sábado, 21 de junho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 71-5 - 23.06.2025

Liturgia Diária


23 – SEGUNDA-FEIRA 

12ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


O Senhor é a força do seu povo, é a fortaleza de salvação do seu Ungido. Salvai vosso povo, Senhor, abençoai vossa herança e governai-a pelos séculos (Sl 27,8s).


Quando a alma humana se abre à luz do Cristo, a comunidade que dela emerge torna-se um espaço sagrado onde o chamado divino ressoa com clareza. Nesse campo de escuta interior, floresce a liberdade responsável e o cuidado mútuo. Cada indivíduo, ao exercer sua consciência em harmonia com o Bem, contribui para uma ordem viva, onde a dignidade do outro é reconhecida como reflexo da própria essência. Assim, o agir fraterno não é imposição, mas fruto espontâneo da verdade acolhida no coração — verdade que liberta, que edifica, que conduz ao encontro do Outro como expressão da Vontade eterna.

"Para a liberdade foi que Cristo nos libertou..."
(Gálatas 5:1)



Evangelium secundum Matthæum 7,1-5

Dominica XI per Annum – Tempus per Annum

1. Nolite iudicare, ut non iudicemini.
Não julgueis, para que não sejais julgados.

2. In quo enim iudicio iudicaveritis, iudicabimini; et in qua mensura mensi fueritis, remetietur vobis.
Com o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, sereis medidos.

3. Quid autem vides festucam in oculo fratris tui, et trabem in oculo tuo non vides?
Por que vês o cisco no olho do teu irmão e não percebes a trave que está no teu próprio olho?

4. Aut quomodo dicis fratri tuo: Sine eiciam festucam de oculo tuo; et ecce trabes est in oculo tuo?
Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando há uma trave no teu próprio olho?

5. Hypocrita, eice primum trabem de oculo tuo, et tunc videbis eicere festucam de oculo fratris tui.
Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás claramente para tirar o cisco do olho do teu irmão.

Reflexão:

Cada ser humano participa de um processo contínuo de ascensão interior, no qual a liberdade e a responsabilidade se entrelaçam. O juízo apressado sobre o outro interrompe esse fluxo evolutivo, desviando a consciência da própria transformação. O convite do Cristo é claro: olhar para dentro antes de apontar para fora. Esse gesto é o princípio da autêntica comunhão, onde cada pessoa, ao cultivar sua própria clareza, contribui para a luz coletiva. O respeito pelo caminho do outro nasce do reconhecimento da dignidade invisível que o habita. Julgar menos é amar mais, e amar mais é cooperar com a Obra eterna.


Versículo mais importante: 

O versículo mais central e frequentemente citado de Evangelium secundum Matthæum 7,1-5 é o versículo 1, pois ele resume o ensinamento essencial de Cristo sobre o julgamento e serve como chave interpretativa para os versículos seguintes:

1. Nolite iudicare, ut non iudicemini.
Não julgueis, para que não sejais julgados. (Mt 7:1)

Este versículo estabelece o princípio da reciprocidade espiritual: quem julga corre o risco de atrair sobre si o mesmo peso de medida. Ele convida à vigilância interior e à humildade, fundamento de toda convivência baseada na liberdade consciente e no respeito mútuo.


HOMILIA

O Espelho da Alma

Irmãos e irmãs, diante da voz de Cristo que nos adverte: “Nolite iudicare, ut non iudicemini”, somos chamados a reconhecer que o verdadeiro juízo nasce do coração esclarecido, não de uma balança injusta. Ao apontarmos o dedo contra o outro, carregamos em segredo uma trave que impede nossa visão profunda.

Cada passo na jornada interior é um ato de liberdade responsável: libertar-se do peso do julgamento equivale a abrir espaço para a dignidade do ser emergir. Quando removemos a trave de nossa própria visão, descobrimos o poder transformador do amor que não impõe, mas acolhe – um amor capaz de ver no outro um reflexo da centelha divina.

Nesta dinâmica libertadora, a evolução do espírito se dá na sinfonia da autotransformação: cada atitude de misericórdia brota de uma consciência desperta, ancorada na certeza de que toda pessoa possui um valor inalienável. Assim, a comunidade se torna um organismo vivo onde o respeito mútuo floresce e a harmonia se expande.

Que, ao contemplar nossas próprias sombras, permitamos que a luz da compaixão dissipe as trevas interiores. E que, nessa claridade renovada, possamos contribuir para tecer, com mãos graciosas, a tapeçaria da fraternidade – um mundo onde o juízo cede lugar ao encontro livre e sagrado com o outro.


EXPLICAÇAO TEOLÓGICA

Explicação Teológica de Mateus 7,1

“Não julgueis, para que não sejais julgados.”

  1. Contexto e intenção de Jesus
    No Sermão da Montanha, Jesus dirige-se a uma comunidade marcada por normas rigorosas e por um senso de superioridade moral. Ao proibir o julgamento precipitado, Ele visa corrigir a tendência humana de usurpar o lugar de Deus no discernimento último sobre o coração alheio.

  2. Discernimento versus condenação
    A tradição cristã distingue discernimento (espiritual e caritativo) de condenação (severa e excluinte). Cristo não anula a necessidade de distinguir o bem do mal — mas condena o juízo feito na soberba, sem compaixão, que busca excluir em vez de restaurar.

  3. A reciprocidade do juízo
    A promessa implícita — “para que não sejais julgados” — revela que o critério humano se torna régua contra si mesmo. O julgamento impiedoso gera um ciclo de recriminação em que o próprio julgador se vê sob o mesmo peso, conforme a lógica divina da misericórdia.

  4. Dignidade da pessoa e mistério interior
    Cada ser humano carrega em si a marca de Deus (imago Dei) e percorre um caminho de conversão contínua. Julgar superficialmente é ignorar esse mistério interior, fechar-se à ação misericordiosa que opera na vontade e no coração do outro.

  5. Humildade e liberdade
    Recusar-se a julgar é um ato libertador: liberta tanto quem é julgado quanto quem julga. O orgulho que deseja validar-se à custa do outro dá lugar à humilde aceitação de que todos somos dependentes da graça divina. Essa liberdade interior é solo fértil para a caridade autêntica.

  6. Efeito comunitário
    Em vez de fragmentar a comunidade por acusações e exclusões, o espírito de misericórdia edifica laços de confiança e respeito mútuo. A ausência de juízo precipitado favorece o diálogo e a construção conjunta de um caminho de santidade.

  7. Escatologia e esperança
    No juízo definitivo, seremos avaliados não apenas por nossos méritos, mas por nossa capacidade de compaixão. A atitude de não julgar antecipa aqui essa realidade última: viver de acordo com a medida da misericórdia que, esperamos, nos será aplicada.

  8. Convite à conversão contínua
    Por fim, somos convidados a introspecção constante: antes de apontar, examinar nossa própria história de falhas, reconhecer o amor redentor de Deus em nós e deixar que Ele nos transforme. Só assim poderemos verdadeiramente ajudar o outro em seu caminho de conversão.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

#evangelho #homilia #reflexão #católico #evangélico #espírita #cristão

#jesus #cristo #liturgia #liturgiadapalavra #liturgia #salmo #oração

#primeiraleitura #segundaleitura #santododia #vulgata


Nenhum comentário:

Postar um comentário