quarta-feira, 12 de junho de 2019

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 9,11-17 - 20.06.2019

Liturgia Diária

DIA 20 – QUINTA-FEIRA   
CORPO E SANGUE DE CRISTO

(branco – ofício da solenidade)

O Senhor alimentou seu povo com a flor do trigo e com o mel do rochedo o saciou (Sl 80,17).

Sob as bênçãos de Deus, estamos reunidos para celebrar, com alegria, a solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo, a festa do pão e da partilha. Fazer memória da doação do Senhor nos leva à partilha da vida. Nosso alimento na caminhada cristã, Jesus desperta em nós a disposição para a superação da fome, da miséria e da injustiça em nossa sociedade.

Evangelho: Lucas 9,11-17

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu sou o pão vivo descido do céu; / quem deste pão come sempre há de viver! (Jo 6,51) – R.

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 11Jesus acolheu as multidões, falava-lhes sobre o reino de Deus e curava todos os que precisavam. 12A tarde vinha chegando. Os doze apóstolos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Despede a multidão, para que possa ir aos povoados e campos vizinhos procurar hospedagem e comida, pois estamos num lugar deserto”. 13Mas Jesus disse: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Eles responderam: “Só temos cinco pães e dois peixes. A não ser que fôssemos comprar comida para toda essa gente”. 14Estavam ali mais ou menos cinco mil homens. Mas Jesus disse aos discípulos: “Mandai o povo sentar-se em grupos de cinquenta”. 15Os discípulos assim fizeram, e todos se sentaram. 16Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos para o céu, abençoou-os, partiu-os e os deu aos discípulos para distribuí-los à multidão. 17Todos comeram e ficaram satisfeitos. E ainda foram recolhidos doze cestos dos pedaços que sobraram. – Palavra da salvação.

Fonte https://www.paulus.com.br/


Reflexão - Evangelho: Lucas 9,11-17
Eu sou o pão vivo descido do céu; / quem deste pão come sempre há de viver! 

Jesus acolhe as multidões, fala-lhes do reino e cura os necessitados. O fim do dia, porém, está chegando, e o que fazer com a multidão que necessita de comida e hospedagem? Despedi-la é o mais fácil e cômodo. O Mestre, porém, convoca os discípulos para que não se omitam, mas achem uma solução, a qual consistiu em organizar o povo, recolher o que havia e, depois da bênção de Jesus, repartir entre todos. Resultado: todos comeram e ainda sobrou. Onde não se partilha, poucos acumulam e muitos ficam na miséria. Onde há partilha, todos podem ter o mínimo para uma vida digna. Somente partilhando, teremos um mundo sem miséria e sem miseráveis. Se ainda há fome no mundo, é sinal de que a sociedade ainda não descobriu o valor da partilha. Ao doar sua vida pela humanidade, Jesus nos mostrou a mais sublime partilha. Na celebração do Corpo e Sangue de Cristo, fazemos memória dessa doação suprema do Mestre, o qual nos quer solidários com as necessidades do povo. A cena do milagre da partilha dos pães se perenizou na Eucaristia, como gesto do dom de Deus repartido entre todos, para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10).

(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)


HOMILIA
MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES MILAGRE OU PARTILHA? Lc 9,11B-17

O episódio da multiplicação dos pães, que o Evangelho de hoje nos apresenta, tem sido ultimamente apregoado não como um feito milagroso de Jesus, mas como a simples partilha dos farnéis existentes na multidão. Tal interpretação não somente não corresponde aos dizeres do texto, mas não é aceite pelos bons exegetas em geral. Trata-se de um fato histórico milagroso, que os evangelistas descrevem como sinal do pão eucarístico e da bonança prometida pelos Profetas para o Reino messiânico.

Na pregação do Evangelho, ouve-se dizer que a multiplicação dos pães não foi um milagre, mas partilha do pão existente no farnel dos ouvintes de Jesus. Visto que tal interpretação tem causado perplexidade, ser-lhe-ão dedicadas as considerações seguintes.

