sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho - Lc 4,21-30 - 31.01.2016 - Jesus, assim como Elias e Eliseu, não é enviado só aos judeus.

4º DOMINGO Tempo
Comum
Cor: Verde

Evangelho - Lc 4,21-30

Jesus, assim como Elias e Eliseu,
não é enviado só aos judeus.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 4,21-30

Naquele tempo:
Entrando Jesus na sinagoga disse:
21'Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura
que acabastes de ouvir.'
22Todos davam testemunho a seu respeito,
admirados com as palavras cheias de encanto
que saíam da sua boca.
E diziam: 'Não é este o filho de José?'
23Jesus, porém, disse:
'Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio:
Médico, cura-te a ti mesmo.
Faze também aqui, em tua terra,
tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum.'
24E acrescentou:
'Em verdade eu vos digo que nenhum profeta
é bem recebido em sua pátria.
25De fato, eu vos digo:
no tempo do profeta Elias,
quando não choveu durante três anos e seis meses
e houve grande fome em toda a região,
havia muitas viúvas em Israel.
26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias,
senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia.
27E no tempo do profeta Eliseu,
havia muitos leprosos em Israel.
Contudo, nenhum deles foi curado,
mas sim Naamã, o sírio.'
28Quando ouviram estas palavras de Jesus,
todos na sinagoga ficaram furiosos.
29Levantaram-se e o expulsaram da cidade.
Levaram-no até ao alto do monte
sobre o qual a cidade estava construída,
com a intenção de lançá-lo no precipício.
30Jesus, porém, passando pelo meio deles,
continuou o seu caminho.
Palavra da Salvação.
Fonte CNBB


Reflexão -  Lc 4,21-30
O tema da liturgia deste domingo convida a refletir sobre o “caminho do profeta”: caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas também caminho de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está. A liturgia de hoje assegura ao “profeta” que a última palavra será sempre de Deus: “não temas, porque Eu estou contigo para te salvar”.
A primeira leitura apresenta a figura do profeta Jeremias. Escolhido, consagrado e constituído profeta por Jahwéh, Jeremias vai arrostar com todo o tipo de dificuldades; mas não desistirá de concretizar a sua missão e de tornar uma realidade viva no meio dos homens a Palavra de Deus.
O Evangelho apresenta-nos o profeta Jesus, desprezado pelos habitantes de Nazaré (eles esperavam um Messias espetacular e não entenderam a proposta profética de Jesus). O episódio anuncia a rejeição de Jesus pelos judeus e o anúncio da Boa Nova a todos os que estiverem dispostos a acolhê-la – sejam pagãos ou judeus.
A segunda leitura parece um tanto desenquadrada desta temática: fala do amor – o amor desinteressado e gratuito – apresentando-o como a essência da vida cristã. Pode, no entanto, ser entendido como um aviso ao “profeta” no sentido de se deixar guiar pelo amor e nunca pelo próprio interesse… Só assim a sua missão fará sentido.
Fonte http://www.dehonianos.org/


Pregação e Caridade - Lc 4,21-30
HOMILIA

O Evangelho (Lc 4, 21-30 nos mostra que todos davam testemunho a respeito de Jesus, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. Mas os nazarenos logo se deixaram envolver em considerações demasiadamente humanas: Não era acaso Ele um homem como eles, filho de José? Por que não fazia ali os mesmos milagres que tinha feito em outros lugares?

Jesus responde: “Nenhum profeta é bem recebido na sua terra”. Mas, nem por isso muda de atitude. Pelo contrário, procura demonstrar-lhes que o homem não pode ditar leis a Deus e que Deus tem a liberdade de distribuir os seus dons a quem quer. Jesus quer fazer compreender aos seus conterrâneos que veio trazer a salvação, não a uma cidade ou a um povo concreto, mas a todos os homens, e que a graça divina não se vincula a uma pátria, a uma raça, ou a méritos pessoais, mas é totalmente gratuita.

