quarta-feira, 30 de julho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 14:13-21 - 04.08.2025


Liturgia Diária


4 – SEGUNDA-FEIRA 

SÃO JOÃO MARIA VIANNEY


PRESBÍTERO E CONFESSOR


(branco, pref. comum, ou dos pastores – ofício da memória)


Vossos sacerdotes, Senhor, se vistam de justiça e vossos santos exultem de alegria (Sl 131,9).


Na tessitura invisível do mundo, um homem simples tornou-se farol. João Maria, pastor de almas em Ars, não impôs seu brilho — irradiou-o pelo amor. Acolheu sem distinção, pois via em cada rosto a centelha do Infinito. Sua presença não exigia poder, apenas verdade. De sua escuta brotava liberdade interior; de seu silêncio, justiça compassiva. A grandeza de seu ofício não veio do cargo, mas da entrega. Ele serviu, e ao servir, elevou. Que sua lembrança inspire a pureza da vocação: orientar sem dominar, perdoar sem julgar, amar sem condição — pois onde há espírito livre, ali pulsa a dignidade do eterno.

“O maior entre vós seja como aquele que serve.”
– Lucas 22:26



Dominica XVIII per Annum – Evangelium

Secundum Matthaeum 14,13–21 (Vulgata Clementina)

13. Quod cum audisset Jesus, secessit inde in navicula in locum desertum seorsum: et cum audissent turbae, secutae sunt eum pedestres de civitatibus.
Ao ouvir isso, Jesus retirou-se dali de barco, para um lugar deserto, à parte; mas as multidões, sabendo, seguiram-no a pé desde as cidades.

14. Et exiens vidit turbam multam, et misertus est eis: et curavit languidos eorum.
Ao sair, viu uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos.

15. Vespere autem facto, accesserunt ad eum discipuli ejus, dicentes: Desertus est locus, et hora jam praeteriit: dimitte turbas, ut euntes in castella emant sibi escas.
Ao entardecer, aproximaram-se dele os seus discípulos e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já passou; despede as multidões, para que indo às aldeias, comprem para si alimento.”

16. Jesus autem dixit eis: Non est opus illis abire: date illis vos manducare.
Jesus, porém, lhes disse: “Não é necessário que se retirem; dai-lhes vós de comer.”

17. Responderunt ei: Non habemus hic nisi quinque panes et duos pisces.
Eles lhe responderam: “Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.”

18. Qui ait eis: Afferte mihi illos huc.
Disse-lhes ele: “Trazei-mos aqui.”

19. Et cum jussisset turbas discumbere super fenum, acceptis quinque panibus, et duobus piscibus, aspiciens in caelum, benedixit, et fregit, et dedit discipulis panes, discipuli autem turbis.
E, ordenando às multidões que se sentassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães e os deu aos discípulos, e os discípulos às multidões.

20. Et manducaverunt omnes, et saturati sunt. Et tulerunt reliquias, duodecim cofinos fragmentorum plenos.
Todos comeram e se saciaram; e recolheram o que sobrou dos pedaços: doze cestos cheios.

21. Erant autem qui manducaverant, quinque millia virorum, exceptis mulieribus et parvulis.
E os que comeram eram cerca de cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.

Reflexão:

A partilha do pão revela uma lei mais profunda do universo: aquilo que é entregue com confiança se multiplica. O Cristo não agiu por imposição, mas por comunhão com o anseio humano. Seu gesto recorda que a verdadeira abundância nasce do encontro entre liberdade e solidariedade. Não foi a quantidade que alimentou a multidão, mas a abertura à doação. Quando cada ser reconhece em si o dom de colaborar com o todo, ele se torna ponte entre a terra e o eterno. O espírito se eleva quando serve sem ser obrigado, e a vida floresce quando é oferecida como semente viva ao próximo. 


Versículo mais importante:

O versículo mais central e teologicamente significativo do trecho de Matthaeus 14,13–21 é o versículo 19, pois nele ocorre o gesto que antecipa a Eucaristia: Jesus toma os pães, eleva os olhos ao céu, abençoa, parte e entrega — ação que reflete a união entre o divino e o humano na partilha.

Matthaeus 14,19 (Vulgata Clementina):
Et cum jussisset turbas discumbere super fenum, acceptis quinque panibus, et duobus piscibus, aspiciens in caelum, benedixit, et fregit, et dedit discipulis panes, discipuli autem turbis.
E, ordenando às multidões que se sentassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães e os deu aos discípulos, e os discípulos às multidões.(Mt 14:19)

Este versículo condensa a dinâmica espiritual da entrega e da multiplicação: quando o que é nosso é elevado, abençoado e partilhado, ele se torna alimento que transcende limites materiais.


HOMILIA

O Mistério do Pão que se Torna Infinito

No silêncio do deserto, onde o ruído do mundo se cala e a alma pode finalmente escutar, o Cristo se retira. Mas não há solidão para aquele cujo coração é morada do eterno: as multidões o seguem, não por necessidade material apenas, mas porque nele ressoava a memória primordial da Fonte. E quando se encontram, não há cobrança, apenas compaixão — pois o verdadeiro Mestre reconhece, em cada ser, a semente do divino a desabrochar.

Neste evangelho, não assistimos apenas a um milagre físico, mas a um sinal de uma ordem mais profunda. O pão partido, elevado ao céu, abençoado e repartido, manifesta o ciclo da verdadeira existência: receber da eternidade, elevar com liberdade e doar com amor. Nada se perde neste gesto — tudo se transforma. A matéria se converte em símbolo; a escassez, em abundância; o indivíduo, em comunidade.

