quinta-feira, 15 de maio de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 14:7-14 - 17.05.2025

 Liturgia Diária


17 – SÁBADO 

4ª SEMANA DA PÁSCOA


(branco – ofício do dia)


Povo adquirido por Deus, anunciai os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas à sua luz maravilhosa, aleluia (1Pd 2,9).


A Palavra é sopro vivo que atravessa o tempo, agindo no íntimo da consciência desperta. Ao acolhê-la com o coração liberto de amarras, tornamo-nos coautores da própria existência, caminhando rumo à verdade que liberta e ilumina. Não impõe, mas convida. Não oprime, mas revela. No silêncio da escuta sincera, o espírito se expande, e a fé deixa de ser dogma para tornar-se experiência viva. Assim, o conhecimento do Divino se desvela não por força, mas por escolha — um encontro com a Trindade que respeita a liberdade interior como semente sagrada do crescimento.

“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
— João 8:32



Evangelium secundum Ioannem 14,7-14

In Festo Manifestationis Filii in Patre

7 Si cognovissetis me, et Patrem meum utique cognovissetis: et amodo cognoscetis eum, et vidistis eum.
Se me tivésseis conhecido, certamente conheceríeis também meu Pai; e desde agora o conheceis, e o tendes visto.

8 Dicit ei Philippus: Domine, ostende nobis Patrem, et sufficit nobis.
Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.

9 Dicit ei Iesus: Tanto tempore vobiscum sum, et non cognovisti me? Philippe, qui videt me, videt et Patrem. Quomodo tu dicis: Ostende nobis Patrem?
Disse-lhe Jesus: Há tanto tempo estou convosco, e não me conheceste, Filipe? Quem me vê, vê também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai?

10 Non credis quia ego in Patre, et Pater in me est? Verba quae ego loquor vobis, a meipso non loquor. Pater autem in me manens, ipse facit opera.
Não crês que estou no Pai e o Pai em mim? As palavras que vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem realiza as obras.

11 Credite mihi quia ego in Patre, et Pater in me est. Alioquin propter opera ipsa, credite.
Crede-me: estou no Pai e o Pai em mim. Se não, crede ao menos por causa das próprias obras.

12 Amen, amen dico vobis: qui credit in me, opera quae ego facio, et ipse faciet: et maiora horum faciet: quia ego ad Patrem vado.
Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim, fará também as obras que eu faço, e fará maiores do que estas, porque vou para o Pai.

13 Et quodcumque petieritis in nomine meo, hoc faciam: ut glorificetur Pater in Filio.
E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

14 Si quid petieritis me in nomine meo, ego faciam.
Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.

Reflexão:

O Cristo revela que o Pai é visto no Filho — unidade perfeita entre essência e manifestação. Esta verdade transcende o véu da forma e nos convida à liberdade do espírito, que só se realiza no amor ativo. Ver é mais do que olhar: é reconhecer, pelo coração liberto, a presença divina em cada ser. A fé, quando iluminada pelo amor, torna-se ação criadora, capaz de realizar obras que participam do Eterno. Não é obediência cega, mas comunhão viva. Crer é unir-se, não por imposição, mas por escolha interior. É nessa liberdade que o divino se manifesta e opera por nós.


Versículo mais importante:

Dicit ei Iesus: Tanto tempore vobiscum sum, et non cognovisti me? Philippe, qui videt me, videt et Patrem. Quomodo tu dicis: Ostende nobis Patrem?
Disse-lhe Jesus: Há tanto tempo estou convosco, e não me conheceste, Filipe? Quem me vê, vê também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai? (Jo 14:9)

Este versículo é a chave de leitura do trecho, pois expressa a revelação do Mistério Divino encarnado: ver Cristo é ver o Pai. Em termos metafísicos, significa que a Verdade transcendente se revela plenamente na imanência, e que a manifestação é inseparável da Fonte.


HOMILIA

Ver o Invisível, Agir no Invisível
Homilia sobre João 14,7–14

Amados,

Jesus nos diz: “Quem me vê, vê também o Pai.” Palavras que atravessam não apenas o tempo, mas a própria estrutura do ser. O Cristo não nos convida a um olhar religioso apenas, mas a uma visão que penetra além da aparência e contempla o eterno no transitório, o infinito no instante, o Todo em cada parte.