Antes do mais, é de notar que o episódio foi muito caro aos antigos. Mateus e Marcos o narram duas vezes; cf. Mt 14,13-21; 15, 29-39 e Mc 6, 30-40; 8, 1-18. São Lucas o refere uma só vez; cf. Lc 9, 10-17. São João também; cf. Jo 6,1-13. Os exegetas atualmente julgam que em Mt e Mc há duplicata do relato do fato, embora leves diferenças existam entre a primeira e a segunda narrativas; trata-se de duas tradições a referir o mesmo feito de Jesus.

Pergunta-se agora: que houve realmente no episódio em foco?

A interpretação tradicional e amplamente majoritária afirma ter havido um milagre: com poucos pães e peixes Jesus saciou milhares de homens. Recentemente começou-se a dizer que não houve milagre, mas Jesus ordenou que os seus ouvintes repartissem entre si as provisões que haviam levado. Tal interpretação carece de fundamento no texto e o violenta, pois o evangelista faz observar que nada havia para comer entre a multidão.

“Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizendo: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”.

O caráter milagroso do episódio é mais realçado na segunda narrativa. Com efeito; a secção de Mt 15, 29-39 segue-se a um milagre de Jesus: a cura da filha da mulher cananéia (Mt 15, 21-28) e a uma declaração sobre a atividade taumatúrgica de Jesus:

“Vieram até ele numerosas multidões, trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros e os puseram a seus pés e ele os curou, de sorte que as multidões ficaram espantadas… E renderam glória ao Deus de Israel” (Mt 15, 29-31).

Jesus mesmo diz logo a seguir: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer. Não quero despedi-la em jejum, de modo que possa desfalecer pelo caminho”. Na base destas averiguações, não pode restar dúvida de que se trata de um fato histórico e milagroso

O relato da multiplicação dos pães nos quatro Evangelhos não pode deixar de lembrar ao leitor certos antecedentes do Antigo Testamento: Em 2Rs 4, 42-44 lê-se o seguinte: “Veio um homem de Baal-Salisa e trouxe para o homem de Deus pão das primícias, vinte pães de cevada e trigo novo em espiga. Eliseu ordenou: “Oferece a essa gente para que coma”. Mas o servo respondeu: “Como hei de servir isso para cem pessoas?”. Ele repetiu: “Oferece a essa gente para que coma, pois assim falou o Senhor: “Comerão e ainda sobrará”. Serviu-lhes, eles comeram e ainda sobrou segundo a palavra do Senhor”.

Em Ex 16, 1-36 e Nm 11, 4-9 é narrada a entrega do maná ao povo no deserto, entrega à qual Jesus faz alusão ao prometer o pão eucarístico; cf. Jo 6, 49. Tais episódios do Antigo e do Novo Testamento não referem apenas uma refeição humana, mas têm significado transcendental: querem dizer que Deus acompanha, ontem e hoje, seu povo peregrino e lhe oferece os subsídios necessários para que supere os obstáculos da caminhada e chegue certeiramente ao termo almejado, que é a vida eterna. O relato evangélico faz alusões também à Eucaristia, o viático por excelência. Assim Mt 14, 15: “Ao entardecer” em grego é a fórmula com que é introduzido o relato da última ceia; Mt 14, 19: “tomou os pães”, “levantou os olhos para o céu”, “abençoou”, “partiu”, “deu aos discípulos” são expressões da última ceia e da posterior celebração eucarística. Mt 14, 20: a grande quantidade de pão assim doada lembra a fartura prometida pelos Profetas para os tempos messiânicos; cf. Os 14, 8; Is 49, 10; 55, 1… O recolher os fragmentos que sobram, é usual na celebração eucarística.

Em suma, a ceia de viandantes proporcionada pelo Senhor ao seu povo é prenúncio da ceia plena ou do banquete celeste, símbolo da bem-aventurança definitiva. É neste contexto que há de ser lida a secção de Mt 14, 13-21 e paralelos; na intenção dos evangelistas, ela quer significar o Dom supremo de Deus ao homem, que é o encontro face-a-face na bem-aventurança celeste.

Espírito de solidariedade e partilha, faze-me sensível à lição eucarística da partilha, movendo-me a manifestar minha solidariedade efetiva com os pobres deste mundo.

Homilia | Padre Bantu Mendonça K. Sayla


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