Levantaram e expulsaram Jesus da cidade, tentaram lançá-Lo no precipício; mas, Jesus passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

Tal é a sorte que o mundo guarda para aqueles que, como Cristo, têm por missão o anúncio da verdade. É o que vemos em Jr 1, 4-5. 17-19: Deus tinha escolhido Jeremias como profeta, antes de nascer, mas ao tomar conhecimento, por revelação divina, quando jovem, desta eleição, treme e, pressentindo futuras contrariedades, quer recusar. Mas Deus anima-o: “Não temas porque estarei contigo para te livrar” (Jr 1,8). O homem escolhido por Deus, para ser porta-voz da Sua palavra, pode contar com a graça de Deus que se lhe antecipa e o acompanhará em todas as situações. Não lhe faltarão contrariedades, perigos e riscos, tal como não faltaram aos profetas e ao próprio Jesus. Apesar disso, Deus também o anima, tal como aconteceu a Jeremias: “Eles combaterão contra Ti, mas não te vencerão, pois Eu estarei contigo para te proteger”. (Jr 1, 19).

No anúncio da Palavra, S. Paulo nos convida a aspirar aos dons mais elevados. Para descrever esses dons, recorda-nos o chamado hino da caridade, uma das mais belas páginas das Cartas do Apóstolo Paulo (1 Cor 12, 31- 13,13).

A virtude sobrenatural da caridade não é um mero humanitarismo. “O nosso amor não se confunde com a atitude sentimental, nem com a simples camaradagem, nem com o propósito pouco claro de ajudar os outros para provarmos a nós mesmos que somos superiores. É conviver com o próximo, venerar a imagem de Deus que há em cada homem, procurando que também ele a contemple, para que saiba dirigir-se a Cristo” (São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, 230).

Sem caridade, a vida ficaria vazia… A eloquência mais sublime e todas as boas obras- se pudessem dar-se – seriam como o som de um sino ou de um címbalo, que dura um instante e desaparece. Sem caridade, diz-nos o Apóstolo, de pouco servem os dons mais preciosos: “Se não tiver caridade, nada sou”.

São Paulo aponta as qualidades que adornam a caridade e diz, em primeiro lugar, que a caridade é paciente. Para fazer o bem, deve-se antes de mais nada saber suportar o mal. A paciência denota uma grande fortaleza. É necessária para nos fazer aceitar com serenidade os possíveis defeitos, as suscetibilidades ou o mau-humor das pessoas com quem convivemos. É uma virtude que nos levará a esperar o momento adequado para corrigir; a dar uma resposta afável, que muitas vezes será o único meio de conseguir que as nossas palavras calem fundo no coração da pessoa a quem nos dirigimos. É uma grande virtude para a convivência.

A caridade não é invejosa. Da inveja nascem inúmeros pecados contra a caridade: a murmuração, a detração, a satisfação perante a adversidade do próximo e a tristeza perante a sua prosperidade. A inveja é frequentemente a causa de que se abale a confiança entre amigos e a fraternidade entre irmãos. É como um câncer que corrói a convivência e a paz. São Tomás de Aquino chama-a “mãe do ódio”.

A caridade não é jactanciosa, não se ensoberbece. Sem humildade, não pode haver nenhuma outra virtude, e particularmente não pode haver amor. Em muitas faltas de caridade houve previamente outras de vaidade e orgulho, de egoísmo, de vontade de aparecer. O horizonte do orgulhoso é terrivelmente limitado: esgota-se em si mesmo. O orgulhoso não consegue olhar para além da sua pessoa, das suas qualidades, das suas virtudes, do seu talento. É um horizonte sem Deus. E neste panorama tão mesquinho, nunca aparecem os outros, não há lugar para eles.

A caridade não é interesseira. Não pede nada para a própria pessoa; dá sem calcular o que pode receber de volta. Sabe que ama Jesus nos outros e isso lhe basta.

A caridade não guarda rancor, não conserva listas de agravos pessoais; tudo desculpa.

A caridade tudo crê, tudo espera, tudo tolera. Tudo, sem nenhuma exceção.

A caridade não termina nunca; é, já aqui na terra, um começo do Céu, e a vida eterna consistirá num ato ininterrupto de caridade, diz S. Tomás.

“O amor jamais acabará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá. Atualmente permanecem estas três: a fé, a esperança e o amor. Mas a maior delas é o amor” ( 1 Cor 13, 8.13).

É o maior dom e o principal mandamento do Senhor. Será o distintivo pelo qual se reconhecerá que somos discípulos de Cristo; é uma virtude que, para bem ou para mal estaremos pondo à prova em cada instante da nossa vida.

“Esforçai-vos por alcançar a caridade” (1 Cor 14,1), exorta-nos S. Paulo.

Mons. José Maria Pereira

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