Eis aqui o chamado: cada um é portador de algo que, mesmo pequeno, pode ser elevado ao invisível e devolvido ao mundo como luz multiplicada. A liberdade não está em possuir, mas em ofertar. A dignidade não nasce do poder, mas do reconhecimento de que somos canais vivos de uma presença maior.

Quando nos abrimos ao outro com autenticidade, o universo responde com transbordamento. Não porque controlamos o milagre, mas porque nos tornamos parte dele. No partir do pão, o Cristo revela que o humano só se realiza plenamente quando se consagra ao todo — não por anulação, mas por integração.

Na vastidão do deserto interior, onde o ego se desfaz, surge o espaço para o infinito. É ali, na entrega confiante, que cinco pães e dois peixes se tornam suficientes para todos. Não é a quantidade que transforma, mas a consciência. Pois o verdadeiro milagre não está fora de nós — ele desperta no instante em que compreendemos que fomos feitos não apenas para existir, mas para ser com, e para, os outros.

“E todos comeram e se saciaram.”
– Matthaeus 14,20


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA 

O Mistério da Multiplicação: Uma Visão Teológica e Metafísica de Mateus 14,19
“E, ordenando às multidões que se sentassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães e os deu aos discípulos, e os discípulos às multidões.”
(Mt 14,19)

1. A Relva como Símbolo da Terra Pacificada

“Ordenando às multidões que se sentassem sobre a relva…”

Antes do milagre e da partilha, há a ordem do repouso. Sentar-se sobre a relva remete ao retorno à origem — ao Éden reencontrado, onde a criação e a criatura repousam juntas em harmonia. Não é um simples gesto logístico: é o convite à pacificação interior. O Cristo não age no tumulto, mas no silêncio fértil da escuta. A relva, sinal de vida simples e natural, torna-se o altar sobre o qual se revelará o mistério. Aqui começa a preparação espiritual: antes de receber o alimento do alto, é necessário repousar o coração e confiar.

2. A Elevação dos Dons Humanos à Origem Celeste

“…tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu…”

Cristo não cria do nada, mas assume o pouco que lhe é dado. O número cinco, símbolo dos sentidos, e o número dois, expressão da dualidade — matéria e espírito, céu e terra — são recolhidos da humanidade e elevados. Este gesto é uma consagração: o que é humano é acolhido, transfigurado pelo olhar que se volta ao Absoluto. Erguer os olhos ao céu é mais que um movimento físico — é o reconhecimento da Fonte. Nada é multiplicado sem antes ser devolvido ao invisível, pois toda verdadeira abundância nasce da comunhão entre o finito e o eterno.

3. A Bênção: Transformação pela Intenção Divina

“…abençoou…”

A bênção não é um acréscimo material, mas a infusão do Espírito. Quando o Cristo abençoa, ele infunde no pão a presença da plenitude. A matéria, tocada pela consciência divina, revela sua vocação: não é mais apenas alimento, é sinal de comunhão. A bênção é o instante em que o temporal toca o eterno. Ao abençoar, Jesus não apenas agradece — ele revela que tudo o que é oferecido com fé, mesmo limitado, pode tornar-se veículo da infinitude.

4. O Partir como Mistério da Unidade que se Expande

“…e partiu os pães…”

O partir não diminui — multiplica. Eis um dos maiores paradoxos espirituais: o que é retido, se encerra; o que é partido, se expande. Ao partir o pão, Jesus nos ensina que a unidade verdadeira não é uniformidade, mas comunhão. O mesmo pão que se divide permanece uno em sua essência. Este gesto antecipa o mistério eucarístico e ecoa a dinâmica da criação: o Uno se reparte para que o múltiplo viva. O amor verdadeiro se deixa romper para gerar vida.

5. A Mediação dos Discípulos: Liberdade e Responsabilidade

“…e os deu aos discípulos, e os discípulos às multidões.”

Cristo poderia ter dado o pão diretamente às multidões, mas escolhe os discípulos como mediadores. Aqui reside um princípio metafísico essencial: o divino se manifesta através da liberdade humana. Deus não age substituindo, mas capacitando. A partilha é um ato de confiança — Jesus deposita nos discípulos o cuidado pelo outro, como a vida deposita em cada ser a responsabilidade pela construção do bem comum. A dignidade da pessoa se manifesta quando, livremente, ela se torna ponte e não obstáculo da graça.

Conclusão: O Mistério do Amor Que Se Multiplica

Neste único versículo se entrelaçam os movimentos fundamentais da vida espiritual: repousar, oferecer, elevar, consagrar, repartir e servir. Cada gesto de Jesus é um ensinamento sobre a vocação humana: viver não como fim em si, mas como canal de uma plenitude que nos ultrapassa. A abundância não nasce do acúmulo, mas da confiança; não do domínio, mas da doação.

O pão, figura da vida concreta, se transforma no símbolo do ser que, ao ser entregue, se torna eterno. E cada um de nós, com o pouco que possui, é chamado a viver o mesmo gesto: elevar ao céu o que é pequeno, abençoar com o olhar puro, partir com generosidade e servir com alegria.

Pois é assim que o milagre se realiza: não fora de nós, mas em nós — quando deixamos de existir apenas para si e nos tornamos parte viva da eternidade que se reparte em amor.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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