-se sentido «turbado em seu interior» (Jo 13,21).

Afortunadamente, o pecado não é a última palavra. Esta é a misericórdia de Deus. Mas ela supõe uma “mudança” de nossa parte. Uma mudança da situação que consiste em despegar-se das criaturas para vincular-se a Deus e reencontrar assim a autêntica liberdade. No entanto, não vamos esperar estar aborrecidos das falsas liberdades que tomamos, para mudar a Deus. Segundo denunciou o padre jesuíta Bourdaloue, «quiséramos converter-nos quando estivéssemos cansados do mundo ou, melhor dito, quando o mundo estivesse cansado de nós». Sejamos mais espertos. Decidamo-nos agora. A Semana Santa é a ocasião propícia. Na Cruz, Cristo abre seus braços a todos. Ninguém está excluído Todo ladrão arrependido tem seu lugar no paraíso. Isso sim, a condição de mudar de vida e de reparar, como o do Evangelho: «Para nós, é justo sofrermos, pois estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal» (Lc 23,41).

«Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele»

+ Rev. D. Lluís ROQUÉ i Roqué
(Manresa, Barcelona, Espanha)

Hoje contemplamos Jesus na escuridão dos dias da Paixão, escuridão que concluirá quando exclame: «Está consumado» (Jo 19,30); a partir desse momento se acenderá a luz da Páscoa. Na noite luminosa da Páscoa —em contraposição com a noite escura da véspera de sua morte— as palavras de Jesus vão se fazer realidade: «Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele» (Jo 13,31). Pode se dizer que cada passo de Jesus é um passo da morte à Vida e tem um caráter pascoal, manifestado numa atitude de obediência total ao Pai: «Eis que eu vim para fazer a tua vontade» (Heb 10,9), atitude que fica corroborada com palavras, gestos e obras que abrem o caminho da sua glorificação como Filho de Deus.

Contemplamos também a figura de Judas, o apóstolo traidor. Judas tenta dissimular a má intenção que guarda no seu coração; assim mesmo, procura encobrir com hipocrisia a avareza que lhe domina e lhe cega, apesar de ter tão perto ao que é a Luz do mundo. Mesmo assim de estar rodeado de Luz e de desprendimento exemplar, para Judas «Era noite» (Jo 13,30): trinta moedas de prata, “o excremento do diabo” —como qualifica Papini o dinheiro— o deslumbraram e amordaçaram. Preso da avareza, Judas atraiçoou e vendeu a Jesus, o mais prezado dos homens, o único que pode nos enriquecer. Mas Judas experimentou, também a desesperação, já que o dinheiro não é tudo e pode chegar a escravizar.

Finalmente, consideramos Pedro atenta e devotamente. Tudo nele é boa vontade, amor, generosidade, naturalidade, nobreza... é o contraponto de Judas. É certo que negou a Jesus, mas não o fez com má intenção, senão por covardia e debilidade humana. «Negou-o pela terceira vez, e olhando-o Jesus Cristo, logo depois chorou, e chorou amarguradamente» (Santo Ambrósio). Pedro se arrependeu sinceramente e manifestou a sua dor cheio de amor. Por isso, Jesus o reafirmou na vocação e na missão que lhe tinha preparado.

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A TRAIÇÃO Jo 13,21-33.36-38
HOMILIA

Estamos na terça feira da Semana Santa. Os textos do evangelho destes dias nos confrontam com os fatos terríveis que levaram à prisão e à condenação de Jesus. Os textos não trazem só as decisões das autoridades religiosas e civis contra Jesus, mas também relatam as traições e negações dos próprios discípulos que possibilitaram a prisão de Jesus pelas autoridades e contribuíram enormemente para aumentar o sofrimento de Jesus.

Nesta ceia estão com Jesus, os apóstolos. Destacam-se João, aquele "a quem Jesus amava", Simão Pedro, representando as pessoas em busca de identidade e Judas Iscariotes, o traidor. Nas refeições solenes, dar um pedaço de pão umedecido no molho era sinal de carinho especial. Jesus entrega este pedaço de pão a Judas Iscariotes. Com isto o Evangelho dá a entender que Jesus ama de maneira extraordinária aquele que o trairá. A traição não é obra de inimigos de Jesus. Acontece por meio de um dos seus. Pedro está distante de Jesus, não só fisicamente, mas precisa da mediação de João para se comunicar com o Mestre.