A existência não é fragmento isolado, mas uma caminhada contínua rumo à Plenitude. Cada consciência é chamada a participar deste movimento ascendente: não por imposição, mas por adesão livre à Verdade que, ao se revelar, não aprisiona, mas liberta.

“Quem crê em mim, fará também as obras que eu faço.” Eis o chamado: tornar-se cooperador da Criação, agente da Presença. Crer não é apenas aceitar, mas integrar-se ao fluxo divino que perpassa tudo e impele à transformação interior e exterior. Não somos meros espectadores; somos cocriadores, fecundados pela Palavra que é viva e eficaz.

Assim, a fé se faz ação, e a ação se faz comunhão. O Espírito do Filho que habita em nós deseja continuar a obra: curar, iluminar, reconciliar — não por força exterior, mas pela potência íntima de um amor que age em liberdade.

Na visão do Cristo, todas as coisas são atraídas ao centro unificador. Cada gesto, pensamento, escolha — quando enraizados nesse centro — tornam-se sementes de eternidade no campo do tempo.

Por isso, ao pedirmos algo em Seu nome, não é a magia de palavras que nos atende, mas a sintonia com o Coração do Universo. O nome de Jesus não é senha, é sintonia; não é fórmula, é vibração de unidade.

Quem vê o Filho com olhos do espírito, age no mundo como filho da Luz. Que essa visão nos transforme. Que essa liberdade nos mova. Que essa união nos consuma.

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação Teológica Profunda de João 14,9

“Disse-lhe Jesus: Há tanto tempo estou convosco, e não me conheceste, Filipe? Quem me vê, vê também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai?”
(João 14,9)

Este versículo é uma das declarações mais elevadas da Cristologia joanina, onde Jesus revela, de modo direto e definitivo, Sua identidade como manifestação visível do Pai invisível. A afirmação não é apenas uma resposta a Filipe; é uma revelação ontológica, que une em um só ser o Filho e o Pai — distinção de pessoas, unidade de essência.

1. “Há tanto tempo estou convosco...”

Aqui, Jesus exprime uma dor divina: o fato de estar presente, próximo, encarnado, e ainda assim não ser plenamente reconhecido. Este lamento não é apenas pessoal, mas escatológico — revela a tensão entre o Verbo feito carne e a cegueira espiritual da humanidade, que mesmo diante da Verdade encarnada permanece buscando o transcendente como se estivesse ausente.

2. “...e não me conheceste, Filipe?”

O verbo conhecer (ginōskō, em grego) vai além do saber racional. É conhecer por comunhão, por íntima participação. Jesus acusa uma ausência de reconhecimento existencial, não intelectual. Filipe caminha com o Verbo, mas ainda O percebe apenas com os olhos da carne, não com os olhos do coração.

3. “Quem me vê, vê também o Pai.”

Esta frase é a pedra angular da teologia trinitária joanina. A visão aqui não é apenas física, mas espiritual. Ver Jesus é contemplar o Pai, porque Ele é a imagem perfeita do Pai (cf. Col 1,15; Hb 1,3). A glória de Deus — antes inacessível — agora se manifesta no Filho: na sua compaixão, nas suas palavras, nos seus gestos. Deus, que outrora falava por profetas, agora Se revela em pessoa (cf. Hb 1,1-2).

Jesus não é um mero portador da presença divina — Ele é a própria presença. Não é símbolo do Pai, mas Sua expressão substancial. Esta é a revelação plena: Deus se dá a ver e tocar em Jesus, sem deixar de ser transcendente.

4. “Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai?”

Essa pergunta final tem um tom amoroso e, ao mesmo tempo, provocativo. Filipe ainda projeta o Pai como uma entidade distante, separada. Mas Jesus revela que a plenitude do Pai está Nele — não de modo figurado, mas real. Ao pedir uma visão do Pai, Filipe rejeita, mesmo que inconscientemente, a suficiência da revelação em Cristo.

Conclusão:

Este versículo revela que em Jesus a transcendência se fez imanência sem perder sua divindade. Ele é a ponte entre o invisível e o visível, entre o eterno e o tempo. Conhecê-Lo é participar do mistério trinitário. A fé cristã não busca mais o Pai fora do Filho, mas contempla o Pai no rosto de Cristo. Aqui está a mais alta expressão da revelação: ver Jesus com o coração purificado é ver Deus. Não há outra via, nem outro rosto — pois o Pai habita no Filho, e o Filho é um com o Pai (Jo 10,30).

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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