Liturgia Diária
15 – SEGUNDA-FEIRA
3ª SEMANA DO ADVENTO
(roxo, pref. do Advento I ou IA – ofício do dia)
Biblia Sacra juxta Vulgatam Clementinam
Audite verbum Domini, gentes,
et annuntiate illud usque ad fines terrae:
dicite: Ecce Salvator noster adveniet;
confortamini et nolite timere.
(cf. Ier 31,10; Is 35,4)
Ó nações, escutai a palavra do Senhor
e anunciai-a até os confins da terra:
Eis que o nosso Salvador há de vir;
fortalecei-vos e não tenhais medo.
Nesta liturgia, celebramos o Senhor como princípio orientador da razão e da consciência. À semelhança da estrela anunciada pelo profeta, Ele não constrange, mas indica; não impõe, mas ilumina o caminho do discernimento livre e responsável. Sua presença desperta no ser humano a capacidade de julgar com retidão, governar a si mesmo e ordenar os afetos segundo a verdade. O cetro que empunha não oprime, antes harmoniza, pois dirige os humildes na justiça, isto é, aqueles que reconhecem o limite próprio e a dignidade alheia. Assim, a liberdade encontra sentido na responsabilidade, e a ordem nasce do interior.
Evangelium secundum Matthaeum 21,23-27
23 Et cum venisset in templum, accedentes ad eum principes sacerdotum et seniores populi, docenti, dixerunt: In qua potestate haec facis? et quis tibi dedit hanc potestatem?
E quando entrou no templo, aproximaram-se dele os sumos sacerdotes e os anciãos do povo, enquanto ensinava, e disseram: Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu tal autoridade?
24 Respondens autem Iesus, dixit eis: Interrogabo vos et ego unum sermonem, quem si dixeritis mihi, et ego vobis dicam in qua potestate haec facio.
Jesus, porém, respondeu-lhes: Também eu vos farei uma pergunta; se me responderdes, eu vos direi com que autoridade faço estas coisas.
25 Baptismus Ioannis unde erat? e caelo, an ex hominibus? At illi cogitabant inter se, dicentes: Si dixerimus: e caelo, dicet nobis: Quare ergo non credidistis ei?
O batismo de João, de onde vinha? Do céu ou dos homens? Eles, porém, refletiam entre si, dizendo: Se dissermos do céu, ele nos dirá: Por que, então, não acreditastes nele?
26 Si autem dixerimus: ex hominibus, timemus turbam: omnes enim habent Ioannem sicut prophetam.
Mas, se dissermos dos homens, temos medo da multidão, pois todos consideram João como profeta.
27 Et respondentes Iesu, dixerunt: Nescimus. Ait illis et ipse: Nec ego dico vobis in qua potestate haec facio.
Respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Então ele também lhes disse: Tampouco eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
Verbum Domini
Reflexão:
A autoridade autêntica não nasce da imposição externa, mas da coerência entre palavra e ação. Quem teme perder posição abdica da verdade antes mesmo de negá-la. A liberdade interior exige coragem para responder segundo a consciência, ainda que isso desagrade a maioria. O silêncio de Cristo revela que a verdade não se oferece a quem recusa o exercício do juízo reto. Assim, o ser humano amadurece quando governa a si mesmo antes de pretender governar o mundo. A ordem justa começa no interior.
Versículo mais importante:
Et cum venisset in templum, accedentes ad eum principes sacerdotum et seniores populi, docenti, dixerunt: In qua potestate haec facis? et quis tibi dedit hanc potestatem?
E quando entrou no templo, aproximaram-se dele os sumos sacerdotes e os anciãos do povo, enquanto ensinava, e disseram: Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu tal autoridade?(Mt 21,23)
HOMILIA
A Autoridade que Nasce do Ser
A verdadeira autoridade nasce da consciência livre que se orienta pela verdade, governa a si mesma com responsabilidade e respeita a dignidade de cada pessoa em sua vocação própria.
Ao entrar no templo, Cristo não leva consigo selos humanos nem credenciais visíveis. Sua autoridade não se apoia em títulos concedidos por estruturas externas, mas na harmonia entre o que Ele é, o que diz e o que realiza. Por isso, sua simples presença desperta inquietação. Aqueles que perguntam com que poder Ele age revelam, sem perceber, uma visão reduzida da autoridade, entendida apenas como delegação formal e não como expressão da verdade encarnada.
Neste encontro, o templo deixa de ser apenas um espaço físico e se torna símbolo do interior humano. Cristo entra nesse lugar profundo da consciência, onde decisões são tomadas e valores são ordenados. A pergunta dirigida a Ele ecoa também dentro de cada pessoa. De onde vem a força que orienta nossas escolhas. Da busca sincera pela verdade ou do medo de perder reconhecimento.
A resposta de Cristo não é evasiva, mas pedagógica. Ele devolve a pergunta para conduzir seus interlocutores ao discernimento. A liberdade interior não é dada pronta, ela se constrói pela coragem de julgar com retidão. Quem se recusa a responder, por temor ou conveniência, abdica do próprio crescimento espiritual. Assim, a autoridade se dissolve quando a consciência se fragmenta.
A dignidade da pessoa floresce quando o ser humano aceita governar a si mesmo antes de exigir obediência dos outros. Na família, na comunidade e na vida interior, a verdadeira ordem nasce da fidelidade ao bem reconhecido. Onde há temor da verdade, instala-se o silêncio estéril. Onde há humildade, a verdade encontra morada.
Cristo cala porque a verdade não se impõe. Ela se oferece àqueles que estão dispostos a crescer. Seu silêncio preserva a liberdade e respeita a dignidade humana. Neste Evangelho, aprendemos que a autoridade mais alta é aquela que brota de uma consciência alinhada ao bem, sustentada pela liberdade e confirmada pela coerência do ser.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
E quando entrou no templo, aproximaram-se dele os sumos sacerdotes e os anciãos do povo, enquanto ensinava, e disseram Com que autoridade fazes estas coisas E quem te deu tal autoridade
Mt 21,23
A entrada no templo como revelação interior
A entrada de Cristo no templo não é apenas um deslocamento físico, mas a manifestação da presença da verdade no centro da vida espiritual. O templo simboliza o lugar onde o ser humano organiza seus valores últimos. Quando Cristo ensina ali, revela que a verdade não se limita ao rito, mas exige compreensão interior e adesão livre. Sua presença ilumina a consciência e provoca discernimento.
A pergunta sobre a autoridade
Os que interrogam Cristo partem de uma visão externa do poder. Para eles, a autoridade depende de delegação visível e reconhecimento institucional. A pergunta não busca compreender, mas controlar. Ela nasce do receio de uma autoridade que não pode ser manipulada nem reduzida a convenções humanas.
A origem verdadeira da autoridade
A autoridade de Cristo procede da unidade perfeita entre ser, palavra e ação. Ela não se impõe pela força, mas se afirma pela verdade que sustenta tudo o que existe. Essa autoridade respeita a liberdade humana, pois convida à adesão consciente e não à submissão cega.
Liberdade e responsabilidade espiritual
O diálogo revela que a liberdade autêntica exige maturidade interior. Quem teme responder segundo a verdade perde a capacidade de julgar com retidão. A dignidade humana se manifesta quando a consciência aceita responder por si mesma diante do bem reconhecido.
O silêncio que preserva a dignidade
A atitude de Cristo ensina que a verdade não se entrega a quem recusa o caminho do discernimento. Seu silêncio não é negação, mas respeito. Ele preserva a liberdade do outro e confirma que a autoridade mais alta nasce de uma consciência alinhada ao bem e aberta à verdade.
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