O anúncio da traição. Depois de ter lavado os pés dos discípulos e de ter falado da obrigação que temos de lavar os pés uns dos outros, Jesus se comoveu profundamente. E não era para menos. Enquanto ele estava fazendo aquele gesto de serviço e de total entrega de si mesmo, ao lado dele um discípulo estava tramando a maneira de como traí-lo naquela mesma noite. Jesus expressa a sua comoção e diz: Em verdade lhes digo: um de vocês vai me trair! Não diz: Judas vai me trair, mas um de vocês. É alguém do círculo da amizade dele que vai ser o traidor.

A reação dos discípulos. Os discípulos levam susto. Não esperavam por esta declaração tão séria de que um deles seria o traidor. Pedro faz um sinal a João para ele perguntar a Jesus qual dos doze iria cometer a traição. Sinal de que eles nem sequer desconfiavam quem pudesse ser o traidor. Ou seja, sinal de que a amizade entre eles ainda não tinha chegado à mesma transparência de Jesus para com eles. João se inclinou para perto de Jesus e perguntou: Quem é?

Jesus indica Judas. Jesus disse: é aquele a quem vou dar um pedaço de pão umedecido no molho. Ele pegou um pedaço de pão, molhou e deu a Judas. Era um gesto comum e normal que os participantes de uma ceia costumavam fazer entre si. E Jesus disse a Judas: O que você tem que fazer, faça logo! Judas tinha a bolsa comum. Era o encarregado de comprar as coisas e de dar esmolas para os pobres. Por isso, ninguém percebeu nada de especial no gesto e na palavra de Jesus. Nesta descrição do anúncio da traição está uma evocação do salmo em que o salmista se queixa do amigo que o traiu: Até o meu amigo, em quem eu confiava e que comia do meu pão, é o primeiro a me trair. Judas percebeu que Jesus estava sabendo de tudo. Mesmo assim, não voltou atrás, e manteve a decisão de trair Jesus. É neste momento que se opera a separação entre Judas e Jesus. João diz que o satanás entrou nele. Judas levantou e saiu. Ele entrou para o lado do adversário (satanás). João comenta: Era noite. Era a escuridão.

Começa a glorificação de Jesus. É como se a história tivesse esperado por este momento da separação entre a luz e as trevas. Satanás (o adversário) e as trevas entraram em Judas quando ele decidiu de executar o que estava tramando. Neste mesmo momento se fez luz em Jesus que declara: Agora o Filho do Homem foi glorificado, e também Deus foi glorificado nele. Deus o glorificará em si mesmo e o glorificará logo! O que vai acontecer daqui para frente é contagem regressiva. As grandes decisões foram tomadas, tanto da parte de Jesus e agora também da parte de Judas. Os fatos se precipitam. E Jesus já dá o aviso: Filhinhos, é só mais um pouco que vou ficar com vocês. Falta pouco para que se realize a passagem, a Páscoa.

O novo mandamento. O evangelho de hoje omite estes dois versículos sobre o novo mandamento do amor e passa a falar do anúncio da negação de Pedro.

Anúncio da negação de Pedro. Junto com a traição de Judas, o evangelho traz também a negação de Pedro. São os dos dois fatos que mais contribuíram para o sofrimento de Jesus. Pedro diz que está disposto a dar a vida por Jesus. Jesus o chama à realidade: “Você dar a vida por mim? O galo não cantará sem que me renegues três vezes”. Marcos tinha escrito: “O galo não cantará duas vezes e você já me terá negado três vezes” (Mc 14,30). Todo mundo sabe que o canto do galo é rápido. Quando de manhã cedo o primeiro galo começa a cantar, quase ao mesmo tempo todos os galos estão cantando. Pedro é mais rápido na negação do que o galo no canto.

O que o texto diz para mim, hoje? Também me coloco na mesa, junto a Jesus. Em que lugar? Identifico-me com Pedro, João, ou com qual apóstolo? Os bispos, na Conferência de Aparecida falaram da comunidade de amor que nasce da Eucaristia e constrói a unidade. A Igreja, como "comunidade de amor é chamada a refletir a glória do amor de Deus que, é comunhão, e assim atrair as pessoas e os povos para Cristo. No exercício da unidade desejada por Jesus, os homens e mulheres de nosso tempo se sentem convocados e recorrem à formosa aventura da fé. Que também eles vivam unidos a nós para que o mundo creia (Jo 17,21). A Igreja cresce, não por proselitismo mas por 'atração': como Cristo 'atrai tudo a si' com a força de seu amor. A Igreja atrai quando vive em comunhão, pois os discípulos de Jesus serão reconhecidos se amarem uns aos outros como Ele nos amou!

Pai, faze-me viver em sintonia com Jesus, de modo que meus preconceitos não venham a influenciar minha adesão a ele.


Fonte  Pe. Bantu Mendonça katchipwi Sayla


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