quarta-feira, 14 de maio de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 14:1-6 - 16.05.2025

 Liturgia Diária


16 – SEXTA-FEIRA 

4ª SEMANA DA PÁSCOA


(branco – ofício do dia)


Vós nos redimistes, Senhor, pelo vosso sangue, de todas as raças, línguas, povos e nações, e fizestes de nós um reino e sacerdotes para nosso Deus, aleluia (Ap 5,9s).


Fiel à aliança primordial, o Eterno cumpre o que transcende o tempo: ressuscitou o Filho, selando o pacto com a liberdade do espírito. A promessa não é cárcere, mas expansão — vida que não termina, consciência que não se dobra. Em Jesus, a eternidade se revela como fruto da escolha individual, não da imposição. Segui-Lo é entrar no mistério da autonomia divina, onde cada alma se ergue pela fidelidade ao Bem.

“Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”
(Atos 13:33)



Evangelium secundum Ioannem (Jo 14,1-6)

In illo tempore:

1. Non turbetur cor vestrum. Creditis in Deum, et in me credite.
Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim.

2. In domo Patris mei mansiones multae sunt; si quo minus, dixissem vobis: quia vado parare vobis locum.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, eu vo-lo teria dito: pois vou preparar-vos um lugar.

3. Et si abiero, et praeparavero vobis locum: iterum venio, et accipiam vos ad meipsum: ut ubi sum ego, et vos sitis.
E se eu for e vos preparar um lugar, virei novamente e vos levarei comigo, para que onde eu estou, estejais vós também.

4. Et quo ego vado scitis: et viam scitis.
E vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho.

5. Dicit ei Thomas: Domine, nescimus quo vadis: et quomodo possumus viam scire?
Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o caminho?

6. Dicit ei Iesus: Ego sum via, et veritas, et vita. Nemo venit ad Patrem, nisi per me.
Disse-lhe Jesus: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.

Reflexão:

Neste Evangelho resplandece o mistério do amor que conduz. Cristo não impõe o caminho — Ele é o Caminho, aberto à livre adesão do coração desperto. O amor verdadeiro não exige: convida. A liberdade espiritual encontra sua plenitude na confiança que se entrega, não por medo, mas por reconhecimento da verdade viva. Assim, cada morada no Pai é um estado de consciência que se alcança pela comunhão voluntária com o Amor que guia. Em Cristo, o ser humano torna-se peregrino da eternidade, não por dever, mas por desejo de permanecer onde a Vida é plena e a Verdade é liberdade. 


Versículo mais importante:

Dicit ei Iesus: Ego sum via, et veritas, et vita. Nemo venit ad Patrem, nisi per me.
Disse-lhe Jesus: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. (Jo 14:6)

Este versículo expressa a realidade metafísica da união entre liberdade e verdade. Cristo não aponta apenas um caminho: Ele é o Caminho. Sua essência é a ponte entre o finito e o Infinito, onde a alma, por amor e escolha livre, se eleva ao Pai.


HOMILIA

"Non turbetur cor vestrum..."

No início deste santo Evangelho, uma exortação suave e firme se ergue: “Não se perturbe o vosso coração.” Aqui não há apenas consolo, mas um chamado à verticalidade do ser. Pois quando o coração se turba, é sinal de que perdeu o eixo do alto, esquecendo-se de que há um Caminho que o precede, uma Verdade que o sustenta e uma Vida que o transcende.

Jesus, o Verbo encarnado, revela-se não como um mestre entre outros, mas como o próprio Caminho. Ele não indica um trajeto exterior, mas convida ao mergulho interior, à travessia do véu da aparência rumo à essência. Ser o Caminho é dizer: “Quem me contempla, contempla o seu próprio destino divino.” Assim, seguir a Cristo é mais do que imitá-lo: é despertar para a própria vocação de ser em Deus.

Quando Ele afirma: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”, compreendemos que a realidade última não é monolítica, mas plural em unidade. Cada morada é uma estação do espírito, uma altitude alcançada pela alma segundo seu grau de abertura à Verdade. Não há coerção nesse processo — há evolução. A morada não é dada, é conquistada por livre adesão à luz. Por isso, a fé não é fuga do mundo, mas força que o atravessa com dignidade e liberdade.

A interrogação de Tomé revela a inquietação humana diante do invisível: “Como saber o caminho?” Cristo responde com clareza que ultrapassa qualquer filosofia: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” Essa tríade não é um conceito, é uma realidade ontológica. Aquele que se une a Cristo participa de sua substância — caminha, conhece e vive com Ele. É nessa união que a liberdade se realiza, não como autonomia cega, mas como a escolha consciente de retornar à Fonte.

Nemo venit ad Patrem, nisi per me — não há outro acesso ao Absoluto senão pela entrega amorosa ao Logos. Toda tentativa de subir por outra via fracassa, pois a escada do céu é feita do próprio Cristo. É pela liberdade espiritual e pelo amor ativo que a pessoa encontra sua dignidade mais alta: ser morada de Deus e ponte viva entre o tempo e a eternidade.

Que este Evangelho nos desperte para o movimento da alma que, livre e consciente, ascende às moradas do Pai, iluminada pelo Caminho que é o próprio Amor.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teológica profunda de João 14,6:
“Disse-lhe Jesus: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.”

Este versículo sintetiza de forma majestosa a cristologia joanina e a teologia da salvação. Cada termo — Caminho, Verdade, Vida — carrega um peso ontológico e soteriológico que não pode ser reduzido a metáforas morais ou figurativas: trata-se de uma revelação essencial sobre a identidade do Cristo e sua mediação única entre a criatura e o Criador.

"Eu sou o Caminho" (Ego sum via)

Jesus não diz que mostra o caminho, mas que é o próprio Caminho. Na teologia cristã, isso aponta para a mediação ontológica do Verbo encarnado. O ser humano, ferido pela queda e separado da plenitude divina, não pode por si mesmo retornar ao Pai. O Caminho, portanto, é a ponte viva entre o humano e o divino, e essa ponte é uma Pessoa, não um código ou rito.

Ele é o Caminho porque, em sua encarnação, reconcilia os opostos: o finito e o infinito, o tempo e a eternidade. O caminho não é externo ao ser humano — é interior, é um processo de conformação da alma à imagem do Filho.

"a Verdade" (et veritas)

Cristo é a Verdade não como uma doutrina abstrata, mas como a manifestação encarnada da realidade última de Deus. Na teologia joanina, a Verdade é o que revela o Pai. Jesus é a Verdade porque Ele é a plenitude da revelação do ser de Deus, e tudo o que é verdadeiro encontra sua origem e cumprimento Nele.

Isso implica que toda busca sincera pela verdade — em qualquer cultura ou tradição — só encontra sua plenitude no encontro com o Cristo, mesmo que de maneira misteriosa ou velada. A verdade não é uma construção subjetiva, mas um dom que se revela na pessoa do Filho.

"e a Vida" (et vita)

A Vida aqui não se refere apenas à existência biológica (bios), mas à vida plena (zoé), a comunhão eterna com o Pai. Jesus é a Vida porque participa da vida divina e a comunica. Ele é a fonte da regeneração espiritual, da vida incorruptível que vence a morte.

Cristo é a Vida porque Nele o ser humano encontra sua plenitude ontológica, o cumprimento do seu destino eterno. Fora d’Ele, a vida permanece fragmentada, transitória e incompleta.

"Ninguém vem ao Pai senão por mim"

Esta é uma afirmação radical de exclusividade teológica. Jesus é o único mediador porque é o único que é simultaneamente Deus e homem. Ele não apenas aponta para Deus — Ele é Deus que se revela. Através Dele, o ser humano tem acesso ao Pai não como um juiz distante, mas como um Pai amoroso que deseja comunhão.

Contudo, essa exclusividade não é um fechamento sectário, mas a abertura universal à salvação: todos são chamados, pois Ele é o Caminho oferecido a cada ser humano em liberdade. É uma exclusividade de amor, não de privilégio.

Conclusão

João 14,6 é uma chave mestra da teologia cristã: revela que o retorno ao Pai — à Fonte de todo o ser — só é possível mediante a união viva com Cristo, que é Caminho (a reconciliação), Verdade (a revelação), e Vida (a regeneração). Através d’Ele, a alma não apenas busca a salvação — ela reencontra seu lar eterno.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

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Mensagens de Fé

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